Night Stories Monday

Ougon no Tsuki - Amai Kajutsu - Kuroi Shimi


Minako Okukawa chega aos Estados Unidos bem tarde da noite e logo na saída do portão de desembarque, encontra um homem alto de cabelos prateados e olhos azuis segurando um cartaz com o nome dela em japonês.

"Madame Okukawa, meu nome é Victor Nikiforov e sou professor da Academia Clockstrings. Queira me acompanhar até o meu carro, onde Yuuri a espera." Ele diz, a surpreendendo.

"Você… sabe sobre ele?" Ela pergunta, o vendo a ajudar a carregar sua mala para fora do aeroporto.

"Sim. Ele me ajudou no passado, então pode-se dizer que eu devo muito a ele." Nikiforov responde, a fazendo franzir a testa.

"O que quer dizer com isso?" Ela diz, o observando abrir a porta traseira de um carro preto.

Mas ela não escuta uma resposta, porque assim que entra no carro, ela vê que Yuuri está sentado ali, com o braço esquerdo apoiado na outra porta enquanto lê papéis que segura com a mão direita. Ela o olha, chocada, porque não só ele está muito mais forte de quando o viu pela última vez, como também ele está diferente. Ele está sorrindo.

"A quanto tempo, Minako-sensei." Yuuri diz, desviando o olhar dos papéis para ela.

O professor fecha o porta-malas do carro e se aproxima da porta do motorista, a abrindo e se sentando logo em seguida.

"Vitya, está é Minako-sensei, minha tutora sobre assuntos pessoais." Yuuri diz, a chocando por ele estar falando normalmente com o professor. "Minako-sensei, ele é Victor Nikiforov, professor de artes, meu aliado e também meu namorado."

Minako bate com a cabeça na janela da porta, não acreditando no que está escutando.

"Namorando?" Ela pergunta, olhando de seu ex-pupilo para o tal 'namorado' antes de erguer o polegar direito para ele. "Bom trabalho. Ele é um gato."

"Minako-sensei!" Yuuri exclama, com o rosto corado.

Ora, ora.

"Você está com fome?" Yuuri pergunta, após respirar fundo. "Podemos parar em um fast-food antes de chegarmos a escola."

"Não, eu já comi no avião." Ela responde, e olhando para ele seriamente. "Eu preciso descansar primeiro antes de lidar com o motivo principal da minha vinda a este país."

"Phichit Chulanont." Yuuri diz, a vendo erguer a sobrancelha para ele.

"Eu ainda não acredito que aquele garoto conseguiu ser capaz de roubar itens tão preciosos bem debaixo do meu nariz." Ela comenta, observando Yuuri se concentrar nos documentos em sua mão.

"Eu disse para ele que havia mandado tudo de volta para você, mas na verdade está tudo selado na sala da diretoria da Academia." Yuuri diz, pegando uma caneta do terno e assinando o documento.

Minako inclina o rosto, olhando dele para a lua dourada que surge na sua janela. A mesma lua de quando ela estava naquele lugar, indo para o mesmo destino e deixar por lá um moleque idiota. Eles continuam o resto da viagem em silêncio, que só é quebrado pelo barulho que os papéis que Yuuri segura fazem quando ele mexe neles.

Amanhã, certamente o dia será bem interessante.

Mas antes…

"Então… é ele." Minako pergunta, quando Yuuri fecha a porta da diretoria e ficando a sós com seu ex-pupilo.

"Sim." Yuuri responde, colocando os documentos que carregava em cima de sua mesa. "Ele é um humano que está se envolvendo comigo e isso não é bom para ele. Eu tenho medo que, por minha causa, ele venha a se machucar gravemente."

"Faz sentido, afinal ele não possui nenhuma habilidade sobrenatural, e não é como se ele pudesse tolerar o processo que força o despertar dessas habilidades como o que significa ter elas. Ele vai ver demais, ouvir demais, sentir demais." Minako continua, olhando para ele seriamente. "É demais."

