- E ai como foi¿ - perguntei pra ele assim que passou pela porta não dando tempo de respirar.

- Nada bom – disse Georg sobriamente.

- O que¿ Por que¿ - perguntei desesperado vendo suas caras sinistras.

- As olheiras dela são mais escuras que as suas, ela está mais magra que o normal e avó dela teve um ataque quando a viu com uma faca na mão – disse Bill.

- U-u-uma faca – falei chocado.

- Por acaso você sabe se a Nikke já tentou se ... – Bill falava devagar como se estivesse em duvida se era isso mesmo que passava pela sua cabeça – matar.

A aquela palavra bateu sobre mim como se eu tivesse dado de cara num muro a toda velocidade do meu carro.

- O que¿ - perguntei abobalhado – Ela tentou ... tentou ...

- Não, não foi isso que eu disse – falou Bill vindo até mim – Eu perguntei se você sabe de alguma coisa sobre isso¿

- Não eu ... – então me lembrei de um conversa que nós tivemos no penhasco que ficava fora da cidade – Eu sabia que ela já tinha feito terapia e tinha sido internada numa clinica de reabilitação mais ela disse que não foi nada grave.

- Bom é que quando nós tocamos no seu nome ela ... ela ficou toda estranha e saiu da sala, então a avó dela foi atrás dela por que disse que ela estava demorando muito, ai ouvimos ela gritar falando da faca e falar alguma coisa sobre não querer passar por aquilo de novo – explicou ele.

- E ela ... ela estava mesmo .... – eu não consegui terminar, não podia nem cogitar essa ideia.

- Não ela só pegou a faca para cortar um pedaço de chocolate – disse Bill sorrindo tentando tirar o clima tenso que se instalou na sala – Você sabe que ela adora chocolate.

- É eu sei – falei sorrindo triste

- A avó dela deu convites pra gente ir ao show de talentos da escola dela – disse ele animado.

- Espero que se divirtam – falei indo pro meu quarto.

- Ela mandou dizer que quer todos nós lá Tom – disse ele enfatizando a palavra todos.

- A Nikke não me quer lá Bill – falei parando no alto da escada.

-Pode ser a sua única chance de falar com ela – rebateu ele.

- Eu ... eu vou pensar – falei indo pro meu quarto e me jogando na cama.

Eu estava cansado, noites sem dormir direito, Bill praticamente me obrigava a comer, então acabei adormecendo.

- Tom ... Tom ... acorda – alguém me sacudia.

- Hum – gemi cobrindo a cabeça com o travesseiro.

- Tom assim nós vamos nos atrasar – era o Bill que me sacudia.

- Sai – falei empurrando sua mão.

- Nikke – foi a única coisa que ele disse e isso me despertou na hora.

- O que¿ Que foi¿ Onde¿ - perguntei pulando da cama e olhando em volta.

- Vai tomar seu banho se não vamos perder o show – disse ele levantando da cama – Isso se você for.

- Eu ... eu vou – falei pra ele que assentiu e saiu. Eu não tinha pensado sobre o assunto, já que eu dormi, então resolvi seguir o bom senso e ele me mandava pelo menos tentar falar com ela.

Tomei um banho rápido, vesti um suéter preto com uma calça preta, um tênis preto e uma faixa branca na cabeça.

Cheguei a sala e já estavam todos lá, inclusive o David. Ninguém falou nada fomos direto pro carro e a viagem foi feita em silêncio, existia uma tensão no ar mais todo mundo fazia de tudo para ignorar.

Tinha umas pessoas responsáveis por levar cada convidado ao seu lugar. O nosso ficava na terceira fila um do lado do outro e a avó da Nikke já estava lá sentada no lugar que ficava ao meu lado.

- Olá queridos – disse ela simpática.

- Olá senhora Macpherson – cumprimentamos todos.

- Esse é o David nosso empresário – apresentei a ela.

- Prazer – disse ele apertando a mão dela.

- Victória – disse ela.

Alguns flashes disparam em nossa direção.

- Desculpe por isso – disse ela.

- Tudo bem já estamos acostumados – falou Bill.

- Vamos nós sentar que logo vai começar e a Nikke vai ser a primeira – disse ela.

Só de ouvi o nome dela meu coração acelerou.

- Então o que ela vai fazer¿ - perguntei a dona Victória.

- Surpresa – disse ela animada igual uma adolescente e eu ri.

Um velho subiu no palco e falou um monte de baboseira que eu não prestei a atenção. Quando ele saiu do palco as cortinas baixaram e tudo ficou escuro. Alguns segundos depois as cortinas levantaram e tinha uma banda ao fundo e um piano branco no meio do palco virado de lado. Um feixe de luz acompanhou Nikke entrando no palco e meu queixo caiu. Ela estava maravilhosa!

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- Fecha boca a boca Tom – disse Bill batendo no meu queixo. As pessoas ainda aplaudiam ela que foi se sentar no baquinho em frente ao piano, que só agora eu reparei que tinha um microfone.

- Ela vai cantar¿ - falei em duvida.

- Sim – concordou dona Victoria – Só não me pergunte qual musica que eu não sei, ela não me deixou assistir os ensaios.

O lugar ficou em silêncio enquanto as primeiras notas do piano foram ouvidas.

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A cada palavra que eu ouvia sentia como se uma faca perfurasse meu peito. Parecia que mesmo que ela não soubesse que eu a estava assistindo dava a impressão de que ela cantava diretamente pra mim. Era uma musica linda e a sua voz também era maravilhosa mais a dor expressa nos seus olhos fazia tudo ser menos bonito.

Quando acabou todos levantaram aplaudindo Nikke de pé. A avó dela chorava emocionada e eu não conseguia pensar em nada coerente naquela hora.