Capítulo Quatro

Meus olhos vagam até a mesa, e ele pega o copo e segura o mesmo logo acima de seu peito. Eu sigo o copo bem seguro por sua ágil e habilidosa mão direita. O copo passa a ir lentamente até seu rosto e então, ele me encara. Sinto sua excitação no olhar, engulo em seco virando-me para o lado oposto de sua mirada e então, estou em um lugar escuro e sem luz e Christopher está comigo.

Sorrio para ele olhando-o nos olhos e eles estão sombrios, tristes – o olhar irônico que ele sempre habitava já não existia. Senti frio de repente e acariciei meus braços.

Christopher se aproximou lentamente e em vez de posicionar os braços em torno de mim, puxou-me de uma só vez e beijou-me nos lábios com uma intensidade fora do normal. Um calor diferente se passou pelo meu corpo e eu grunhi apertando-me mais contra ele, eu queria mais do que aquilo.

Christopher se separou de mim e uma cama surgiu no cenário de repente. Ele me jogou nela e agora, o fogo e o desejo estavam presentes em seu olhar. Passei meus braços pelo seu pescoço e fui jogada na cama. Um sorriso perverso nasceu nos lábios dele – que se apoderaram de meu pescoço logo em seguida.

— Chris... – Grunhi demoradamente. – Não podemos, você...

Ele me calou com um beijo e eu parei de raciocinar com seus lábios junto aos meus, tudo com muito cuidado e excitação.

Abri meus olhos e estranhei eu estar no quarto de Anahí. Senti um molhado em minha cabeça e toquei. Meu cabelo estava encharcado de suor assim como minha testa.

Suspirei e olhei para a penteadeira de Anahí e meus olhos focaram no livro erótico que ela tanto queria que eu lesse.

Por minutos resisti a tentação de ir aquela penteadeira e finalmente iniciar a leitura de Cinquenta Tons de Cinza, quando finalmente tomei coragem fui pega por Anahí enquanto lia o prólogo sentada à sua cadeira.

— Então a senhorita se interessou pelo livro depois da nossa conversinha? – Annie me zoou balançando a cabeça negativamente. – Errado para uma moça como vossa senhoria, Saviñón. Muito errado.

Gargalhei corada e dei de ombros.

— As vezes temos de entrar no mundo deles para dar a verdadeira opinião. – Joguei minha cabeça para trás rindo e fiz careta quando pontadas fortes atingiram-na.

— Ainda não sei como não doeu antes. – Annie me entregou um copo cheio d’água e um comprimido pequeno e branco. – Beba, isso lhe fará melhor.

Coloquei o comprimido na boca e bebi a água. O comprimido não desceu, Annie percebeu e começou a rir, ri também e engasguei quando o comprido rasgou minha garganta.

— Tome mais água! Rápido! – Por fim gargalhamos juntas.

Me olhou nos olhos rindo e eu sorri apanhando o livro. Olhei o espelho e só então percebi que estava com outra roupa. Fiz careta me imaginando nua na frente de Anahí com minhas novas curvas.

— O que aconteceu ontem depois que a porta abriu? – Annie me encarou, olhos repletos de tristeza. Ela abaixou a cabeça, suspirou e sorriu.

— Josh veio perguntar se você havia se apaixonado por outro e se aquilo tudo não era mais uma de nossas zoações. – Balancei a cabeça e me levantei da cama. – Vou terminar o drama que a professora Ivete pediu.
Sai do quarto de Annie e entrei no meu logo em seguida. Suspirei ao vê-la ainda sentada na minha frente.

— Candy. Sabe que fugir do assunto a todo momento, não é algo legal.

Deitei em seu colo com um sorriso triste no rosto e suas mãos massagearam meu cabelo como ela sempre fez quando estávamos conversando.

— Eu só não quero falar disso agora, Annie. – Annie sorriu.

Um suspiro longo escapou de meus lábios e fechei os olhos absorvendo tudo o que estava acontecendo naquele momento. Fazia tempo que eu e Annie não tínhamos uma conversa descente de amigas, muito tempo.

— Vamos ler juntas? – Um sorriso iluminado surgiu em seus lábios e eu balancei a cabeça negativamente.
Annie pegou o livro de minhas mãos e abriu diretamente no prólogo.

— Primeiro me deixa tomar um banho? Cara, meu cabelo tá seboso demais. – Annie fez careta se levantando bruscamente.

— Que nojo! – Gritou fazendo menção de vomitar. – Vai já para aquele banheiro, Dulce!

Mandei beijinhos no ar para ela e corri para o banheiro, a caminho de um banho relaxante. Perfeito para pensar.

—/-

Bem, eu ainda não acreditava que os dois haviam tido o primeiro encontro por causa de uma simples entrevista – que acabou virando algo pessoal, na verdade.

Annie me explicou que esse era um primeiro encontro incomum, perfeito para o livro. Então eu entendi. E.L. James queria algo diferente em seu livro, algo incomum – ela foi esperta.

— Agora que você sabe o mínimo do livro... – Fez suspense e eu revirei os olhos. – Christian Grey é excitante, não é?

Sorri corada e balancei a cabeça negativamente rindo.

— A personalidade sombria dele vai te deixar louca!

— Não acredito! – Peguei o notebook rindo e coloquei a senha rapidamente.

— Não acredita em que louca?

— O meu drama de cinco capítulos. – Sorri de orelha a orelha digitando furiosamente no computador. – Achei! O meu drama de cinco capítulos que eu escrevi por diversão. O nome do personagem principal é Drake e ele é um tanto... Reservado. – Annie sorriu maliciosamente. – E não, você não vai ler. Quando Sarah conta da experiência apaixonante na roda gigante junto com Drake para sua amiga Rose, que obviamente foi inspirada em você. – Annie bateu a mão no peito esquerdo, exibindo-se. – E ela diz exatamente isso, leia.

Annie lia atentamente aquela pequena parte que eu havia liberado para ela. Depois de alguns minutos me abraçou, gargalhando.

— Você realmente conhece minha personalidade! Que grande amiga!

Sorri para ela e me deitei na cama depois de guardar o notebook.

— Annie.
— Eu.

— Acha possível se apaixonar depois de tudo o que aconteceu?

Ela me encarou, um brilho diferente em seu olhar me fez sorrir.

— Claro que sim. Não é porque aquele idiota fez tudo aquilo que eu não posso amar mais ninguém. – Sorri para ela. – E você também! – Cutucou minhas costelas com as pontas do dedo sorrindo. – A senhorita nunca se apaixonou. Tem que sofrer um pouco, Candy.
Balancei a cabeça negativamente e olhei-a sorrindo.

— Acho quase impossível isso acontecer mas se acontecer, espero que ele seja compressivo.

Annie sorriu e deu um beijo na minha bochecha respirando fundo.