No Rugido Do Leão

Capítulo 3 - Charada de Prata


Elas duas caminharam para o quarto de Susana, tendo o cuidado de fechar a porta do quarto de Samantha. Sam se dirigiu à porta e deu 3 pancadinhas. Belle parecia impaciente.

– Calma, - sussurrou Sam - ela já vem!

– Eu só não quero que a monitora nos ouça! Semana passada ela me deixou de castigo porque me viu lendo Moby Dick de abajur aceso às 23:00 hrs! - reclamou Belle.

Sam deu mais três pancadinhas na porta. Estranho Susana demorar tanto. Geralmente ela abre a porta rápido. Abelle começou a andar pelo corredor, indo em direção à Sala dos alunos.

– Abelle! - chamou Sam, assustada - Você ouviu alguma coisa? A monitora vem aí?

– Não... - respondeu Belle - A luz está ficando mais forte.

Sam caminhou para perto da irmã. Seu colar brilhou mais forte também.

– Vamos seguir a luz. - sugeriu Abelle.

– Espere, vou buscar minha lanterna. - Samantha correu para a porta de seu quarto.

– Mana, francamente! - retrucou Abelle - Esses colares estão brilhando tanto que iluminam todo esse corredor! Ainda acha que precisamos de lanterna?!

– Você tem razão! - concordou Sam, voltando para perto de sua irmã - Hoje está sendo um dia estranho...

– Por quê? - perguntou Belle.

– Primeiro, não consegui tocar piano. Depois meu colar começou a brilhar, e agora, você está me corrigindo!

Elas seguiram rindo por um longo corredor com quadros, desceram as escadarias principais, e finalmente chegaram à porta do Hall de entrada. Do lado de fora, elas puderam falar e respirar normalmente, pois os monitores só vigiam os corredores de dormitórios. Ali, o colar brilhava mais forte. A luz as guiou até o Pátio do Leão, que recebeu esse nome devido a estátua de um leão deitado de 2m de altura. Elas o encararam por um tempo. A estátua nunca lhes pareceu tão viva quanto agora. Elas olhavam para o leão, e então o leão olhava para elas. Ele parecia respirar, e quase podiam ouvir um coração bater ali. Então elas sentiram que ele desviara o olhar. Elas se viraram, para procurar onde ele olhava. Agora, à sua frente, havia um grande círculo, como um degrau. E logo ali no final dele, estava o velho Carvalho Torcido, que fazia a divisa entre o terreno da escola e a floresta. elas conheciam cada local daquela árvore. Era o lugar preferido de Abelle, onde ela ouvia as fascinantes histórias de Edmundo sobre Nárnia nas tarde de folga. O colar brilhava mais forte. Aonde a luz do colar iluminou, surgiram letras de prata. Dizia assim:

Bem-vindas, amigas de Aslam!

Somente vocês poderiam ter me descoberto, pois conhecem meu lar.

Não desistam ainda! Eu guardo um portal!

Mas primeiro, uma charada:

Há três seres que são muito pequenos, quatro que são muito sábios.

– Como é? Seres? - disse Belle.

– É, animais, suponho. - comentou Sam - Vamos por partes. Animais pequenos, mas sábios...

– Essa é difícil... - falou Belle - Vou tentar.... formigas!

– Por que.....? - incentivou Samantha.

– Ouvi dizer que trabalham o verão todo, e por isso não passam fome no inverno, eu acho. - concluiu Abelle - Tá, essa valeu né, faltam 3 então.

– Coelhos.... - raciocinou Sam.

– Não é hora para pensar em bichinhos fofinhos! - Belle cruzou os braços.

– Não, não é isso! - riu Samantha - Eu li semana passada que eles não tem dinheiro nem posses, mas moram e penhascos com vistas magníficas. Bom, faltam 2.

– Gafanhotos!!!!!! - Belle disse com convicção. - Uma vez eu vi eles atacando uma plantação de trigo. Eles não tem rei nem superior, mas trabalham em fileiras, bem organizados!

– Muito bem, foi uma excelente ideia te colocar no grupo de escotismo! - elogiou Sam - Certo, minha vez. Por fim, não poderiam faltar lagartixas!

Belle fez uma careta de nojo. Sam não conteve o riso.

– Calma, calma! Sei que são nojentos, mas já vi em casas comuns, e em palácios de reis! - explicou Samantha.

Então ouviram estalos. O grande carvalho começou a se virar e endireitar, separando seus dois troncos. Seus galhos se sacudiram, jogando folhas para todos os lados. E então parou. Ali na frente delas havia surgido um portal, um arco de troncos. O brilho dos colares parecia mais forte e mais fraco ao mesmo tempo. Mas isso não importava. Com o coração em júbilo, elas deram as mãos e atravessaram.