Os dias passaram e todo dia eu ia ao parque pra ver se ela estava lá, mais ela nunca estava.

Eu estava estressado, me irritava com tudo, gritava por qualquer besteira, como dizia o Bill eu estava maluco. David era a vitima principal da minha loucura, já que ele tinha feito eu perder o encontro com a Nikke. Não conseguia acertar as notas, errava a letra, tudo dava errado em qualquer coisa que eu estava o meio.


Bill era o único que sabia o motivo do meu estresse, ele não contou pra ninguém, estava segurando a onda sozinho. Todos diziam que era falta de sexo, como se eu só vivesse pra isso.



– Já chega – berrou Bill de repente. Estávamos o ensaio e já fazia duas horas que não saímos do refrão por que eu não conseguia acertar a nota – Que droga Tom você poderia se esforçar, esquecer isso só por algumas horas.


– Como se eu já não tivesse tentando - falei friamente. E eu realmente tentei com bebida, mulheres, qualquer coisa que distraísse minha mente dela, mais não consegui.


– Então eu não sei o que fazer – falou ele suspirando e saiu.


– O que diabos está acontecendo Tom¿ - perguntou David entrando – Por que vocês não estão gravando¿ E pra onde o Bill foi¿


– Não é dá sua conta – falei com raiva e sai.


Não vi Bill em nenhum lugar enquanto andava pelos corredores procurando a saída. Sai para a calçada em direção ao meu carro, eu não via as pessoas na calçada e por isso acabei trombando com um corpo pequeno.


Segurei seus braços por instinto para a pessoa não cai e vários livros caíram no chão.


– Desculpe – falei me agachando e colocando os livros em uma pilha.


– Tudo bem Tom – congelei o lugar. Senti um arrepio passar pelo meu corpo ao ouvi sua voz de novo.


Fui levantando olhar devagar, começando pela sua bota de salto preta ,uma mini saia também preta, um blazer preto com detalhes branco, gravata, mochila, rabo de cavalo nos seus cabelos rosa e a mesma maquiagem forte nos olhos.


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– Nikke – falei com a voz um pouco rouca devido a surpresa. Eu já tinha desistido de encontra - lá.


– Oi – disse ela sorrindo timidamente.


– O-oi – falei levantando devagar.


– Os ... meus livros – disse ela apontando para pilha nos meus braços.


– O quê ... Há sim ... toma – falei um pouco tonto. Eu parecia um adolescente apaixonado – Você tá indo pra escola.


– Saindo na verdade – disse ela segurando os livros com dificuldade.


– Quer ajuda¿ - perguntei apontando os livros.


– Não precisa – disse ela – Além disso você parecia que estava com pressa então não quero fazer você se atrasar.


– Você não vai – falei pegando os livros, ignorando seus protestos – Além disso eu não estava indo a lugar nenhum eu só ia dar uma volta, ando meio estressado – Então tive uma ideia para não perde –lá de novo - Gostaria de ir comigo¿ Podemos comprar alguma coisa pra comer e procurar um lugar calmo para eu explicar o motivo de eu não ter ido ao parque aquele dia.


– Ok! – disse ela.


Depois de passarmos numa lanchonete, comprar sanduiche, refrigerantes e várias besteiras. Fomos para a parte alta da cidade, lá achamos um morro onde se via a toda a cidade lá embaixo.


Depois de comermos eu expliquei o que tinha acontecido e ela ficou muito feliz, disse que pensava que eu não queria mais me encontrar com ela.


– Por que você achou isso¿ - perguntei curioso.


– Todas as pessoas que se aproximaram de mim até hoje nunca queriam ser meus amigos – falou ela olhando pela janela – Era só por causa do meu dinheiro ou pela fama da minha avô.


– Eu tenho dinheiro e nem ao menos sei quem é sua avô – falei rapidamente.


– Eu sei – disse ela virando o rosto para olhar pra mim. E lá estava a velha dor nos seus olhos, mais dessa vez lágrimas negras, devido a maquiagem, escorriam pelo seu rosto.


– Nikke não chora – falei limpando suas lágrimas, mais vinham outra e mais outras. E quando fui perceber ela estava em braços chorando como nunca vi uma pessoa chorar na vida.


Cada soluço e como se alguém enfiasse um uma faca no meu peito. Aquele não era um choro de uma garota de 14 anos, era o choro de uma mulher que já sofreu e ainda sofre muito na vida.


– D-d-desculpe – disse ela quando os soluços pararam.


– Tudo bem – falei limpando seu rosto – Tá melhor agora¿


– Um pouco – disse ela sorrindo.


– Então quem é sua avô¿ - perguntei para descontrair e ela riu.


– Já ouviu falar de Victoria Macpherson¿ - perguntou ela.


– Hum ... parece familiar – falei tentando me lembrar.


