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Na tarde seguinte, na mansão Voiculescu, Andreea estava penteando seus louros cabelos em seu quarto, passava a escova delicadamente em cada mecha dourada em movimento circulares para que seus cachos não fossem desmanchados ou desalinhados, quando sua criada adentrou o recinto trazendo uma bandeja na qual continha um bule de porcelana detalhado com flores rosadas, uma xícara com equivalentes detalhes e um pequeno recipiente contendo açúcar, a empregada disse:

___ Aqui está seu chá, senhora.

A bela mulher soltou a escova sobre a penteadeira e levantou-se verificando a bandeja, olhou para a serviçal dizendo num tom arrogante:

___ Quantas vezes tenho de repetir que gosto de mel em meu chá? Será que existe inteligência aí dentro?!___ falou a madame dando leves tapas na cabeça da criada.

___ Iartă-mă, senhora, é que... ___ a mulher tentou explicar-se.

___ Da próxima vez que cometer uma falta destas, eu a demitirei e a expulsarei de minhas propriedades! Ora essa, eu mereço um bando de incompetentes servindo-me?! O que fiz de tão mal nesta existência para merecer criados tão repugnantes como estes?!

___ Senhora, é que o mel acabou e...

___ O mel acabou? Então o que ainda está fazendo aqui? Devia ir ao povoado e comprar mais! Ah, meu marido tinha pena de gente como você, perdoando suas faltas, fingindo que estava tudo sempre bem, mas eu não sou assim! Se isto repetir-se novamente...

___ Rău, doamnă¹, nunca mais irá se repetir, eu prometo.

___ É bom que cumpra esta promessa, pois vou exigi-la de você. Agora saia da minha frente!

A empregada dera meia volta e quando abriu a porta, ali estava o mordomo falando amenamente:

___ Doamnă?

___ Ora essa! Será que uma mulher não pode mais ter um momento de paz nesta casa?!

___ Eu só vim avisá-la de que o jovem Petrescu está na sala de estar e deseja falar com a senhora.

Seu esbelto corpo feminino estremecera e seus olhos arregalaram-se de excitação.

___ Damian está aqui?___ indagou ela.

___ Da, doamnă, mas se não quiser vê-lo, digo para voltar uma outra hora.

___ Nu, nu, nu, diga a ele que descerei em breve ___ a mulher respondeu sorrindo.

___ Como quiser, madame.

___ E sirva-lhe o que pedir, ele é um rapaz muito importante!

___ Farei isto, senhora ___ concordou o mordomo.

E então o empregado a deixou sozinha no quarto, eufórica e sorridente.

Na sala de estar, o adolescente estava sentado educadamente em uma poltrona de veludo azul com braços da mais fina e lustrada madeira tão bem trabalhada, ele olhava em volta, sentiu-se um pouco incomodado com o enorme autorretrato do falecido senhor Voiculescu acima da lareira, sua expressão séria, seus olhos penetrantes, parecia que podia ler sua nervosa e confusa mente, eis que finalmente ouvira Andreea aproximando-se dele num tom alegre falando seu nome.

___ Damian, mas que prazer em revê-lo, meu bom menino!

Rapidamente o moço levantou-se, pegou a mão da viúva e ao inclinar-se, a beijou dizendo:

___ É um prazer revê-la também, domnișoară².

___ Ora, me chame de Andreea, creio que somos muito próximos para nos tratarmos desta maneira tão formal, draga mea.

___ Muito bem... Andreea.

___ Assim está melhor ___ disse ela sorrindo ___, bem, creio que queria falar comigo, certo?

___ Da ___ confirmou o rapaz inclinando levemente a cabeça para frente.

___ Então vamos até meu escritório, draga mea, para que nossa conversa seja mais restrita.

O adolescente extremamente nervoso seguira a bela dama até uma sala fechada, havia duas enormes estantes de livros, poltronas de couro diante de uma grande mesa de madeira contendo sobre ela alguns livros e papeis e logo à sua frente uma majestosa janela de três metros de altura coberta por duas pesadas cortinas azuis.

___ Bem, aqui ficaremos mais a vontade para conversarmos ___ falou a viúva dirigindo até a mesa sentando-se sobre ela ___ Sente-se, querido.

Ainda um tanto recatado, Petrescu sentou-se em uma das poltronas.

___ Aceita alguma coisa?

___ Não, obrigado.

___ Pior para você, meu bem ___ Andreea levantou-se indo até uma mesa ao lado de uma das estantes e encheu um copo com puro e fino whisky voltando para perto do rapaz logo em seguida ___, então, o que queria falar comigo?

___ Você sabe.

___ Não, não sei, querido, poderia relembrar-me?___ falou a mulher em tom irônico ingerindo um gole da bebida.

Alguns segundos em silêncio, no rosto de Damian a hesitação, estava tentando encontrar palavras para iniciar o diálogo, franziu o cenho tentando pensar, a dama então inclinou-se à sua frente.

___ Querido?

O jovem a encarou.

___ Eu não tenho o dia todo.

Subitamente o ferreiro se levanta chegando bem próximo do rosto da viúva, Andreea deixara o copo de whisky sobre a mesa, o humilde garoto pôde perceber uma certa ansiedade no olhar da bela senhora, uma de suas lívidas mãos começa a acariciar a pele dourada e quente de seu delicado semblante feminino, os olhos dela se fecham deliciando-se do toque frio e nervoso do adolescente.

Damian então a beijou, fora mais um ato impulsionado que não pôde evitar, um beijo ardoroso e longo, suas mãos a puxavam para perto de seu corpo, a seguravam firmemente como se fosse fugir, mas seria tolice, a donzela não iria a lugar algum, não após receber aquele beijo, não era apenas um toque, uma ação prazerosa, era uma resposta...