A teia a atingiu de imediato, seu corpo deu um solavanco bruto e Peter logo a puxou para cima. Notou que Gwen estava inconsciente, mas sabia que ela ficaria bem. Pegou a garota em seus braços e ela se mantinha de olhos fechados, Peter passava a mão no rosto da garota tentando acordá-la.

— Ei, Gwen... Está tudo bem, eu te salvei – ele então afastou os cabelos loiros da garota de seu rosto – é melhor te levar pra um hospital, você está em estado de choque – ele disse retirando as luvas e foi quando sentiu o rosto pálido de Gwen completamente gélido – Gwen...?

A garota sequer respondeu, não movia um músculo e estava tão gélida quanto a neve.

— Ei... Garota, você não entendeu – Peter a sacudiu de leve – eu te salvei... Você não pode... – ele fez uma breve pausa respirando com dificuldade, seu coração estava acelerado – Não! Oh, não, não, não... Gwen, não morre... Não quero que você morra... Gwen! – ele passou o braço em volta da cintura da garota desacordada, seu corpo, mole como uma gelatina caiu em volta dos braços de Peter – eu te salvei, Gwen! Não percebe?

— Idiota romântico! – a voz do duende ecoou por cima da cabeça de Peter, ele tinha esquecido do Duende Verde, o maior causador daquilo. O único responsável pela morte de Gwen – ela estava morta muito antes de sua teia tocar nela! Uma queda dessa altura mataria qualquer um muito antes de atingir o chão! Mas a sua morte, meu amigo, será bem mais certeira.

Peter levantou seu rosto em direção ao Duende com Gwen morta em seus braços, sua garganta se fechava e queimava, Peter queria chorar, mas sequer conseguia tamanho seu ódio pelo Duende. Queria mata-lo, acabar com sua vida assim como ele acabou de fazer com Gwen, Gwen Stacy estava morta e tudo isso era culpa de Norman Osbourne, mais conhecido como o Duende Verde.

— Você vai pagar caro – Peter sussurrava fitando Gwen em seus braços, seu sentido de aranha tilintava sem parar por causa do Duende, Peter mal conseguia escutar os barulhos ao seu redor, estava possesso de raiva quando levantou seu rosto e direção ao Duende em seu planador e gritou – Você vai pagar caro! Vou te pegar, te destruir lentamente... E, quando começar a implorar pelo próprio fim, vou apenas te lembrar de uma coisa: Você matou Gwen Stacy!

O Duende soltou uma gargalhada desconcertada, Peter ficou de pé segurando Gwen com ambas as mãos, a garota estava tão mole e gélida que Peter se negava a aceitar que ela tinha ido. Por mais que soubesse que a culpa não era sua, que o Duende era o maior culpado não conseguia parar de se culpar, afinal, ela foi pega em sua casa enquanto Peter estava fora, ela tinha ido procura-lo mesmo sabendo que era perigoso, tinha sido avisada disso, mas não se importou, pois sabia que Peter a salvaria, não deixaria nada de ruim acontecer consigo mesma, mas ele não foi capaz, ele não foi rápido o suficiente, não foi inteligente o suficiente e, muito menos, herói o suficiente para salvá-la da morte.

— Ela está morta, Homem Aranha! – o Duende interrompeu seus pensamentos – a mulher que você um dia amou está morta! E não há nada que você ou qualquer outro fantasiado possa fazer para mudar isso! Mas não se preocupe, vocês a verá em breve.

— Eu não contaria com isso Duende – Peter disse de pé no alto da ponte – só um de nós vai morrer hoje e não serei eu, meu caro!

Peter lançou a teia indo em direção à ponte onde os carros atravessavam sem cessar, desviou seu caminho para a baía enquanto gritava de modo que o Duende, quem estava o seguindo, o escutasse:

— Ela não morreu simplesmente! Você a matou! Você matou Gwen Stacy! Talvez você ache que ela tenha merecido – Peter parou no canto da baía deixando o corpo de Gwen encostado no chão, voltaria para ela mais tarde – por ter sido burra o bastante para amar um cara chamado Peter Parker... e ele, cretino demais para retribuir esse amor no passado, mas... – ele fez uma breve pausa lançando a teia perto do Duende e aumentou o tom de voz – pra mim isso só te faz o culpado! E você vai pagar por isso!

