Maya conseguiu entrar no prédios das Indústrias Osbourne mais fácil do que pensava. Precisou apenas de um pequeno rachado em um dos vidros que, mais tarde, colocaria no lugar. A fita amarela impedindo a passagem de qualquer um que não fosse da polícia, mas naquele momento nem a polícia imaginava que uma agente da S.H.I.E.L.D. entraria no local ilegalmente. Ela torcia para que não houvesse nenhum segurança presente ali tomando conta dos escombros.

Mas para a felicidade da garota, não tinha. Ela foi até o andar onde as fotos de Peter estavam coladas pelas paredes e pegou uma pequena lanterna em seu bolso colocando a touca logo em seguida, as fotos ainda estavam coladas pelo local, inclusive a foto de Gwen Stacy e a dela. Mas não teve vontade, nem tempo, de olhar as fotos e analisar melhor, não precisava. Ajoelhou em frente ás três gavetas da mesa de madeira escura e pegou dois ganchos enfiando-os na tranca de prata, um estalo oco e baixo ocorreu e logo em seguida e a gaveta rolou um pouco para fora mostrando para a garota que estava destrancada, pronta para ser vasculhada.

Maya deu um fraco sorriso e deixou a lanterna – que antes havia segurado com a boca – em cima da mesa, tirou os papéis de dentro da gaveta e começou a mexer pegando a lanterna de volta de modo que achasse algo significativo. Mas, naquela gaveta, não havia nada de especial, tinha alguns documentos sobre orçamentos das Indústrias e o máximo que ela fez foi tirar fotos, que ficaram perfeitamente nítidas graças a câmera que filma e tira fotos no escuro. Tecnologia da S.H.I.E.L.D.

Abriu a outra gaveta logo em seguida, mais rápido do que pensou. Tirou os papeis e começou a separá-los e ler rapidamente de modo que absorvesse alguma coisa, mas paralisou quando viu uma fita enorme com o nome de Peter completo envolvendo vários outros bolos de papel. Guardou os ganchos no bolso e iluminou mais de perto com sua lanterna enquanto lia e tentava entender o que era.

Todas as informações da vida de Peter, desde quando nasceu até os dias de hoje, estavam ali dentro. Tinha informação dos pais de Peter, algumas perguntas de como sumiram, o ano em que nasceram, para quem trabalharam e a data em que o óbito saiu. Maya ficou paralisada ao ler a notícia mais extraordinária que podia pensar. Paralisou seus olhos nas letras fracas que pareciam ter sido escritas há um longo tempo.

Mary e Richard Parker, falecidos agentes da S.H.I.E.L.D. (Superintendência Humana para Intervenção, Espionagem, Logística e Dissuasão).

Maya deixou a pasta em cima da mesa quando escutou um barulho vindo do andar de cima. Tirou foto dos papéis enquanto ficava atenta nos barulhos de cima, desligou a lanterna e tornou a guardar todos os documentos dentro da gaveta, fechou-a com cuidado e os barulhos no andar de cima pararam. Sabia que tinha que ir lá ver se era algo importante, mas o fato de estar sozinha a preocupava um pouco. Mas sabia que era parte de seu trabalho e não podia simplesmente ignorar o fato de algo estranho estar acontecendo.

Desligou a lanterna e caminhou lentamente em direção a porta, mas a ruiva não contava com uma caixa de madeira caída no chão. O barulho ecoou pela sala e, por estar tudo em silêncio, chamou a atenção de quem quer que estivesse no andar de cima. Maya apenas fechou os olhos se xingando mentalmente por não ter prestado atenção no que estava fazendo. Andou em silêncio e com o máximo de cautela no cômodo escuro e parou atrás da porta semiaberta. O barulho do andar de cima havia parado há quase um minuto e Maya optou por se esconder até ter a confirmação de que, quem quer que fosse no andar de cima, não se importou com um pequeno barulho do andar debaixo.

Mas estava completamente enganada.

Antes que Maya pudesse tomar alguma inciativa o barulho atrás de si ficou cada vez mais perto, alguém pigarreou e logo em seguida uma gargalhada ecoou pelo corredor com a luz fraca.

— Olá! – uma voz irritante ecoou logo após a gargalhada – querido Homem Aranha, veio me visitar esta noite? Por que não aparece?

Maya ficou imóvel ainda atrás da porta, pode ouvi-lo chegar cada segundo mais perto, e antes mesmo que pudesse correr para algum lugar, ou fugir antes de ser pega por um idiota com a voz irritante, ele empurrou a porta bruscamente no local onde ela estava. De imediato Duende Verde sentiu que tinha algo estranho já que a porta não se abriu por completo, Maya permaneceu em silêncio esperando o momento certo para “dar as caras”. O silêncio pairava na sala escura e ela pode ver alguém flutuando, estava escuro demais para dizer se estava em cima de algo.

