Nosso Amor
Desentendimento
(Tema de abertura: “Quem Irá Nos Proteger” - Vanessa da Mata)
Cena 1: Casa da família Gonzaga/Quarto de Letícia/Interno/Noite:
LETÍCIA: Foi o meu tio que me ofereceu pra vim morar aqui sim. E apenas ele pode me tirar daqui!
OLGA: Como? REPETE! REPETE O VOCÊ FALOU, SUA ATREVIDA!
(Letícia olha para Olga completamente sem reação e surpresa).
OLGA: QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FALAR DESSE JEITO COMIGO DENTRO DA MINHA CASA? DEBAIXO DO MEU TETO?
LETÍCIA: Nunca te fiz nada de mal. Por que você está fazendo isso comigo?
OLGA: Menina você nasceu e está permanecendo viva. Isso é o bastante!
LETÍCIA: Você é louca! Entrou no meu quarto assim, sem mais nem menos, e agora está me ofendendo a troco de nada!
OLGA: E você vai fazer o que? Me colocar pra fora? Da minha casa?
(Ela se aproxima da jovem e lhe tasca num tapa violento que a derruba no chão).
Cena 2: Flat Reinado/Bairro Santo Agostinho/26° Andar/Sala de estar/Interno/Noite:
(Clara caminha pelo flat quando avista Cleiton na janela da sala de estar pensativo. Ela chega perto dele fazendo vários carinhos).
CLARA: O que foi? Está tão pensativo.
CLEITON: Definindo a minha próxima missão.
CLARA: Poxa, mas será que você só pensa nisso?
CLEITON: Eu penso demais sim, no que merecemos ter. E isso exige trabalho, sabia?
CLARA: Tudo bem, mas você não precisa ficar pensando nisso as vinte e quatro horas.
CLEITON: Clara Marina, eu não penso nisso as vinte e quatro horas do dia. Só penso quando eu estou acordado e sem falar nas horas que fico gemendo por sua causa. E outra, o próximo passo será bem divertido.
CLARA: Diga. O que iremos fazer desta vez?
CLEITON: Desta vez você não vai precisar fazer nada não. Eu é que irei atuar. Pra acabar com a união do Diogo com o Robert.
CLARA: Ih… Cleiton, o que você está planejando?
CLEITON: Algo bem divertido e tão nojento quanto eles! Não aguento mais ver aqueles dois inúteis juntos. Chegou a hora de acabar com isso de uma vez por todas!
Cena 3: West Pub/Bairro Lourdes/Externo/Noite:
(Cláudio caminha em direção ao restaurante noturno para se encontrar com alguns amigos quando avista Daniela na mesa conversando com um garoto. Ele olha para os dois por alguns instantes e logo após presencia a cena de Daniela lhe tascando um beijo e ele fica sem reação).
Cena 4: Casa da família Gonzaga/Quarto de Letícia/Interno/Noite:
(Letícia está caída no chão ao olhar fulminante de Olga quando Narmo entra).
NARMO: Meu Deus, o que significa isso?
(Ele ajuda Letícia a se levantar).
NARMO: Você está bem? O que aconteceu por aqui?
LETÍCIA: Essa mulher! Invadiu meu quarto com insultos e me bateu a troco de nada.
OLGA: Olha como você fala de mim…
NARMO: Olga já chega, por favor! Eu não posso acreditar que você fez isso!
OLGA: Ah, e eu posso acreditar que você trouxe essa pirralha para dentro de casa?
NARMO: Ela não é pirralha, é minha sobrinha. E não há problema algum nisso. Será quê você não entende?
OLGA: Sinceramente?! Não! Eu não entendo e nem faço questão de compactuar com essa sua mania de querer salvar todos.
NARMO: Mas eu não estou salvando ninguém.
(Olga sai).
NARMO: Letícia, eu… Te peço desculpas. Conversarei sério com ela.
LETÍCIA: Tudo bem tio, não tem problema. Eu só acho que essa mulher é doida, ela deveria se tratar. Poxa vir aqui, invadir e me bater a troco de nada?!
Amanhece ao som de “Caso Sério” Ed Motta - 00:01 á 00:50
Cena 5: Casa da família Gonzaga/Varanda/Interno/Manhã:
DIOGO: Eu não posso acreditar que a minha mãe foi capaz de fazer isso!
LETÍCIA: Ela me pegou de surpresa.
DIOGO: E você está bem agora Letícia?
LETÍCIA: Estou me recuperando. Mas de qualquer forma, obrigada por se preocuparem comigo.
