“Omma, eu estou tão estranho... Ansioso demais, nervoso... Nesse fim de semana iremos fazer um trabalho na casa de um garoto da sala. Um trabalho em quarteto. Você sabe que eu não durmo na casa de ninguém desde que a senhora e o Appa se foram...

Mas, pra variar, a vovó ficou bem feliz quando soube. Ela disse que estava feliz porque eu estava fazendo amigos. Não, eu não contei a ela sobre o SungMin, apenas disse que tinha comprado o cachecol quando ela o viu em meu pescoço.

Eu só não sei se ela ficou realmente feliz por eu ter feito algum amigo ou se é pelo fato de eu ter falado com ela. Foi a primeira vez que falei diretamente com ela desde sua partida, então acho que isso a animou, mesmo que eu tenha falado muito pouco.

Ela me mandou enviar uma mensagem a ela antes de dormir. No inicio ela pediu para que eu a ligasse, mas acho que eu fiz uma careta muito ruim, porque ela logo mudou de idéia e disse que poderia ser só uma mensagem se eu preferisse.

Eu espero que esse trabalho fique realmente perfeito, vou fazê-lo com todo cuidado do mundo. E espero que esses professores não resolvam aumentar o numero de pessoas em seus grupos. HyukJae e DongHae disseram que queriam que fizéssemos os trabalhos sempre juntos, sempre os quatro, para não ter problemas e porque já estaremos acostumados com os nossos jeitos de trabalhar.

Esses dois são bem legais também, omma. Nunca falei nada com eles, mesmo que os mesmos puxem bastante assunto. O único com quem já falei, da escola, foi SungMin. E esse se encarregou de dizer o meu nome para os outros dois, já que ele se solta melhor que eu.

Ele esta a cada dia mais fofo, e a cada dia eu sinto mais vontade de estar perto dele. Ele é um amigo que eu não quero perder por nada. Às vezes sinto vontade de esquentá-lo, de manter suas pequenas e sensíveis mãos longe do frio, afinal, ele é bem friento. Eu sinto uma estrema vontade de chamá-lo de meu morango, mas acho que não pegaria bem...

Omma, se eu estou indo pelo caminho errado, avise-me e salve-me, por favor.

Saranghaeyo, de seu filho KyuHyun.”

**.**

– Iai, garotos! Entrem, o DongHae já esta lá no quarto, estávamos só esperando vocês – disse HyukJae ao receber a mim e ao SungMin na porta de sua casa – podem deixar os sapatos nesse degrau que é o de visitas e podem me dar os seus casacos, eu os coloco no cabide.

Tiramos nossos casacos e entregamos ao loiro, logo peguei os cachecóis, tocas e luvas, tanto meus como de SungMin, e guardei-os em minha mochila onde ficava meu computador. O garoto ao meu lado apenas sorriu, abaixando a cabeça com o meu ato.

– Venham, vou lhes mostrar o quarto.

Não demoramos em seguir HyukJae até seu quarto, que era no segundo andar de sua casa. E logo que entramos no quarto encontramos DongHae que estava deitado na cama jogando algo no seu celular.

Assim que percebeu nossa presença ele levantou e veio nos cumprimentar. Notei que ele iria nos abraçar, então logo peguei na mão de SungMin e dei um passo para trás junto com o mesmo. Ele deve ter percebido nossa insegurança com ele e logo parou onde estava, sorrindo para nós.

Entramos no enorme quarto, esse que tinha uma cama enorme no meio, de casal, um daqueles armários para estudo com um notebook em cima, uma estante com vários livros ao lado de outra cheia de jogos. Uma televisão com um XBOX e uma daquelas pistas de dança. Na parede livre tinha um enorme espelho com uma barra no meio, ele deveria gostar de dançar.

Além disso, ainda tinham duas portas, uma deveria ser o banheiro e a outra o closet, já que eu não vi nenhum armário naquele enorme quarto. Acho que caberiam umas quinze pessoas dormindo aqui sem aperto nenhum.

Eu e SungMin nos sentamos lado a lado na cama de Hyuk, como nos foi indicado pelo mesmo, enquanto DongHae já estava deitado na mesma jogando em um PSP que provavelmente era do dono da casa. O mesmo tinha uma figurinha do anime One Piece em si.