Assim que deu um passo, estava pronta para dar um belo chute na traseira de quem quer que fosse, ela foi pega como se estivesse em flagrante. Antes que pudesse se desviar, Maya tomou um soco no peito que a fez voar longe, mais até do que ela pensava ser possível. Estava caída no corredor com a mão nas costelas que agora estavam doloridas, balançou a cabeça e olhou para frente.

Lentamente em sua direção vinha alguém em cima de algo que voava, ela podia até chamar de “prancha voadora” se não tivesse pontas, ele tinha um sorriso psicótico no rosto, que assustava Maya, e ela então pode perceber que quem quer que fosse, estava usando uma máscara... De um Duende...

Era um Duende Verde?!

Pensou em como Peter riria da cara do coitado quando visse a roupa dele mais a máscara. Deu um fraco sorriso e ele então pode ver quem era que estava vasculhando a Oscorp aquela hora da noite, Maya se levantou um pouco e ficou em posição de luta com as sobrancelhas erguidas, ele parou no meio do caminho em uma distancia razoável da dela.

— Oh – ele disse a fitando por debaixo da máscara – que surpresa agradável!

— Quem é você? – Maya perguntou com os dentes trincados.

— O cara que quer matar seu namorado... E você, além daquela loira.

— Pra que, seu imbecil? – Maya respirava fundo tentando conter a dor de suas costelas.

Ele deu de ombros – Para acabar com o Homem Aranha, por dentro – ele fez uma pausa – e por fora.

— Mas você sabe que isso não vai acontecer, não sabe?

— É, isso é o que você pensa – ele deu uma gargalhada irritante – seu namorado deixou você vir sozinha até mim? Uau, ele se importa mais com aquela loira do que você.

— Sei me cuidar.

— Claro que sabe – ele disse pegando duas bolas douradas na mão – vamos confirmar?

Ele tampou as duas bolas de imediato, Maya não sabia o que elas eram, mas provavelmente não era uma chuva de balas. Jogou-se para o lado cobrindo a cabeça após a explosão, enquanto a poeira era levantada a garota foi andando em direção ao Duende, tentou pegá-lo desprevenido, mas não deu muito certo, ele olhou para ela na mesma hora, e Maya apenas bateu em sua costela com força e com a mão aberta, ele caiu de seu “objeto voador” e Maya logo partiu para cima do Duende pronta para encará-lo.

Ele ficou de pé rapidamente e ela já se preparou para dar um soco em quem estava por baixo daquela roupa ridícula de duende, ele desviou tentando dar um soco em Maya, mas a garota era muito mais rápida do que ele. Maya acertou um chute certeiro no joelho do Duende que caiu de joelhos na frente da garota, mas antes que ela pudesse acertá-lo de modo que ele desmaiasse ele segurou as pernas da garota com as duas mãos, como uma criança faz com seus pais quando não quer entrar para a escola, Maya se sacudiu tentando soltar suas pernas, mas só conseguiu o feito quando caiu de costas no chão, levantou furiosa e pode ver que ele estava em cima de seu planador.

´´Isso´´ ela pensou ´´um planador, que idiota faria um planador pra voar? E seria um Duende Verde?´´ deu um pequeno e breve sorriso em seguida voltando a pensar em sua batalha com o Duende misterioso. Pegou sua arma da S.H.I.E.L.D. na parte de trás da calça – onde tinha escondido – e então deu o primeiro tiro enquanto o Duende ia par um corredor oposto á onde Maya estava. A bala ricocheteou no planador do Duende Verde e Maya apenas prosseguiu com seus tiros.

Até que o idiota sumiu.

Ela segurou sua arma com as duas mãos e lentamente foi dando passos em direção ao corredor onde ele havia sumido. A luz estava piscando como em um filme de terror e fazendo barulhos extremamente estranhos. Maya andou lentamente até o corredor atenta a qualquer barulho que fosse. Mas só mantinha seu pensamento em uma coisa, ou melhor, em alguém: Peter.

O aracnídeo estava no telhado do prédio de Gwen Stacy, observando qualquer movimento suspeito, qualquer grito de socorro ou algo do tipo, estava em sua posição de aranha sem tirar a máscara, apenas parada fitando as ruas que de lá de cima pareciam pequenas demais para uma cidade tão grande quanto Nova York. Estava pensando se estava tudo bem com Gwen, mas também com Maya, não se sentia nada bem de tê-la deixado para vigiar Gwen, mas sabia que a namorada entendia que ele não estava fazendo nada além de seu trabalho.

Escutou a porta da cobertura abrindo e viu Gwen de pijama rosa andar até onde eles se beijaram pela primeira vez. Ficou em silêncio na sombra apenas fitando a loira que parecia estar absorta em pensamentos. Ela debruçou-se na beirada e ficou sentindo o vento bagunçar seus cabelos loiros, fechou os olhos e Peter apenas se manteve imóvel, calado, apenas fitando-a desejando que ela saísse da cobertura por estar em perigo.