Por um instante Peter esqueceu-se de Maya, mas quando a garota veio em seus pensamentos ele não hesitou em atirar-se para cima do Duende com toda sua força, ele havia matado Gwen e sabia que, se não o detivesse, ele faria o mesmo com Maya, afinal, ele era um psicopata ansiando em acabar com Peter por dentro para depois destruí-lo por fora.

Maya fazia companhia para Anna, Kennedy e Alex na sala de seu novo apartamento, eles insistiram em fazer companhia para ela quem ainda estava se recuperando dos ferimentos, por mais que Maya tenha negado tal ação vinda de ambos os três, pensava que eles poderiam estar fazendo coisas melhores, cuidando de suas vidas, descansando em casa ou até mesmo treinando, mas nenhum deles fez menção de sair da casa da agente que os liderava.

O telefone da S.H.I.E.L.D. que tocava apenas em momentos que precisavam de Maya vibrava em cima da mesa da cozinha, que fazia divisa com a sala, a garota pôs-se de pé e todos olharam em sua direção, ela segurou o celular fino e cinza em mãos e sussurrou para os demais que era da Base de Operações, provavelmente era Fury, pois ele quem chamava o agentes por seus respectivos telefones quando necessário.

— Alô?

— Agente Mase – a voz de Fury estava mais imperativa que o normal – Peter Parker está com você?

— Não – ela respondeu olhando para os três agentes presentes em sua sala – estão comigo os agentes Moss, Lloyd e Lutz. O que houve?

— Peter não responde os chamados da S.H.I.E.L.D.

— Ele provavelmente está na casa dele com a Tia e Gwen Stacy, ele recebeu uma ligação de sua tia May dizendo que ela passou por lá e estava o procurando – Maya encostou-se na mesa de madeira dando um fraco sorriso para os demais.

— Você não sabe o que aconteceu, certo? – Fury perguntou do outro lado da linha – venha para S.H.I.E.L.D. agora, agente Mase. Traga os outros agentes também, vocês estão em perigo.

— O que...? – Maya estava confusa e ouviu Fury desligar o telefone interrompendo a comunicação.

— O que foi? – Kennedy ficou de pé vendo o rosto confuso de Maya.

— Eu não sei. Temos que ir – ela desencostou da mesa deixando o celular sob a mesma, colocou um braço em volta de suas costelas sentindo uma pontada de dor, mas tentou não transparecer.

— Ir para onde? – Alex também ficou de pé.

— S.H.I.E.L.D. – ela respondeu andando em direção à seu quarto – Fury disse que não estamos seguros, mas não quis me dizer o porquê.

— Certo – Kennedy foi andando em direção a porta – vamos, agentes.

Alex andou em direção a porta ajudando Maya a se mover, ela parecia estar com mais dor do que antes, provavelmente por sua respiração acelerada que estava sendo causada por causa da preocupação com Peter. Fury, inicialmente, ligou para ela procurando-o, algo tinha acontecido e envolvia Peter, mas caso fosse algo fatal Fury não estaria procurando-o, talvez Peter tivesse sido sequestrado e, sabendo das condições do namorado, Maya sentia seu estomago embrulhar ao pensar em tal coisa.

— Anna! – Kennedy a gritou parado na porta.

A garota levantou seu rosto lentamente em direção aos agentes, estava com o celular em mãos com a tela ligada, enquanto todos iam em direção a porta Anna lia a notícia que todos estavam falando naquele momento. Ela ergueu o celular em direção aos três agentes parados na porta e eles demoraram para compreender o que se passava, tudo o que fora visto era uma notícia onde a foto do Homem Aranha estava estampada em uma luta com um homem que Maya conhecia muito bem. Peter havia lutado om Duende Verde e esta era a real razão pela qual Fury estava procurando-o, Maya estava ainda mais preocupada, pois agora sabia que havia tido uma luta e que, talvez, Peter realmente estivesse em perigo.

— Anna, venha – Maya a chamou – no carro você me mostra o que aconteceu.

