My platonic love

Tommy Merlyn's pov


Pov Tommy Merlyn

Mansão Queen

Essa semana estava uma verdadeira loucura.

Os preparativos para o casamento de Thea estavam a todo vapor, eu já havia perdido a conta de quantas vezes falei com fornecedores sobre as decorações de seu dia tão especial, ela iria se casar.

Minha irmãzinha.

Irmã.

Como chamá-la assim me deixava feliz.

Descobrir sobre nosso parentesco foi um verdadeiro choque. Já éramos acostumados um com o outro, e de certa forma sempre a tratei como minha irmã caçula, e descobrir que isso havia se tornado realidade encheu meu coração, eu tinha uma família.

Oliver e Thea.

E claro, nossos amigos, eu realmente não viveria sem eles.

Oliver também era como um irmão pra mim, desde nossa infância fazíamos tudo juntos, até cursamos nossa faculdade e dividimos o mesmo dormitório. Foi lá onde conhecemos outras pessoas importantes para nossas vidas. Oliver ficou desde a primeira vez encantado pela minha adorável cunhada, Felicity Smoak. O relacionamento deles é lindo, a maneira como se completam, se apoiam ,é simplesmente encantador. Eu até os invejava um pouco, nunca vive um amor como o deles, na realidade, tive um relacionamento mais sério, com Laurel, éramos bons juntos porém acabou não dando muito certo, discutimos e para acabarmos com boas lembranças decidimos terminar. Muitos me julgavam por não ter um relacionamento duradouro, mas havia uma pessoa em especial que se me desse uma chance, sem exagero algum, eu largaria tudo, tudo por ela, essa pessoa era Caitlin Snow.

Minha melhor amiga e meu amor platônico.

Podem rir de mim.

Nos conhecemos na faculdade, a mesma compartilhava um quarto com Felicity e foi impossível não notá-la. No começo eu a cantei, óbvio, Caitlin era e continua sendo uma mulher maravilhosa, e seu fora épico até hoje nos arranca boas risadas. Acabamos nos tornando amigos, melhores amigos. Fazíamos tudo juntos, datas comemorativas ou uma simples volta na rua, nos víamos toda semana, sempre marcamos alguma coisa com ou sem nosso grupo de amigos, que se resume a Sara, Nyssa, Felicity, Oliver, Thea e Roy.

Minha família.

Eu não sabia exatamente quando comecei a nutrir esse sentimento tão forte por ela, porém quando percebi eu já estava completamente perdido.

Eu a amava.

Muito.

E jamais gostaria de perdê-la.

Não era segredo pra ninguém o que eu sentia, tanto que eu ouvia suas piadinhas e claro, os conselhos.

- ...e depois vamos jogar o arroz.- escutei ao fundo a voz de Felicity me despertando.

- Falta muita coisa?- perguntou Sara que estava sentada ao lado de Nyssa no sofá.

- Precisamos ir com Thea provar os doces, falar com alguns fornecedores, ligar confirmando a data de entrega de alguns utensílios e claro o vestido.- disse minha cunhadinha em tom animado.

- E a despedida.- falou Sara fazendo uma dancinha, Oliver contraiu o rosto.

- Como vai ser essa despedida?- perguntou Oliver falhando miseravelmente em esconder que estava enciumado, ri de sua atitude.

- Você sabe Ollie, doces, um dia relaxante.- falou Sara quando um sorriso travesso surgiu em seus lábios.- E a noite claro, vamos contratar uns strippers e tomar vodca.

- Que lindo.- as lancei um sorriso irônico.- Vamos arrumar a do noivo e vocês a da minha irmã?

- Exato Merlyn!- falou Nyssa também animada.

- Vão ter muitos strippers lá?- perguntou Oliver quando Felicity caminhou em sua direção.

- Sabe que só tenho olhos pra você.- murmurou o fazendo sorrir de canto.

- Minha glicose subiu.- dramatizei recebendo uma almofada no rosto.- Ei!

- Caitlin está atrasada.- falou Felicity me chamando atenção.

- Estou bem aqui!

Ouvir sua voz sobressaltou meu coração. A mesma carregava uma mala e trajava um vestido florido, Central City era um lugar bem mais árido comparado a Star City. As meninas se levantaram e abraçaram, uma careta desgostosa se formou em meu rosto ao escutar a pronúncia de um nome qual eu não gostava nem um pouco.

Ronnie Raymond,

O babaca em ascensão.

Mais conhecido como o namorado de Caitlin.

Eu realmente não gostava dele, nem um pouco. Sua maneira de a beijar principalmente quando eu estava com ela me fazia odiá-lo cada vez mais, era como se fosse algo proposital. Eu o respeitava , pelo bem dela. A mesma abraçou Oliver quando se afastou e me encarou, sorri de orelha a orelha e abri os braços, em um convite claro, a mesma me abraçou e seu sorriso tão vivo havia sumido quando suspirou.

Havia acontecido alguma coisa.

Ela não estava bem.

- Oi.- sussurrou.

- Oi Cat.- a chamei pelo apelido que eu mesmo havia dado. Caitlin não gostava nem um pouco, o achava “idiota”, já eu o amava, somente eu a chamava assim, ela poderia ser carinhosa e de uma hora pra outra se tornar arrisca, assim como uma gatinha.

- Eu odeio esse apelido.- revirou os olhos quando se afastou.- Muita coisa ainda?

- Muita.- suspirou Oliver.- Mas vamos conseguir.

- E a noiva?- perguntou olhando ao redor.

- Está com minha mãe arrumando mais alguns detalhes do casamento.- respondeu Oliver.- Vocês madrinhas precisam também fazer as últimas medidas.

- Olha só, ele todo preparado.- brincou Sara.

- Está se preparando pro dele e o da Lis.- provoquei os fazendo rir.

- Vai dormir aqui?- perguntou Sara para Caitlin que assentiu

- Consegui uma folga na filial da S.T.A.R Labs, essa semana é só para os noivos.- falou quando suspirou.

- Eu levo sua mala.

A mesma a entregou sem pestanejar e engatou uma conversa com o restante do pessoal. Subi as escadas e caminhei pelo enorme corredor da mansão Queen, abrindo a porta de um quarto de hóspedes próximo ao meu. Desci novamente encontrando Thea, Moira e Roy na sala, me esperando para o jantar. Nos sentamos na enorme mesa quando Thea começou a falar animadamente de seu casamento, fazendo comentários que deixaram Roy vermelho.

- Nossa Lua de Mel vai ser maravilhosa.- sorriu segurando em sua mão.

- Como vocês são fofos.- ironizei.- Me fazem até mudar de ideia sobre casamento.

- Como se isso fosse possível.- riu Caitlin.

- Estamos falando de Thomas Merlyn? O solteiro mais galinha de Star City?- perguntou Sara.

- Era galinha, eu mudei, ok?

- Os únicos relacionamentos sérios que você teve foi com Helena e minha irmã.- lembrou a loira.- Depois só ladeira abaixo meu amigo.

- Não tive muita sorte, assumo.- concordei fazendo uma careta desgostosa.

- Ou elas não tiveram.- brincou Caitlin.

- A maneira como você me apoia.- falei de forma sarcástica colocando minha mão sobre o peito.- Aquece o meu coração, Cat.

- Ela é realista.- falou Oliver, o lancei um olhar repreensivo.

- Vocês são péssimas pessoas, eu vou embora.- fingi decepção, um sorriso me escapou.

- Tommy está mudado, só não encontrou a pessoa certa.- falou Felicity piscando em minha direção, me levantei e caminhei até sua cadeira e a abracei, depositando beijos em sua testa que a ocasionaram risos.

- Eu te amo Lis.- falei enquanto a mesma ria.- Ela me apoia de verdade! Viu Speedy?

- Eu devo ter puxado o meu drama de você.- respondeu nos fazendo rir enquanto eu me sentava.

- Bom, e os planos para a semana?- perguntou Caitlin.- Estou desatualizada.

- Preciso da ajuda de vocês.- falou Thea fazendo uma expressão pidona, bufei em resposta.- Por favor...

- O que é agora?- perguntei.

- Esqueci de entregar um documento para o nosso juiz de paz, pode fazer isso pra mim?- pediu quando assenti.- Ollie vai estar falando com outros fornecedores, a montagem da pista de dança era pra ter começado hoje, mas...

- Vai chegar a tempo.- falou Roy na tentativa de acalmá-la.- Bom, vamos experimentar os docinhos, os smoking, os drinques e fechamos.

- Nada disso.- riu Sara.

- A despedida.- lembrou Nyssa.- Vamos garantir que vocês dois se divirtam.

- Não estou com um sentimento bom sobre isso.- murmurou Roy nos fazendo rir.

- Relaxa Roy, você já passou pela fase de aprovação faz tempo.- sorriu Oliver.- Não é como se fôssemos aprontar com você.

- De maneira alguma.- sorri cúmplice para Oliver.

- Eu não gostei disso.- falou Thea que nos observava.

- Relaxa maninha, vai dar tudo certo.- dei de ombros voltando a comer.

- Tente não pirar filha, casamentos são sempre emocionantes, mas acredito eu que você vai querer estar lúcida quando disser sim.- falou Moira com um pequeno sorriso.

- Vamos acalma-la.- piscou Felicity.

- Eu sei que vão.- sorriu.- Bom, vamos comer?

- Vamos.

***

Terminamos de comer com a semana praticamente planejada. Não tardamos a nos retirar, já que o dia começaria cedo. Estava em meu quarto perto da janela, retirando meu relógio quando notei a figura de uma mulher sentada no jardim, pensativa, não demorou muito para reconhecê-la. Instantemente desci com passos rápidos a escada, indo para a parte de trás da casa. A observei por um tempo admirar o céu quando me aproximei, a fazendo notar minha presença. A mesma sorriu e acenou, batendo no gramado ao seu lado, me sentei e então segui seu movimento, seu olhar estava preso nas estrelas quando balançou a cabeça, como se espantasse algum pensamento que a atormentava. Peguei suas mãos e foi inevitável não ficar um pouco irritado, as mãos de Caitlin sempre eram frias, não importava o que fizesse, esse era um dos motivos para Cisco a apelidar de “Nevasca”, além de claro, seu humor.

- É impossível que você sempre esteja fria.- murmurei, Caitlin me observou.- Deve ter alguma explicação científica pra isso, ou sei lá.

- Não estou com frio.- respondeu dando de ombros.

- Estava com saudades.- assumi quando a mesma sorriu em minha direção.- Uma semana Snow! Uma semana!

- Como você é dramático.- ironizou com humor.- Tenho certeza que deve ter saído com alguém.

- Minha irmã vai se casar, a única pessoa que eu tenho saído ultimamente é com ela e as meninas.- comentei quando a mesma me olhou descrente.- Sempre arrisca, meu apelido nunca fez tanto sentido.

- Como você é chato.- revirou os olhos.

- Eu sei que você me ama.- comentei a fazendo rir.- Como foi em Central City?

Minha pergunta pareceu a deixar incomodada. Caitlin se focou em nossas mãos, entrelaçando nossos dedos.

Alguma coisa havia acontecido.

- Eu não quero falar de Central City.- murmurou em tom baixo.

- Quer ir comigo entregar o documento de Thea?- perguntei, seria bom a distrair.- Assim conversamos, e você lembra que tem um melhor amigo.

- Como você é carente Tommy!- falou segurando o riso.- Mas eu vou, para compensar a minha ausência.

- Bom.- sorri quando voltei a olhar para o céu.- Está bonito hoje.

- Tem umas constelações.- falou se sentando mais ao meu lado, passei meu braço ao seu redor a deixando com as costas apoiadas em meu peito.- As três marias.- apontou.- E o Cruzeiro.

- Já imaginou como esses caras viam as estrelas?- perguntei realmente confuso.- Assim, bem antigamente, muito antigamente, quando não se sabia de nada e eles apenas viam desenhos nos céus e os apelidavam. Eles deviam usar muita planta.

