Prólogo. Explicações.

PRÓLOGO!

— Ei Takamine-chan! Tem como você me ensinar matemática amanhã? — docemente Yamanaka Ino perguntou.

O garoto parou de andar virando o rosto um pouco para trás fitando a garota loura com um doce sorriso no rosto acompanhada por duas meninas. Os orbes azuis do rapaz avaliaram calmamente a Yamanaka que corou perante o olhar dele. Takamine Shou conhecia a garota de longa data, afinal eram amigos desde que entrara na escola e a mesma sempre pedia ajuda em matemática.

Uma suave brisa bagunçou os cabelos de Shou que ainda fitava a menina parada a poucos metros, que parecia ansiosa por uma resposta. Apesar de sua maior vontade ser recusar o pedido, ele tinha grandes considerações por Ino.

— Claro Ino-chan — respondeu com seu tom sereno. — Te encontro amanhã para estudarmos na sua casa, pode ser?

— Ok! Obrigada Takamine-chan!

Retornou ao seu caminho ignorando a atenção que recebia de tantas garotas estudantis que seguiam o mesmo caminho. Takamine Shou era considerado a sensação em sua escola e sua aparência física não ajudava muito. Todas as garotas na escola eram apaixonadas por aqueles olhos azuis tão calmos e gentis, e isso o irritava tanto. Se pudesse e tivesse esse direito de escolha seria apenas mais um estudante que odiava estudar, mas que fazia isso por pedidos de sua querida mãe e seu pai...

Mas para que estudar? Já era considerado um gênio por todos já que sempre tirava as maiores notas da turma e sabia resposta para quase todas as perguntas que os professores faziam em sala. Quase todas por que... Tinha umas que ele costumava errar de propósito apenas para que não chamasse tanta atenção quanto deveria. Mas isso nunca dava certo. Errar costumava chamar a atenção principalmente quando era o gênio da turma que o fazia.

Um sorriso azedo se formou na face pálida de Shou. Como era difícil ser quem ele era... Como era difícil ser tão inteligente. Com certeza Shou faria de tudo para não ter toda aquela inteligência guardada só pra si.

Parou de andar ao ver um garotinho – não deveria ter mais do que seus seis anos de idade – que sentado à margem de um rio e parecia comer alguma coisa. Ergueu uma das sobrancelhas ao ver que ele estava comendo um Peixe inteiro sem grandes dificuldades. Tinha cabelos louros, curtos, e havia duas listras abaixo de seus olhos que iam até seu queixo. Ele estava com uma camiseta e um short que pareciam ser branco ou de um azul bem claro. Perto dele havia um manto azul escuro e sapatos dessa mesma cor, e junto havia uma espécie de livro que parecia ser vermelho. A expressão de Shou se tornou ainda mais “wtf” do que antes.

— Ei, garoto! — exclamou em um tom alto para que ele escutasse. — É perigoso para uma criança de a sua idade ficar a beira de um rio!

O garotinho parou de comer o animal em suas mãos e fixou os olhos dourados no ruivo que franziu o cenho. Finalizou com o peixe e carregando suas coisas em suas pequeninas mãos se aproximou do rapaz de um jeito afobado.

— U-Unu! Sou Zatch Bell! — apresentou-se.

— Chê! — bufou Shou revirando os olhos. — O que...?

— Você deveria se apresentar né? — disse Zatch pensativo e começou a colocar o manto azul-escuro e calçar seus sapatos. — Qual o seu nome?

— Takamine... Takamine Shou — respondeu.

O pequenino assentiu parecendo concentrado nos próprios pensamentos, e fez algo inesperado para o jovem Takamine; ele estendeu o livro vermelho com uma expressão séria.

— Por favor, tente lê-lo — ordenou. —, unu.

— Oi?

— Tente ler o livro — repetiu com firmeza.

Tentar ler o livro? Por alguns segundos ficou olhando do livro para o garoto e do garoto para o livro, tentando entender o porquê do pedido. Mas era apenas um simples livro... Que mal faria em ler? Talvez nenhum, mas era estranho um garoto de repente vir te pedir para ler um livro...

Shou ergueu uma das sobrancelhas com desconfiança, encarando a criança com certa curiosidade e receio no olhar. Por que sempre com ele? Bateu uma das mãos na testa de Zatch e tirou o livro vermelho de suas mãos, abrindo-o e começou a revirar suas páginas sem entender bulhufas do que estava escrito ali. Não era uma língua que conhecia – e olha que ele conhecia diversas línguas – e isso estava começando a incomodá-lo. Estava a beira da desistência quando viu uma das páginas com as letras de coloração diferente.

E era a única coisa que ele conseguia entender. Uma expressão de duvida atingiu sua face enquanto fitava as letras do livro que conseguia entender. Mais que porra era aquela?

— A primeira magia... — murmurou e o livro começou a emitir um suave brilho vermelho. — Zakeru?

O garotinho apenas virou o rosto em direção ao rio e um raio de aparência poderosa e dourado escapou de sua boca, se perdendo no fim do rio e estourando uma árvore que estava em seu fim. Sua expressão mudou de surpresa para chocada e ele olhou perplexo para a criança que pareceu retornar a consciência e sorriu.

— Então você é o meu parceiro humano! — exclamou Zatch. — Você vai ajudar a me tornar um Rei mamodo bondoso!

— Mais é o que? Que diabos...?

— Unu! — e pulou nos braços do garoto que o encarava perplexo. — Vamos Shou!

— Você é maluco. — bufou Shou dando um tapa na testa da criança que caiu de seus colo. — E quem disse que eu vou te ajudar?

— U-Unu... Você não vai me ajudar? — perguntou e Shou retornou a caminhar carregando o livro vermelho consigo. — Shou? SHOU, FALA COMIGO! — gritou enquanto corria para alcançar o rapaz que começou a correr também.