A garota assentiu em silêncio guardando o celular em seguida, ambos os quatro desceram as escadas rapidamente em direção à garagem onde o carro já os esperava, o carro que Maya utilizava na maioria das vezes para ir à S.H.I.E.L.D. Maya entrou no banco do carona e Alex resolveu dirigir enquanto Kennedy e Anna foram no banco de trás. A garota retirou o celular do bolso pesquisando algo a mais sobre a luta de Peter com o Duende, e assim que o encontrou pediu para que Alex ligasse a tela ao lado do volante e ele assim o fez.

Como um holograma a imagem surgiu na tela transparente, as cores demoraram a fixar, mas assim que o fizeram Maya pode notar o clássico uniforme azul e vermelho de Peter, a garota esboçou um sorriso, mas a imagem foi rápida, todos assustaram o ver a garota loira cair da ponte, garota esta que era a mesma da foto, a ex-namorada de Peter: Gwen Stacy. Ela caía a uma velocidade significativamente rápida, mas a teia de Peter a atingiu e a câmera deu um zoom, uma voz falava ao fundo sobre o Homem Aranha ter salvo mais uma vítima, apesar de ela estar desacordada eles aguardavam notícias para saber se ela estava bem.

Gwen fora puxada para cima e Maya deu um fraco sorriso tão aliviada quanto os outros. Mas no instante em que a câmera, mais uma vez, focalizou e deu zoom no Homem Aranha eles viram um Peter desesperado sacudindo-a e retirando as luvas de modo que encostasse no rosto da garota loira para retirar seus cabelos do mesmo. Maya sentiu seu rosto queimar, sua respiração tornou-se falha enquanto ela via o namorado apavorado, ele parecia gritar enquanto sacudia a garota que estava desacordada e não fazia sequer menção de se mexer.

— Ela...?

Maya escutou a voz de Anna no banco de trás, a garota não conseguiu terminar sua frase e o vídeo encerrou-se no instante em que Peter, com a garota loira, lançou sua teia sumindo da direção da câmera que o filmava. Ninguém foi capaz de dizer nada mais, ninguém queria ser imprudente e confirmar a morte de Gwen Stacy, mas era um tanto óbvio o que realmente tinha acontecido e não parecia ser nada além de fatal.

Maya puxou o celular da S.H.I.E.L.D. dentro do porta luvas, era um celular reserva, mas serviria. Ela discou o número de Peter e manteve-se olhando pra frente na expectativa de que Peter a atendesse e ela pudesse ouvir sua vez, queria se certificar de que ele estava bem, mas Peter não a atendeu.

Outro vídeo tornou a passar este onde dois jornalistas analisavam a luta, a teia de Peter chegando até Gwen e suas opiniões sobre ela estar com vida ou não, então a imagem se transformou, um Peter irritado estava em frente ao corpo de Gwen de modo que ninguém, nem a multidão, nem a imprensa e, muito menos, os policiais levassem-na dali. Ele gritava algo sobre ninguém poder encostar as mãos na garota e Maya sentiu seu coração partido ao ver tamanho sofrimento de Peter, mesmo que quisesse não conseguia compreender o sentimento do namorado, sabia que ele estava sofrendo e que agora, mais do que nunca, teria que apoiá-lo.

Novamente tentou ligar para Peter, mas, desta vez, o celular dava apenas desligado o que a deixou um tanto mais tensa, ou ele havia desligado o celular porque precisava de um tempo ou seu celular havia sido destruído mais uma vez na luta, e Maya esperava que apenas seu celular estivesse sido destruído se este era o caso, e que Peter estivesse bem.

— Ainda sem resposta? – Kennedy olhou em direção à Maya.

Ela balançou a cabeça positivamente assentindo em silencio, pensava em milhares de maneiras de encontra-lo, fosse com a ajuda da tecnologia ou fosse com o auxílio de sua inteligência e perspicácia. Talvez Peter estivesse com os pais de Gwen, explicando a eles o que havia ocorrido, talvez estivesse já no necrotério apenas esperando para que eles chegassem de modo que reconhecessem o corpo, talvez estivesse na polícia prestando depoimento sobre estar presente na hora da morte, talvez estivesse atrás de Norman Osbourne, o Duende Verde, ou talvez estivesse machucado em estão grave em algum lugar que Maya sequer tinha noção de onde era. Não sabia responder, inúmeras eram as opções, mas tudo o que desejava era saber se Peter estava bem porque assim conseguiria ficar bem, também.