Noites em Toscana

Capítulo 7 – Erros do passado, consequências de um futuro.


Paolo se levantou, assim como todos ali, a surpresa foi grande, Sofia se aproximou da mãe, e viu o padrinho ir em direção ao neto, ele olhou e chorou abraçando o rapaz.

Carmela: Vem estamos lanchando, fiz pão frito, você gosta?

Cell: Meu pai sentiu o cheiro, e disse que se for igual da minha nona, deve estar estupendo! – ele juntou os dedos e levou aos lábios, como se mandasse um beijo, mas era um gesto para mostrar que a comida da nona e de Carmela era saborosas.

Todos riram, Sofia, ficou tímida, quieta, seu padrinho estava feliz, Marcello, ela já tinha o visto por duas vezes, ou melhor três, a primeira os dois trocaram olhares, em uma reunião em Roma.

Gio: Olha só, Carmela aprendeu a cozinhar de verdade com sua Nona ragazzo, as bambinas aprenderam bem, Vivien era dos pães e doces, Mia Carmela é das massas. Lei fa una pasta au suggo.

Carmela: Pazzo, para com isso, deixa o bambino. Tens os olhos do seu pai.

Cello: Minha mãe fala isso sempre! - falou sem querer, olhou que todos ficaram em silencio, e Sofia revirou os olhos e fez um gesto de negação com a cabeça, Marcello então, entendeu que Antônia não era que quista ali. – Eu me lembro que uma senhora, agora sei que era minha nona, ia me visitar, ela fazia um doce pra mim, eu adorava, a senhora poderia fazer um para mim senhora Carmela? – perguntou mudando de assunto.

Carmela: Que doce?

Paolo olhava para eles, estava feliz, sentia que logo Henrique também voltaria, ele sorria com amor para Marcello, que retribuía o amor, Sofia sentiu uma pontinha de ciúmes, mas estava feliz.

Cello: “Tirami Sù”! – falou sorrindo.

Sofia: Che stronzo, ragazzo! – falou se levantando e colocando as mãos na cintura. – Essa sobremesa minha mãe só faz para mim. Ma no, non non. – ela saiu batendo os pés, aquilo tinha sido a gota para seu ciúmes.

Cello: O que eu fiz? – falou sorrindo.

Carmela: Deixa ela, depois passa, ela volta e pede desculpas.

Depois do lanche, Paolo que pouco falou durante todo o lanche, pediu para caminhar com Marcello, queria saber mais do neto. Durante horas eles caminharam conversando, Marcello contou como foi a infância, como a nona Pietra, vinham em alguns aniversários, mas ia embora antes que Henrique chegasse, somente uma vez, eles se cruzaram, e foi motivo de briga entre Henrique e Antônia.

Paolo contou como foi construir o império nas terras ricas da Toscana, ele não produzia o vinho ou espumante, mas suas uvas eram as melhores, ele mostrou como cultivar a terra com amor, a dedicação que tem, e Marcello ficou encantado. Paolo falou que Sofia ajudava com as documentações, era muito boa, por isso se tornou advogada, e que Gioseppe cuidava das plantação, colheita e transporte para as melhores vinícolas da região.

Mas que os negócios, quem fazia era ele, Paolo se orgulhava se ser um bom negociador, fazia render, era como Midas...

Cello: Agora sei de quem herdei o dom para os negócios. – falou colocando a mão no ombro do avô. – Quando eu era bambino, meu pai tinha uma barraca na feira, eu vendia, fazia mais dinheiro que minha mãe, plantávamos e vendíamos, é assim até hoje, temos uma grande fazenda agora, e vendemos para importante redes de supermercados da Espanha.

Paolo: Eu sei, seu pai, é igual a nós, Midas! – eles caminharam mais um pouco, já estava quase escurecendo quando chegaram na casa. Carmela tinha deixado o jantar pronto, e um aviso, que a sobremesa estava na geladeira,

Os dois jantaram, na verdade mais parecia pai e filho, mas Paolo estava feliz, ver o neto assim tão perto. Paolo acompanhou o neto para um dos quartos, era o quarto do pai, Henrique.

Cello: Era dele? – Paolo afirmou, beijou-lhe a testa sorriu e foi para seu quarto.

Marcello entrou, a mala já estava ali, toalhas sobre a poltrona, e a cama arrumada com lençóis cheirando a jasmim. Ele caminhou, olhando tudo, foi até a janela e a viu sentada na varando, deu um sorriso torto e desceu, ela estava linda, a luz da luz fazia com que seus cabelos brilhassem ainda mais, ela sorria, e tinha algo especial em seu sorriso.

Sofia: O que deseja? A sobremesa não estava de seu agrado?

Cello: Divina, igual a da nona Pietra! E você o que faz aqui?

Sofia: Elas vêm quando estou aqui, o padrinho dizia que elas só apareciam quando eu estava aqui. – ela abriu a mão e mostrou joaninhas. – Mas elas vêm quando a terra está fértil, e quando a colheita esta chegando.

Marcello sentou ao lado de Sofia, a lua estava crescente, a luz não era tão intensa, mas fazia iluminar ainda mais, os olhos e cabelos dela, quando ele notou que tinha uma joaninha, entrelaçada nos cabelos dela.

Ele delicadamente tentou tirar, quando suas mãos tocaram a dela, o gesto foi involuntário, seus olhares se cruzaram mais uma vez, Marcello queria tocar o rosto dela, mas excitou e ela percebeu.

Sofia: Bonnasera, amanhã levanto cedo para o trabalho. – falou apressada saindo de perto dele.

Marcello ficou ali, olhando ela pelo caminho até que ela estivesse segura, ela entrou uma luz brilhou em um dos cômodos da casa, ele viu a silhueta dela, pela fina cortina, e depois a luz de apagou...

***

Espanha – aeroporto.

Henrique desembarcou e pediu um carro até a estação de trem, pegou o trem até San Sebátian . Quando Henrique chegou em casa, encontrou Antônia com um de seus "amiguinhos", pois ela sabia que estaria sozinha em casa.

Hen: Se recomponha, arrume suas coisas, vamos ter uma conversa! - falou batendo a porta do quarto dela, onde entrou sem pedir permissão e ela por sua vez entendeu o recado.

Henrique passou pelo corredor indo em direção a sala. Antônia mandou que seu concumbino, ela tomou um banhose vestiu, arrumou algumas coisas e foi caminhando ao encontro de dele, sabia que a conversa seria tensa, turbulenta e definitiva.

Quando ela entrou na sala o viu olhando pela janela, tinha um olhar longe perdido entre pensamentos, o pensamento de Henrique estava nela, Vivien era seu único e recorrente pensamento.

Flashback...

Vivien: Ela te fez de pazzo, te fez beber, estava fora de si! - o tom da sua voz era de dor.

Hen: Eu sabia que não era você, não tinha seu toque, seu perfume!

Vivien: Sabia e mesmo assim não recuou, sabia que não era eu, mas mesmo assim dormiu com ela. - ela chorava, sua dor era grande. - Henrique você acabou de quebrar meu coração, está quebrado e meu amor por você em pedaços.

Hen: Eu errei, bebi demais, errei em dançar com ela, em deixar que me seduzir, mais ainda te amo Vivien!

Vivien: Quem ama não trai!

Hen: Te amo bella ragazza! Perdoname!

Vivien: Eu te amo Henrique, até posso te perdoar, mas não hoje nem agora. Eu preciso de um tempo, preciso pensar em tudo. Em mim e se ainda poderá haver um Nós!

Quatro semanas depois...

Flashback off..