Algumas longas horas mais tarde, Granff finalmente me dirige a palavra, ele estudou os livros que trouxe pra ele, mas infelizmente só dois eram os que ele estava buscando através do contrato, O Pacto da Noite, dizia ele, era o livro que faltava, e sem ele era impossível tirar as conclusões sobre a pesquisa que levara toda sua vida para concluir. Eu teria que voltar à Riverwood para buscar o livro que faltava, mas os guardas ainda estavam me procurando, isso seria bastante arriscado, eu poderia acabar em uma masmorra, ou pior...

Granf disse que poderia me ceder um amuleto que ele encantou com um feitiço extremamente útil, ele chamava de Amuleto do Vento Fantasma, esse amuleto fazia com que o usuário ficasse invisível indefinidamente enquanto estivesse usando-o , mas com um risco, se eu não o tirasse a cada dez minutos eu poderia deixar de existir nesse plano. Ao sair peguei a Adaga Daédrica e algumas moedas e disse que era uma garantia para que o velho louco não fugisse, Granff resmungou e ficou de acordo.

Ao sair da casa de Granff, fui ao ferreiro da aldeia, vendi a adaga de ferro e comprei um Capuz e uma Adaga de Cristal que tinha visto mais cedo, ela estava bastante afiada e brilhava bastante quando a luz do sol incidia sobre ela, Lorbumol dizia que eu tinha certo fetiche por coisas que brilham, lembrei que quando eu era criança ele ria bastante de um truque em que fingia jogar uma moeda na minha direção sob a luz do sol, o brilho da moeda me ofuscava por um segundo, mas na verdade ela nem tinha saído da mão dele, eu ficava procurando a moeda tentando adivinhar onde ela havia caído, sempre caía no truque, sorri com a lembrança que tive, o ferreiro notou e sorriu de volta.

Ao me despedir do ferreiro percebi que estava sendo seguida, apenas alguns passos atrás de mim um jovem nórdico em armadura de couro e com uma grande espada de aço, fingi que não percebi, mas me mantive alerta, saí da Aldeia pelos portões e ele ainda me seguia, decidi testar o amuleto que Granff me deu, assim que fiz a curva da estrada coloquei-o no pescoço e no mesmo instante senti o corpo incrivelmente mais leve, era como seu eu fosse feita de ar, minhas mãos estavam transparentes assim como todo o meu corpo incluindo roupas, parei junto à uma árvore e esperei meu perseguidor, ao fazer a curva ele se assustou, sacou a espada e olhou em volta confuso, tentado adivinhar pra onde eu havia ido, em certo momento ele olhou diretamente pra mim mas não me viu, alguns segundos depois ele saiu em disparada estrada à fora, será ele um dos guardas de Riverwood? Quais eram suas intenções? Talvez nunca saberei. Retirei o Amuleto e senti meu corpo extremamente pesado, me movia e respirava com dificuldade, Granff não disse que o amuleto causava esses efeitos pós-uso. Me recuperei e segui viagem, tomando cuidado em cada curva.

Algumas horas depois, à frente percebi uma coluna de fumaça preta, vinha da direção de Riverwood, corri por entre as árvores e vi ao longe uma casa em chamas, era a casa de Chrivos. Os guardas estavam ajudando a combater o incêndio, me aproveitei do caos e me aproximei, vi Ava e Alvor gritando desesperados, Chrivos estava morto, morreu salvando seu único filho das chamas, por um momento me senti orgulhosa de tê-lo conhecido.

Durante a confusão causada pelo incêndio entrei no Hotel Sleeping Giant e fui direto ao quarto onde Freeda foi morta, o quarto estava limpo e nenhum pertence dela ou de Viigas estavam ali, quando me dirigia à porta ouço alguns guardas do lado de fora, eles conversavam sobre o guarda Dunmer que tinha levado uma surra da prisioneira, ele estava de saída e fora encarregado de dar um fim os pertences dos viajantes mortos, depois disso seria remanejado para outro posto. A única chance que eu tinha era alcança-lo antes de ele sumir, talvez Ava saiba pra onde ele foi mandado. Tentei me aproximar novamente, mas era impossível, todas as atenções estavam voltadas para o incêndio, e Ava se encontrava bem no meio da confusão, o Capuz que eu usava estava sendo bastante útil, mas não era à prova de falhas, alguém mais atento poderia me reconhecer. No mesmo instante, senti uma mão pequena tocar a minha mão esquerda, era Alvor, ele tinha lágrimas escorrendo sobre seus rosto sujo de fuligem, seus cabelos cheiravam a chamuscado e ele mancava da perna esquerda, levei-o para longe da aglomeração e sentei-o sobre um toco. Antes que eu pudesse abrir a boca ele se pôs a falar, ele disse que Hildur, um dos anciões da Aldeia foi o responsável pelo incêndio, alguns guardas ajudaram também, e que deveriam pagar pela morte do seu pai, perguntei como ele saberia, Alvor disse que nessa manhã havia acordado mais cedo para buscar água no riacho e viu dois guardas junto de Hildur com tochas em pleno dia, disseram que o fogo começou na forja, mas isso é mentira, dizia ele, o fogo começou na casa, ele tentou apagar o fogo no inicio mas quanto mais água jogava mais forte o fogo se tornava, aquilo deveria ser algum tipo de magia, correu porta adentro para avisar seus pais e ao entrar uma viga caiu sobre a perna ficando preso, Chrivos conseguiu levantar a viga mas as chamas já o cercavam, Ava conseguiu fugir trazendo Alvor consigo, mas para Chrivos já era tarde.

Ao relatar o acontecido, Alvor derramou lágrimas, mas não eram lágrimas de sofrimento, e sim de fúria, ele olhou nos meus olhos e pediu que vingasse seu pai, que matasse Hildur.