Meu comentário a fez gargalhar, acabei cedendo e a acompanhei. Caitlin balançou a cabeça em tom negativo e então me encarou.

- As vezes eu me pergunto como deve funcionar sua linha de raciocínio.- falou divertida.

- Você é a cientista aqui, mas convenhamos, é claro que eles usavam alguma coisa.

- Eles deviam usar sim.- concordou quando sorri vitorioso.- Que horas saímos amanhã?

- Umas 09:00 horas. Quer dormir?

- Sim.- respondeu se levantando, a segui.- O dia amanhã promete ser emocionante.

- Um tempo comigo sempre é de tirar o fôlego.- sorri galanteador quando a mesma revirou os olhos.

- Boa noite Tommy.

- Boa noite Cat.

***

O barulho estridente do despertador foi o primeiro som qual ouvi quando acordei. Observei a claridade entrar de uma forma tímida em meu quarto, lutando para ultrapassar as frestas da cortina. Me levantei e então a abri, notando que havia um dia nublado lá fora.

E incrivelmente quente.

O céu ficaria mais lindo até o casamento de Thea, algo que a deixou despreocupada, sorri com seu entusiasmo, ela e Roy mereciam muito. Eu e Oliver estávamos tentando fazer o possível e o impossível para a deixar feliz, ri de meu amigo/irmão quando a mesma pediu nossa companhia enquanto provava o vestido, o que nos deixou totalmente impacientes, foram horas e horas a vendo levar agulhadas em frente ao espelho, que deixou de ser engraçado quando a mesma nos fez ficar em pé ao seu lado provando os ternos.

Uma verdadeira tortura.

Minha cintura ainda sente aqueles pontos.

Tomei um banho rápido enquanto me arrumava, borrifando meu perfume. Saí do quarto e caminhei para o quarto de Caitlin, que já estava vazio, ao que parecia alguém já havia acordado. Oliver me encontrou saindo, arqueando as sobrancelhas quando revirei os olhos em resposta.

- Indo dar bom dia na cama, tão apaixonado.- provocou enquanto descíamos as escadas.

- Acordou com humor Ollie.- falei em tom sarcástico.

- Uma vingança por suas brincadeirinhas.- bateu em meu ombro.

- Você não tem nada pra fazer não? Na QC talvez?- sugeri.

- Nada muito importante, e a Verdant? Está lidando bem com a ausência de Thea?

A Verdant era um clube noturno meu e de Thea, qual liderávamos sem muitos problemas. Decidi abrir meu próprio negócio quando em uma briga com o meu pai o mesmo me expulsou, cortando qualquer tipo de ligação nossa, seja emocional ou financeira, e por incrível que pareça, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. A ideia da Verdant surgiu em uma conversa com Oliver e Thea, qual me apoiaram imediatamente. Minha irmã havia virado sócia e Oliver nos ajudava um pouco, porém seu trabalho ajudando Moira com a QC não o deixava com muito tempo livre. Nossa boate havia começado pequena, e agora tínhamos linhas em Central City e Coast City, nosso planejamento era a expandir mais.

- Rene está cuidando das coisas.- respondi.- E a Lis?

- Saiu cedo, Alena está tomando conta da Smoak Tech, porém havia uma reunião inadiável.- suspirou.- Está perto dela lançar o projeto.

- E mudar o mundo.- falei quando o mesmo sorriu orgulhoso.- Como a conseguiu?

- Eu sinceramente não sei.- respondeu rindo.- Mas que eu tive sorte eu tive.

Seguimos então até a área do jardim, onde ocorria o café. Acenei para Sara e Nyssa que retribuíram quando me sentei ao lado de Caitlin e a dei um beijo na bochecha.

- Bom dia.- respondeu.

- Bom dia.- sorri, mostrei discretamente o dedo para Nyssa que fazia um coração em nossa direção.- Acordou de bom humor Nyssa, noite boa?

- Não desvie do assunto.- rebateu.- Mas sim, toda noite com Sara Lance é maravilhosa.

- Uma declaração logo de manhã, que lindo.- brinquei enquanto batíamos palmas.- Vocês são a minha inspiração de casal.

- Uma honra.- brincou Sara tomando um gole de café.- Thea, Moira e Roy saíram cedo.

- Ele deve estar querendo agradar a sogra.- falou Oliver divertido enquanto comia uma torrada.- Todo apoio é positivo.

- Harper espertinho.- comentou Caitlin.- Que horas vamos?

- Depois de tomar café.- respondi.

Conversamos mais um pouco quando eu e Caitlin nos retiramos. A entreguei o documento qual o colocou em sua bolsa e seguimos para o meu amado carro, é simplesmente maravilhoso dirigi-lo. Partimos em silêncio quando a mesma ligou o rádio, escapando um sorriso pela banda que tocava.

The Neighbourhood.

Nossa banda favorita.

Sempre que estávamos juntos alguma música deles tocava, em nossos tempos de faculdade eram as mais tocadas em nossos dormitórios, eu até decorei as letras!

- Sweater Weather?- perguntei quando a mesma assentiu.- Eu começo e você segue.

- Certo.

-“ All I am is a man

I want the world in my hands

I hate the beach

But I stand in California with my toes in the sand.”

- “ Use the sleeves of my sweater

Let's have an adventure

Head in the clouds but my gravity's centered

Touch my neck and I'll touch yours

You in those little high waisted shorts, oh!

“- She knows what I think about

And what I think about

One love, two mouths

One love, one house.”

Essa parte da música era a que sempre me fazia dar gargalhadas por pena de mim mesmo. Eu não sabia exatamente o motivo dessa música em especial ter se tornado uma de nossas favoritas, se não a favorita, mas sua mensagem subliminar tinha tanto a dizer, e eu não falo da parte sexual, mas sim do que aquele homem queria, no que ele pensava.

Um amor, duas bocas.

Um amor, uma casa.

Ao menos a mulher para quem ele cantava sabia de seus sentimentos, a minha não tinha ideia.

- “ Cause it's too cold

For you here and now

So let me hold

Both your hands in the holes of my sweater”- cantamos juntos quando começamos a rir.

- Hollywood nos perde.- brincou Caitlin.

- Seus musicais não chegam aos pés desse dueto aqui.- apontei para nós dois, também sorrindo.- Devíamos tentar a sorte.

- Ir para Nova York e fazer nosso dueto na rua? Com sorte de algum olheiro passar e nos tornar a próxima sensação?- perguntou quando assenti.- Tão clichê.

- Qual é Cat! Tem que acreditar.- brinquei.- Faríamos uma dupla e tanto.

- Isso eu tenho que concordar.- sorriu voltando seu olhar para a janela.- Estamos perto.

- Já vou estacionar.

Saímos do carro e de forma inconsciente Caitlin segurou em minha mão. O prédio não era muito grande, porém assim que entramos vimos diversos casais conversando com funcionários.

Muita gente queria se casar.

Falamos com uma mulher que nos direcionou até a sala do juiz de paz. Um homem alto e de pele escura estava concentrado em seu computador quando batemos na porta, o mesmo sorriu e fez sinal para que nos acomodássemos.

- Sua irmã esqueceu o que dessa vez?- perguntou nos fazendo rir, Diggle já estava acostumado em nos ver aqui, sempre trazendo algo de última hora.- Eles estão animados?

— Animados é pouco.- sorriu Caitlin.- Estão uma pilha de nervos.

- É normal, casamento é algo maravilhoso, porém trabalhoso.- comentou quando assentimos.- Pensam em se casar um dia?

Sua pergunta me deixou sem graça, Diggle e Oliver eram amigos, grandes amigos, claro que já havia o escutado me provocar.

- Não sei.- falou Caitlin me surpreendendo.- O amor é complicado, algumas vezes destroem a gente.

- Na realidade algumas pessoas não sabem amar.- contestou.- Confundem seus sentimentos, os tornando em um emaranhado nó. Paixão, desejo, obsessão, tudo juntos.- falou enquanto fazia gestos com as mãos.- Já casei centenas de casais, e já presenciei dezenas de divórcios, muitas vezes as pessoas perdem quem amam exatamente por isso, por não saberem amar, ou o mais comum dos casos, confundirem o que é de fato amor, e o que é atração ou comodismo , às vezes estamos com alguma pessoa quando na realidade amamos outra.

Seu discurso me deixou reflexivo. Diggle era um homem muito bem estudado, entendia bastante desse sentimento.

Não estava entendendo esse seu discurso para a gente.

- É assim que você convence as pessoas a se casarem?- perguntou nos fazendo soltar um riso baixo.

- Geralmente.- sorriu quando pegou o documento.- Eu adoraria continuar nossa conversa, mas tenho outros casais para atender.

- Claro.- sorri enquanto nos levantávamos.- Até sábado Dig.

- Até sábado, e diga para Roy e Thea se acalmarem, tudo vai dar certo.

Saímos e então caminhamos até o lado de fora, o céu continuava nublado mas seu mormaço fazia qualquer um entrar em uma praia agora.

- Eu quero um sorvete.- falou me puxando até a lojinha.- Bom dia moça, eu quero dois sorvetes de casquinha.

- De quais sabores?

- Flocos e chocolate, e creme e chocolate.- completei a vendo sorrir.

Nos sentamos em uma pracinha onde havíamos deixado o carro estacionado. Caitlin pegou seu celular nos fazendo tirar uma selfie, para logo em seguida guarda-lo. Estava super concentrada em seu sorvete quando pegou um pouco do meu creme, me lançando um sorriso travesso.

- Você sempre faz isso.- falei enquanto pegava um pouco de seu flocos.

- E é por isso que você tem que pedir, assim eu provo o seu e você prova o meu.- explicou sua lógica, assenti divertido.

- Seria mais legal se...- melei seu nariz com creme.- Você o provasse direito.

- Thomas Merlyn! Seu grande filho da...

- Olha a boca.- falei a melando mais uma vez, comecei a rir, fui interrompido quando ela quase enfiou com casquinha e todo seu sorvete em minha boca.- Caitlin!

- Haha.- riu quando a sujei mais uma vez.- Tá legal, chega.- falou risonha enquanto se limpava, fiz o mesmo.

- Me deixou mais doce que o normal.- comentei piscando em sua direção, a vi revirou os olhos.

- Quanta autoestima Merlyn.

- O que eu posso fazer?- dei de ombros, meu telefone tocou quando suspirei.- Alô?

Caitlin terminava de se limpar quando eu encerrei a ligação, ao que parecia, havia ocorrido um problema com o nosso lote de bebidas, eu precisava ir à boate.

- Problemas?

- Preciso ir a Verdant.- suspirei pesadamente.- Rene me ligou, houve um problema em relação às bebidas, preciso resolver.

- O que está esperando?- perguntou se levantando.

- Vou te deixar em casa.- falei quando a mesma negou.- Caitlin...

- Isso é mais importante Tommy, eu me viro.- falou quando assenti.

- Você está sem carro.- a lembrei de sua vinda comigo.

- Eu peço um Uber.- respondeu dando de ombros.- Agora vai lá e aja como o chefe chato que eu sei que você é.

- Obrigado Cat.- fiz reverência de forma irônica quando a abracei rapidamente.- Me mande mensagem quando chegar.

- O mesmo.

*****

De uma forma pacífica nosso problema foi resolvido, ao que parecia, a empresa havia duplicado nosso pedido, dando um valor acima do esperado. Eu e Rene conversamos por horas até que os mesmos encontraram a falha e se desculparam Acabei por passar a tarde por aqui, almocei rapidamente e então resolvi ver o movimento. Já deviam ser umas 21:00 horas, o som da pista ficava abafado pela porta de meu escritório no terceiro andar. Terminava de checar as próximas entregas quando escutei alguém bater em minha porta, me levantei e me deparei com Rene, em uma feição preocupada.

- Não gostei dessa cara.- falei arqueando as sobrancelhas.- O que aconteceu? Não me diga que algum idiota...