"Por isso que eu quero criar um protetor, forte o suficiente para proteger Victor caso haja alguma circunstância em que eu não possa agir." Yuuri diz, inclinando o rosto para frente. "E por causa disso, eu preciso de sua ajuda. Eu não posso falhar ele."

"Amanhã é noite de lua cheia. Será o dia perfeito para dar início ao ritual. Após lidarmos com Phichit, eu ordeno que descanse e se alimente bem. No dia seguinte, você terá que repousar o dia inteiro para repor todo o sangue perdido." Minako diz e ele afirma com o rosto a olhando seriamente.

"Muito obrigada, Minako-sensei." Ele diz, abrindo um sorriso tímido. "Por tudo."

"Não se preocupe. Considere como um presente de aniversário atrasado." Ela diz, o fazendo soltar um longo suspiro." Que foi?"

"Victor não sabe que eu fiz aniversário. Eu não contei para a ele." Yuuri se senta em sua cadeira, a olhando seriamente.

"Entendo." Ela diz, se aproximando dele e bagunçando os seus cabelos. "É melhor você dizer para ele logo. Não seria legal esconder esse tipo de coisa de alguém que você considera importante."

"Certo…" Yuuri apenas diz, se virando e olhando para a janela de seu escritório, que reflete a lua dourada brilhando naquela calma noite.

~x~

"Phichit Chulanont, por favor compareça o mais rápido possível a sala da diretoria."

Os alunos olham para Phichit com surpresa, não esperando ouvir um dos alunos mais populares da escola ser chamado para a sala da diretoria. Dando de ombros, o adolescente tailandês coloca suas coisas em sua mochila, antes de sair da sala de aula.

Quando Phichit entra na diretoria, congela e empalidece ao ver sua antiga mestra sentada na cadeira do diretor, enquanto Yuuri Katsuki está de pé, ao lado dela.

"Sensei? Por que…" Ele começa a dizer, começando a se tremer.

"Phichit Chulanont. Infelizmente não posso mais ter o prazer de dizer que é bom revê-lo depois da fraude que você fez comigo. Eu te considerava como um filho, confiei a você ensinamentos especiais, e esperava muito de você como meu sucessor. Você não tem a mínima idéia do estrago que você fez, não é?" Minako dá risadas, se encostando na cadeira e respirando fundo. "É claro que não. Você nunca realmente se importou com isso. Então, me deixe lhe dizer o que aconteceu depois que eu deixei você nesta escola. Tudo começou quando descobri a ausência dos meus pincéis e tinta. E então, notei a ausência de um certo pergaminho, que pertencia a Yuuri e ele o deixou sob os meus cuidados. E então, quando eu procurei mais a fundo, percebi a ausência de vários outros itens. Itens que jamais deveriam ter sido mexidos."

Phichit engole em seco, não entendendo muito o que ela estava falando.

"Só então que eu percebi que enquanto eu estava fora de meu templo, coisas que estavam seladas nele foram liberadas. Coisas como demônios, Youkais e entidades espirituais. Praticamente todo o Japão foi afetado e só não virou notícia porque exorcistas se juntaram para controlar a situação." Ela continua, o observando. "Agora, eu estou muito decepcionada com você. Você mentiu para mim, me fez cair em uma ilusão, me traiu. Eu não queria dar esse tipo de punição para você, mas a sua sujeira precisa ser limpa, a partir de agora, antes que seja tarde de mais."

"Do que você está falando?" Phichit pergunta, rouco.

"Phichit Chulanont." Yuuri diz, friamente. "Eu, Yuuri Katsuki da família Okukawa recebi o encargo de lhe dar a punição pelos seus atos contra a líder da família."

Ei, ei. Isso não deveria estar acontecendo.

Era para ser apenas uma divertida travessura.

O que foi que eu fiz?