Agora, parando para o olhar melhor, o quarto todo tinha coisas desse anime. A colcha de cama, todos os bonequinhos de ação e, prestando atenção, umas três colunas da estante de livro era só dos mangas de One Piece. Esse menino deve amar esse anime.

– Kyu – arrepiei-me ao ouvir a voz de Min tão perto de meu ouvido, sussurrada – O quarto dele é enorme.

Olhei em seu rosto e vi que ele olhava tudo em volta, como se estivesse em uma casa dos sonhos, e realmente, aquele era o quarto dos sonhos de qualquer garoto. Aproximei-me do outro, sussurrando-lhe de volta.

– Feche a boca e limpe essa baba antes que ela suje a cama.

Ri baixinho ainda perto de seu ouvido antes de me afastar e vê-lo ficar vermelho, recompondo-se e passando a olhar para os próprios pés. Logo peguei sua mão e entrelacei nossos dedos, vendo os olhos arregalados de SungMin sendo direcionados a mim. Ele tentou puxar a sua mão da minha, sem sucesso.

Eu sentia vontade de rir da cena, SungMin olhando o tempo todo para DongHae, como que temendo que ele visse nossas mãos juntas, e tentando puxar a sua das minhas, quase conseguindo tirar o entrelaçar de nossos dedos, o que eu não pude permitir. Ele logo aproximou a boca de meu ouvido, arrepiando-me mais uma vez com sua respiração dentro de minha orelha.

– Kyu, pare, eles vão pensar besteira se nos verem assim.

Ele ia afastar o rosto, mas usei de minha mão livre pra manter seu rosto onde estava e dei-lhe um beijo na bochecha sussurrando-lhe em seu ouvido, vendo-o arrepiar provavelmente pelo mesmo motivo que eu.

– Eles não têm o que pensar, afinal, nós somos apenas amigos, não? – Vi o mesmo assentir com a cabeça e eu apenas ri – agora me dê um beijo na bochecha e não solte a minha mão, nós estamos juntos nessa, tudo bem?

Ele deu um beijo na minha bochecha e afastou seu rosto do meu, apertando nossas mãos juntas, passando a acariciar a parte de dentro de minha mão com o seu dedão, sorrindo-me levemente até Hyuk aparecer.

– Vamos fazer o trabalho?

**.**

– Meninos, meus pais não voltarão para casa hoje, então eu tive uma idéia – eu e SungMin apenas ficamos olhando-o enquanto ele falava e DongHae se alongava na barra de ferro em frente ao espelho – eu mandei uma mensagem para minha omma e ela deixou que pegássemos a cama dela e de meu pai para vocês dormirem. Eu vou dormir na minha com DongHae.

– Eu sei que vocês são bem fechados e que preferem muito mais ficarem juntos, então resolvemos deixar pra vocês dormirem na mesma cama. Ela é de casal, então é bem grande, tem espaço de sobra para os dois – completou DongHae, saindo da barra de ferro para sentar ao lado de Hyuk.

Olhei de soslaio para SungMin e percebi que ele também me olhava por detrás dos seus fios negros. Dei-lhe um repuxar de lábios e vi quando ele assentiu com a cabeça para mim, voltando a olhar para os meninos a nossa frente.

Levantamo-nos todos e fomos pegar o colchão no quarto da omma do loiro. Sem comentários para o quarto dela, pois se o quarto do filho já era luxuoso, o dos pais era deslumbrante, quase o quarto de dois deuses.

A nossa frente iam DongHae e HyukJae que não deixavam de conversar um segundo sequer. Eles pareciam amigos antigos, daqueles que temos desde crianças e crescemos juntos. Era uma amizade muito bonita de se ver.

Logo ajeitamos a cama e fui atrás de minha mala. Não demoramos a nos arrumar pra dormir, afinal, a casa era enorme e tinha muitos banheiros. Cada um foi em um e assim em meia hora estávamos todos na cama.