- A boate está bem Tommy.- me interrompeu.- Mas acho que sua amiga não está.- comentou me deixando confuso.

- Que amiga?

- Aquela que sempre vem aqui com as meninas, que você chama de Cat.- respondeu, senti meu corpo gelar.

- Ela está aqui?- perguntei preocupado.

- Sim e já bebeu todas, ela está sozinha e bom, pode ser perigoso.- informou me fazendo assentir.

- Pode ficar com ela enquanto eu fecho as coisas aqui?- pedi ganhando um aceno positivo.- Obrigado Rene.

Desliguei o computador e em uma velocidade absurda, recolhendo meus objetos e sai, tratando de trancar a porta. Desci com passos apressados quando a avistei de longe, rindo enquanto virava mais uma dose. Rene tentou impedi-la, porém foi em vão. Sua expressão de alívio ao me ver teria sido hilária se eu não estivesse tão preocupado, agradeci mais uma vez quando o mesmo sorriu e se afastou, respirei fundo quando me aproximei.

Caitlin trajava um vestido preto sensual, seus cabelos diferentes de manhã continham pequenos cachos nas pontas, seus lábios estavam marcados por um batom vinho que deixariam qualquer um hipnotizado. A mesma sorriu animada ao me ver e me abraçou, emanando um cheiro de vodca.

- Tommy!- comemorou se afastando.- Eu pensei em te chamar, mas você deveria estar tão ocupado.

- O quanto você bebeu?- perguntei.

- O quanto eu o quê?- elevou a voz por conta da música.- Eu não te escutei, quer uma bebida?- perguntou pedindo duas doses para o barman, peguei sua mão a fazendo me encarar.- O quê?

- Não acha que está bom?- perguntei quando a mesma negou.- Você está bêbada.

- Não estou não.- rebateu sorrindo quando começou a dançar.- Estou ótima tá vendo?- perguntou quase caindo, a segurei rapidamente.- Ops.- riu como se fosse uma piada.- Acho que estou um pouquinho bêbada.

- Um pouquinho?- perguntei em tom irônico.- Sério?

- Você parece puto.- falou quando segurou meu rosto com ambas as mãos.- Por que não bebe comigo? Assim esquecemos do que nos perturba.

- Caitlin.- falei com toda paciência do mundo.- Você veio sozinha?

- Sim.- deu de ombros quando nossas doses chegaram.- Eba!- comemorou como uma criança.- Você quer?- neguei.- Mais pra mim então.

Sua tentativa de virar as duas doses de uma vez a fez se desequilibrar, esbarrando em uma homem que derrubou seu drink.

- Olha por onde anda garota.- respondeu irritado enquanto se limpava.

- Olha você.- rebateu quando o mesmo deu um passo em sua direção.- Vai fazer o quê?

- Sua...

- Pensa no que você vai dizer.- interrompi a trazendo para perto de mim, encarei o homem friamente quando o mesmo em uma feição assustada me reconheceu.- Sai daqui.- ameacei trincando os dentes, o assisti sair rapidamente.- E você.- apontei para Caitlin que observava a cena ao meu lado.- Casa.

- Eu não vou.- bateu o pé.- Eu não quero.

- Você não está para negociações essa noite.- falei quando a mesma bufou.- Caitlin...

- Eu não quero.- rebateu.- Ficar em casa lembrando daquele idiota, idiota sou eu na verdade.- riu sarcástica quando limpou suas lágrimas rapidamente.- Eu não vou.

- Você vai.

- Não.- cruzou os braços.

- Se não vai por bem vai por mau.

Em um movimento rápido, a peguei no colo e atravessei a pista de dança, enquanto a mesma se debatia. Rene nos alcançou e entregou a bolsa de Caitlin, que estava com a chave do carro. A mesma ficou extremamente brava enquanto caminhávamos até o estacionamento, a coloquei acomodada no banco do passageiro quando contornei o carro e o liguei. Sua expressão carrancuda mudou para uma qual eu não decifrei muito bem, que foi logo respondida por sua ânsia de vômito que sujou o tapete.

Nota mental, mandar o carro para lavar no dia seguinte.

Caitlin ficou extremamente quieta enquanto seguíamos para a mansão Queen, tanto que em um momento achei que estivesse dormindo. Estacionei seu carro em minha vaga e então a ajudei descer, suas pernas não estavam a ajudando caminhar muito bem, tanto que tropeçou umas cinco vezes no gramado, me fazendo segurar o riso.

Eu iria a infernizar tanto pela manhã.

Com dificuldade, subimos a escada, já que a mesma garantiu que conseguiria subir sozinha. Seguíamos para seu quarto quando de repente o percurso foi mudado, Caitlin entrou no meu quarto e foi diretamente ao banheiro, segurei seus cabelos enquanto a mesma vomitava horrores. Se afastou um pouco suada e me lançou sorriu cansado, sussurrando um obrigada, qual pisquei em sua direção. Sua expressão de paz não durou mais que meio segundo quando infelizmente a senti vomitar em meu pé.

Ótimo.

Maravilha.

Coloquei o calçado segurando a respiração na pia e a ajudei a se levantar, liguei o chuveiro no gelado a deixando em baixo, escutando suas reclamações.

- Está muito frio.- choramingou de olhos fechados.

- Vai te deixar melhor.- respondi quando a mesma me abraçou, acabei por me molhar também.- Está tudo bem Cat.

- Não está não.- negou, começando a soluçar.

- Eu estou aqui com você.- garanti, a abracei mais forte enquanto retirava seus cabelos de sua nuca.- Está tudo bem agora.

- Você é a melhor pessoa que alguém poderia ter.- murmurou aconchegando-se mais em mim.- Eu te amo.

- Eu também te amo Cat.- ri quando a mesma se afastou para me encarar.- Precisa terminar seu banho.

- Verdade.- suas mãos foram as costas, abrindo o zíper com facilidade, fazendo seu vestido cair no chão.

Engoli em seco com a visão, a peça preta que Caitlin usava realçava tanto em sua pele branca, dei dois passos para trás quando a mesma se aproximou, me lançando um olhar divertido.

- Eu... Vou chamar alguém.

Nem liguei que minhas vestes estivessem molhadas, eu apenas precisava sair dali. Sua visão me atormentaria por dias,e sua presença me deixou aéreo, tanto que nem notei que havia batido no quarto de Thea. A mesma arqueou as sobrancelhas ao ver que eu estava molhado, suspirei e a lancei um olhar desesperado.

- Preciso de ajuda.

Thea ajudou no banho de Caitlin sem pestanejar, enquanto isso eu me troquei, colocando uma camisa e uma calça de moletom. A vi sair e suspirar, também um pouco molhada.

- É pra vocês fazerem isso na minha despedida.- comentou, soltamos um riso baixo.- Ela não nos falou que ia pra Verdant.

- Imaginei.- assenti enquanto olhava a porta do banheiro fechada.- Aconteceu alguma coisa.

- Ela e Ronnie terminaram, nos contou hoje à tarde.- falou em tom baixo.- Mas não revelou o motivo.

- Isso explica muita coisa.- murmurei pensativo.- O que será que aquele idiota fez?

- Me conta, ela geralmente conta as coisas pra você primeiro.- falou deixando claro seus ciúmes, soltei um sorriso de canto.- Eu vou sair, ela está em boas mãos.- sorriu quando me deu um beijo na bochecha.- Boa noite Tommy.

- Boa noite Speedy.

Thea fechou a porta e eu caminhei até o guarda-roupa. Peguei alguns travesseiros e os arrumei na cama, enquanto fiz uma cama improvisada no sofá, eu acordaria dolorido amanhã. Caitlin saiu do banheiro um pouco vermelha, uma ruga surgiu entre suas sobrancelhas quando suspirei, a chamando atenção. Indiquei que se deita-se e a mesma me ouviu, se sentou na beirada da cama e olhou os pés, como se pensasse em alguma coisa.

- Me desculpe.- murmurou, a olhei confuso.

- Tá tudo bem.- sorri me sentando ao seu lado, Caitlin deitou a cabeça em meu ombro e soltou um suspiro pesado.

- Sua roupa é cheirosa.- murmurou, soltei um riso baixo.

- Eu vou te infernizar tanto amanhã.- falei divertido quando a mesma fez uma cara feia pra mim.

- Eu quase não fico bêbada.- se defendeu.

- Então assume que está bêbada?- contrapus a vendo ficar com a boca entreaberta.

- Tá, você me pegou.- assumiu quando soltei um riso.- Você é chato.

- Já fui chamado de coisas piores.- dei de ombros.

- Imagino.- riu travessa, bocejou.

- Acho melhor você dormir pestinha, aprontou tudo por uma noite.- comentei quando a mesma assentiu sem graça, se deitou confortavelmente na cama, me vendo ficar de pé.

- Onde você vai?.

- Dormir?- falei confuso.- Eu fico com o sofá, se você passar mal eu estou para te ajudar.

- Deita aqui, a cama é grande.- falou quando a olhei incerto.- Por favorzinho Tommy...

Seu sorriso vitorioso acabou me contagiando. Me deitei um pouco desconfortável a uma boa distância de onde a mesma estava, virando para a observar. Seu olhar chocolate parecia que havia me cativado, tanto que nem a vi estender sua mão até meu rosto, e acariciar minha barba. Fechei os olhos e suspirei com o seu toque, a sentindo se aproximar, me abraçando e aconchegando-se em meu peito, acabei por abraçá-la também. Caitlin suspirou e então fechou os olhos quando a dei um beijo na testa.

- Boa noite Tommy.

- Boa noite Cat.

***

A primeira coisa qual fiz pela manhã foi deixar um comprimido e um copo d’água água ao lado da minha cabeceira. Caitlin iria precisar quando acordasse. A mesma se encontrava serena quando sai, dormindo confortavelmente em minha cama. Acordar abraçado com ela havia sido maravilhoso, mas não me fez esquecer sobre o acontecido de ontem.

Nós iríamos conversar.

Deixei meus sapatos lavando quando tomei meu café da manhã, qual todos me observavam, perguntando preocupados sobre Caitlin. Thea os acalmou, falando que a amiga estava bem, apenas havia bebido demais, me fazendo agradecê-la em um olhar quando a mesma piscou em minha direção. Logo mandei o carro de Caitlin para o lava-rápido e passei na Verdant, buscando o meu próprio que havia sido deixado no estacionamento. Conversei rapidamente com Rene e retornei. A avistei sozinha no jardim tomando café, em um tom pensativo. Me aproximei quando puxei uma cadeira, a chamando atenção, Caitlin me olhou tímida e então suspirou, fechando os olhos ao sentir a fumaça quente que emergia de seu café. A esperei pacientemente, a dando algumas coisas para comer, mesmo que não quisesse. Assim que terminou peguei em sua mão, a deixando confusa.

- Precisamos conversar.

Caitlin assentiu e então me seguiu, caminhamos em silêncio até a área da piscina quando nos sentamos na ponta de uma das espreguiçadeiras. Seu olhar caia na água da piscina, suspirando, tomando coragem para me encarar.

Ela estava adiando.

Era mais sério do que eu imaginava.

- O que eu fiz exatamente?- perguntou ainda sem me olhar.

- Qual parte você quer? A que você vomita nos meus sapatos ou a que você quase brigou com um cara?- perguntei com humor quando a mesma me olhou com um olhar exasperado.

- Merda.- murmurou levando as mãos aos olhos, como uma criança que se escondia.- Eu paguei muito mico.

- O que você se lembra?

- Eu conversei com as meninas e então tive a brilhante ideia de ir te ver.- falou irritada.- Cheguei e senti uma atração enorme por aquele balcão, era como se as bebidas me seduzissem.- falou suspirando.- Quando dei por mim já havia participado de um vira vira e dançava com estranhos.

Foi inevitável não rir de sua descrição, a mesma me acompanhou, se sentindo mais confortável, sua postura rígida e defensiva ruía aos poucos.

