Nascido Do Sangue

Primeira Noite na Mansão Voiculescu


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À noite, o moço retornara à sua casa apenas para recolher alguns pertences de valor inestimável para si, a viúva lhe dissera que não precisaria mais de suas antigas roupas, sapatos entre outras coisas, uma nova vida seria dada a ele, mas precisava voltar, precisava contar a verdade a seu pai, à Viorica e assim poder partir um pouco menos despreocupado, porém ainda com uma dor de ter que deixar sua família.

Arrumou tudo em silêncio, sendo encarado incessantemente pelo olhar repreensivo do pai, mas Ionel não ousou dizer uma palavra sequer, Damian sentiu-se demasiado desconfortável e procurava andar cada vez mais rápido com a arrumação para que aquele olhar não o matasse de vergonha e desaprovação.

Olhou para seu pai ao fechar a mala, não queria encontrar os olhos de Ionel, mas o homem fazia questão de encarar o filho.

___ Adeus, tata.

___ Adeus, fiul meu ___ respondeu com um leve gesto com a cabeça.

___ Eu venho visitá-lo sempre que puder ___ falou o garoto sentindo os dedos que seguravam a pequena mala formigarem por um nervosismo tétrico.

___ Eu sei que virá ___ falou o outro sem alterar o tom calmo, porém infeliz de sua voz.

O belo rapaz sabia que por mais que não gostasse da ideia, o pai não iria afrontá-lo, sempre lhe deixara explorar o mundo para que aprendesse as coisas sozinho, não seria agora que o impediria de tomar suas próprias decisões, fossem elas boas ou más, certas ou erradas.

Damian desceu as escadas rapidamente, estava sentindo-se sufocado a cada minuto que ficava naquela casa, a despedida tão fria de seu pai fez seu coração disparar e um nó se formou em sua garganta. Antes de encostar a lúrida palma de sua mão no metal da maçaneta, o moço ouve uma fina e serena voz vinda de trás dele.

___ Adeus, senhor Petrescu.

Damian virou-se encarando o triste rosto de Viorica, seus olhos estavam opacos e mal podia suportar a vontade de chorar.

___ Não será um permanente adeus, dragul meu.

___ Agora que terá tudo que sempre desejou, por que voltaria à vida frívola que sempre repudiou?

Aquela questão enrijeceu o corpo do adolescente, uma péssima sensação percorreu-o, sentiu-se triste e culpado, mas era tarde demais, não poderia voltar atrás, estava neste exato momento abandonando tudo que conhecera, como se o passado estivesse sendo apagado restando apenas uma folha em branco, onde o futuro começava a ser escrito.

Um beijo... apenas um único e frio beijo na fronte da jovem órfã chorosa, Damian não sabia o que lhe dizer e tinha medo que se tentasse articular uma única palavra, lágrimas entregariam sua culpa e dúvida pelos atos que estava cometendo. Um beijo... Apenas um único e breve beijo por todo o cuidado e carinho que a menina lhe dedicara, como se tudo não mais valesse, todavia, estava doendo por dentro, uma dor que apenas se acentuou com um beijo, apenas um único beijo.

A carruagem lhe aguardava à frente dos enormes portões de ferro de sua agora antiga casa, ao entrar no veículo e até chegar à mansão Voiculescu, todas as suas lembranças estavam afligindo sua mente, não sabia em qual concentrar-se, não sabia em qual sentimento direcionar sua atenção, eram tantas coisas juntas e o nervosismo piorava ainda mais este seu estado nostálgico e extremamente lânguido que ninguém poderia notar, pois escondia-o muito bem através de um brilho ilusório e criativo que emanava de seus olhos e de seu sorriso.

Decidiu não ficar pensando nas consequências que estavam por vir, sabia que era um homem feito e podia tomar suas próprias decisões e também sabia o real motivo por estar fazendo tudo isso, o que não sabia, era se realmente valia a pena.

Chegando ao casarão no qual a fachada já lhe era familiar, o adolescente começou a caminhar lentamente em direção às grandes portas de madeira, desta vez entraria sem ter que ir embora quando a manhã viesse, olhou a entrada de cima a baixo, não sabia por quanto tempo ficaria apenas observando, até que o mordomo abriu uma das portas e sorrindo lhe cumprimentou:

___ Senhor Petrescu, que prazer em vê-lo, bine ați venit!

___ Mulțumesc ___ agradeceu o garoto com um tímido sorriso.

Seus passos eram lentos e incertos, ouviu a voz musical de Andreea vinda da escadaria, a mulher descia cada degrau de forma rápida e eufórica, até parar à sua frente.

