Foi estranho ver que meu nervosismo e mal-estar haviam ido embora e deixado outro a surpresa.

Eu acreditava que não iria mais vê-lo e olhe só, estou em sua casa! Pensando a todo momento enquanto o olho: meu Deus! Não estou preparada emocionalmente para esse reencontro, por favor, tire-me daqui.

Deus não gostava de ter piedade. Anahí se sentou ao meu lado no sofá de pallet, eu encarava Christopher bebericando o vinho.

Sempre que tentava dar uma espiada em sua direção, lá estava ele me observando, com um sorriso irônico nos lábios. Eu ria nervosa e continuava a falar normalmente com Annie.

Numa das espiadas Christopher ergueu a taça de vinho e olhou para o corredor do banheiro, balancei a cabeça negativamente e escondi meu rosto corado de Anahí.

— O que há entre você e o cara de sorriso malicioso? – Me assustei e senti minhas bochechas quentes novamente.

— O que? Não há nada, Annie.

— E eu sou o Batman! – Ela suspirou. – Qual é, Dul. Lhe conheço o bastante para saber que algo está rolando. – Annie olhou para o Uckermann e soltou um riso sarcástico.

Eu ri.

— Acontece que... Aquele é o Uckermann. – Annie abriu a boca para falar mas eu a calei rapidamente. – Prometo que te conto tudo, lá em casa. Aqui não é o lugar para falarmos disso. – Dei uma olhada para Christopher e gargalhei baixinho ao ouvido de Anahí.

— Ele continua te encarando, isso não é normal! – rimos juntas. – Vá ver o que ele quer, não tem nada a perder.

Sorri de canto e pisquei para ele discretamente, me levantei.

— Se Josh me procurar... Você sabe o que fazer.

Annie soriu.

Caminhei discretamente até o corredor do banheiro principal da mansão, ali tinha uma escada e eu o esperei na frente dela.

Meu corpo se arrepiou e senti minha temperatura esquentando de repente. A adrenalina se passará por ele em segundos e eu não me preocupara com isso, estava louca.

Vi um quadro preso à parede e passei a observá-lo atentamente. Não havia nada de interessante naquela tela cheia de riscos negros e alguns coraçõezinhos coloridos, mas parecia valer uma fortuna. Por que alguém o compraria?

— Esse quadro expressa a felicidade de quem o pintou e trás uma paz interior à mim. – Assustei-me com suas palavras e revirei os olhos quase deixando a taça cair. – Tome cuidado.

Seu tom de voz era protetor e autoritário, como na noite em que me mandara colocar o casaco.

Sorri tímida e olhei para baixo.

— Fiquei alegre quando finalmente aceitou meu pedido de vir aqui para cima, Dulce. – ele comentou.

Christopher estava olhando para baixo para tentar olhar em meus olhos, por instinto eu sempre fugia de sua mirada. Céus!

Meus lábios tremeram ao olhar para os dele. Mesmo com aquele simples toque que tivemos que estação anos atrás, eu me lembrava de como seus lábios eram macios e aveludados contra os meus... o desejo então me possuiu de uma maneira inevitável.

— Eu tinha de saber porque insistia tanto em me encontrar as escondidas. – minha voz não saiu tão firme.

Christopher deu um sorrisinho maldoso, olhou para a entrada do corredor e me puxou escada a cima.

O terceiro andar da mansão era ainda mais sofisticado que o segundo. As paredes num tom caramelo listrado davam a impressão de charme junto aos quadros famosos.

Eu tinha certeza de que estávamos indo ao limite do prédio, o telhado.

— Não sei se você gostará de olhar as estrelas enquanto conversamos mas... Eu iria adorar passar esse tempo contigo. – suas palavras me pegaram desprevenida.

Sorri e o olhei nos olhos assentindo levemente com a cabeça. Christopher não parava de me surpreender.

Entramos em um cômodo que ocupava o quarto andar inteiro. Janelas de guilhotina preta cobriam o local que me dava uma vista perfeita do céu.

— Christopher... – suspirei olhando as estrelas que não paravam de brilhar – Olhe essas estrelas! Como brilham!

— É maravilhoso, não? – Sua voz estava alegre atrás de mim, ele era apaixonado por aquilo. – É bom ter uma companhia no meu passatempo preferido.

— Ninguém fica aqui junto à você?

— Não gosto que qualquer pessoa venha! – ele rosnou baixinho e eu sorri.

Senti suas mãos enlaçarem minha cintura delicadamente. Ele afastou meu cabelo para o lado direito de meu pescoço, distribuiu beijos pelo lado oposto e mordeu minha nuca delicadamente.

Os arrepios que se passavam por meu corpo me davam alucinações e pensamentos pervertidos junto a Christopher naquele terraço.

— Sabe por que lhe chamei aqui, Saviñón? – Balancei a cabeça negativamente. – Para matar a saudade.

Mordi o lábio inferior e ele me virou pra si.

— Seus lábios... – Sussurrei fechando os olhos, me entregando ao momento.

Senti a respiração quente de Christopher contra meu rosto. Entreabri os lábios ansiando pelos seus macios e sedosos contra os meus.

Ele demorou o bastante para me fazer implorar, era isso que ele queria.

— Não vou pedir. Vai logo! – Bravejei irritada com sua demora.

Christopher passou o polegar pelo meu lábio inferior e se aproximou de meu rosto. Minha respiração parou e ele atacou-me.

Entrelacei meus braços em seu pescoço e fiquei pendurada em seu corpo.

O beijo era quente e dócil, o que me deixou faminta. Nunca havia beijado alguém tão gostosamente, tanto que aproveitei minha língua contra a de Christopher.

O coração disparado deixava-me nervosa e cada vez com mais medo de alguém nos pegar aos beijos ali. Christopher parecia não se importar e eu acabei me esquecendo de tudo a minha volta.

Ouvimos um barulho baixo no cômodo e continuamos a nos beijar sem parar até ouvir um sussurro:

— Perdão... – Dei um pulo e encarei a pessoa que tremia torcendo as mãos.

Olhei para Christopher cuja limpava os lábios freneticamente, quando ele me encarou lhe lancei um olhar medroso de e agora?