- Fiquei preocupado.- comentei.- Já bebemos juntos, mas você nunca faz isso sozinha, e ia dirigir ainda.- a repreendi.- Eu me tornei o responsável ontem.

- Que mundo vivemos.- falou com graça, semicerrei os olhos em sua direção.

- Isso que eu ganho por segurar seus cabelos enquanto vomitava.- reclamei.- Ainda te coloquei no chuveiro.

- Você me deu banho?- praticamente berrou em meu ouvido.

- Em partes.- me defendi.- Quando você começou a tirar a roupa eu corri, e olha que eu faço o oposto quando uma mulher tira a roupa pra mim.- a provoquei levando um tapa no ombro.- Aí Snow!

- Eu tirei a roupa?- perguntou agarrando meus braços.- Você viu alguma coisa?

- Só sua lingerie, bem bonita, aliás, te dá um ar sensual.- falei a deixando vermelha.

- Eu quero morrer.- pediu enquanto escondia o rosto, ri de sua atitude.

- Foi bem rápido, eu meio que virei um velocista e sai correndo.- expliquei na tentativa de acalmá-la.- Thea te deu banho e te vestiu.- comentei quando a vi respirar.- Agora podemos conversar sério?

Meu tom agora não continha brincadeiras, a olhei em espera quando a vi assentir e então pegar minha mãos, fazendo círculos invisíveis.

- Eu terminei com Ronnie.- me deu a informação qual Thea havia me passado, assenti, a mesma voltou a ficar em silêncio.

- Thea me falou.- comentei.- O que ele fez?- perguntei sem esconder minha hostilidade.

- Você nunca gostou dele, não é?- perguntou me encarando, um sorriso sem humor se formou em seu rosto.- Estava certo.

- O que ele fez?- perguntei agora mais preocupado, levantei seu rosto segurando a ponta de seu queixo.- O que aconteceu Cat?

Caitlin olhou para baixo e então suspirou, retirou minha mão de seu rosto e a segurou, tomando tempo para prosseguir. Analisei sua postura ficar mais rígida, os traços de seu rosto se tornaram duros e sua boca parecia não ter forças para falar. Mais decida, levantou o olhar e limpou a água acumulada no canto de seu olho direito, o que não impediu de surgir outra logo em seguida.

- Eu fui a Central City por negócios, Dr Wells queria minha ajuda com alguns cálculos, além de me parabenizar por meu trabalho aqui na filial. Estava tudo perfeito, eu estava bem com Ronnie até que...- se interrompeu, apertei sua mão a passando força.- Ronnie havia andado estranho a semana inteira, sempre encontrando desculpas para resolver alguma coisa, foi então que em uma dessas suas escapadas eu o segui.- seu tom se tornou mais sombrio assim como seu semblante. Por sua descrição, uma parte de mim já sabia o que ela iria dizer, o que me deixou extremamente puto, como aquele imbecil pode fazer isso?

- Caitlin... Não precisa continuar.- murmurei quando a mesma negou.

- Eu quero, eu preciso.- suspirou e então retomou.- Eu o segui e então uma mulher entrou em seu carro, as imagens a seguir embrulham o meu estômago.- falou fazendo uma careta desgostosa.- Ronnie me traiu Tommy, e eu o peguei transando com aquela mulher no carro!- falou rindo de forma sarcástica.- Ele me avistou e ficou desesperado, eu nem sei bem o que fiz, quando dei por mim já havia pegado minhas coisas e convencido Dr Wells a me dar esses pouquinhos dias de folga, e o restante você já sabe.- deu de ombros.- Eu bebi e paguei o maior vexame porque queria esquecer, esquecer que eu havia sido apunhalada, que eu havia sido insuficiente.- soluçou.- O que eu fiz de errado?

A puxei para perto de mim e a abracei, seu choro havia voltado com mais força, tanto que molhava a gola de minha camiseta onde sua cabeça estava apoiada. Nos aconchegamos enquanto eu a balançava, tentando acalmá-la, logo seu choro se silenciou, nos deixando em silêncio, algum tempo se passou quando a senti acariciar minha barba, me fazendo fechar os olhos brevemente.

- Eu gosto da sua barba assim.- murmurou ainda encostada em mim.

- Vou a deixar assim então.- respondi a fazendo sorrir de canto.- Não foi sua culpa ele ter feito a escolha errada, Ronnie é um grande babaca.

- Você tentou me avisar.- suspirou.- Deve estar feliz.

- Claro que não.- rebati.- Jamais ficaria feliz por algo que te machuque.- murmurei.- Não sinta vergonha pelo o que aconteceu Caitlin, se alguém devia sentir isso é aquele ser, que a propósito, é uma ofensa pra nossa espécie humana.- a escutei rir de meu comentário.- Você é maravilhosa, não tenha dúvida de quem perdeu nesse término. Spoiler? Ele.

Caitlin assentiu em silêncio e se afastou minimamente para me encarar, senti que a mesma queria falar alguma coisa quando se repreendeu, balançando a cabeça como se espantasse algum pensamento.

— Obrigada.- me lançou um olhar carinhoso, se fixando em meus olhos.

— Sabe que nunca precisa me agradecer.- segurei em sua mão, uma brisa leve soprava pelo jardim.- Não sabe? — Sei.

O barulho da água que jorrava da cascata da piscina ecoou pelo local. Partilhamos um sorriso, desfrutando da companhia um do outro. Analisei cada detalhe daquele rosto que havia se tornado com o passar dos anos tão importante para mim.

Como alguém podia machucá-la?



- Thea.- murmurou como se despertasse, acordei também.- Ela queria provar os docinhos hoje.

- Vamos ajudar aquela pestinha.- falei quando me levantei, Caitlin me seguiu.

Demos a volta no jardim e entramos pela porta dos fundos, que dava em um corredor direto para a cozinha, que para a nossa surpresa estava cheia. Caixas e mais caixas brancas faziam uma pilha enquanto os mesmos degustavam dos docinhos, balancei a cabeça descrente quando os vi.

- E nem me convidaram.- dramatizei.- E ainda falam que são meus amigos.

- Tommy?- chamou Sara.- Cala a boca e come.- respondeu nos fazendo rir, dei de ombros.

- E ainda sou maltratado.- suspirei enquanto desembrulhava uma das trufas, senti três olhares curiosos em mim.

- Vamos provar os smoking hoje a tarde.- avisou Olivier quando assenti.- Ajudar o futuro membro da família.- deu dois tapinhas no ombro de Roy que sorriu.

- Ela pode ser minha irmã, mas um aviso.- me curvei para a cadeira onde o mesmo estava sentado.- Thea é teimosa, e pode ser uma grande pes...

- Uma grande o quê?- perguntou logo atrás de mim, virei em sua direção com um sorriso amarelo.

- Uma grande pessoa.- me corrigi, Felicity segurou o riso.- Eu ia dizer pessoa, não pestinha.

- Uhum.- assentiu desconfiada quando a peguei no colo.- Tommy!

- Tão pequena.- ironizei enquanto bagunçava aos protestos seu cabelo.

- Eu vou te morder.- ameaçou quando a soltei.- Obrigada.

- Esse é uma delícia.- falou Caitlin que comia um com amêndoas.- Vai ter na festa, né?

- Vai.- sorriu Thea se sentando ao seu lado.

- Já que estamos na vibe casamento... Quando vai pedir a mão da Nyssa?- perguntou Caitlin piscando para as meninas enquanto Sara engasgava.

- Essa tem medo.- brincou Oliver que a entregava um copo d’água.

- Pedir ela em casamento?- repetiu agora mais recomposta.

- É.- concordei animado.- Sabe, casamento. Véu, vestido, bolo, noite de...

- Isso é depois Tommy.- me corrigiu Felicity.- Mas seria legal, você já estava com a ideia de pedir ela mesmo.

- Sim, eu venho pensando.- murmurou.- Mas quero fazer um pedido mais a nossa cara, escalando uma montanha talvez.

- Gosto da ideia.- concordou Oliver.

- Vocês gostam porque amam fazer trilhas.- falou Felicity.- Eu ficaria acabada.

- Antes ou depois do pedido?- provocou Caitlin nos fazendo rir, Felicity se encontrava vermelha quando Oliver a deu um beijo rápido, sorri diante das cenas dos dois.

- Eu não quero mais não.- falou Caitlin ao meu lado.- Estão todos perfeitos Thea, confio no seu gosto.

- Já?- perguntou quando a observei, meu sorriso a fez ficar na defensiva, já sabendo o que estava por vir.- A bebida ainda está fazendo efeito? Já sei! Ainda está bêbada?

A mesma retribuiu meu olhar em tom de desafio. Cruzei os braços e suspirou, revirou os olhos, me mostrando o dedo do meio.

- Eu te odeio.

- Também te amo Cat.- pisquei em sua direção, notei que estavam nos observando.- Que horas vamos testar os smokings?

- Podem ir.- falou Thea quando seu olhar caiu em Roy.- Só não garanto que tenham mais docinhos quando voltarem.

Roy riu de seu comentário e a beijou brevemente, eu e Oliver sorrimos um para o outro , colocamos nossas mãos em lados opostos dos ombros de Roy e nos viramos para Thea.

- Vamos demorar um pouquinho.- avisou Oliver que piscou em minha direção.- Temos que ter uma conversa séria com o Harper aqui.- provocou, Thea semicerrou os olhos em nossas direções.

- Eu te amo amor, nunca esqueça disso.- dramatizou Roy entrando no clima.

- Até mais Speedy.

***

Roy se olhava com satisfação diante do espelho, ajustando o blazer. Eu e Oliver estávamos ao seu lado, também nos observando. Arrumei minha gravata borboleta quando me virei para Oliver que também já estava pronto, ao que parecia tudo estava certo.

- Eu nem acredito.- murmurou Roy.

- Vai se casar meu amigo.- sorriu Oliver, Roy o lançou um olhar entusiasmado.

- Qual é a sensação?- perguntei realmente curioso.

- Medo, receio, mas ao mesmo tempo uma alegria enorme e nervosismo.- respondeu sorrindo.

- Espero sentir isso um dia também.- murmurei com um sorriso triste quando os mesmos arquearam as sobrancelhas em minha direção.- O quê?

- Você já tem, só não luta por ela.- falou Oliver, o encarei incrédulo.

- O jeito que vocês se olham, todo mundo vê que existe uma tensão.- continuou Roy.- E não é só da sua parte.

- Vocês são loucos.- retruquei.- Caitlin não sente nada por mim.

- E como você tem certeza disso?

A pergunta me calou, me fazendo refletir. A única coisa qual eu via da parte de Caitlin sobre mim era carinho, respeito, claro que haviam momentos em que parecia que éramos algo mais, mas no mesmo lampejo as coisas voltavam a ser claras como antes, não respondi a pergunta feita por Oliver. Ambos também não me encheram, voltando a conversar sobre o casamento. Combinamos de parar em um restaurante para conversar um pouco, e olhando para o copo de chopp na minha mão, notei que pela primeira vez eu havia enxergado alguma possibilidade entre mim e Caitlin, fiz uma nota mental,

Ela sentia alguma coisa por mim?

*Ainda em branco

Eu sentia algo por ela?

*sim

Contaria?

*ainda em branco

Suspirei frustrado diante de minha resposta, se eu não contasse eu não saberia sua resposta.

Eu queria saber sua resposta?

*ainda em branco

Levei o copo a minha boca e senti o líquido descer, eu estava tão ferrado.

Como caí nessa situação?

