Night Stories Monday

Time Machine + Zenjin Mitou no High Jump + Thank You


Mari Katsuki nasceu em uma pacata família japonesa na pequena cidade de Hasetsu. Filha de Hiroko e Toshiya Katsuki, donos do último Onsen Ryokan aberto da cidade. Ela cresceu e aos 6 anos de idade, recebe a notícia de seus pais que ela vai ser uma irmã mais velha. E no dia 29 de Novembro, um menino que foi nomeado pelos pais dela de Yuuri nasceu. Exceto que algo de estranho aconteceu com o bebê, que fez os médicos entrarem em pânico e se afastarem com o bebê recém-nascido da família, o retornando quase nas primeiras horas do dia seguinte.

Mari ignora o que os médicos conversam com seus pais, passando a sua atenção para o bebê que se encontra nos braços de sua mãe. Nossa, como ele é feio! E barulhento. Ugh, ao que parece, os dias de tranquilidade dela acabaram.

Bebê Yuuri é um pouco estranho. De repente, ele começa a rir alto e de repente, ele chora muito, por nenhum motivo.

...

Mari tem 9 anos quando, entediada, decide pegar um dos brinquedos que seu irmão mais novo está brincando naquele momento. Ela esperava que ele fosse chorar, mas para o choque dela, não foi isso que aconteceu.

"Devolve." Pequeno Yuuri diz, e Mari se vê dando o brinquedo de volta para ele.

Yuuri sorri para ela, mas Mari simplesmente sai correndo do quarto e grita por seus pais.

"Okaa-san, Otou-san! Yuuri é estranho!!" Ela exclama, apavorada.

"Do que você está falando, Mari? Yuuri é apenas um bebê." Toshiya diz, rindo.

Mas então Yuuri aparece na entrada da cozinha, andando ainda com dificuldade.

"Brincar!" Ele exclama, e Mari novamente sente a mesma força de antes, que a faz obedecer e começar a brincar com seu irmão mais novo e até seus pais, que se entreolham também chocados.

Hiroko leva Yuuri para o hospital logo na manhã seguinte, onde o pediatra não entende o problema até que Yuuri, com medo, chora e ordena:

"Fiquem longe."

Tanto o médico quando Hiroko ficam surpresos pelo fato de que não conseguem fazer seus corpos se aproximarem do menino, que continua a chorar bem alto. Hiroko fica apavorada, não sabendo mais como pegar seu filho nos braços. Ela chora silenciosamente pelo filho, que com isso para de gritar e a chama. Hiroko percebe que a força que a impedia de se aproximar de seu filho desaparece e ela vai até ele, o abraçando com força. Ela sai do hospital sem nenhum diagnóstico e a recomendação de levar o menino para um templo.

Hiroko se recusa a fazer isso, e decide deixar tudo do jeito que está.

~x~

É claro que Yuuri percebe que há algo de errado com ele ainda bem jovem. Bastou pedir comida para os seus pais justamente na hora que o restaurante está cheio para toda a confusão começar. Quando ninguém menos esperava, todos estavam lutando para dar de comida para ele, algo que o deixou apavorado. E quando ele foi pego conversando com Ryou, alguém que ele achava que era seu amigo, mas que na verdade era o fantasma de um garoto que morreu décadas atrás, o menino passou a ser alvo de fofocas por toda a cidade.

Yuuri, que já era tímido e sofria de ansiedade, se tornou alguém que sofre bullying diariamente. O mesmo acontecia com Mari, apesar de ser por causa dele e os clientes pararam de aparecer na pousada, trazendo prejuízo.

E então, aos 10 anos de idade, Yuuri desaparece misteriosamente. Na mesma noite, clientes retornaram e tudo parecia estar como antes. Era como se eles tivessem se esquecido de Yuuri.

Mari começou a achar estranho o fato de seus pais ignorarem o fato de que o filho deles havia desaparecido e percebe que eles estão fazendo isso para voltarem a ter a boa clientela, e isso a deixa com muita raiva. Seus pais, que para ela eram pessoas a serem respeitadas, idolatradas, estavam vivendo uma mentira. Uma mentira que a cada dia que se passa com a ausência de Yuuri, se torna uma verdade. Uma mentira que todos ao redor de Mari abraçaram enquanto ela chora todas as noites pelo irmão, a ponto de ter sonhos e pesadelos com o irmão.

A cada dia que passa, o coração se Mari se quebra ao ver que seus pais se esqueceram completamente de Yuuri.

