Never Let Me Go, Peter II

Preparado. Parte um.


Peter Parker ponto de vista.

— Fury... Preciso de um relatório da entrada.

— Estamos mandando nossa Equipe, Parker, não faça...

— E eu deveria esperar? – perguntei furioso – não me faça te mandar pro inferno.

— Parker....

— Certo – berrei lançando minha teia no telhado da casa – vá se ferrar.

Desliguei o comunicador do relógio o jogando na grama com o máximo de força que eu conseguia. Estava louco, surtaria a qualquer momento se não achasse Maya, S.H.I.E.L.D. indicava que aquele era o local e caso não fosse teria que saber cedo ou tarde para poder procurá-la em outros locais, estava mesmo ficando louco, uma carga de ansiedade tomava conta de meu corpo e podia sentir meu estômago embrulhar a medida que um cheiro de comida entrava por meu nariz.

Furtivamente, ou pelo menos tentando, caminhei por todo o telhado a procura de alguma entrada. As janelas da frente da casa estavam fechadas com as luzes acesas lá dentro, não poderia simplesmente entrar pela janela da sala de estar enquanto uma fraca chama podia ser vista pelo lado de dentro um tanto distante. Caso aquele local fosse a residência de alguém eu estaria invadindo e, consequentemente, isso é crime.

Mas de qualquer maneira estava disposto a entrar na casa. Não me interessava muito por onde o que eu não queria era colocar Maya em perigo caso entrasse triunfalmente. Teria que ser furtivo, entrar pela porta dos fundos ou algo do tipo, mas meu sentido de aranha não me dizia que era uma boa ideia entrar pelos fundos da casa e ele nunca me desaponta.

Observando de cima notei que havia um bueiro no meio do jardim da casa, parado em posição de aranha no topo da casa, fitei a tampa com alguns buracos por alguns segundos. Era completamente estranho o fato de ter um bueiro no quintal de uma casa que parecia ser de classe média alta, era realmente estranho e por essa exata razão eu entraria naquele bueiro.

Revirei os olhos e desci lentamente pela parede da casa, suas laterais de tijolos chiques e pintados de branco grudavam em meus dedos por cima da luva de modo que eu conseguisse descer tranquilamente como sempre. Abaixei-me ao chegar no chão olhando ambos os lados de modo que evitasse ser pego de surpresa ou até mesmo ser visto. Lancei minha teia até a tampa do bueiro puxando-a para minhas mãos, mas o que consegui foram apenas algumas folhas secas que estavam mal espalhadas por cima. Fiquei de pé soltando a teia e as folhas e caminhei até o bueiro.

Novamente me abaixando pude ver que ele estava fechado com um cadeado que continha símbolos estranhos os quais nunca tinha visto antes até porque sim é muito normal ter um bueiro no meio do seu quintal e colocar cadeado com símbolos estranhos que talvez só você e sua família entendam é mais natural ainda. Mais uma vez me certificando de que não havia ninguém por perto segurei o cadeado o puxando para cima com o máximo de força evitando fazer qualquer barulho e mesmo o barulho mais baixo que o cadeado fazia enquanto entortava me deixa um tanto tenso. Olhava tudo ao meu redor e no instante em que escutei um estalo tornei a olhar para baixo puxando o cadeado em minha mão. Sorri por baixo da máscara enquanto me sentia tão forte quanto o Hulk e puxei a tampa para cima fechando-a lentamente em seguida.

Desci pelas paredes em direção ao solo indo ao encontro da água mais esverdeada que já havia presenciado em todos os meus anos de PHD em esgotos.

— Mais um pra minha lista – sussurrei para mim mesmo enquanto sentia o fedor entrar por baixo da minha máscara – não tenho ideia de como tiro esse cheiro depois, o que é uma vergonha já que...

Fiquei em silêncio no instante em que escutei um estalo, parei de andar no mesmo instante, mas meu sentido de aranha não tilintou em minha cabeça o que, de certo modo, me deixou mais tranquilo porém não desatencioso. Percebi que embaixo de onde estava uma lâmpada amarela havia acabado de acender e a medida em que fui prosseguindo um enorme e largo túnel fedido as luzes em seguida iam estalando e acendendo.

Joguei minha teia no teto, mais uma vez, seguindo de cabeça para baixo evitando assim ficar mais fedido do que já estava, além da água esverdeada de lodo e sujeira o barulho que meu caminhar estava fazendo ao mover na água estava me deixando tenso em relação a algo ou alguém me escutar. Da última vez em que estive no bueiro fora contra o Dr. Connors e eu não gostava nem um pouco de lembrar sobre isso.