*ainda em branco

***

Retornamos algumas horas depois já ao entardecer, o céu continha tons de azul escuro e um violeta no horizonte, Thea estava certa, haveria um verdadeiro espetáculo em seu casamento. Os fiz parar rapidamente em uma lojinha para comprar um Iogurte natural para Caitlin, pelo o que eu me lembre ajudava um pouco o corpo com os nutrientes, o que ela estava precisando depois da última noite. A casa estava silenciosa, nos dirigimos a sala quando escutamos murmúrios animados do lado de fora. Moira estava sentada em uma espreguiçadeira usando um chapéu branco e óculos escuros, Walter estava ao seu lado, esqueci de mencionar, Walter Steele era o marido de Moira, um homem bom, fato inegável, sempre esteve presente nos momentos bons e ruins, um verdadeiro cavalheiro. Sara e Nyssa estavam na cadeira à frente, conversando com eles, já Felicity e Caitlin estavam sentadas na borda da piscina, apenas molhando os pés. Os cumprimentei e dei um beijo rápido na bochecha de Thea, sorrindo em sua direção.

- Todo seu.- falei fazendo Roy rir.

- Vão se trocar.- pediu quando assentimos.

Subi as escadas rapidamente e coloquei um short de moletom azul e uma camisa preta. Logo retornei tratando de pegar na geladeira o Iogurte e segui para a área livre. Oliver já havia retornado e conversava com Felicity em um ponto mais afastado, agradeci mentalmente por isso, já que Caitlin se encontrava no mesmo lugar, sozinha, brincando com a água em seus pés. Me sentei ao seu lado, pegando o iogurte, a chamando atenção, Caitlin na mesma hora sorriu e o abriu, tomando um enorme gole de uma vez só.

- Uau.- murmurei surpreso.- Deveria ter pegado mais um.

- Esse está bom, não comi muita coisa agora à tarde.- comentou quando a lancei um olhar repreensivo.- Eu estava enjoada!- se defendeu.

- Você vai jantar.- afirmei.- Pelo menos isso.

- Tá.- concordou contrariada, um sorriso surgiu em seus lábios.- Trocamos de papéis esses dois dias.

- Volte logo ao seu habitual, estou cansado de ser sempre a pessoa com razão.- brinquei. a mesma soltou um riso baixo e deu um leve empurrão em meu ombro.- Não vai entrar?

- Não sei.- olhou para água, incerta.

- Vamos.- disse quando tirei minha camisa, notei que um tom rosado surgiu em suas bochechas.- Eu vou te puxar.

- Mas não vai mesmo... Tommy!

O barulho de nossos corpos caindo e da cara de Caitlin logo em seguida me fizeram rir. A mesma me olhava furiosamente, jogando água em minha direção, tentei me proteger com minhas mãos.

- Bastardo! Metido! Mimado!

- Ei, ei Cat.- falei, notei que a água não estava sendo jogada em mim.- Melhor?

- Terá volta.- respondeu com um sorriso que me deixou receoso, sabia exatamente como aquele ser com cara de anjinho podia ser vingativo quando queria..

Conversamos um pouco sobre banalidades. A água agora estava quente e a escuridão tomava o céu pouco a pouco, notei que nossos amigos se retiraram, mas Caitlin não quis sair, ao contrário, seu corpo relaxava na água e seus olhos se encontravam fechados. Me encostei na borda da piscina e observei o céu por um tempo, era estranho imaginar o quão nossas vidas poderiam percorrer cursos diferentes por ações tomadas e não tomadas, às vezes coisas não aconteciam porque simplesmente deixamos de ter uma conversa. Me peguei novamente pensando em minha conversa com Oliver e Roy pouco tempo atrás, meu coração se sobressaltou, será que estavam certos?

Havia possibilidade?

Era uma possibilidade?

- Nunca te vi tão pensativo.- escutei sua voz me tirando de minha bolha, balancei a cabeça, notando que a mesma não boiava mais na água, tampouco estava longe, agora de encontrava a meio metro de distância de mim, seus ombros estavam arrepiados por conta da leve brisa que percorria o local em que estávamos.- Tudo bem Tommy?

- Sim.- concordei deixando o pensamento de lado.- Não é nada.

- Tem certeza?- perguntou preocupada.- Você estava com aquela ruga bem aqui.- levou a ponta de seu dedo indicador até o ponto em meio às minhas sobrancelhas.

- Como você é observadora, está usando sua “preocupação” para justificar a forma que você estava me secando?- brinquei fugindo de sua pergunta, funcionou, Caitlin ficou vermelha e revirou os olhos.

- Você é um grande idiota, sabia disso?

- Já me falaram algumas vezes.- respondi quando sorrimos de canto.- Pra quem não queria entrar na água você até que ficou muito.

- Acontece.- deu de ombros, cruzando os braços, seus olhos me observavam estranhamente inquietos, continuei parado, também a observando.



Caitlin então desviou o olhar, suspirou como se estivesse brava com alguma coisa e voltou a me encarar.

- Acho... Acho melhor sairmos.- murmurou me observando, balançou a cabeça espantando algum pensamento quando desviou o olhar.- É, definitivamente...

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- Um mergulho.- pedi quando a mesma bufou.- Por favorzinho.

- Como eu digo não a você?- murmurou, soltei um “ Yes!”.- Vamos, um mergulho.

Nos encostamos na parede quando contei até três. Com os pés, peguei o impulso necessário e mergulhei até o fundo. Caitlin me acompanhou, tocou levemente em meu braço, o empurrando quando a segurei, trazendo seu corpo junto ao meu, nos fazendo emergir juntos da água.

- Nem estávamos apostando e você me empurrou. Tão competitiva.

- É mais forte que eu.- confessou travessa, ri baixinho quando notei que estávamos próximos, bem mais que antes.- Desde pequena eu sou assim.

- Tive um bom vislumbre disso na faculdade, nunca foi fácil competir com você nos jogos, a propósito, coitada daquelas garotas.- a lembrei de seu jogo de vôlei, Caitlin massacrou as jogadoras, mesmo sendo do próprio time!

- Elas sobreviveram, não tenha pena.- deu de ombros sorrindo, sua mão se levantou até minha barba e a acariciou.

Como sempre, seu toque em mim me fazia relaxar. Fechei os olhos e suspirei, minha outra mão contornou sua cintura, abri os olhos rapidamente quando escutei um murmúrio inaudível vir de sua boca.

- O quê?- perguntei em tom baixo, Caitlin balançou a cabeça.

- Nada.- respondeu com seu olhar em mim, sua boca estava entreaberta, senti uma vontade enorme de preencher seus lábios com os meus, inevitavelmente levei minha outra mão livre até seu rosto e o acaricie, Caitlin tombou a cabeça levemente onde minha mão estava e suspirou.- Obrigada.

- Pelo o quê?- perguntei confuso ainda , concentrado em sentir o toque de meus dedos nas gotas de água em sua bochecha.

- Por ontem, e hoje, por tudo.- suspirou quando ergueu o rosto novamente.- Você sempre está aqui me ajudando, mesmo com coisas simples.

- Digamos que eu goste de te ter por perto.- brinquei a fazendo sorrir.

- Digamos que eu também.- brincou no mesmo tom.

- Bom.

- Bom.

Nos fitamos pelo o que parecia uma eternidade, sua mão abandonará meu rosto e agora se encontrava sobre meu ombro, o apertando levemente. Meu braço no entorno de sua cintura parecia clamar para a trazer mais perto, porém tentei resistir, aquilo já estava estranho demais, se eu fizesse aquilo então... Voltei a prestar atenção em Caitlin, ainda fissurada em olhar para sua mão sobre minha pele. A sentir fazer um caminho em zigue-zague em meu braço, o que ocasionou arrepios. Caitlin pareceu notar, e o mais estranho de tudo, pareceu gostar. Meu fui fraco, notei que havia a trazido para perto de mim e agora seu corpo se espremia junto ao meu, ela parecia surpresa, porém seu rosto continuava erguido, sua outra mão se apoiou em volta do meu pescoço, sustentando seu corpo, enquanto a outra agora deslizava timidamente até meio peito. Caitlin suspirou quando sentiu minha mão em suas costas, o que me deu força para apertar sua cintura, aquilo já havia passado do amigável há muito tempo, e eu sinceramente não estava ligando a mínima. Caitlin pareceu notar minha mudança de postura, pois um sorriso de canto surgiu em seu rosto, arqueei as sobrancelhas, curioso com o que ela pensava, porém sua mão novamente entre minhas sobrancelhas fizeram minhas expressões se suavizarem. Sua outra mão então se colocou ao redor de meu pescoço, assim como a outra, nos deixando livres para nos observamos. Segurei seu rosto com firmeza, fitando exatamente sua boca, meu coração se sobressaltou a sentindo se aproximar, fechei os olhos de forma breve, quando de repente escutei um toque de celular ao fundo. Caitlin suspirou irritada ao reconhecer o toque de seu celular, e toda energia, todo aquele nevoeiro de tensão que havia nos levado até ali agora se dissipava, dando lugar a realidade. Me afastei na mesma hora quando Caitlin me encarou confusa, sorri de canto fingindo que nada acontecerá( o que de fato não aconteceu) e apontei para seu telefone na borda da piscina, perto de minha camisa.

- Deve ser seu chefe.- comentei com a voz arrastada, tratei de limpar a garganta.

- É.- concordou parecendo despertar do choque.- É.- concordou mais uma vez.- Vamos.

Saímos em silêncio. Caitlin atendeu a ligação e pelo o que pude entender fora Cisco que nos interrompeu. Não sabia se o agradecia grandemente ou se deveria xingá-lo com os nomes mais baixos possíveis. Se não fosse por ele, se não fosse pelo maldito toque do telefone, nos trazendo de volta a triste porém realista situação, acho que eu e Caitlin teríamos nos beijado. Senti meu corpo se agitar com a constatação, porém, a angústia me atingiu.

Teríamos nos beijado.

E depois? O que teria acontecido?

*resposta em branco.

***

O jantar se passou em um flash, já que eu mesmo não estava prestando atenção em coisa alguma. Às vezes somente concordava com algo que Thea dizia, ou ria de alguma coisa dita por Roy, mas minha mente estava a quilômetros de lá. Caitlin não falou muito desde a nossa situação poucas horas atrás. Logo terminamos e nos recolhemos.

Como eu havia previsto, não consegui dormir direito. Me revirava de um lado para o outro pela madrugada a fora, acho que consegui no máximo dormir quatro horas. O som do despertador me acordou, hoje eu teria que ir ao mercado comprar alguma coisa para a despedida. Acabamos decidindo fazer na Verdant, uma noite com direito a tudo, suas músicas favoritas irão tocar, alguns desafios picantes para os noivos( algo que não me deixou nada feliz, mas tive que concordar)e claro, os drinques do casal. Oliver conseguiu levar o barman do dia do casamento na noite de despedida, o que seria uma surpresa e tanto para Roy e Thea , já que não haviam experimentado os drinques, pois mentimos que houve um imprevisto, eles ficaram tão chateados.

Seria uma boa surpresa.

Tomei um banho rápido e desci. Moira estava sozinha na mesa da cozinha quando apareci, a mesma me deu um abraço e sentei em uma das cadeiras ao redor da mesa, pegando a jarra de suco mais próxima.

- Felicity deixou a lista do que precisa ser comprado.- falou Moira me entregando o papelzinho.- Tem muito chantilly.

- É.- concordei inevitavelmente fazendo uma careta, Moira riu de minha reação.

- Espero que se divirta também.- falou dando um gole em sua xícara de café.- Você e Caitlin pareciam estranhos ontem à noite.

- Não foi nada.- sorri envergonhado, Moira arqueou as sobrancelhas.- É complicado.

- É realmente uma pena ver duas pessoas que são tão felizes juntas separadas.- comentou quando segurou minha mão, levantei o olhar, minha relação com Moira era boa, às vezes sentia que ela era minha mãe.- Deveria tentar querido.

- E se eu estragar tudo?- perguntei sentindo um frio na barriga.- E se...

- Fazer suposições não preencherá as lacunas em branco.- me aconselhou, apenas assenti em silêncio.- Olha ela ali.

Caitlin nos olhou e sorriu surpresa. Cumprimentou Moira e depois de um jeito desengonçado me deu um beijo na testa, se sentando ao meu lado.

- Tommy precisa de ajuda com os itens da lista, eu estou um pouco ocupada agora, coisas da QC.- comentou me fazendo encara-lá confuso.- Poderia ajudá-lo, querida?

