Eu andava rapidamente pela principal estação de metrô da cidade. A chuva forte molhava meus longos cabelos negros enquanto tentava de todas as maneiras esconder meus novos livros dentro do moletom.

Faltavam poucos minutos para o ultimo trem do dia sair e ainda não havia encontrado um vagão que não estivesse lotado, teria de correr.

Passei a andar cada vez mais rápido na direção do último vagão, meus AllStars faziam um barulho alto na estação vazia. O metrô foi ligado e no mesmo momento eu entrei pela porta respirando aliviada.

Me sentei na frente de um rapaz moreno de olhos castanho mel que me chamaram a atenção e mordi o lábio inferior colocando meus presentes no assento que havia ao meu lado.

Eu mirei o homem e comecei a observá-lo atentamente. Quando ele me me olhou corei instantaneamente e escondi meu rosto no capuz do moletom claro. Apoiei a cabeça na janela e observei as paredes escuras do subsolo da cidade.

Respirei fundo e olhei o rapaz nos olhos. Dei um meio sorriso e ele continuou sério, aquilo me arrepiou por inteira.

Peguei o primeiro livro de uma série que eu havia iniciado a leitura recentemente, Para Sempre. Tentava de todas as formas me concentrar na obra mas a mirada dele sobre mim deixava-me constrangida e desajeitada. Rezava para que o caminho não fosse longo.

— Olá. – Ele me chamou depois de minutos em um silêncio constrangedor. – Sou Christopher, Christopher Uckermann. – Eu hesitei antes de responder, seu modo sério e mandão de falar me fez morder o lábio inferior.

— Dulce Maria Saviñón. – Eu gaguejo. – Aonde irá descer, Christopher? – Minha voz nunca havia falhado na frente de ninguém. Porque diabos eu estava gaguejando perto dele?

— Na estação que fica perto do Aeroporto Internacional... – Ele me respondeu com um brilho interessante no olhar, aquilo me deixou inquieta. – Gosta de andar de metrô, Dulce? – A voz dele soou tão grossa que eu de pronto corei asssutada. Seus lábios carnudos e rosados o deixavam mais sombrio.

Eu tremi sentindo os ventos da janela em meu rosto.

— Eu gosto de andar a noite, durante o dia é muito cheio e não temos sossego. – Eu respondi sentindo os ventos da janela em meu rosto.

Christopher me viu tremer e se dirigiu a mim:

— Está com frio? – Eu assenti levemente com a cabeça e ele retirou o moletom fofo que usava e me entregou.

No início eu neguei a peça mas o olhar que ele me lançou me fez apanhar. Coloquei o casaco em meu corpo e aspirei discretamente seu perfume. Era másculo e excitante, eu ri.

Conversamos por mais um tempo até o metrô parar em minha estação, quando fui tirar o casaco ele me interrompeu, eu estranhei.

— E para eu lhe devolver, Christopher? – Eu mordi o lábio inferior após a pergunta.

— Algum dia você me devolverá, Dulce. – Ele sorriu pela primeira vez e eu também, apanhei meu livro e quando ia saindo ele me roubou um selinho.

Corei e sai rapidamente para a estação, acenei para ele e esperei o trem ir embora levando com ele Christopher, o primeiro homem que realmente mexeu com meu coração.