— Você pode conversar comigo, sabia? – ela disse em um tom de voz alto.

Peter se manteve em silêncio.

— Te ouvi chegando, Peter – ela disse virando-se de frente para onde ele estava e olhou em direção ao telhado vendo-o escondido na sombra.

— Han... – ele disse descendo do telhado – oi, Gwen.

— O que faz por aqui? – ela perguntou encostada na mureta.

— Protegendo você.

Ela deu um fraco sorriso – Por quê?

— Porque você está em perigo – ele disse – você...

Ela o interrompeu fazendo um pedido – Pode pelo menos retirar a máscara?

Ele hesitou de início.

— Por favor – ela disse em um tom de voz baixo.

Ele retirou a máscara e arrumou seu cabelo a fitando, evitava olhar nos olhos da garota quem tinha um fraco sorriso no rosto, ela foi andando até Peter e antes mesmo que ele pudesse fazer algo ela segurou o rosto do ex-namorado o beijando logo em seguida, Peter manteve os olhos abertos sem saber o que fazer, mas ela não queria algo a mais, apenas selar os lábios nos dele, sentir o perfume de Peter já era o suficiente para ela.

— Gwen... – ele disse a empurrando de leve.

— Desculpa – ela pediu – sei que tem namorada agora, e que... Eu não...

— Não fala nada – ele sorriu a tranquilizando – é melhor.

— Certo – ela abaixou o olhar tirando o sorriso do rosto.

— Desculpa Gwen, mas eu...

— Podemos pelo menos conversar? – ela perguntou.

— É – ele disse dando de ombros – sobre alguma coisa que não trate de nós dois, pode ser?

Ela sorriu balançando a cabeça – Claro.

Ele então deu um fraco sorriso, mas não tirava Maya de sua cabeça.

A garota ainda estava dando passos lentos no corredor esperando que o Duende aparecesse e ela pudesse acertá-lo de modo que ele não pudesse se mexer ou falar, já que não suportava a voz de quem quer que fosse. Ela andava calmamente pelo corredor completamente atenta a qualquer sinal, mas estava tudo silencioso a não ser pela luz do corredor que fazia um barulho por estar chamuscado. A luz piscava, mas dava para enxergar o corredor cor azul clara, como o de um hospital.

´´Odeio filmes de terror´´ Maya pensava enquanto focava sua visão em algum lugar com aquela luz piscando. “Parece que estou em um manicômio... Bem, estou lutando contra um Duende Verde então não há muito o que...”

Interrompeu seus pensamentos quando escutou um barulho vindo a sua direita. Mas fez de conta que não tinha escutado até enfim ter certeza. Escutou o planador do Duende fazer um barulho um tanto estranho e então apontou no peito dele fazendo-o com que ele caísse dentro da sala em que estava parado na porta, o planador passou direto por Maya e ela apenas abaixou após perceber as pontas afiadas do mesmo. Sabia que tinha acertado o tiro no Duende, mas não sabia onde.

Entrou na sala que estava iluminada pelo poste da rua e foi andando até o Duende com sua arma apontada para o mesmo. Tinha um fraco sorriso no rosto até ver que a máscara do Duende tinha caído no chão, ela enfim saberia quem realmente era o maluco por trás da máscara, mas seu sorriso sumiu quando viu o rosto do homem caído no chão. Mas ainda sim ele tinha um sorriso psicótico no rosto o que causou calafrios em Maya, ela ficou paralisada com a arma apontada para o rosto do Duende, que agora sem máscara não era ninguém mais, ninguém menos que Norman Osbourne.

Ela odiava estar certa, então, os dois homens que atacaram Peter, ela e sua equipe trabalhavam realmente na Oscorp e para Norman Osbourne. Só queria entender o porquê dele detestar tanto Peter a ponto de ter todas as informações do rapaz, dela e até mesmo de Gwen.

— Por quê? – ela perguntou apontando a arma para ele.

— O que, minha querida? – ele perguntou de volta com o sorriso no rosto.

— Por que o Homem Aranha?

— Ele não me deixou escolha – ele tossiu caído no chão.

— O que... Você é maluco! – ela disse furiosa.

— E você também não me deixou escolha.

Maya o fitou sem entender – O que...?

Foi quando a garota viu na mão do Duende outra bola dourada, mas aquela parecia diferente. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa para desviar ele simplesmente empurrou a bola dourada na direção da garota e ela se abriu rapidamente fazendo com que uma fumaça verde subisse, Maya não conseguia respirar nem enxergar nada ao seu redor, virou-se em direção á porta mais tonta do que jamais estivera e escorou na porta se sentindo incrivelmente pesada. Sua visão estava escura e ela não podia fazer nada.

Estava caindo e não sabia como levantar.