– Ela mora em Paris e é umas das estilistas mais famosa da Europa – disse ela.


– Era aquela senhora que estava com você no aeroporto¿ - perguntei.


– Sim – disse ela se virando e olhando pra mim.


– Há agora me lembrei – falei batendo na minha testa – Bill é super fã da sua avô, ele ficou doido quando viu ela no aeroporto, parecia uma fã histérica.


Nos rimos.


Ficamos conversando, sorrindo e brincando. Todo o meu estresse estava esquecido. Estávamos assistindo o por do sol quando o celular dela tocou.


– Alô ... hum ... então arruma minha mala que eu vou pra outro lugar ... obrigada Kristen – disse ela parecendo irritada.


– Você vai viajar¿ - perguntei sentindo meu peito apertar.


– Não é que meu pai vai viajar e eu não quero ficar sozinha naquele apartamento – disse ela dando de ombros, mais senti que tinha alguma coisa que ela não estava falando, mais não a pressionei, nós conhecemos a pouco tempo e ela não parece confiar rápido demais nas pessoas, assim como eu.


– E pra onde você vai¿ - perguntei.


– Para um flat que a minha avô comprou pra mim – falou ela olhando pra frente.


– Ok! – disse – É melhor nós irmos, está tarde.


– É – disse ela sem vontade.


– Mais primeiro – falei pegando o seu celular e dando um toque pro meu – Para não nós perdemos novamente.


Eu a deixei em casa, agora já não tinha como não encontra - lá, ela também me deu o endereço do lugar onde ela ficaria e quando eu quisesse aparecer era só lugar, por que ela faz aulas de dança as terças, joga tênis as quartas, anda de skate numa praça que fica no centro da cidade as quintas e as sextas ela faz aula de música.


– Meu único dia livre é as segundas e a partir das sete nos outros dias – disse ela.


Cheguei em casa e estavam todos na sala, Bill, Georg, Gustav e David.


– Então vai dá pra continuar a gravação ou não¿ - perguntou David de uma vez.


Quando abri a boca para responder meu celular tocou, era uma mensagem da Nikke.


Quer jantar comigo¿

Claro.

Te espero as 8:00.

Ok!


– Claro que vamos continuar – falei sorrindo igual um bobo, todos me olhavam como se eu tivesse alguma doença mental.


– Que sorrisinho bobo é esse¿ - perguntou Georg desconfiado.


– Você tava com ela né¿ - perguntou Bill.


– Quem¿ - me fiz de desentendido.


– A garota do avião – disse ele.


– E daí¿ - falei cruzando os braços.


– Tom a garota deve ter uns 10 anos – disse Georg.


– Ela tem 14 – revidei – E o que tem de ruim nisso¿


– Que história é essa de você se envolver com menor de idade¿ - perguntou David.


– Foi uma garota que eu conheci no vôo de volta para L.A – disse.


– E ela tem 14 anos¿ - assenti – Olha só Tom eu nunca me incomodei pela sua falta de respeito com as garotas, mais isso se devia ao fato de ela também não se darem ao respeito e transar com você logo de cara. Agora uma garota de 14 anos, isso poderia destruir a banda num piscar de olhos. Você quer transar com garotas, que transe, mais elas tem que ser responsáveis por elas mesmas e não alguém que ainda nem saiu das fraldas.


– É só isso que vocês pensam de mim¿ - falei apontando para cada um deles, até mesmo Bill – Que eu não posso conhecer alguém sem ter intenção de levar ela pra cama¿ Que eu não posso ter amigos¿ Que eu só uma canalha que trata todas as garotas como se fosse descartável¿


– Tom não ... – mais ele se calou quando viu me olhar.


– Até você Bill – falei sentindo meu peito se apertar – Você é meu irmão deveria acreditar em mim, ter um pouco de fé que eu poderia encontrar alguém que pode ser meu amigo além vocês, eu pensei que depois da nossa conversa você tivesse acreditado em mim – Senti lágrimas de raiva escorrendo pelo meu rosto e vi arrependimento atravessando o rosto de todos – Quer saber ... vão se ferrar todos vocês.


Peguei o carro e fui direto para o flat da Nikke.

A ultima vez que eu chorei, foi quando vi Bill deitado naquela maca de hospital quando ele foi fazer a cirurgia na garganta, não era nada sério então não tinha motivos pra eu chorar, mais haveria pra ele se não desse certo e naquele dia eu chorei de medo pelo medo do meu irmão.

Hoje a tarde era eu quem estava consolando ela, mais quando eu cheguei ao seu flat e contei o que tinha acontecido era eu que precisava de consolo.

Eu fiquei deitado no seu colo enquanto ela fazia o caminha através das minhas tranças com o dedo, era bom sentir um carinho as vezes.

Bill ligou várias vezes mais eu não atendi, eu não queria conversar agora, só queria silêncio e um pouco de paz.