Peguei minha mochila e nela as luvas de SungMin, junto a sua toca, indo a sua direção. O mesmo estava com uma calça e uma blusa, além de uma blusa mais grossa por cima da outra. Primeiro coloquei-lhe a toca para depois pegar suas mãos e colocar as luvas, uma por vez.

– Se não fosse as diferenças físicas aparentes, eu diria que vocês eram irmãos, e que o SungMin era o mais novo – disse DongHae que apenas agora eu notei que nos observava. O Min corou na mesma hora.

– Eu sou mais velho – ouvi o mesmo sussurrar e sorri para si, pegando sua mão e colocando as nossas juntas em cima do meu colo.

– Seu mentiroso! Você tem a maior cara de bebê! – disse Hyuk, deitando ao lado do garoto de cabelos castanhos.

– Eu tenho 20 anos – ele disse, abaixando a cabeça. Eu apenas fiquei a lhe observar, afinal, eu já sabia disso.

– Nossa, Hyuk, ele é apenas um ano mais velho que nós dois. E por que você é um tão atrasado? – apertei a mão de SungMin, sabia que esse era um assunto delicado pra ele.

– Hm... Eu repeti pra acompanhar... O meu irmão mais novo... – vi que ele olhava para nossas mãos juntas enquanto falava.

– Nossa, não sabia que você tinha um irmão! – disse o loiro, parecendo não notar o clima tenso pelo assunto – e ele estuda conosco? – Apenas olhei para ele e neguei com a cabeça, vendo-o me olhar quando fiz isso.

– E-ele... Morreu...

A voz de SungMin sumiu depois disso e pude ver algumas lágrimas caindo de seus olhos. Levantei-me na mesma hora e puxei-o para fazer o mesmo, levando-o comigo para dentro do banheiro de dentro do quarto do Hyuk, podendo ouvir o mesmo pedir desculpas ainda enquanto íamos para dentro do cubículo.

Fechei a porta com cuidado e sentei SungMin no vaso sanitário, ajoelhando-me na frente do mesmo, acariciando-lhe o rosto e tirando as lagrimas que caiam por ali. Ele mantinha os olhos cerrados com força, enchendo seu rosto de rugas, segurando os soluços.

Sentia meu coração apertar por não conseguir acalmá-lo. Peguei sua mão direita, tirei a luva e beijei a palma da mesma, colocando-a no meu cabelo. Logo repeti o mesmo com a mão esquerda e passei a acariciar suas mãos enquanto ele apertava as minhas madeixas de leve, contendo melhor o choro.

Levei uma de minhas mãos para o seu rosto novamente, enxugando suas lágrimas com calma e carinho. Logo aproximei meu rosto do seu e dei-lhe um carinhoso selo na bochecha, vendo o mesmo dar-me um esticar de lábios quando o fiz.

Logo comecei a distribuir selos pelo seu rosto, enxugando as lágrimas que ali se acumulavam. E a cada selo que eu dava, era retribuído com um esticar de lábios ou um sorriso de verdade. Logo lhe puxei para levantar e o levei até a pia, molhando o seu rosto com carinho, até que disfarçou um pouco da vermelhidão em seu rosto.

Ficamos mais um tempo ali, apenas acariciando um a mão do outro enquanto SungMin se recuperava o bastante para voltar ao quarto e encarar os outros dois, que com certeza o olhariam com pena.

Assim que ele se sentiu bem para sair, peguei as luvas, dando um beijo na costa das mãos antes de vesti-las. Voltei a colocar a toca que fora tirada para que pudéssemos lavar seu rosto sem molhá-la e saímos do banheiro, encontrando os outros dois sussurrando alguma coisa um para o outro, o que parou ao notarem nossa presença.

– SungMin, eu sinto muito... – disse HyukJae olhando para nós. Senti SungMin apertar minha mão e eu a apertei de volta.

– Tudo bem... Vamos apenas... Dormir – disse Min e pude ver que ele sorriu para os outros dois antes de me puxar até a cama, onde deitamos.

Logo as luzes foram apagadas e SungMin veio para perto de mim, dando-me um beijo na bochecha, desejando-me uma boa noite. Na mesma hora abracei-lhe, puxando-o para mais perto e dando um beijo em sua cabeça, desejando-lhe de volta.