___ Ah, draga mea, mal pude esperar por sua chegada! Quase atrasou-se para o jantar.

___ Rău ___ disse o jovem um pouco sem jeito.

___ Ora o que é isso?! Não é preciso desculpar-se, meu amor, vamos, suba e vista-se, aguardarei na sala de jantar.

Ao subir até o quarto da viúva, o aposento no qual conhecia bem, percebera que sua mala estava sobre a cama, impressionou-se com a eficiência e rapidez dos empregados, havia uma criada que o ajudaria com o banho e o vestiria.

A cada ação executada, o jovem Petrescu permanecia calado, mal prestava atenção no que estava fazendo, viajava em pensamentos, um por um banhando-o de diferentes sensações, não sabia se estava feliz ou triste naquele momento, nem ao menos se estava vivo ou morto, apenas estava ali.

Descera até a sala de jantar onde encontrou Andreea já sentada à mesa, havia um lugar ao seu lado onde já estava posicionados talheres de prata, guardanapos, taças de cristal e um prato de metal idêntico ao dos talheres, logo que sentou-se a mulher ordenara que as refeições fossem servidas.

A entrada fora uma sopa de legumes acompanhada de um fino vinho italiano, o jovem levara apenas algumas colheradas à boca enquanto ouvia a dama tagarelar ao seu lado sobre as inúmeras tarefas que fariam na manhã seguinte, porém não ouvia metade do que saía daqueles rosados e carnudos lábios, estava em transe.

Sua vontade era mergulhar todo o seu corpo na borbulhante e escaldante sopa, sofrer e gritar ao sentir sua pele queimando e derretendo, seu estômago estava embrulhado e havia um nó em sua garganta, sentia-se como uma frágil garota que tivera que se casar com um velho rico e em sua primeira noite juntos teria de lhe dar prazer. Ele era a garotinha e Andreea era o velho rico e tinha certeza de que esta noite ela o queria mais do que das vezes anteriores em que deitaram-se juntos, pois agora era seu brinquedo, sua propriedade e poderia fazer o que bem entendesse com aquele boneco de fina e pálida porcelana.

Eis que a voz daquela dama invadira sua mente fazendo-o concentrar-se no “aqui e agora” deixando as indecisões e inúmeras sensações em um segundo plano.

___ Damian, querido?

___ Da?

___ Está tudo bem?

___ É claro que está ___ respondeu ele sorrindo.

___ Nem ao menos tocara na comida.

___ Ah, estou sem fome.

___ Está certo ___ assentiu a dama nem ao menos notando que o rapaz sequer esforçava-se para mentir.

Ambos então seguiram para a sala de estar onde Damian pôs-se a ouvir cada tolice que saía da boca daquela mulher, as histórias dos países que conhecera, das pessoas, das festas que frequentara, observava que cada palavra era pronunciada com intensa satisfação, estranhou ela não agir assim das primeiras vezes que estiveram juntos, fora um pouco mais atrevida, todavia com um modo retraído, o rapaz chegara à conclusão de que Andreea então não passava de uma criança que precisava apenas de alguém para ouvi-la.

A donzela se calou quando o mordomo entrara no local para anunciar uma visita, já passavam das onze da noite e o garoto estranhou no início, mas depois entendeu que ela era uma mulher desimpedida e livre, nada nem ninguém poderia segurá-la ou evitar que fizesse o que desejasse.

___ Mande-a entrar ___ ordenou a senhora.

Damian ao perceber que era a viúva Radulet ficara intrigado, o que ela estava fazendo ali tão tarde da noite?

___ Feche a porta!___ ordenou Andreea ao mordomo e ele cumprira a ação.

O rapaz levantou-se imediatamente falando:

___ Senhora Radulet, é um prazer revê-la.

___ O prazer é todo meu, meu de tineri, e me chame de Loredana ___ falou a mulher com um sorriso estranho em sua face.

___ O que está fazendo aqui?___ indagou o menino, curioso

A jovem dama loura tocou os ombros da mulher mais velha dizendo:

___ Seu presente de boas-vindas, băiatul meu!

Petrescu franziu as sobrancelhas.