No fim do corredor havia uma porta tão enferrujada que me perguntava o que diabos ela estava fazendo ali, mas as perguntas de coisas estranhas para se ter ao redor de uma casa estavam só aumentando então, curiosamente, uma porta trancada e enferrujada no fim de um bueiro trancado com um cadeado com símbolos estranhos embaixo de uma casa de classe média alta não me assustava.

Puxei a porta e, obviamente, estava fechada. Pensava em algum modo de abrir a porta sem fazer barulho enquanto tentava amassar a maçaneta pelo menos um pouco de modo que conseguisse destrancar a porta, mas estava sendo em vão já que a mesma parecia ser muito mais pesada e com um metal bem mais resistente que o cadeado. Me encontrava como um daqueles bonecos de cartoons, com as pernas pressionadas na porta e longe do chão enquanto puxava a maçaneta para trás tentando quebra-la, quando meu sentido de aranha tilintou tão forte que tudo o que fiz foi pular para o lado me agachando na posição de aranha logo em seguida.

A bala travou no portão fazendo uma pequena cavidade no mesmo, olhei para a bala e em seguida para o homem forte quem apontava a arma para mim pela segunda vez. Meu sentido de aranha tilintou e joguei a teia para cima tentando ser o mais rápido que conseguia enquanto o homem me seguia com sua pistola carregada. Lancei a teia em sua mão, quando notei sua confusão me acompanhando de cima, e logo pulei em cima dele fazendo com que a arma caísse ao chão enquanto, rapidamente, o chutava para a parede lançando minha teia em suas mãos e pés. Completamente preso o homem me praguejava com palavrões.

— Tá, cala a boca – lancei teia em sua boca abafando a voz do homem – como entro aqui?

O homem resmungava furioso enquanto contorcia seu corpo colado a parede.

— Não tô falando contigo, cara – ergui uma mão para ele enquanto observava suas roupas, se havia algum volume que indicasse a sua posse pela chave que, provavelmente, abria aquele local – olha... Não adianta. A teia não vai soltar, entendeu?

O homem remexia, seu rosto estava extremamente vermelho.

Revirei os olhos por trás da máscara – Fica quietinho que eu quero te perguntar agora.

O homem soltou um grito abafado por trás da máscara.

— Você não vai cooperar?

O homem calou-se, estava tão ofegante que devia ter parado devido a falta de ar que estava causando a si mesmo.

— Vou destampar sua boca e você vai me dizer como entrar por aquela porta ali – apontei para a porta enferrujada – ou vou te bater tanto que você não vai lembrar do seu nome. Estamos entendidos?

O homem manteve-se ofegante me fitando, não lutava mais para soltar-se da teia que o prendia na parede.

— Ótimo... Bom garoto.

Puxei a teia de sua boca de uma vez só arrancando um pedaço de sua barba ruiva, o homem me fitou furioso enquanto esperava que ele me disse como abrir a porta, onde tinha alguma chave ou algo relativo e mesmo achando que ele não diria tão fácil estava esperançoso que sim, afinal, tudo o que eu queria era encontrar Maya e me certificar de que ela estava bem.

— Você vai começar a falar ou o que?

O homem apenas me fitou e pude ver um sorriso brotar em seus lábios. Cerrei o punho lhe acertando no maxilar um soco com a direita, ele cuspiu um tanto de sangue antes de virar seu rosto para mim, mais uma vez, com um sorriso nos lábios, porém, desta vez ele mostrava seus dentes repletos de sangue.

— Como consigo entrar?

— Temos uma politica interessante aqui dentro, senhor Parker.

O fitei sentindo um nó se formar em minha garganta. Como ele sabia meu nome? Como ele sabia quem era o Homem Aranha por baixo da máscara?

— O que você está falando? – perguntei tentando parecer o mais tranquilo possível – quem é Parker?

— Não se fazer de bobo – ele respondeu firme com um sorriso nos lábios – nós temos observado a garota e, consequentemente, todos ao redor dela. Americanos são tão tolos! Descobrimos logo na primeira semana que você colocar essa fantasia estúpida e se tornar o Homem Aranha.

Não consegui dizer nada.

— Veja só, você sabe manter silêncio – ele gargalhou.

Novamente dei um soco em seu maxilar, desta vez, mais forte, mas ele prosseguiu:

— Não somos traidores como ela. Não adianta, ela deve estar morta agora.

— Agora sei que ela está aqui – mais uma vez lhe acertei um soco, desta vez com a mão esquerda – obrigado, babaca.

