No Rugido Do Leão

Capítulo 11 - Explique-se!


Eles caminharam silenciosamente pelos corredores. Viraram para a direita depois das escadas, e depois à esquerda, seguindo pelo longo corredor com armaduras de ferro. Caspian seguia atrás, mas apesar de seus lábios não se moverem, sua mente processava mil palavras por segundo. A curiosidade ardia em suas veias, tal qual um excitante veneno.

Que teria um mendigo errante dizer para um rei? Que seria tão importante a ponto de convocar uma reunião?

Abelle seguia logo à sua frente. Sua mente também trabalhava a todo vapor, mas sua curiosidade estava direcionada para outro assunto.

O que aquele maldito andarilho fez com minha irmãzinha para ela chorar como uma condenada? Eu juro, eu o mato se ele a fizer passar por qualquer coisa!!!!

Samantha nem se importava se Abelle e Caspian estava seguindo-a ou não. Ela só queria chegar lá, traduzir o que ele disser, e ir embora o mais rápido possível. Ela já nem tinha mais os olhos molhados de tristeza, e sim as maçãs do rosto rubras de raiva.

Eu o defendi; eu o salvei; comprei briga com Caspian, o rei de Nárnia, por ele; eu o ensinei a falar; a entender o que os outros diziam; a ler; a escrever; eu transformei aquele mendigo errante em um lorde respeitável, e é assim que aquele miserável me retribui??? Ele pode ter contado com minha compaixão, e talvez até com meu apreço, mas agora, eu mesma vou acabar com a raça dele!!!!!

Samantha abriu a porta da copa real, onde todos os nobres do castelo tomavam suas refeições. Era estranho ver a grande mesa de cedro, sempre coberta das mais finas iguarias, agora vazia, sem toalhas nem pratos, sem ninguém. Exceto por Passo Largo, que estava sentado na cabeceira da mesa.

– Sentem-se. - ele disse, com menos dificuldade que o normal.

Eles se aproximaram, Samantha sentou ao lado esquerdo do peregrino, Abelle do direito e Caspian do lado de Abelle, já que a expressão facial de Sam não estava muito convidativa.

– Eu só tenho a agradecer a vocês. Sua hospitalidade é uma benção nesses dias difíceis. Eu creio que agora, por ser muitos assuntos de extrema importância, necessitarei de tradução. - disse Passo Largo.

Todos olharam para Samantha, que bufou desgostosa e olhou para Passo Largo, com um olhar que faria até o soldado mais corajoso temer sua própria sombra. Ele receou um pouco, e então começou.

– Quando cheguei aqui, vocês me acolheram e cuidaram de mim, muito embora nem soubessem quem eu era. – ele disse.

– Imagina, não precisa agradecer!Belle interrompeu.

– Mas eu tenho! – Passo Largo olhou para ela - Eu tenho porque desde que comecei minhas peregrinações, este foi o único lugar que me ofereceu abrigo. Eu cruzei rios, bosques, florestas e pântanos, mas só vi um sinal de esperança aqui, neste reino desconhecido.

– Sinal de esperança? - Caspian olhou para Sam, que acabara de traduzir. Então olhou para o peregrino com convicção - Mestre Passo Largo, sei que deve ter sido difícil para o senhor ter que confiar em pessoas desconhecidas, podendo ser morto a qualquer momento, e agora ter confiança para pedir uma reunião formal e íntima....

Sim, compreendo. – Passo Largo falou - O senhor deseja explicações.

– Sim, por favor! - Belle falou.

Na verdade, foi por este motivo que eu os chamei aqui. - ele disse, pensando.

– Então, por favor, explique-se! - Samantha falou.