"Zenki, Gouki. O segurem para mim." Yuuri ordena e Phichit arregala os olhos ao se sentir ser agarrado nos braços por mãos frias.

"Não, por favor." Phichit diz, observando Yuuri se aproximar com sua espada desembainhada.

"Você vai se tornar um médium, hoje. Vai adquirir mais poderes espirituais, mas não terá como combater as entidades. Você vai continuar me servindo e me ajudando a vigiar a escola, até que tenha pago pelos seus pecados. Agora você vai poder ver com os próprios olhos o verdadeiro mundo em que vivemos." Yuuri diz, erguendo a espada.

Phichit fecha os olhos e sente a lâmina fria passar pelo seu corpo, arrancando algo grudento dele ao mesmo tempo que se sente envolto de uma estranha ventania.

Está doendo...

"Gaaaaaaaaaah!!!" Phichit exclama, sentindo uma forte sensação de queimadura sair de onde o corte foi feito e se espalhar por todo o seu corpo.

Ele exclama mais e mais de dor, sentindo seus olhos, cérebro, ouvidos e pele latejando enquanto seu corpo se adapta ao Despertar que acabou de ser forçado a realizar.

Merda.

Ele apenas queria ser um humano normal. Não alguém capaz de ver quando alguém está mentindo.

"Abra seus olhos, Phichit Chulanont e encare a sua nova realidade." Minako Okukawa ordena e Phichit abre os olhos, vendo a diretoria cheia de espíritos e entidades, além dos dois humanos de pé, na frente dele.

"O que…?" Ele começa a dizer, apavorado e derramando lágrimas.

"Seja bem vindo a verdadeira realidade." Minako se aproxima dele, o tocando em sua testa e o forçando a olhar para ela. "Agora você vai aprender a não subestimar algo só por que você não era capaz de ver."

"Eu não quero isso!" Phichit exclama, a olhando furiosamente.

"Sinto muito, mas nem sempre podemos ter o que queremos." Ela diz, o fazendo fechar os olhos. "Que isso sirva de lição para você."

"Phichit Chulanont. Você agora é leal a mim. Você irá servir a mim e a escola, e será vigiado constantemente para que não faça mais nenhuma travessura. Eu estou contando com você para garantir isso." Yuuri diz, e Phichit sente seu corpo de repente desabar no chão. "Você pode ir agora."

"Sim." Phichit diz, se erguendo com dificuldade e se arrastando para fora do escritório.

"Você acha que eu exagerei?" Minako pergunta, abaixando o rosto e levando as mãos até ele.

"A provação dele começa agora, Sensei. É algo que ele precisaria passar, não importa quando. Ele precisa lutar por conta própria, se não quiser ser tomado pela mediunidade." Yuuri responde, indo até ela e a abraçando de lado.

"Acha que deveríamos mencionar que ele vai voltar ao que era amanhã?" Minako pergunta, deitando sua cabeça na dele.

"Ele precisa pagar pelos erros que fez." Yuuri diz, respirando fundo. "Vamos ver o que esse pouco tempo de experiência será capaz de ensinar para ele. Agora, vamos nos preparar?"

"Sim. O tempo não espera por ninguém."

E com isso, eles se afastam. Yuuri retorna para sua mesa, onde continua a trabalhar como diretor da Academia, enquanto Minako vai até o quarto oculto, onde diversos objetos com forte poder espiritual estão lacrados. No meio do quarto, há uma banheira branca, vazia, e ao lado, em cima de uma mesa, um pequeno vaso de lírios brancos e um frasco com pedras brilhantes.

Minako Okukawa pega o vaso e o inclina em direção a banheira, fazendo sair dele uma quantidade surpreendente de água, que lentamente enche a banheira até quase o topo.

"Opa, essa quantidade de água já está bom." Ela diz, voltando a deixar o vaso na mesa e pegando em seguida o frasco, o abrindo e derramando o conteúdo inteiro na água. Ela então se afasta e retira de sua mala um tecido branco dobrado e abre um dos armários e retirando a espada de Yuuri.