~x~

Mari Katsuki deixa o Japão após completar o ensino médio e agora é uma professora recém contratada por uma escola pública, onde lecionou matemática por 3 anos, até ser contratado por outra escola, dessa vez particular, chamada Academia Clockstrings. Uma escola que aparenta ser normal, mas na verdade, diversas coisas estranhas e sem explicação nenhuma acontecem constantemente, assustando alunos, professores e funcionários. Um local que ela jamais esperava, três meses depois, rever seu irmão mais novo.

Yuuri está ali, usando roupas velhas, um óculos de armação azul e com longos e bagunçados cabelos negros. Ele está muito magro e na pele pálida do rosto e dos braços, carrega diversas feridas diferentes.

Ele anda pela escola, ignorando os gritos dela, da diretora Baranovskaya e de outros professores. Mari está feliz por ver que seu irmão mais novo está vivo, mas também está muito triste por perceber que ele deve ter sofrido muito nesse tempo em que ele esteve desaparecido. E o quanto ela se arrepende por não ter protegido ele, ou ter reclamado com seus pais sobre ele.

São erros que ela vai carregar pelo resto da vida. São erros que irá fazer com que ela agora não os cometer novamente. Mari Katsuki está decidida a nunca mais desistir de seu irmão mais novo.

Misteriosamente, os acontecimentos estranhos deixaram de acontecer na escola. Yuuri também força a todos a se esquecerem dele novamente, mas para a surpresa de Mari, Diretora Baranovskaya consegue enfrentar o poder de meu irmão, junto com ela.

Yuuri então conta para elas duas o que realmente aconteceu e quem ele é. Mari se surpreende quando ele diz que o espírito vingativo de um ex-aluno era quem causava as coisas que aconteciam na escola. Um ex-aluno que morreu por causa de uma brincadeira envolvendo um dos professores da escola. Uma brincadeira que no início aparenta ser divertida, inocente. Mas que na verdade é algo bastante cruel.

Mari se vê confusa com o que ele está dizendo. E percebe que Diretora Baranovskaya olha para ele com a testa franzida.

"Quem?" Ela pergunta, friamente.

"Eu poderia dizer, mas sem mim, não há nada que se pode fazer." Yuuri diz, com a voz fria que faz Mari se arrepiar.

"O que quer dizer com isso?" Lília pergunta, franzindo a testa para ele.

"Eu vou lidar com ele. Sozinho." Yuuri então se afasta, saindo da sala da diretoria.

E por uns dias, Mari não vê seu irmão mais novo, o que a deixa muito preocupada. E então, no meio de uma aula, um grito alto ecoa por toda a escola, assustando todo mundo. Logo, todo mundo sai das salas de aula, se assustando ao ver o chão e as paredes dos corredores manchados em vermelho, algo que certamente não estava ali meia hora atrás quando as aulas começaram. Para o choque de Mari, o sangue a leva seu irmão mais novo, todo machucado e segurando algo preto e gosmento com a mão direita. Na frente dele, o jovem professor de química, James Nelson está de joelhos, ofegante e com a pele toda enrugada.

O que está havendo ali?

"Demônio. Sua existência aqui não é bem vinda." E então Yuuri ergue um isqueiro e o acende. "Que estas chamas o queimem até que sua existência desprezível seja apagada desta existência."

"Maldito!" O professor diz, e de seu corpo se modifica para algo grotesco e com o cheiro podre, fazendo Mari e outros alunos tamparem seus narizes e fecharem os olhos.

Mas um grito vindo do professor da Mari olhar novamente e ver o momento que seu irmão toca fogo no professor, que queima até o fim.

"Se esqueçam do que viram aqui e voltem para as salas de aula. Professores, retornem a dar aulas." Yuuri diz, e Mari observa quase todos o obedecer.

Ela olha para o seu irmão mais novo, que ignora completamente os machucados e engole em seco.

"Você vai embora de novo?" Ela pergunta, o fazendo congelar. "Por favor, Yuuri. Eu não quero ter que me separar de você novamente."

"Eu tenho que ir." Yuuri apenas diz, colocando as mãos nos bolsos das calças e começando a se afastar.

"Yuuri, por favor!" Mari exclama, se aproximando dele bruscamente.

"Mari-neechan." Yuuri diz, de cabeça baixa. "Você precisa voltar a dar aulas."