O sorriso sumiu de seu rosto e soltei uma breve risada tampando sua boca mais uma vez com a teia, sabia que ele não me diria como entrar onde quer que aquela porta daria, mas pelo menos agora eu tinha certeza de que ela estava ali e tinha que ser mais rápido do que nunca porque não me perdoaria se algo ou alguém a machucasse porque não consegui chegar a tempo para protege-la.

Antes que pudesse prosseguir por meu caminho senti uma ventania ao meu lado, olhei para meu lado esquerdo sentindo meu sentido de aranha tilintar tão forte que meu impulso fez com que eu pulasse para trás e me agachasse dentro da água esverdeada e fedida, a porta fez um barulho oco quando voou para dentro do cômodo que a protegia ao bater contra uma parede de tijolos. O objeto voou na mesma direção em que havia vindo e eu não sabia se seguia o martelo com o olhar, se olhava para o homem assustado e preso a parede ou para dentro do cômodo que, agora, parecia outro corredor escuro. Segui Mjolnir com o olhar no instante em que voltou para seu dono, quem estava parado no meio da água turva e esverdeada.

— Olá, criança – ele se dirigiu a mim com o rosto sério e sua voz que parecia como um trovão.

Fiquei de pé sentindo-me mais tranquilo – Oh, oi Thor.

— Fury disse que estás precisando de auxilio – ele andou até mim, mas parou virando-se de frente para o homem assustado na parede.

— Na verdade não estou – sussurrei o fitando de costas para mim, sua capa estava imersa na água suja – mas valeu pela ajuda.

— Assim que me agradeces? – Thor virou-se em minha direção – estavas perdido sem saber como entrar no local antes de chegar aqui.

— O “valeu pela ajuda” não conta? – cocei a nuca tentando parecer simpático.

— Vamos, criança – ele andou em direção a porta estraçalhada na parede – sua amante está aqui, correto?

O fitei caminhando rapidamente ao seu lado, cada passo dele dava dois ou três meus – É.

— Vamos resgatá-la, não se preocupe.

Assenti em silêncio entrando lentamente pelo que havia restado da entrada do cômodo. Lancei minha teia no teto ficando de cabeça para baixo enquanto ia na frente de Thor para o caso de alguma surpresa, os bandidos raramente olhavam para cima mesmo sabendo que existe um Homem Aranha que escala paredes e adora ficar de cabeça para baixo nos locais.

Fomos seguindo um longo corredor que logo iluminou-se ao detectar nossa presença, o corredor era estreito e Thor, com seus músculos enormes, teve certa dificuldade em caminhar rápido como antes. Senti meu sentido de aranha tilintar mais uma vez e, o que eu jurava ser uma parede no fim do corredor abriu como uma porta fazendo-nos ver um monte de homens correndo em nossa direção. Eles eram de diversos tamanhos e estaturas, mas nenhum deles parecia americano, usavam roupas pretas que cobriam até mesmo seus pescoços. Desci do teto parando um pouco mais atrás de Thor quem me lançou um olhar e logo girou Mjolnir em sua mão apontando para frente, novamente a ventania me assustou e, como pinos de boliche, os homens que estavam mais a frente caíram no chão desacordados.

Dei um fraco sorriso por trás da máscara que não durou muito ao ouvir barulhos atrás de mim. Mais homens de preto vinham por onde entramos, em maior número, mas logo parei os da frente laçando minha teia em seus olhos, pulei para a parede lançando minha teia no teto, mais uma vez, e derrubando ambos com um único golpe, eles caíram para trás urrando de raiva, como lobos, atrapalhando os outros três que vinham por trás.

Novamente lancei a teia no teto me movimentando rapidamente enquanto os tiros eram disparados, o barulho estava tão alto quanto o tilintar do meu sentido de aranha, conseguia, com muita rapidez, desviar de todas as balas antes mesmo de conseguirem mirar em mim e estava me sentindo extremamente orgulhoso por tamanha rapidez.

Arrepiei completamente quando escutei um grito feminino surgir de algum lugar daquelas paredes. Aquilo grito pertencia a Maya, reconheceria sua voz de onde quer que fosse, senti eu estomago embrulhar e, por um instante, não soube o que fazer, balancei na minha teia em direção aos homens, mas parei no instante em que senti algo passar a milímetros de meus pés, era o Mjolnir de Thor que derrubava mais dois homens a minha frente.

O grito cessou e senti meu coração disparar, não sabia dizer se preferia ouvi-la gritando ou em silêncio como naquele momento. Ambos poderiam significar muitas coisas as quais eu não estava preparado.