No outro dia acordei cedo, todos ainda estavam dormindo. Fiz o café para os garotos e fui para perto da piscina comendo uma maça. Sentei em uma espreguiçadeira tomando um pouco de vitamina D.

Eu ainda estava abalada pela conversa com a minha mãe. Eu nunca pensei que nós poderíamos ser mãe e filha algum dia, quer dizer se for isso que ela realmente quer. Fico nervosa ao pensar no nosso encontro hoje. Tom não iria comigo, na verdade eu nem tinha falado pra ele que eu iria me encontrar com ela, mais eu só queria fazer isso sozinha.

Quando acabei a maçã, subi para o quarto e fui tomar um banho.

Tom ainda estava dormindo quando eu sai. Sérgio já me esperava em frente à casa, os seguranças estavam a postos nas extremidades da propriedade caso algum paparazzi louco tentasse invadir a casa, pois o mundo inteiro já sabe que eu moro na casa dos garotos.

Chegamos ao endereço da minha mãe. Era um grande prédio de luxo branco, janelas de vidros, e mais andares do que eu podia contar.

De repente me arrependi de não ter trazido o Tom. E se ela não tivesse mudado? Ainda continuasse a mesma invejosa que me chama de vadiazinha.

- Nikke – chamou Sérgio que segurava a porta aberta – Você quer ir embora?

- Eu ... – respirei fundo tentando me acalmar, isso não iria fazer bem ao bebê. Coloquei a mão sobre meu ventre plano. Mais sabia que ele estava lá crescendo a cada dia. E eu teria que ser forte, para ensina-lo a ser forte.

Reunindo toda a minha coragem sai do carro.

Ainda era muito cedo por isso não tinha quase ninguém na rua e nem no hall do hotel. Fui até a recepção onde a moça me reconheceu imediatamente e disse que eu poderia subir que a minha mãe já estava me esperando.

O apartamento dela era o da cobertura, nenhuma surpresa até ai, mais quando eu toquei a campainha e porta se abriu, a surpresa me fez quase engasgar.

- Olá Nikke – disse mamãe sorrindo meiga pra mim – Estou muito feliz que você veio.

- O que houve com você? – não consegui segurar as palavras que saíram pela minha boca.

- Eu ... mudei um pouquinho – disse ela mexendo no cabelo nervosa.

Eu não conseguia não parar de olhá-la de cima a baixo para ter certeza que não era alucinação. Seus cabelos antes loiros brilhantes agora estava negros num corte Chanel moderno pontudo pra frente, uma blusa simples branca, uma calça jeans desbotadas com alguns rasgados e um chinelo preto. Aquela mulher na minha frente não era a mesma Joanna Macpherson que conheço desde que me entendo por gente. Não tinha mais as roupas glamorosas, as joias extravagantes, seu ar de superioridade. Ela era só uma mulher ... normal.

- Bom ... ficou muito bom – comentei sem graça e ela sorriu.

Era um sorriso doce, verdadeiro. E não tive como não sorrir de volta.

- Bom ... então entre – disse ela abrindo espaço para eu passar.

O apartamento era grande com esculturas bonitas e modernas, paredes brancas, os moveis de madeira, um tapete felpudo no chão, uma grande sofá encostado na parede, uma estante com uma TV enorme e duas grande porta de vidro que dava para a sacada, imagino.

- Vamos até a sacada – disse ela indicando as duas portas de vidro – Você já tomou café?

- Eu só comi uma maça – respondi a seguindo – Estava um pouco enjoada.

A sacada tinha uma linda vista da cidade e ao longe podia se ver o mar azul. A mesa posta tinha varias frutas, torradas, bolo, suco e etc. Mamãe sentou de frente pra mim e colocou uma fatia de melão no prato a minha frente.

- Uma moça gravida precisa se alimentar bem – disse ela – Para o seu bebê nascer saudável.

Comi um pouco do melão e como meu estomago não reclamou, continuei comendo. Mamãe se serviu e comemos em silencio. Ela me fez comer um pouco de tudo que tinha na mesa. Era estranho ter ela cuidando de mim, mais eu estava muito feliz, era estranho ter esse momento com ela, mais era um estranho bom.

Depois de terminar o café, fomos para a sala e ficamos conversando sobre o que tinha acontecido com ela nesse meio tempo.

Ela tinha se separado do meio pai já fazia um mês, ela levou um sacode da vida, como ela mesma disse. Parou de ir a festas, parou de gastar dinheiro à toa, deixou de ser esnobe, estava tentando concerta a sua vida. Como meu pai tinha repulsa a escândalos ela tinha se dado muito bem no divorcio e estava investindo num negocio próprio. Mais o que mais me surpreendeu foi que ela disse que estava tentando criar coragem para falar comigo a várias semanas, mais não sabia se iria ser bem recebida.

- Nikke – disse ela olhando dentro dos meus olhos – Talvez você ... você nunca me perdoe por tudo que eu te fiz. Pelo abandono, pela falta de afeto, por te chamar de ... coisas horriveis – ela desviou o olhar, mais depois respirou fundo e voltou e me olhar e seus olhos estavam marejados – Eu tinha inveja de você ... eu ... eu não gostava que a atenção das pessoas fosse tirada de mim ... eu ... eu perdi tanto tempo querendo ser você ... que eu esqueci de ser sua mãe. Filha .. – disse ela segurando meu rosto entre as mãos. Meu coração parou naquele momento, ela nunca tinha me chamado de “filha” – Sei que eu ... eu disse várias vezes que você foi a pior coisa na minha vida ... mais isso nunca foi verdade ... Você foi a melhor coisa que seu pai me deu. Não foi o dinheiro ... não foram as joias ... as roupas ... Foi você ... sempre foi e sempre vai ser você.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto, assim como o meu. Eu nem piscava, continuava a escarando. Eu tinha medo de que isso fosse um sonho e quando acordasse eu ainda continuaria sendo uma vadiazinha pra ela. Levantei a mão devagar enxugando as lágrimas, mais vinham sempre mais. Não sei como aconteceu, mais logo eu estava agarrada a ela chorando enquanto ela me ninava como se eu fosse um bebê. E eu me encaixava perfeitamente em seus braços. Ela me abraçava apertado sussurrando no meu ouvido que eu a perdoasse.

- Eu tenho tanto medo mamãe – falei quando consegui controlar os soluços.

- Medo de que filha? – perguntou ela se afastando para olhar meu rosto.

- De que eu esteja sonhando – falei voltando a chorar.

- Pois não é minha filha – disse ela me abraçando de novo – É tão bom poder te chamar ... Minha filha. E não tenha mais medo que a partir de hoje minha missão é te convencer que você não está sonhando.

Ficamos abraçadas por vários minutos, curtindo esse moemento, nos conhecendo. Conversamos sobre os nossos gostos, conversamos sobre o Tom, o bebê. Uma verdadeira conversa de mão e filha.