E ele se afasta, a deixando ali, chorando porque irá novamente ver ele sumir de sua vida e ela não é capaz de fazer nada para impedir ele. Ela retorna para a classe e não se surpreende quando volta para o corredor novamente, ele está limpo, como se nada tivesse acontecido ali.

Mas aconteceu sim.

~x~

"Professores." Diretora Baranovskaya diz, uma semana após o ocorrido. "Vim aqui informá-los de que a partir de hoje, estou deixando a diretoria da Academia Clockstrings e assumindo um cargo mais leve, tendo em vista a minha saúde. A Academia terá um novo diretor, que irá atuar anonimamente e que está assumindo o meu lugar. Por motivos pessoais, ele deseja ficar no anonimato e espera muito poder contar com a colaboração de cada um de vocês."

Os professores se entreolham, confusos com o que está acontecendo.

"Além disso, nossa escola aceitou a transferência de um aluno que, apesar de ter o mesmo sobrenome que a professora Katsuki, ele não é parente dela." Lilia diz, e Mari arregala os olhos ao ver seu irmão mais novo ali, usando o uniforme da escola e com o corpo cheio de curativos. "Yuuri Katsuki é mudo de nascença, por isso quero que lidem com ele com cuidado."

Mari finalmente abre um sorriso, aliviada por poder ser capaz de cumprir a promessa que fez a si mesma. É o impulso que ela precisa para finalmente pagar pelos erros que ela e seus pais cometeram com ele no passado. E ela fará de tudo para ficar ao lado dele.

É claro que ela ficou chocada quando descobriu que ele é o novo diretor e que aquela escola possui um segredo terrível, a ponto de o obrigar a ficar ali por um longo tempo. Segredo que apenas Yuuri e Lília sabem do que se trata.

Com o passar dos anos, ela observa seu irmão se mover como uma máquina. Ele não fala, não se alimenta direito e insiste em ignorar ferimentos, os considerando como algo normal. Ele ignora completamente o aniversário dele e outras datas importantes, a fazendo se perguntar o quanto ele odeia os pais deles. O quanto ele deve odiar ela. O quanto ele deve odiar a si mesmo.

Mas ele começa a mudar à medida que se envolve com o novo membro do grupo. Um ex-pintor russo de nome Victor Nikiforov, que enfrentou a Kotodama e pela primeira vez, ela vê seu irmão mais novo chorar. E com um impulso, Yuuri está mudando aos poucos. Ele está falando mais, está sorrindo mais, está se cuidando mais.

Está se amando mais.

E tudo isso não foi por causa dela e sim de Victor Nikiforov.

"Professora Katsuki." Falando nele, Mari observa o professor de artes se aproximar dela. "Que bom que a encontrei. Eu queria perguntar algo sobre 'ele'. É importante."

"Diga, Nikiforov." Mari diz, o olhando seriamente.

"Quando é o aniversário dele?"

Mari respira fundo, desviando o olhar dele.

"Antes que eu responda a data, eu quero que entenda uma coisa. Yuuri não comemora seu aniversário." Ela volta a olhar para ele, com o rosto inclinado. "Você viu o passado dele, não foi?"

Victor afirma com a cabeça, franzindo o rosto para ela.

"Yuuri odeia o aniversário dele. Ele se recusa a responder os motivos, mas eu acredito que tem a ver com o fato de que ele causou muitos problemas para os nossos pais e depois que ele desapareceu, eu só o reencontrei há 3 anos atrás, quando ele apareceu aqui nesta escola, de repente, e durante esse período, ele nunca comemorou o aniversário dele. Droga, ele mal falava comigo ou Lília." Mari diz, o fazendo arregalar os olhos com o que escuta. "Yuuri fez aniversário dia 29 de Novembro."

Victor fica chocado com o que escuta, não esperando que seu namorado tenha feito 24 anos há duas semanas atrás.

"Yuuri sempre sentiu que estava se afogando que nunca acreditou que alguém seria capaz de aceitar ele como ele é. E isso é algo que você está dando para ele, então você tem minha eterna gratidão por isso. Só que, por favor, não o machuque." Mari pede, observando o professor a sua frente a olhar seriamente.

"Eu juro pelo meu amor por ele que jamais irei o machucar. Muito obrigado por responder a minha pergunta." Victor diz, se afastando dela.

Amor é?

Talvez… Uma máquina do tempo não seja mais necessária. Que alguém a destrua, caso ela realmente exista em algum lugar desse mundo.