- Claro, Tommy sempre esquece alguma coisa.- brincou quando arqueei as sobrancelhas em sua direção.- É verdade.

- Eu não vou nem responder isso.- brinquei sentindo um alívio enorme, as coisas estavam normais.

- Eu vou indo, tenham um bom dia.- sorriu Moira quando piscou discretamente em minha direção.

Sorri incrédulo com sua forma de persuasão e voltei a me concentrar em meu café. Conversamos um pouco antes de terminarmos quando a mesma foi pegar sua bolsa, a esperei no carro como de costume. Passamos em uma loja comprando uma quantidade enorme de tinta neon para a pele, o que me deixou curioso com o que Sara e Felicity estavam planejando. Logo depois fomos ao mercado comprar o chantilly, Caitlin estava longe quando sem querer esbarrei em uma mulher, derrubando suas compras no chão.

- Me desculpe, estou distraído hoje.- pedi envergonhado enquanto recolhia os itens sem olhá-la.

- Vindo de Tommy Merlyn não me surpreende.- falou com humor, ergui a cabeça quando me deparei com Laurel, sorri em sua direção.

- Lance.- falei me levantando, colocando as coisas em sua cesta.- Me desculpe...

- Tudo bem.- sorriu quando me abraçou, retribui o aperto.- Como está?

- Bem, Thea vai se casar.- falei animado.- Você vai, né?

- Claro que sim.- sorriu de canto.- Mas e você, já está com alguém?

- Se esse alguém for quem eu acho que você está pensando... Não.- respondi, a vi fechar a cara, ri de sua reação.

- Você é terrivelmente péssimo em lidar com emoções Tommy.

- O que eu posso fazer?- dei de ombros.

- Você sabe o que tem que fazer.- continuou quando suspirei contrariado.- Você a ama Tommy, e ela também.

- Há vários significados para amor.- contrapus.

- Correto, mas você não vai descobrir qual é o dela se continuar aí parado.

- Maldita advogada e seus argumentos.- falei nos fazendo ri.- Soube de sua audiência, Adam Hunt, hein? O conheci quando trabalhei com meu pai.- falei fazendo uma careta desgostosa, tempos sombrios foram aqueles.- Um homem poderoso Laurel.

- Eu sei.- suspirou.- Mas ele é um criminoso, e se depender de mim vai direto para Iron Heights.- falou firme.

- Dinah Laurel Lance, sempre tentando salvar o mundo.- murmurei orgulhoso, podíamos não estar mais juntos, e claro, ter tido episódios não muito bons, mas eu ficava extremamente feliz de vê-la trabalhando e conseguindo o que queria.

- Se eu não tentar quem vai?- perguntou sorrindo, seu olhar se focalizou em um ponto atrás de mim.- Olá Caitlin.

Uma preocupação me atingiu. Caitlin e Laurel não se davam muito bem, desde nosso relacionamento a Lance sabia( primeiro que eu) desse meu sentimento por Caitlin, o que as distanciou um pouco, Caitlin havia ficado receosa desde esse comportamento de Laurel consigo, mas não disse nada por minha causa, porém seus olhos a entregavam. A mesma colocou o carrinho cheio de caixas de chantilly ao meu lado e parou ali, a lançando um sorriso educado.

- Laurel.- a cumprimentou.- Como vai?

- Muito bem e você?

- Bem.- sorriu Caitlin, notei que estava tensa.- Fazendo compras para a despedida dos noivos.

- Vejo que vai ser legal.- comentou entusiasmada.

- Sua irmã está ajudando a organizar, Tommy e Oliver estão com medo.- falou divertida nos fazendo rir.

- Se Sara está envolvida sempre temos que nos preocupar.- falou quando olhou a hora em seu relógio.- Eu preciso ir, foi bom ver vocês. Caitlin, Tommy.- seu olhar se demorou em mim.- Até mais.

Eu sabia o que aquilo havia significado, todos tiraram um tempo para falar de minha vida sentimental hoje. O suspiro irritado de Caitlin ao meu lado me chamou atenção, notei que ainda olhava por onde Laurel havia ido, desviei o olhar e então a observei.

- Pegamos tudo, vamos.- respondeu empurrando o carrinho, uma ruga surgiu entre minhas sobrancelhas.

Por que ela estava brava?

Ainda em silêncio pagamos a conta. Caminhamos com o carrinho até o carro quando o destravei, colocando caixas e mais caixas no porta malas. Caitlin se preparava para abrir a porta do passageiro quando me aproximei, colocando meu braço direito no vidro, seu corpo se assustou ao ver minha proximidade, suas costas se encostaram na janela e seu cenho estava franzido.

- O que foi?- perguntou cruzando os braços.

- Me diz você.- falei a observando atentamente.- Por que está brava?

- Eu não estou brava.- rebateu irritada, sorri ao vê-la morder levemente o lábio inferior.

- Está mentindo, e sabe como eu sei?- perguntei quando a vi arquear as sobrancelhas, sempre teimosa.- Porque você está mordendo a boca, e tem uma coisa bem aqui.- levei meu dedo indicador até o meio de sua testa.- Uma veia prestes a explodir.

- Eu... Eu não estou brava.- afirmou mais uma vez, se policiando para não fazer nada do que eu havia mencionado.

- Não está?- perguntei quando a mesma negou, sorri travesso em sua direção

.- Tommy...

- Eu sinto muito!- gritei chamando a atenção de todos que passavam na rua.- Seja lá o que eu tenha feito, claro que eu não queria ter arranhado seu cd favorito quando estávamos na faculdade, mas achei que já teria superado isso!- berrei me ajoelhando no meio da calçada, a mesma me olhou com a boca aberta.

- Você fez o quê? Eu sabia!- gritou segurando o riso.

- E não é só isso, aquela outra vez que eu te atrapalhei sem querer com aquele cara, eu não sabia que vocês estavam tão próximos assim e...

Caitlin se ajoelhou em minha frente e tampou minha boca com a mão, seu rosto estava vermelho.

- Chega.- falou rindo.

— Ela disse sim!- gritei quando senti sua mão cobrir minha boca mais vez.

- Parabéns!- desejou um casal que passava, Caitlin ficou vermelha como um pimentão e me olhou furiosa.- Que sejam muito felizes.

Ri quando nos levantamos, Caitlin marchou para o carro sem me olhar e fechou a porta com força, contornei o carro e entrei, seu corpo estava deslizado no banco, se escondendo.

- Eu odeio você.- falou quando sorri.

- Impossível.

- Mas eu deveria.- continuou, sorriu de canto.- Imbecil.

- Eu também te amo.- continuei sorrindo mais leve.- Fiquei curioso agora, eu realmente te atrapalhei com aquele...

- Cala a boca e ligue o carro.

- Calma Cat.- falei erguendo as mãos em sinal de redenção, liguei o carro.- Satisfeita?

- Cale a boca e dirija.

- Ok.

Um sorriso brincava em seus lábios quando saímos. Eu estava animado agora, já que havia visto que estávamos bem. Meu pensamento voltou novamente à procura de sua chateação, o que eu havia feito?

Talvez eu pergunte depois.

***

A tarde se passou corriqueira. Finalizamos com sucesso os últimos detalhes da despedida que ocorreria amanhã, sem contar os outros itens do casamento. A montagem da pista havia começado, o que deixou minha irmãzinha muito contente.

- Não pode pisar ainda Thea!- repreendeu Felicity quando a pegou caminhando no jardim, exatamente na direção da montagem.- Nem adianta fazer esse bico!

- Thea sem bico não é Thea.- provocou Oliver ganhando um dedo do meio em resposta.

- O biquinho e a teimosia.- provoquei sorrindo de canto.- Se acostume Roy.

- Já estou ciente destes detalhes.- respondeu nos fazendo rir.

- Harper se comporte.- o advertiu sorrindo maliciosamente.- Não se esqueça que quem controla sua vida sexual sou eu.

- Bom ponto.- sorriu a abraçando por trás.

- A que nojo!- reclamei ao mesmo tempo que Oliver

— Não queremos ouvir isso!- continuou Oliver ao meu lado, Thea e Felicity soltaram um risinho baixo.

- Somos todos adultos aqui, por favor.- falou Thea dando de ombros.- E as meninas? Onde estão?

- Sara saiu com Nyssa, iriam jantar com o capitão Lance.- respondeu Felicity.

- E Cat foi aos laboratórios S.T.A.R, ajuste de última hora.- comentei, ganhei a atenção de todos os olhares.- O quê?

- Nada maninho, nada.- sorriu de forma provocativa.- Bom, vamos entrar? Já que eu não posso ficar aqui.- lançou um olhar carrancudo a Felicity.

- Vamos, antes que ela mude de ideia.- sorriu a loira.

*****

O tão esperado dia da despedida havia chegado. O clima agora estava quente, como o previsto. Levantamos cedo para checar se tudo estava nos conformes, agradeci vendo que não teria que sair até à noite. Estava deitado em uma das espreguiçadeiras da piscina quando vi Caitlin aparecer, seu sorriso estava largo e quase como imediato eu o retribui. Me afastei um pouco, a dando espaço para de sentar enquanto eu continuava deitado, a observei em silêncio, a mesma parecia um pouco perdida quando balançou a cabeça.

- Preparada?

- Super.- respondeu animada.

- Hoje você pode ficar bêbada.- comentei a vendo revirar os olhos.- segunda vez antes do final de semana? Caitlin Snow, como trocamos tanto de papéis?

- Deixe de ser chato, eu estou precisando.- murmurou quando seu semblante se fechou, levei meu braço até sua cintura e a puxei levemente, indicando que deitasse, Caitlin não pestanejou, deitou sua cabeça em meu ombro enquanto seu braço havia ficado sob meu peito, segurei sua mão.

- Posso bater nele?- perguntei.- Sempre quis fazer isso, agora tenho um motivo.

- Seria legal.- falou divertida.- Mas não, obrigada.

- Que pena.- reclamei a vendo soltar um riso baixo, seu rosto se enterrou mais em mim.- É um dos meus fetiches, sabe?

- Bater no Ronnie? Que horror Tommy!- brincou me fazendo gargalhar.- Você tem fantasias sexuais muito interessantes.

- Você está com os pensamentos muito sujos dona Snow.- a provoquei.- Ainda bem que o casamento de Thea será aqui, se não seríamos barrados na igreja.

- Você com certeza.- respondeu quase de imediato.- Nossa faculdade contaria boas histórias.

- Como se você fosse Santa.- sorri de canto, Caitlin levantou o olhar e me observou divertida.- Pestinha.

- Por isso nos damos tão bem, nos completamos.- comentou sorrindo, sua mão que estava repousada em meu peito subiu até meu rosto, acariciando minha barba, inspirei e fechei os olhos.

- Realmente, nos completamos.- repeti, segurei sua mão e a beijei brevemente, voltei a encará-la, sua respiração estava próxima.- Eu sou a emoção.

- Eu a razão.- completou pensativa.- É um saco às vezes, sabia? Ter que pensar a todo momento, pensar tanto e deixar de fazer tantas coisas...- suspirou.

- O que já deixou de fazer?- perguntei curioso, seu rosto atingiu um tom rosado.

- Muita coisa.- desviou o olhar.

- Deveria fazê-las.- insisti.- As vezes perdemos muitas oportunidades por medo.- a aconselhei, me peguei refletindo sobre minha própria fala.- Muitas oportunidades.

- É.- concordou.- Precisamos nos arrumar.

- Hoje a Verdant estará fervendo!- falei animado me sentando, Caitlin fez o mesmo movimento.- Pronta?

- Sabe que sim.- sorriu.- Faremos jus a sua boate.

- Com certeza.