ROBERT: Eu tento, mas, não consigo entender o porque dela fazer essas coisas!
DIOGO: É verdade. Mamãe nos últimos tempos não está nada fácil. Cada hora ela apronta uma atrás da outra.
ROBERT: Pior é para o papai, que sempre tem que arcar com os surtos dela.
DIOGO: Robert.
ROBERT: A gente nunca faz nada e sempre leva. De graça!
DIOGO: Mas nós vamos fazer o que? Ela é a nossa mãe.
ROBERT: Claro!
(Ele ironiza)
LETÍCIA: Meninos acalmem-se. Não precisam brigar, eu acho melhor esquecermos!
DIOGO: Tem certeza? Eu posso conversar com ela.
LETÍCIA: Não, melhor não. Já está bastante complicado, acho que devemos deixar assim.
Cena 6: Casa pacata/Cozinha/Interno/Noite:
ADÉLIO: Pra mim isso não é nada de anormal.
CLÁUDIO: Credo Adélio! Logo você que faz o todo certinho me vem dizer que achou isso certo?
ADÉLIO: Se tratando da Daniela? Super. E aposto quê você nem curtiu a noite com os seus amigos direito por causa disso!
CLÁUDIO: Hum... Mais ou menos. Eu gostei de revê-los.
ADÉLIO: Sei!
CLÁUDIO: Apenas do que eu estou falando.
ADÉLIO: Olha só Cláudio, por que você não esquece essa moça de vez?
(Cláudio fica indiferente).
ADÉLIO: Você não vê o que ela está fazendo com você?
CLÁUDIO: O que ela está fazendo Adélio?
ADÉLIO: Tirando o seu juízo perfeito. Você não se preocupa mais com a sua vida, porque a sua motivação agora é ela. Inclusive, acho que se ela morrer você vai junto.
CLÁUDIO: Ah! O tempo vai resolver.
ADÉLIO: O tempo não resolve nada, ele só nos mostra as consequências das nossas atitudes.
Toca “Não Me Deixe Só” Vanessa da Mata - 02:23 á 02:54
Cena 7: Casa branca/Dispensa/Interno/Manhã:
(Cleiton está remexendo no armário da dispensa com uma mochila pendurada numa cadeira ao lado. Ele revira até que acha uma caixa fechada de doze ovos e coloca dentro da mochila).
CLEITON: Agora eu te peguei Diogo. Desta vez você não vai me escapar. Eu prometo que vou fazer tudo bem feito!
(Ele coloca a caixa de ovos dentro da mochila com cuidado, se levanta, coloca a cadeira no lugar e sai).
Cena 8: Consultório de Psicoterapia/Portaria/Bairro Serra/Externo/Manhã:
OLGA: Você não vai se despedir de mim?
(Narmo sem dizer nada, tira o cinto de segurança, abre a porta do carro e se levanta).
OLGA: Agora resolveu ficar mudo.
NARMO: Não Olga, eu ainda falo normal. Mas só com quem vale apena!
OLGA: Eu sou sua mulher. Tudo pra mim vale apena.
NARMO: Eu não me esqueci do que você fez ontem com a minha sobrinha.
OLGA: Ah, agora vai tomar as dores dela.
NARMO: Olha só Olga, eu não vou discutir.
OLGA: Pode ao menos me agradecer pela carona?
NARMO: Eu pedi para a Mary me trazer. Você se ofereceu de inconveniente.
OLGA: Ok.
(Ela puxa a porta da frente, do lado de Narmo e arranca com o carro. Ele então respira fundo e entra no consultório).
Cena 9: Casa da família Gonzaga/Sala de estar/Interno/Manhã:
DIOGO: Cleiton! Que bom receber você.
(Eles se cumprimentam)
CLEITON: Eu vim pra saber como você está.
DIOGO: A gente tenta levar, não?
CLEITON: Verdade.
DIOGO: Senta. Aceita alguma coisa, uma água, um café?
CLEITON: Não, obrigado. Temos novidades?
DIOGO: Minha mãe surtou de novo. Desta vez com a pobre da Letícia, acredita?
CLEITON: Sério? Mas por quê? O que fez com a Olga?
DIOGO: Acho que a minha mãe não aprovou o fato dela vir morar aqui.
CLEITON: Mas assim de graça?
DIOGO: Esqueceu que minha mãe é mestre em distribuir gentilezas aos outros?
(Eles riem).