___ Eu não compreendo.

Andreea o fizera sentar novamente sobre a poltrona jogando seu escultural corpo sobre o do moço confuso tentando lhe explicar:

___ Draga mea, saiba que não será somente meu, poderá ter o que ou quem quiser, contanto que me satisfaça quando bem entender e, como um presente da primeira noite que passará ao meu lado, eu lhe trouxe a viúva Radulet.

___ O que? Não pode ser verdade ___ retrucou o rapaz confuso e um tanto perplexo.

___ É sim, meu querido ___ respondeu a dama levantando-se e indo em direção à outra ___, eu percebi o modo como ela olhava para você no funeral e perguntei-me “por que não?”.

___ Mas...

___ Ora, Damian, eu lhe prometi uma vida nova e vou começar a cumprir minha promessa!___ falou a rica mulher sentando Loredana no luxuoso sofá.

Andreea aproximou-se do adolescente puxando-o até perto da viúva, sentando-se ao lado da mulher de meia idade, a donzela começou a acariciar-lhe o rosto intacto.

___ Eu quero que você dê prazer à ela, meu bom menino.

Petrescu encarou a outra mulher e sentiu-se envergonhado quando ela lhe devolveu o olhar exprimindo quase o mesmo sentimento.

___ E-eu não sei se isso é o certo a se fazer ___ falou o menino com tremura na voz.

___ Vamos, draga mea, faça! Eu garanto que vai gostar ___ ordenava Andreea com uma voz rouca, porém sensual.

O garoto, ainda um pouco acanhado, fora se aproximando de Loredana até tocar os lábios da mulher, sua boca lasciva fora descendo dando-lhe breves beijos, com suavidade desamarrara o corpete dela e vagarosamente ia despindo-a, cada ato que não fugia dos olhares de Andreea, que estava excitando-se.

Damian não sabia o que estava fazendo, estava sendo movido por um impulso estranho, no início recusou-se a acreditar, mas a cada minuto decorrido ia desfrutando do momento, beijava, tocava, apertava a senhora Radulet como se já a conhecesse há anos, preferia não encará-la, fazia tudo de olhos fechados, pois por mais que estivesse gostando, a vergonha o deixava incomodado.

Enquanto fazia aquela mulher suspirar de prazer com seus toques e carícias, o jovem olhava de relance para a loira donzela sentada numa poltrona bem ao lado, observava que ela tocava o próprio corpo, suas mãos passeavam por sua pele que reluzia diante do fogo alto vindo da lareira, podia ouvir seus finos e baixos gemidos misturando-se aos de Loredana.

Foram longos os minutos que se seguiram, realmente tinha de admitir que a viúva Radulet era uma mulher encantadora e sem sombra de dúvidas deitar-se-ia com ela, mas desta forma, algo tão repentino e frio, não fora bem o que esperava, o que pensava.

Vira Andreea com uma das mãos escondida entre suas pernas e a outra segurando um de seus seios, sua cabeça pendida e seus olhos fechados, via o movimento circular que seu punho fazia, eram lentos movimentos acompanhados de baixos suspiros. Damian fechava os olhos para sentir os lábios da mulher à sua frente, mas quando os abria via Andreea divertindo-se.

A mulher começou a acelerar os movimentos, suas pernas tremeram e por apenas alguns segundos seus gemidos foram altos e intensos seguidos depois de longos e cansados suspiros. Logo após aproximou-se da mulher sob o pálido corpo do garoto.

Delicadamente as mãos de Andreea passearam pelo corpo de Loredana, seus lábios se tocaram sensualmente, aquela cena era um tanto incomum para o jovem que de nada conhecia sobre o mundo, muito menos sobre os prazeres da carne e as diferentes maneiras que ele poderia ser adquirido, entretanto, aquela cena fez com que seu membro viril se enrijecesse. A bela e jovem dama sentou-se sobre o garoto e logo começou a cavalgar sobre seu corpo pronto para descobrir novos segredos e fantasias sexuais.

Enquanto a mulher com quem aceitara ser seu acompanhante estava sobre ele, gemendo e suspirando, a senhora Radulet estava deitada ao seu lado, segurando uma de suas ebúrneas mãos entre suas pernas fazendo com que seus dedos frígidos movimentassem suavemente em volta de seu clitóris, de olhos fechados soltando finos gemidos, mordendo o lábio inferior, o rapaz então refletiu, naquele instante ela nem ao menos se lembrava de que apenas alguns dias atrás perdera o homem com quem fora casada há mais de vinte anos.

