No Rugido Do Leão

Capítulo 28 - Terra Média - Uma Conversa Franca


– Mas, então, - Belle aproximou-se da moça - prima de PL, é?

– Na verdade, ELE é meu primo. - a moça disse.

– Ãin??? - Belle fez uma cara estranha de dúvida.

– Quer dizer que o sangue já está diluído. - Sam explicou, aproximando-se - Só são parentes de convivência mesmo.

– Ah!!! - Belle sorriu, mas fez cara de confusa denovo - Não entendi...

– Belle, eles são primos, mas é como se não fossem. O sangue é tão diluído que eles nem semelhanças físicas têm. - Sam tentou explicar outra vez.

– O que não o torna menos covarde. - a moça faiscou pelos olhos.

– Ou você menos arrogante! - o rapaz rebateu.

– Pensando bem, parecem mesmo primos! - Caspian riu - Ou namorados!

– O quê? Eu, namorar este idiota aqui?! - a moça esbravejou - Nem que fosse o último homem da Terra Média!

– Eu jamais iria querer passar o resto da minha vida ao lado dela! - PL retrucou - É uma inútil! Não sabe cozinhar! Nem caçar!

– E você, com certeza não sabe como...... - ela começou.

– Hey! Não quero que terminem essa conversa! - Samantha tampou os ouvidos da irmã - E se não pararem de brigar, amarro os dois juntos!

Ambos bufaram. Cruzaram os braços, como duas crianças birrentas.

– Ótimo! - Belle sussurrou para a irmã - Nem casaram ainda e já estão se divorciando!

Samantha olhou para a garota, que riu, sapeca.

– Hey, seu bando de palermas! - Caspian falou - Acho que chegamos!

Eles todos olharam para frente. O lugar era todo construído sobre uma colina. Lá em cima, haviam inúmeras casas, construídas sobre e ao redor. No topo, era possível ver um palácio de madeira, todo ornamentado com entalhes dourados. E logo ali, em sua frente, os portões da cidade. Mas estavam fechados.

– Fechados? - Legolas espantou-se - Mas estes portões nunca ficam fechados!

Eles se aproximaram da guarita. Bateram três vezes.

– O quê? - o guarda disse, abrindo uma pequena portinha.

– Queremos falar com o rei. - Belle falou, convicta.

– Eu também. - e o guarda fechou a portinha.

Belle olhou para os outros. Todos pareciam tão confusos quanto ela. Belle virou-se e bateu na porta outra vez.

– O quê é agora? - o guarda os atendeu.

– Perdão, senhor, mas precisamos falar com o rei. - Belle falou, ainda mais convicta.

– Por que não cresce primeiro? - o guarda desdenhou - Quando tiver altura para eu poder ver seu rosto, daí conversamos.

E fechou outra vez. Legolas aproximou-se da porta. Pegou o arco, armou, e apontou. Belle bateu outra vez.

– Mas o que é, menina enxerida... - o guarda parou de falar ao ver a flecha apontada para seu nariz.

– Estamos viajando desde Imladris, para falar com o rei. Precisamos entrar. - o elfo falou.

O guarda pirragueou um pouco, depois fechou a portinha. Ele abriu uma porta maior, e permitiu que eles entrassem.

Caminharam pelas ruas, até alcançarem o topo da colina. Era um palácio grandioso. Seu telhado de palha reluzia em dourado na luz do sol, o que fazia parecer que era feito de ouro ao ser visto de longe. Uma longa e larga escadaria levava ao planalto verde para uma ampla área pavimentada em frente à porta. Havia assentos esculpidos da pedra em cada canto do último degrau. As portas se abriam ao norte e eram feitas de madeira, esculpidas com imagens de feras e aves com pedras preciosas nos olhos e garras douradas. Em ambos os lados das portas havia pilastras moldadas com figuras douradas entrelaçadas.

O interior do castelo era um salão. Seu telhado alto era sustentado por pilares poderosos ricamente entalhados, reluzindo em ouro e outras cores. Havia uma espécie de veneziana no teto que permitia que a fumaça saísse e a luz entrasse. A luz também vinha ao salão por altas janelas, de ambos os lados. Conforme desviaram os olhos, os viajantes perceberam que o chão era pavimentado com pedras e várias tonalidades; runas trabalhadas e estranhos objetos se entrelaçavam sob seus pés. Suas paredes eram adornadas com tapeçarias que contavam a história e as lendas antigas dos Rohirrim, incluindo uma de Eorl, O Jovem, montado de Felaróf. Havia uma grande lareira no meio do palácio. Ao final deste, de frente para as portas havia três degraus, e no fim deles, o trono do rei, que era dourado.

Legolas suspirou. Aquele lugar estava muito mais lindo do que ele se lembrava.

– Mas meu senhor... - uma moça dizia, preocupada.

Um homem entrou no salão. Ele era pálido, tinha os cabelos castanhos como troncos de amoreira, e os olhos verdes. Ele era jovem, parecia ser pouco mais velho que Caspian, embora realmente fosse bem mais velho. Ele se sentou no trono, despojado, largado. Tinha no seu semblante uma angústia profunda.

– Meu senhor... eu não posso... - a moça pronunciou-se, aproximando-se dele.

– Apenas faça o que eu digo, Romera. - ele sussurrou, exauto - Se ela quer, dê a ela. É apenas uma escova.

Seu olhar voltou-se para as 7 criaturas paradas no meio do salão, olhando em todas as direções.

– Mais peregrinos pedindo ajuda... - ele suspirou - Dê a eles o que eles querem, Romera.

– Mas senhor, nem sabemos quem são ou de onde vem! - a moça sussurrou - Eles podem tanto ser andarilhos quanto não podem!

– Apenas dê a eles o que eles querem e tire-os de minha presença!... - o homem suspirou - Não estou disposto a receber ninguém!...

– Mas esse aí é que é o rei de Rohan?! - Belle falou. - Não parece muito nobre para mim!

– Belle! - Sam sussurrou, entredentes.

– Como pode achar que eu não sou o rei? - o homem perguntou, mais curioso do que furioso.

– Bom, que eu saiba, reis são generosos e bondosos, sim. Mas também são sábios e estrategistas! Você está disposto a nos dar qualquer coisa apenas para que não o importunemos! - Belle cruzou os braços - Poderíamos pedir até os filhos dele que ele nem ia ligar!

– O que quer então, senhorita? Aposto que não veio aqui apenas para me insultar. - o rei arqueou a sombracelha.

Os outros sentiram o sangue gelar. Belle teria que medir muito bem as palavras, ou todos se dariam muito mal.

– Bom, primeiramente, eu gostaria que o senhor se importasse um pouquinho com o que acontece no seu reino, e principalmente, fora dele. No caminho para cá, nós livramos essa garota de mercadores de escravos! - Belle apontou para Katherine - Mercadores de escravos são permitidos no seu reinado? Porque no de Theoden e no de Éomer não eram! E eles iam vender ela hoje! Aqui na praça da cidade! E tudo isso porque ela queria vir aqui, para pedir uma coisa para o senhor, apenas um pouquinho de atenção, e tudo o que o senhor diz é "pegue e vai"? É sério isso?!

O rei arrumou-se no trono. Aquela não era uma simples peregrina. Ela havia despertado no coração dele, um sentimento há muito esquecido: curiosidade. E isso poderia ser a salvação, ou a destruição.

– Bom, queria a minha atenção? Conseguiu. - ele segurou o braço do trono - Diga-me, senhorita, o que quer?

Belle respirou fundo. Aquela seria uma longa conversa.