*****

Eu, Oliver e Roy fomos os primeiros a chegarem. A boate estava impecável como sempre, a iluminação estava baixa por conta da luz neon, que foi um verdadeiro sucesso, várias pessoas pintavam seus corpos e de outras pessoas, o que me fez pensar em adotar uma noite somente com esse tema. Bem no centro da pista estava escrito com uma das luzes dos refletores “ Senhores Harpers”. Os drinques estavam bem organizados, cada um com a temática do casamento, o que deixou Roy absurdamente contente. Notei que os chantilly estavam guardados ainda, o que me deixou curioso, porém Rene não me revelou nada.

- Ordens de Sara e sua cunhada.- alegou dando de ombros.- E olha as convidadas de honra ali!

Rene foi até o dj que parou a música. Murmúrios confusos foram escutados.

- Finalmente os senhores Harpers estão aqui, uma salva de palmas pra eles galera!- agitou, assobios foram escutados.- Agora eu quero aqui no palco os dois.

Roy arregalou os olhos ao notar a roupa que minha irmã usava. Um vestido dourado com um decote fundo na frente e com um véu transparente, que cobria metade das costas. Sorriu abobalhado quando a mesma o deu um selinho rápido e sorriu, entrelaçando suas mãos.

- Vamos fazer da noite deles inesquecível não é pessoal?- perguntou o DJ ganhando um “sim” bem animado.- Quando vocês estourarem o champanhe, aqui.- os entregou a garrafa.- Começamos. Vamos lá, contem comigo. 1...2...3!

A música eletrônica voltou a tocar em tom alto. Ri ao observar a cara da minha irmã ao notar pela primeira vez o que Roy vestia, nada mais nada menos que somente um blazer e calças sociais.

- Ela gostou.- brincou Felicity chegando com o restante das meninas, deu um beijo rápido em Oliver.- Como você está lindo.- comentou ao notar que estávamos na mesma situação que a de Roy.

- Totalmente pra você.- respondeu sorridente, minha cunhada trajava um vestido vermelho.- Você está maravilhosa.

- Ai quanta melação.- reclamou Caitlin me fazendo olhá-la pela primeira vez.

Minha respiração acelerou. Caitlin trajava uma blusa preta com um decote em v, que valorizavam seus seios. Os braços estavam cobertos por um véu transparente de mangas cumpridas, seu short de cintura alta era da mesma coloração, porém de couro com um laço na frente, além de seu batom vermelho que destacavam seus lábios. Respirei profundamente e fechei as mãos em punho, eu deveria e tinha que me controlar. Caitlin se aproximou, seu olhar caiu em mim e se demorou por alguns segundos, com a bochecha rosada, me fitou e então sorriu.

- Oi!- me deu um beijo na bochecha.- E então, já começaram os drinques?

- Primeira rodada agora.- informei quando o garçom nos trouxe a bandeja.- A Thea e Roy.

- A Thea e Roy!

***

A noite estava correndo bem. Já havíamos dançado, bebido diversos drinques e feito alguns desafios picantes, quais eu tive que me retirar. Rene me pediu ajuda em algumas coisas, qual atendi prontamente. Agora me encontrava na parte vip, bebendo um copo de whiskey enquanto prestava atenção lá embaixo. Todos estavam felizes e meu coração se aqueceu. Thea merecia, muito, já havia passado por tanta coisa. Meu pai não aceitou o convite de levá-la até o altar, o que me deixou mais furioso. Era o mínimo que ele deveria fazer! Walter ficou em seu lugar, o que me deixou muito feliz. Ela merecia um pai de verdade, não Malcolm. Senti alguém segurar em meu braço, olhei para o lado e encontrei Caitlin, seus cabelos estavam um pouco despenteados porém a mesma continuava linda. Me fitou por alguns segundos e sorriu, encostando a cabeça em meu ombro.

- Você nem ficou com a gente.- reclamou.

- Tive que resolver algumas coisas.- expliquei largando meu copo na mesa ao lado, notei que seu braço estava pintado.- Quem fez?

- Sara e Thea.- sorriu travessa quando ergueu a cabeça, me observou.- Como assim você ainda está assim?

- Assim como?- perguntei confuso.

- Sem cor Thomas! Inacreditável.- bufou.- Vamos, precisamos resolver isso. Tem tinta aqui?

- Acho que tem algumas no meu escritório, vou pegar.

- Vou com você.

Caitlin me seguiu. A música em minha sala continuava alta, porém ficou abafada quando encostei a porta. Achei os potinhos guardados na estante. Os entreguei, achando que sairíamos quando Caitlin me indicou para a mesa. Me sentei quieto quando a vi escolhendo as cores.

- Laranja.- sorriu ao abri-la.- Mas onde?

- Escolha.- dei de ombros, Caitlin desabotoou o único botão do meu blazer, deixando meu peito exposto, a mesma pareceu arfar, o que me deixou intrigado.

Ainda em silêncio a mesma se aproximou. Tentei ignorar as ondas energéticas que senti quando sua pele se encostou na minha. Com a ponta do dedo, a mesma pareceu escrever um nome. Sorri ao ler, é claro que ela iria me zoar.

“ Thomas e seus irritantes dramas.”

Ri e a mesma me acompanhou. Pensei em uma maneira de me vingar, procurei por lugares limpos, os únicos naquele momento eram seu rosto e talvez as costas.

- Minha vez.- falei pegando a mesma tinta.- Costas.- Caitlin assentiu, se virou e colocou o cabelo para frente, puxei delicadamente sua blusa para cima, notando seu sutiã. Fechei os olhos com força e tentei me concentrar. Comecei a escrever, a tinta estava gelada assim como sua pele( novamente). A escutei suspirar, o que deu forças ao meu imaginário. Mesmo quando acabei continuei a observá-la, minhas mãos clamavam para poder senti-la. Caitlin se virou de repente, seus olhos pareciam diferentes, não soube explicar. Ficamos nos encarando por alguns segundos, quando a senti segurar meu queixo. Meu corpo foi atraído ao seu, e o breve toque de seus lábios aos meus, que me incendiaram por doces e sagrados segundos funcionou quase como uma tortura. A mesma se afastou e me observou, incerta, eu também estava confuso.

- Por que fez isso?- sussurrei, ainda atônito- Por que me beijou?

- Aquilo não foi um beijo.- deu de ombros, um sorriso brincou em seus lábios.- Mas isso definitivamente é um.

Seus lábios estavam mais vorazes. Fiquei paralisado por um momento, eu poderia ter bebido, mas sabia que estava sóbrio o bastante para saber que aquilo estava errado, porém o que eu pensava e o que eu sentia eram coisas completamente opostas. Ao sentir sua língua instigar a minha, como um convite, eu o aceitei.

Eu me permiti desejá-la.

Como sempre quis fazer.

Minhas mãos a puxaram pela cintura, as pressionando em suas costas. Caitlin tombou levemente o pescoço, e ao sentir minha barba ali se arrepiou. Beijei toda sua curvatura, até chegar em seu lóbulo onde a escutei soltar um murmúrio inaudível. Suas mãos voltaram com agilidade, terminando de retirar meu blazer, que foi jogado no chão atrás de nós. Seus dedos passearam por toda minha extensão, e calafrios me percorreram. Segurei seu rosto, ofegante, Caitlin me observou intensamente, também inebriada. Minhas mãos subiram seu tecido e a mesma abriu os braços, se livrando da peça. O silêncio preencheu as quatro paredes daquela sala, não havíamos falado nenhuma palavra, e nem sabíamos o que de fato deveria ser dito, o silêncio apenas nos guiava, nos conectando, e como uma piada interna eu soltei um riso baixo. Caitlin arqueou as sobrancelhas e eu apenas balancei a cabeça, acariciando seu rosto.

Eu estava me sentindo em um vídeo clipe da música Sweater Weather.

Da nossa música.

Até o maldito short de cintura alta ela estava usando!

Voltei a colar nossos lábios, a sentindo suspirar. Em um movimento rápido, trocamos de posições, e suas pernas me entrelaçaram, me mantendo com o corpo colado ao seu. O atrito de nossas vestimentas funcionou como um impulso para um certa parte do meu corpo, que se encontrava bem acordada. Suas mãos me puxavam, ousadas, me fazendo soltar um grunhido baixo. Envolvi sua coxa em um aperto firme, deixando o local vermelho, eu me sentia febril.

E ela era exatamente o oposto.

Trazendo o frescor que eu necessitava.

Meu toque estava quase possessivo, e vê-la reagir daquela maneira, sussurrando meu nome estava me tirando do sério. Sua mão até minhas calças me fez parar, a olhei, ansioso, me sentindo extremamente quente e com o coração acelerado. A mesma me devolveu o olhar, carregado, principalmente quando viu brevemente meu corpo se contorcer com seu toque por cima do tecido.

Aquela mulher ia me fazer ter um orgasmo estando de calças!

Seu sorriso mais uma vez me enfeitiçou. Encontrei o zíper frontal de seu short e em um único movimento o abaixei. Caitlin havia levantado o quadril para retirá-lo quando ouvimos alguém bater na porta, nos fazendo parar o que estávamos fazendo.

- Quem é?- perguntei irritado.

- Rene, preciso da sua ajuda cara, deu um problema no estoque.

- Já estou indo.- respondi suspirando, voltei a olhar para Caitlin que continha o olhar baixo.

Merda.

Aquilo não era bom.

Seu toque indicando que queria que eu me afastasse foi o suficiente para saber que havíamos voltado a realidade. Me vesti rapidamente, a esperando, quando mais arrumada caminhou até a porta sem me olhar, me adiantei e segurei seu braço.

- Cat...

- Esqueça.- pediu.- Isso não devia ter acontecido.

E como uma estátua eu fiquei, parado, a assistindo sair, uma sensação ruim me atingiu como uma flecha.

Eu havia ferrado tudo.

***

Uma enorme dor de cabeça me atingiu assim que ousei abrir os olhos. Não era meu plano acordar de ressaca no grande dia de Thea, mas depois de ontem, depois de tudo aquilo, quando a vi fechar a porta e me deixar naquela sala completamente sozinho, uma sensação de claustrofobia me atingiu. Me recordo de olhar bem para a garrafa de Whiskey em uma das minhas estantes, e depois, senti o líquido descer rasgando meu peito, não me importando, aquilo não me machucava.

Eu já estava dilacerado.

A ardência era apenas algo que silenciava meus pensamentos.

O que eu tanto temi aconteceu, eu a perdi, sem nem poder dizer o quanto ela significa pra mim. Ela estava desestabilizada, deveria ter confundido as coisas, e eu, por um segundo, me permiti apreciar aquele momento que fora tão pouco, porém, como um disco arranhado, ia e vinha em minha mente. Seu toque, seu cheiro, sussurros e gemidos...

Senti minhas cobertas serem puxadas com brusquidão, em seguida meu travesseiro. Abri os olhos irritado, me surpreendendo ao encontrar Oliver com um olhar carrancudo, fazendo sinal para que me sentasse. A luz das cortinas sendo abertas me cegou, e com dificuldade me sentei, aceitando o comprimido e o copo d’água entregues.

- Thea quer me matar, né?- perguntei após engolir o remédio.- Estou atrasado?

- Não, e de nada.- falou com um pequeno sorriso momentâneo, que logo se transformou em uma feição mais séria, a mesma que ele usava na QC ao falar de negócios.

- Estou ferrado.- suspirei olhando para o chão.- Como cheguei em casa?

- Rene te encontrou na sala e me avisou, te trouxemos.- respondeu quando uma ruga surgiu entre suas sobrancelhas.- Você falava frases como “ eu a perdi” e “me desculpe”.- murmurou me fazendo encolher os braços.- O que houve Tommy?

Suspirei tomando coragem, pois no momento em que eu falasse em voz alta os acontecimentos da noite anterior, eles se tornariam reais.

- Tommy...- falou cauteloso.- O que foi?

- Caitlin.- respondi derrotado.- Quase transamos.- murmurei quando uma súbita raiva me atingiu.- Ela nem me olhou nos olhos... Eu estraguei tudo.