CLEITON: Mas ela é a mãe de vocês, eu não sei se eu relevaria ou…
DIOGO: Pois é, estamos pensando nesse “ou”.
Cena 10: Top Brás Administradora/Bairro Santo Antônio/20° Andar/Sala 4/Interno/Manhã:
RENATA: Sinceramente, você exagerou com a garota.
OLGA: Você acha que eu peguei pesado?
RENATA: Super! Você insultou e humilhou a sobrinha do seu marido de graça. Ainda por cima como se não bastasse, bateu nela.
OLGA: Mas ela me enfrentou, foi atrevida comigo!
RENATA: Olga ela não ia ouvir os seus insultos calada. Se os seus filhos são assim, ela é diferente.
OLGA: Valeu Renata. Muito obrigada, viu?!
RENATA: Eu estou sendo sincera contigo. Pelo fato de sermos amigas há tantos anos. Quando eu menti pra você?
OLGA: …
RENATA: Olha tudo bem você não ir com a cara dela, ou não querê-la lá! Mas primeiro você tem que ter falar com o Narmo e entrar num acordo. Afinal foi ele quem autorizou a ida dela. E a casa é de vocês!
OLGA: Justamente por isso. Eu acho essa jovem muito certinha, forçada! Não gosto dela.
RENATA: Mas você não podia ter feito o que fez Olga. Pensa se fosse com você, seria bem chato, não?
OLGA: O que sei é que eu não quero essa garota morando lá! E o Narmo vai ter que aceitar!
Cena 11: Casa da família Gonzaga/Quarto de Letícia/Interno/Dia:
(Letícia e Narmo conversam pelo telefone).
NARMO: Letícia olha, eu não sei nem o que lhe dizer. O que Olga fez com você foi imperdoável.
LETÍCIA: Está tudo bem, tio. Eu não quero mais mecher nesse assunto.
NARMO: Mas eu quero! E não está nada bem. Olga errou feio e o minimo que ela te deve é um pedido de desculpas.
LETÍCIA: Tio, eu acho melhor…
NARMO: Ela vai ter que aceitar. Eu também mando nesta casa. Se você está aqui é porque eu autorizei. E já tínhamos conversado sobre isso antes.
LETÍCIA: E ela tinha concordado?
NARMO: Ela não se manifestou contra.
LETÍCIA: Vai ver foi pra não criar nenhum problema.
NARMO: Independente disso, ela vai te pedir desculpas. Falarei com ela disso.
LETÍCIA: Tio, sem querer te afrontar ou desrespeitar, mas o senhor acha que ela me pedirá desculpas só porque o senhor quer? Esse não parece o perfil da tia Olga.
Cena 12: Casa da família Gonzaga/Sala de estar/Interno/Dia:
DIOGO: Cleiton, eu preciso resolver um assunto agora. Mas volto rápido!
CLEITON: Sem problemas, fica a vontade!
(Diogo se levanta, pega umas correspondências na estante e sai. Cleiton também se levanta da poltrona e observa da janela Diogo indo a portaria. Ele o vê conversando com um carteiro. O vilão então, caminha pela casa com cuidado e vai até a cozinha, mas não encontra ninguém. O jovem vai ao quarto de Diogo, entra e fecha a porta. Ele abre o guarda roupa, começa a bagunçar suas coisas quando acha uma foto dele e Lara juntos. Os dois parecem sorridentes, o que lhe causa um ódio profundo no peito. Ele a rasga e joga de volta. Em seguida, pega algumas de suas roupas, as estende em sua cama, abre a sua mochila e tira uma tesoura preta, grande e com ponta. Ele corta as mesmas peças em pedaços médios jogando depois no armário. Em seguida, abre a sua mochila, retira com cuidado a caixa de ovos e começa a quebrar um a um dentro de seu guarda roupa fazendo a maior lambança. Logo após, ele fecha o guarda roupa, limpa as mãos e abre a mochila novamente, mas desta vez tira uma foto de Robert, na qual ele sorri com as duas mãos ao bolso escorado na parede. Ele pega um durex e cola a foto na porta do guarda roupa de Diogo. Em seguida sai do quarto, deixando a porta do jeito que estava quando entrou e vai com cuidado, ao quarto de Robert e coloca a caixa de ovos embaixo de sua cama voltando para a sala de estar, onde estava sentado e olha a janela novamente avistando o rival ainda conversando com o carteiro, em um papo amigável. Então, ele volta para a poltrona e se senta).
(Congela em Diogo. Toca Hero - Thick As Thieves).
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