"Muramasa Kagehime. Por favor, continue protegendo a vida de seu mestre por mim." Ela diz, sorrindo ao sentir a espada vibrar em suas mãos. "Boa garota."

Yuuri se junta a ela no fim da tarde, se despindo lentamente até ficar nu e se cobrir com a longa Yukata branca que Minako lhe estende, a vestindo e a amarrando na cintura. Se aproximando da banheira, Yuuri se senta e submerge seus pés na água muito gelada, até estar sentado dentro dela. Ele então junta as mãos, recebendo dela a espada embainhada e se deitar completamente dentro da água e sentir as duas mãos de Minako o pressionar no fundo da banheira, o impedindo de querer se erguer por reflexo.

Yuuri se debate um pouco na água, até finalmente parar de respirar. Minako observa o corpo imóvel dele submerso e espera até o retorno dele do Outro Mundo. Não demora muito e os primeiros sinais de luta acontecem. Cortes começam a surgir pelo corpo dele e logo a água começa a ficar com o tom avermelhado, o que até é bom para o ritual que eles estão fazendo. Ela se afasta da banheira, indo até a janela fechada com cortinas pretas e as abrindo, fazendo com que a luz da lua cheia se reflita na água.

Ela espera ansiosamente, na expectativa de que tipo de guardião Yuuri vai criar com o espírito que Yuuri vai trazer do Outro Mundo. Um espírito que para se tornar um guardião, precisa ter tido alguma conexão com Victor no passado, quando estava vivo.

Enquanto espera, ela afasta a mesa e coloca um colchão para Yuuri dormir ali e uma outra yukata, desta vez preta e estampada com lírios branco. Para a surpresa dela, a água começa a vibrar e logo a cabeça de Yuuri surge, respirando bruscamente com a boca, tossindo fortemente. Ele está de volta. Minako vai até ele, notando que quando ele tenta se levantar da água vermelha, ele carrega nos braços a espada e… um grande poodle marrom, que late para ela. Ela o ajuda a sair da banheira, e o senta no chão, o tocando para ver como ele está fisicamente.

"Eu estou bem, Minako-sensei. Só muito cansado." Ele diz, dando risadas quando é lambido pelo poodle no rosto. "Calma, garota. Calma."

Naquela noite, Yuuri não só dorme no colchão, como acaba não comparecendo nas aulas no dia seguinte. Minako aproveita isso para ir visitar uma sala de aula que não é mais usada e estudar o que Yuuri e a antiga diretora daquele colégio esconde. Mas antes que pudesse chegar nela, se vê sendo observada por Victor Nikiforov.

"Onde está ele?"

"Yuuri está descansando. Não se preocupe." Ela responde para ele, friamente. "Ontem tivemos que punir um certo pupilo meu, que fez muita bagunça por onde deixou antes de vir para cá."

"Chulanont." Victor apenas diz, e ela afirma com a cabeça.

"Nikiforov. Yuuri pode ser um adulto, mas ele não tem muita experiência com relação a sentimentos como amor, carinho e família. Se você realmente ama ele, seja paciente e o ajude todas as vezes que ele acabar se perdendo. Aceite os defeitos dele com a mesma intensidade que as qualidades. Ame ele, com todo o seu coração." Minako diz, observando que o professor a sua frente lhe escuta atentamente.

"Eu vou. Com todo o meu coração." Ele diz, a olhando nos olhos com uma determinação que a faz sentir um arrepio em seu corpo.

Ora, ora.

"Ótimo. Por que eu vou saber, caso algo do tipo acontecer com ele." Minako diz, se afastando.

Bem, ela queria ver o que estava oculto naquela sala, mas talvez seja melhor ela não saber, afinal para aquela escola, ela é uma estranha.

Naquela noite, Yuuri tem um sonho diferente. Não, não é um sonho. Uma memória de seu passado.