O mesmo continuou em silêncio, levantei o olhar em busca do seu, encontrando compreensão e um sorriso solidário, como sempre, Oliver me ajudava em meus momentos mais difíceis.

- Uau, isso explica muita coisa.- comentou me deixando confuso.- Felicity foi acordá-la, não estava em uma situação muito diferente da sua.- falou me deixando preocupado.- Ela está bem, mas isso cara... Precisam conversar.

- E falar o quê?- tem tom sarcástico.- Desculpe por ontem à noite Caitlin, quase transamos mas tudo bem.

- Falar tudo Tommy.- me ignorou, senti seu olhar firme em mim.- Tudo.

Engoli em seco. Contar tudo seria dizer meus sentimentos, seria dizer que desde quando nos conhecemos eu havia me apaixonado em segredo, contar tudo seria dizer que eu estava apaixonado.

E que eu a amava.

Mais tempo do que ela possa imaginar.

Angústia me atingiu, senti meu corpo doer com o rumo de meus pensamentos. Uma pressão em meu peito apareceu, não me deixando escolha a não ser perguntar a uma das pessoas que eu mais confiava na vida, aquilo que me afligia. O olhei fixamente, querendo uma resposta honesta.

- E se eu já tiver a perdido?- perguntei sentindo a vulnerabilidade em minhas palavras.

- Se isso acontecer, então não terá motivo para continuar com essa dúvida constante.- respondeu me fazendo assentir.- Conte o que sente.

O lancei um sorriso fraco, o mesmo se colocou de pé com agilidade.

- Coma, se arrume e vá ver Thea, e depois fale com Caitlin.- disse em tom de ordem, sorri com sua postura.- Boa sorte.

Oliver sempre foi o mais responsável, e sempre cuidou de mim. Sorri com o seu conselho e me levantei, mais decido. Não havia acabado ainda, eu precisava contar.

Eu iria contar.

Mesmo que já tivesse a perdido.

*****

Eu realmente odeio gravatas.

Tentei comer ao máximo algo que me mantivesse bem. Raissa me ajudou, comi algumas frutas escutando seus comentários me repreendendo, quais eu não rebati, sabia que estava errado. Não encontrei Caitlin em nenhum lugar, então subi para me arrumar. Me olhei no espelho novamente, satisfeito com a imagem, porém sabia que teria que pedir ajuda. Abri a porta e caminhei pelo corredor até o quarto de Thea, bati na porta duas vezes, escutando sua voz autorizando minha entrada. Assim que entrei, engoli em seco.

Ela estava linda.

Seu vestido era rodado com um corte coração, e as mangas longas de véu, com pequenas pedrinhas rendadas a deixavam ainda mais charmosa. A mesma terminava de colocar seu brinco, assim que seu olhar caiu em mim, um sorriso provocativo surgiu em seus lábios.

- Eu meio que estava esperando você aparecer.- falou com graça se aproximando, arrumando meu blazer.

- Sou tão previsível.- brinquei a fazendo rir, acabei por acompanhá-la, mas sabia que devia um pedido de desculpas.- Speedy, sobre ontem...

- Hey, tudo bem.- sorriu solidária fazendo o nó em minha gravata, notei que já havia terminado, porém a mesma fingia arrumar mais alguma coisa, aumentando nosso tempo juntos.- Parecia estar sofrendo muito.

- Você me viu, é?- perguntei envergonhado abaixando o olhar, Thea assentiu.- Me desculpe.

- Vocês se beijaram?- perguntou sem rodeios, bufando com minha falta de respostas.- Tommy!

- Isso e quase mais.- respondi a contragosto.- Eu ferrei tudo Speedy.

- Sei que não é o momento, mas quem diria que o galinha de Star City estaria sofrendo por amor.- falou me fazendo rir, como eu a amava.- Mas não gosto de te ver sofrer.- continuou, seu olhar caiu em mim.- O que vai fazer?

- Oliver disse para contar a verdade.- murmurei em tom baixo.

- Muito esperto.- sorriu orgulhosa.- Vai contar? Precisa contar, antes que seja tarde.- aconselhou preocupada.- Te vejo esperando por isso há séculos, está na hora.

- Como sabia que Roy era o certo?- perguntei a surpreendendo.- Como sabia que ele era o homem da sua vida?

- Bom, no começo foi estranho.- confessou nostálgica.- Roy é engraçado, já passamos por poucas e boas juntos.

- Eu lembro de pegar vocês em uma dessas boas.- a lembrei do episódio da piscina, onde meu sangue ferveu ao vê-los se agarrando, Thea gargalhou.

- Você e Oliver tem um time horrível.

- Depende do ponto de vista.- rebati sorrindo.- E depois? Como teve certeza?

- Eu sabia que ele não era qualquer um desde o primeiro dia. O tempo foi passando, ficamos amigos, sabendo o que outro gostava, nos aconselhando e nos tornando confidentes, planejando o futuro juntos.- seu sorriso me contagiou.- Foi ali que eu percebi que eu o queria em meu futuro, queria passar cada dia ao seu lado, bom ou ruim, nós daríamos um jeito, cuidariamos um do outro.

Seu relato me fez suspirar impactado. Eu não me imaginava sem Caitlin, nunca, já havia pensando quando ela se casasse e mesmo que fosse doloroso eu estaria em seu grande dia, ao seu lado, a levando ao altar, mas dessa vez meu pensamento foi além dos limites, me imaginei não ao lado dela, mas sim em sua frente, a esperando, ansioso enquanto a assistia caminhar em um vestido branco, sorrindo pra mim.

Soava perfeito para mim.

Fui tirado de meu paraíso pela voz de Thea, me trazendo a realidade.

- Vocês precisam conversar. Se amam há tanto tempo, precisam dizer um ao outro o que sentem.

- Eu sou o irmão mais velho, os conselhos deveriam vir de mim.- falei a fazendo rir, porém assenti, a fazendo relaxar.- Preciso ir, antes que Harper infarte.- falei a dando um beijo na testa, uma lágrima rolou em minha bochecha.- Você está tão linda.

- Se eu borrar minha maquiagem eu mato você.- ameaçou emocionada me abraçando fortemente.

- Em mim ninguém abraça.- falou uma voz, Oliver estava na porta e sorria, já trajando seu terno.- Posso?

- Vem logo.- falou Thea o puxando pela mão, nos abraçamos, a mesma ficou em nosso meio, parecendo uma bonequinha pequena.- Eu amo vocês.

- Também te amamos.- respondemos juntos.

- Você vai casar.- falou Oliver suspirando.- Minha irmãzinha vai casar.

- E logo depois vocês dois.- disse se afastado, colocando a mão na cintura.- Oliver, peça a mão da Lis logo. E você.- se virou para mim com o dedo erguido.- Sabe o que tem que fazer.

- Coitado do Harper.- brinquei nos fazendo rir, Felicity entrou no quarto me fazendo engolir em seco, já que Caitlin estava atrás de si.

- Trocamos de papéis? Porque o noivo está em nervos lá.- falou Felicity sorrindo de orelha a orelha.

- Papo de irmão.- respondeu Oliver a dando selinho.- Você está tão linda.- murmurou a observando dar uma voltinha com o vestido rose de tecido liso.

- Amo vocês, mas agora saiam.- expulsou Thea nos empurrando.- Você e Felicity podem se beijar a vontade depois, mas eu preciso me arrumar.

Antes de sair me focalizei em Caitlin. Seu vestido era da tonalidade azul clara que em minha não tão humilde opinião, é uma das cores que a deixam mais bela se isso for possível. Sua cintura havia ficado marcada pela pedraria prata da parte de cima, que continha um decote comportado, onde um colar solitário fazia toda a diferença. Seu cabelo estava solto em pequenos cachos, e antes de eu sair, fiz sinal para que a mesma me seguisse, já que seus olhos estavam cravados em mim desde o momento em que havia pisado no cômodo. Oliver entendeu o pedido discreto, tratando de deixar o corredor, me lançando uma piscada de boa sorte. Caitlin fechou a porta e saiu, olhando para o chão, entreabri a boca para começar a falar quando fui interrompido.

- Me desculpe Tommy.- pediu envergonhada.- Aquilo de ontem, eu...

- Eu não estou bravo.- falei tentando tranquilizá-la, porém a angústia em seus olhos era perceptível.- Depois do casamento, podemos conversar?

- Claro.- assentiu prontamente me fazendo sorrir, parecia mais tranquila.- Conversamos depois então.

- Cat?- a chamei quando estava prestes a entrar, a mesma arqueou as sobrancelhas, à espera de minha fala.- Tá linda.

- Obrigada Thomas.- agradeceu sorrindo.- Você também está, como sempre.

Sorri em sua direção e sai, mais aliviado. Sim eu falaria.

Espero que tudo ocorra bem.

*****

Mais uma vez minha irmã estava certa. O céu, como havia previsto, estava um espetáculo de cores quando a mesma entrou pelo jardim. Walter a levava, feliz em participar, notei a cadeira vazia, escrita “ Merlyn”, me fazendo odiá-lo mais uma vez, ele não veio.

Meu pai é uma das criaturas mais desprezíveis já existentes.

Isso não abalou Thea, a mesma estava tão contente. Abraçou Walter e logo em seguida segurou na mão de Roy, nervosa, os dois se entreolharam e ele cochichou algo em sua ouvido, a fazendo sorrir mais ainda. Eu e Oliver estávamos em lados opostos. O mesmo se encontrava ao lado de Felicity, em pé no palco onde ocorria a cerimônia. Eu, Caitlin e Moira ficamos do lado esquerdo, ansiosos pelo o que o que viria a acontecer. A emoção contagiou todos nós, e quando finalmente disseram sim, palmas e assobios foram feitos aos montes, sem contar no arroz que fora jogado( boa parte que atingiu os noivos havia sido obra minha e de Oliver, na tentativa de provocar Thea). Minha irmã estava casada.

E incrivelmente feliz

Tiramos várias e várias fotos, tantas que até enjoei. Cumprimentei o senhor Lance, que estava no local, assim como Laurel, a abracei, feliz por vê-la.

- Ray te deu o bolo?- perguntei após pegar duas taças para nós.

- Na realidade ele foi atender o telefone, sabe como é, Felicity está em nervos esses dias também.- comentou me fazendo assentir.-E aí? Já conversaram?

- Não, mas pretendo fazer isso.- respondi a surpreendendo, Laurel quase engasgou.

- Finalmente!- pulou de alegria me fazendo rir.- O que está fazendo aqui? Vai falar com ela!

- Estou indo. Me deseje sorte.

Comecei a procurar Caitlin por todos os lugares, porém não havia sinal algum de sua presença. Entrei na casa, caminhando atento até que ouvi sua voz vindo da sala, meu sorriso não durou mais do que meio segundo ao entender de fato o que estava acontecendo.

A mesma estava agarrada a uma figura masculina, que se revelou ser Ronnie, que continha o corpo curvado em sua direção. Minha garganta secou ao notar o que faziam e como deixa, virei o líquido que bebia de uma só vez. Como eu havia sido idiota! Deixe-me acreditar por um segundo que poderíamos ser algo mais. Ela não me amava, e nunca me amou da maneira que eu a amo. Senti meus músculos tensos, repulsa e pena era o que eu sentia de mim mesmo, ela não tinha culpa pela expectativa criada, mas doía, ah, como doía ter a resposta respondida de uma maneira tão direta. Esbarrei em um dos convidados, pedindo desculpa por minha falta de atenção, eu já estava no jardim. Tentei me recompor, por mais que por dentro eu estivesse destruído esse ainda era o dia de Thea. Conversei com mais pessoas, quando a vi, caminhar até mim sorrindo, retribui de forma educada, sem deixar que percebesse que eu estava mal. Eu a amava, muito, mas após tudo aquilo, após sentir a avalanche que me atingiu, mantendo meu corpo em um estado de claustrofobia, sabia que levaria tempo para me recompor, eu precisava de um tempo dela, mesmo a amando.

Precisava ficar longe de Caitlin.