Naquela noite fria
"Se doer pode me bater"
— Alguém ai viu a Lucy e a Jô? – Kendall perguntou aos amigos um tanto receoso enquanto caminhavam pelos corredores da escola.
— Não vi não – Carlos disse enquanto não tirava os olhos do celular.
— E sua mãe como está? – Logan perguntou ao amigo.
— Se preparando para a cirurgia – Carlos sorriu fraco – vai ser daqui a dois dias.
— Força cara vai dar tudo certo – James disse segurando um dos ombros do amigo.
— E como está na sua casa James? – foi a vez de Kendall perguntar.
— Ainda na mesma – James encarou o chão – não tem como o meu pai fazer a situação ficar pior.
— E sua mãe? – Carlos se pronunciou – como ela está?
— Triste mas tenta não demonstrar – James encaro o céu quando eles passam pelo portão que dava para o campo de futebol.
Logan apenas escutava e sabia que só de poder ouvir sobre os problemas do amigo já era um progresso porém não iria abusar se metendo.
— E seu pai Logan? – Carlos perguntou.
— Bem ontem ele mandou um carro me pegar para me dar uma bronca – Logan suspirou – confesso que fiquei com medo dele querer me levar embora outra vez.
— Isso não vai acontecer – Kendall diz animado – teremos um plano dessa vez – sorriu.
— Você tem razão, mas – Logan encara a arquibancada e parou atraindo a atenção dos amigos – aquelas ali não são Lucy e Jô?
— Meu Deus! – Kendall grita e os 4 correm até o local.
— Lucy – Jô estava perplexa com a atitude da ruiva.
Lucy estava abraçando Jô em prantos, as lágrimas desciam descompensadamente e ela não conseguia se conter.
— Ele foi o primeiro pra mim – Lucy disse.
— Tudo bem – Jô viu os garotos se aproximarem e fez que não com a cabeça – só quero que a gente fique bem e que entenda o que sentimos.
Lucy enxugou as lágrimas e cessou o abraço.
— Eu sei que ele gosta de você – ela disse e encarou o outro lado do campo de futebol – cuida dele.
— Obrigada – Jô sorriu e viu Kendall se aproximar.
— Lucy – a ruiva se virou para o encarar, seus olhos estavam vermelhos e Kendall sabia que a culpa era dele – se doer pode me bater – ele a viu sorrir – me desculpe.
— Desculpe também – a ruiva disse e os dois se abraçaram, Kendall não queria perder a amiga e Lucy sabia que o que sentia por Kendall era admiração mas ainda doía já que ele era seu ideal de namorado.
Kendall encarou Jô e eles saíram de mãos dadas de lá, Lucy os observou indo embora e sorriu, sentou na arquibancada com uma face indecifrável.
— Por quê abriu mão? – James se aproximou e encarou a ruiva ainda em pé.
— Ele á ama – Lucy estava encarando o horizonte.
James sentiu algo em seu peito, estava conhecendo mais a verdadeira Lucy e estava gostando disso e ela daquele jeito tão vulnerável perto dele o fazia querer pegá-la em seus braços e cuidar dela. Ele encarou a ruiva por um bom tempo e ela nem notou e quando finalmente percebeu corou.
— Tenho que ir – ela levantou rapidamente.
— Espera – James disse segurando o braço dela a puxando contra seu corpo.
—x-
— Mãe vai dar tudo certo – Carlos dizia segurando a mão da mãe.
— Obrigada filho – ela respondeu emocionada.
— Toc Toc – Katie falou entrando no quarto, Carlos sorriu ao ver a garota ali – como está senhora Garcia?
— Bem minha linda – ela pegou as flores que Katie trouxera – são muito bonitas obrigada.
— De nada – Katie sorriu e olhou para Carlos – vim ver minha mãe e aproveitei para dar um oi.
— Eu gostei – Carlos disse com cara de bobo e quando percebeu tentou consertar – quer dizer eu gostei de ter vindo ver minha mãe.
As duas riram.
— Vamos tomar um café? – Carlos convidou a Roberts mais nova.
— Claro – ela concordou – tchau senhora Garcia.
— Tchau meu amor – a mulher disse e o filho lhe beijou a testa – divirtam-se.
— Mãe é só um café – Carlos disse envergonhado.
— É daqui a dois dias ne? – Katie pergunta enquanto eles caminham pelo corredor do Hospital.
— Sim – Carlos estava nervoso.
— Vai dar certo acredite – Katie segurou o braço dele.
— Obrigado – Carlos puxou a menina e a abraçou a surpreendendo – você é incrível.
—x-
Lucy caminhou rápido para fora do colégio, queria ir pra casa relaxar, colocou seus fones de ouvido para não pensar no que acabara de lhe acontecer.
— Me solta – uma garotinha ruiva estava chorando quando três garotos estavam a empurrando.
— Sua idiota – um deles disse rindo com os outros.
— MÃE! – ela gritou e os garotos saíram correndo.
A mãe de Lucy se aproximou e ao ver a filha lhe lançou um olhar reprovador .
— Se você se portasse como uma garota direita esses garotos não mexeriam com você! – ignorou o joelho ralado da filha e entrou em casa.
Lucy começou a chorar compulsivamente estava doendo demais o joelho, mas as palavras de sua própria mãe ecoavam em sua cabeça.
— Você está bem? – uma voz doce perguntou e Lucy encarou era um garotinho loiro.
— Não – ela se limitou a dizer.
Kendall se ajoelhou na frente dela e abriu sua mochila tirando de lá curativos e um remédio.
— Se doer pode me bater – ele disse sorrindo.
— Você sempre anda com isso na mochila? – Lucy perguntou curiosa.
— Minha mãe é enfermeira – ele riu – sempre põe isso na minha mochila, prontinho – ele termina o curativo.
— Obrigada – Lucy sorri encantada com aquele ser loiro.
— Kendall – ele estendeu a mão para ela.
— Lucy.
Lucy além de lembrar como conhecera Kendall lembrou da briga que teve com sua mãe antes do colégio ela só faltou expulsar Lucy de casa. A chamou de tudo menos de filha e Lucy ficava triste por não suprir nem as expectativas dos pais nem as dela. Foi quando suspirou e sua visão se apagou e ela não sentiu mais seu corpo.
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