Presenciou Andreea mais uma vez atingir o orgasmo, sua libido aumentou quando sentiu as leves e deliciosas contrações que o clímax proporcionava à bela loira enquanto seu pênis ainda estava dentro dela. Dirigiu sua atenção à viúva Loredana, penetrou delicadamente em seu corpo e mais uma vez vira Andreea acariciando-se e de tempos em tempos trocava alguns beijos com a mulher deitada sobre o veludo azul do longo e confortável sofá. Por mais que o que estivesse acontecendo diante de seus olhos fosse loucura, o ferreiro estava cada vez mais excitado e menos importava-se com as consequências.

A dama loira agora sentava-se sobre o tapete, bem ao lado da recente viúva, uma das mãos de Loredana acariciava os fartos seios de Andreea enquanto ela se masturbava mais uma vez, Damian via aquela cena e sentia-se mais excitado, os gemidos de ambas as mulheres se misturavam e se transformavam em uma libido harmoniosamente deliciosa ao entrarem por seus ouvidos.

Loredana cravou suas unhas no encosto do sofá e a outra mão apertava os seios de Andreea, sua respiração tornou-se mais ofegante e os movimentos de vaivém feitos pelo adolescente aceleraram. A viúva Voiculescu também começou a suspirar e a emanar tênues gemidos enquanto uma de suas mãos movia-se entre suas pernas.

As vozes finas e femininas das duas o excitavam. Damian sentiu que chegariam ao clímax juntos, os três em perfeita sintonia. Não mais ouviu os sons tão próximos, o silêncio tapara seus ouvidos, sua mente se esvaziara e apenas um delicioso arrepio percorria seu corpo. Um suspiro rouco como se esforçasse-se ao máximo e logo sentiu suas forças esvaindo-se e um cansaço gostoso começava a dominá-lo.


Após os três terem atingido o ponto alto do ato, Loredana vestiu-se rapidamente e pediu para que o cocheiro da senhora Voiculescu a levasse para casa, temia que um de seus filhos acordasse e não a encontrasse lá, Andreea concordou e despediu-se da mulher com um breve beijo no rosto, Damian estava taciturno e ainda um pouco confuso, mas pôde ver quando discretamente a loira dera um saco de moedas de ouro e prata para a viúva Radulet que rapidamente o guardou dentro do decote de seu vestido deixando a sala de estar.

___ Ela por acaso é meretriz?___ inquiriu o adolescente diante daquela cena.

___ Nu, draga mea.

___ Então por que lhe deu dinheiro?

___ Ela e os filhos estão passando necessidades depois que o marido faleceu, não vejo mal algum em ajudá-la, afinal, Gravil servira à família Voiculescu durante tantos anos ___ contou Andreea com naturalidade.

___ Você a subornou?___ insinuou o jovem.

___ Ora, é claro que não, querido!

___ Claro que sim! Deve ter dito à ela que se não se deitasse comigo não iria ajudá-la ___ disse ele perplexo.

___ Não foi bem assim ___ retrucou a donzela.

___ Como foi?

___ Ah, está bem! Já vi que é um rapaz muito esperto e que será difícil esconder algo de você, sim, eu a comprei, está satisfeito?___ confessou ela.

___ Por que fez isso?

___ Porque eu quis.

A viúva percebeu o olhar abismado do moço e sentiu vontade de rir.

___ Oh, draga mea, terá de se acostumar com tais acontecimentos, uma coisa é certa, meu caro, quando se tem dinheiro, você tem tudo.

___ Não entendo, por que quis comprá-la?

___ Eu a dei de presente a você, não está feliz?

___ Mas por que fez isso? Não tinha o direito!

___ Como não? Nós três tivemos prazer esta noite, todos saíram ganhando, não tem com o que se preocupar.

___ Tem sim, e se ela não queria? Você me forçou, eu a forcei e...

___ Damian querido, está criando situações. Loredana queria e muito deitar-se com você, afinal quem não quer?! Por acaso notou que somos os doces mais suculentos deste formigueiro nojento? Juntos, podemos ter o que ou quem quisermos, meu amor.

O ferreiro se calou, não sabia mais o que dizer, agora estava convencido de que o que fizera foi errado, sentiu-se mal e um tanto perturbado, as cenas ainda recentes em sua mente não o deixaram dormir naquela primeira noite como acompanhante e residente na mansão Voiculescu.