Nessun Dorma

Uma boa abelha não pousa em flores murchas



Dia seguinte –


Tinha acabado de fazer sua higiene matinal e tomado seu café da manhã. Enquanto separava alguns items dos quais levaria para casa ouviu um bater na porta.


– Pode entrar – disse sem dar muita importância, pois esperava pela mãe para ajudar-lhe a arrumar sua mala para, enfim, deixar o hospital.



– Bianca!!! – assustou-se ao ouvir uma voz aguda chamar-lhe. Virou seus olhos para a dona da voz. A mulher tinha um porte mignon e traços asiáticos.


– ...


– Sou eu, Akemi!? – disse ao perceber a expressão confusa de Bianca – Ahh desculpe, esqueci que você está com um probleminha de memória – completou dando de ombros


– Ahm, então Akemi....você é...?


– Pode me chamar de Kia, quero dizer...você sempre me chamou assim, enfim – falava enquanto gesticulava com as mãos – Eu sou sua agente, nos conhecemos a quase três anos -completou orgulhosa


– Ahh bem, a minha mãe me disse que eu sou uma atriz muito talentosa e famosa...isso é verdade ou só é “elogio de mãe”?


– ´Tá brincando, né? Você é super famosa, desde que se mudou para Los Angeles sua carreira decolou! – disse empolgada – Desde que você sofreu o acidente a imprensa faz vigília aqui em frente ao hospital esperando pela sua recuperação...Ahh e por falar nisso já lancei uma nota informando da sua melhora – disse por fim. A mulher respirou fundo após falar sem fazer uma única pausa. Ofereceu um largo sorriso a ela.


– É muito bom vê-la bem


– Ainda não estou “cem por cento” – replicou


– Não se preocupe, é questão de tempo até você ficar boa novamente – tranqulizou.



Não sabia dizer o motivo, mas se sentia muito bem na companhia de Kia, com certeza deviam ser grandes amigas.



– Com licença meninas – falou Helena entrando no quarto – Vamos arrumar suas malas?



Com a ajuda de sua mãe e de Kia em menos de uma hora arrumou sua pequena mala.



– Já está pronta? – perguntou Jared entrando no quarto sem bater



Aquele era o primeiro momento em que estava em contato com Jared depois de ter visto o álbum no dia anterior.



– Eu vou levá-la até a casa de sua mãe – explicou-se. Seu tom de voz era seco


– Estou pronta sim, mas eu não vou para a casa da minha mãe



Todos olharam-na em uma clara busca por respostas.



– ...Eu vou para sua casa



Ao ouvir tal afirmação Jared abriu um sorriso radiante. A imagem de vê-lo sorrindo a fez ter a certeza de que tomara a decisão certa.



– Você vai para a nossa casa – corrigiu-a - Com licença, eu preciso dar um telefonema – anunciou o homem saindo porta afora



Bianca desviou seus olhos de Jared e pousou-os sobre a mãe.



– Não quero que você fique chateada, mãe...algo me diz que eu preciso ir com ele, eu preciso me lembrar da minha vida


– Tudo bem querida, a decisão é sua


– Mas eu ainda quero conhecer a sua casa


– Você sempre será bem vinda – falou a mãe enquanto passava os dedos nas bochechas de Bianca fazendo a moça sorrir. A mãe costumava fazer esse tipo de carinho quando a jovem era criança


– O jared tem o número do meu celular, qualquer coisa é só me ligar – disse Kia indo na direção da jovem abraçando-a em seguida


– Vamos? – falou Jared voltando ao quarto. Aproximou-se dela, estendendo-lhe a mão


Com aquele pequeno gesto de Jared. Bianca sentiu-se segura, pois o homem estava lhe oferecendo o apoio no momento certo, estendendo a mão para consolar,segurar firme, amparar. Bianca encarou a mão do homem com quem iria compartilhar uma casa. Estava receosa, porém algo em jared a fazia querer ficar perto dele. Sua mente se esquecera de alguns fatos importante a ela, mas e seu coração? Será que esqueceria de um amor? Só saberia a resposta para esse questionamento se arriscasse.


Segurou a mão de Jared firmemente. Instantaneamente sentiu uma espécie de corrente elétrica percorrer-lhe todo seu corpo. Soltou um leve suspiro em resposta a sensação surreal que acabara de sentir.



(...)



Depois de mais de uma hora resolvendo questões burocráticas do hospital sairam pelos fundos da instiuição de saúde para evitarem a imprensa, Kia fora para frente do hospital para dar uma pequena coletiva onde informaria a alta da moça do hospital e a plena rececuperação da jovem atriz que aconteceria na casa que dividia com Jared.



Chegaram ao estacionamento com tranquilidade, Jared assumiu o banco do motorista enquanto Bianca sentou-se ao seu lado no banco do passageiro, Helena sentou- se no banco traseiro.



O percurso fora marcado por um grande silêncio.



– Ahh, aqui está seu celular...mesmo com o acidente ele permanece intacto – disse Kia entregando o aparelho a ela



Bianca olhou o aparelho curiosa – Como se liga isso? Não há teclas...como eu vou usá-lo?



– Este é um celular Touch...é só apertar a tela – explicou enquanto tentava segurar o riso


– Ele é tão fininho e leve, parece de brinquedo – disse Bianca continuando com sua análise. Sentia-se como uma criança em contato com alguma novidade


– Jared, você vai me ensinar a usá-lo? – perguntou olhando-o de maneira gentil e inocente


– Claro Bee – respondeu prontamente. A alegria do homem era algo contagiante. Aos poucos Brianca começava a se acostumar com a presença de Jared em sua vida


– De onde surgiu esse apelido? – questionou curiosa


– Te chamo assim desde nosso primeiro encontro – riu saudosista – Na cultura muçulmana a abelha (Bee) simboliza a alma – explicou fitando-a de relance fazendo-a corar levemente


– Jared.... – chamou-o


– Sim?


– Será que eu vou me lembrar? – perguntou


– Do quê exatamente?


– Da minha carreira, dos meus amigos...de você


– Claro que vai... tudo é questão de despertar sua alma, pode ter certeza que eu vou ajudá-la nisso


Trocaram, enfim, o primeiro sorriso de cumplicidade mútua.