My Fallen Angel Of The Fog

A coruja branca e o reencontro


Passaram-se duas semanas após nosso primeiro encontro naquele baile e eu passei a freqüentar várias festas, esperando me encontrar com Jezebel mais uma vez. Entretanto ele não se fazia presente nesses eventos e eu estava quase disposta a esquecer sua existência quando fui abordada na ponte Westminster por um garoto estranho, que me perguntou repentinamente:

-Sonhando com os beijos da morte?- Eu estava perplexa com tal pergunta, tentava entender o que ele quis dizer e perguntei:

-Do que está falando? Nem sei quem você é e por essa razão, não sou obrigada a responder essa pergunta absurda.

-Me chamo Owl, a coruja branca ou o louco. A morte a qual estava me referindo é o doutor Jezebel Disraeli. –Ao ouvir o nome dele, segurei a mão de Owl com força, demonstrando toda a ansiedade que me consumia e perguntei:

-Você o conhece? Sabe onde ele está?

-Ele está na casa de Sir Gladstone, a quem você encontrará hoje à noite se for ao Royal Opera House. - Dei as costas a ele sem me lembrar de agradecer pela informação. Talvez minhas boas maneiras tivessem de ser deixadas de lado diante da expectativa de ver Jezebel mais uma vez.

Fui ao lugar indicado por Owl e conheci o homem de quem ele havia falado. Gladstone era conhecido por suas obras filantrópicas, mas sua santidade era uma fachada para camuflar um homem sem caráter e isso me fez pensar em desistir de minha busca. O que me fez continuar foi um convite dele para um chá no dia seguinte em sua casa de veraneio, ao lado de seu amigo Hector. Apesar de minha relutância, aceitei seu convite e reuni toda a minha coragem para ir até a casa de Sir Gladstone e talvez me reencontrar com Jezebel.

No dia seguinte, fui à casa de Gladstone. Fui bem recebia por meu mal-intencionado anfitrião, que me mostrava o local repleto de obras de arte e fui levada ao jardim da casa, onde Jezebel estava à espera do amigo. Como Gladstone não sabia de nosso encontro anterior, me apresentou a ele e só dessa forma decobri que eu não era a única que se utilizava de pseudônimos para que ficasse mais difícil de localizar. Permanecemos conversando sobre assuntos sem importância quando a jovem protegida de Gladstone o chamou com um gesto, o que me permitiu ter um momento a sós com Hector (ou seria melhor chamá-lo pelo nome verdadeiro?). Agradeci mentalmente a oportunidade de estar ali, enquanto disse, irônica:

-Achei que encontraria outra pessoa aqui. - Jezebel me olhou de uma forma estranha enquanto respondeu-me:

-E eu pensei que havia dito a você para fingir que não me conhecia.

-Eu sei disso, embora não tivesse a mínima idéia que você também se utilizava de outros nomes. - Enquanto respondia, observava se Gladstone estava se aproximando, para evitar que ele soubesse que nos conhecíamos. Sabia que não poderia me arriscar, mas mesmo assim, queria poder estar perto de Jezebel e talvez ele também quisesse me ver (parece-me que estou certa) quando me entregou um cartão, enquanto dizia:

-Se quiser me encontrar ainda hoje, vá até este local à noite. Só certifique-se de que não será vista por ninguém. - Com toda a certeza, cada encontro nosso representava um perigo crescente e isso me fazia querer vê-lo mais vezes. Ao aceitar este convite, vi algo diferente nos olhos dele, que me fez sentir meu coração batendo com mais força e antes que eu pudesse ceder aos meus ímpetos, ouvi alguém se aproximando. Jezebel recuperou sua postura normal e declarou a Gladstone:

-Eu tenho que partir agora. Tenho alguns assuntos pendentes a resolver.

-Achei que permaneceria mais tempo junto com a senhorita Haruka e comigo. -Comentou meu anfitrião, com um tom falso de pesar em sua voz desagradável ao extremo. Para não gerar quaisquer suspeitas, tive de esperar até que Gladstone e eu estivéssemos a sós para poder deixar o local. Entretanto, ele tinha planos diferentes para mim e começou a colocá-los em prática com a seguinte insinuação:

-Parece que meu caro amigo Hector queria nos deixar a sós.

-Ele provavelmente tinha alguma coisa importante a fazer. - Respondi, ignorando o sentido de suas palavras. Estava começando a me afastar quando senti meu braço sendo puxado e percebi que se eu não agisse rapidamente, teria de aguentar um beijo vindo de um homem cuja podridão de caráter era facilmente perceptível. Tudo o que Gladstone conseguiu foi beijar foi meu punho fechado e receber um empurrão que o levou ao chão, me dando tempo o suficiente para correr para longe dali e esperar até que anoitecesse para que eu terminasse meu dia de uma forma relativamente melhor do que ele havia sido em sua totalidade.