O resto da semana passou-me bem. A Amber cada vez adorava mais ir à escola, tinha muitos amigos e por enquanto até se safava bem na escola. Hoje, era Sábado e íamos à tarde para o parque divertirmo-nos um bocadinho. Há muito tempo que não íamos lá. Já tínhamos almoçado e tinha que ir vestir a Liv que ainda estava de pijama e ajudar a Amber a vestir-se. Peguei nela e vesti-lhe uma roupa confortável, de seguida fui ajudar a Amber.

Quando já estávamos todos prontos, fomos para o parque. Eu fiquei num banco a vê-las brincar enquanto o Jasper estava com a Liv para ver se ela não se aleijava. Ela ainda era um pouco pequena para brincar sozinha. Elas estiveram a brincar a tarde toda. Não se fartavam nem se cansavam. Quando já estava na hora de irmos para a casa da Esme eu fui ter com eles a avisar-lhes.

- Já está na hora de irmos. – Disse eu para o Jasper. Ele olhou para o relógio.

- Pois está. Vai chamar a Amber. Ela está ali a brincar com uma menina. – Disse o Jasper sorrindo, segurando na Liv. Fui ter com a Amber.

- Querida, está na hora de irmos. – Disse-lhe. Ela olhou para mim e depois despediu-se da sua nova amiga. – Vamos? – Perguntei-lhe.

- Sim. – Disse ela indo a correr.

- Amber Rose, cuidado! Não vás a correr. – Disse-lhe. Mas ela não me ouviu, continuou a correr. Ela estava quase a chegar à estrada. – Amber, pára! – Gritei-lhe. Mas já era tarde de mais. Ela começou a atravessar a estrada a correr, nem sequer viu se vinha algum carro ou não. Um carro atropelou-a. Fiquei em pânico. Comecei a correr até ela. Ela não podia morrer, ela tinha de estar bem. O carro que a atropelou fugiu mas o que me importava era a Amber e não a porcaria do carro. – Amber, por favor, acorda. Tens de ficar bem. – Disse desesperada.

- Senhora, já chamámos a ambulância. – Disse um senhor que viu o atropelamento.

- Ob…Obrigado… - Disse chorando. Ouvi um bebé a chorar atrás de mim. Tinha a certeza que era a Liv. Virei-me para trás e estava lá o Jasper com a Liv. Não conseguia decifrar as emoções que lhe trespassavam pela face.

- Jasper… desculpa… - A culpa era minha, se eu tivesse corrido mais depressa, tinha conseguido apanhar a Amber e nada disto tinha acontecido.

- Alice, shh, não peças desculpa. A culpa não é de ninguém. – Disse ele. A Liv continuava a chorar no colo dele. Uma ambulância chegou nesse preciso momento. Trataram da Amber e levaram-na para o hospital. Nós fomos de carro atrás deles. Não conseguia parar de chorar, eu só queria que a Amber ficasse bem. A Liv já tinha acalmado e agora estava a dormir na cadeirinha do carro. Quando chegámos ao hospital a Amber já tinha entrado para as urgências. Nós tivemos que esperar na sala de espera. A Liv estava ao meu colo. Sentia-me melhor com ela ao colo. Aconcheguei-me ao Jasper.

- A culpa é minha. – Disse entre soluços.

- Alice, não! A culpa não é tua, a culpa não é de ninguém. Não te culpes, por favor. – Disse ele. Ele estava mesmo muito mal. Via-se no olhar dele.

- Ok. Eu não vou suportar se algo de mal lhe acontecer. – Disse ela.

- Nem eu, mas temos que ser fortes e ter a esperança que tudo vai correr bem. – Esperámos mais uma meia hora e apareceu um médico. Nós levantámo-nos instantaneamente e ficámos de frente para o médico.

- O estado dela é grave, ela vai entrar agora no bloco operatório porque uma das costelas perfurou o pulmão e ela está com o nível de oxigénio muito baixo. Posteriormente, temos que fazer uma operação à perna dela, está partida em vários locais, não vai ficar boa se pusermos apenas gesso. Tem um cotovelo deslocado e alguns cortes e hematomas.

- Mas ela vai ficar bem? – Perguntou o Jasper. Eu já estava a chorar. Não conseguia pensar que a minha princesinha estava a sofrer tanto e eu não estava com ela.

- Sim, em princípio tudo vai correr bem. As operações não são de grande risco e ela tem estado a lutar pela vida, ela é uma rapariga forte e lutadora. – Disse o médico.

- Sim, essa é a minha princesinha. – Disse o Jasper. O médico sorriu e foi-se embora. Ia operar a Amber. Nesse momento a Liv começa a chorar.

- O que foi, pequenina? – Perguntei-lhe, embalando-a um pouco. Ela apenas continuava a chorar. – Tens fome? – Perguntei-lhe. Ela afirmou com a cabeça, mas não era só isso. Eu conhecia a minha filha e sabia que isto tudo da Amber a estava a afectar. Ela é muito ligada à irmã. Olhei apreensiva para o Jasper e ele olhou da mesma maneira para mim. Fomos os três até à cafetaria do hospital, para a Liv comer. Quando estávamos à espera da comida, o meu telefone toca. Dei-o ao Jasper para ele atender. Ia começar a dar de comida à Liv.

- É a minha mãe! – Exclamou ele. Esqueci-me completamente que íamos para casa da Esme. Ela já devia estar preocupada, não aparecemos lá e não avisámos de nada. – Esqueci-me completamente. – Disse o Jasper.

- Também eu. – Disse. Ele atendeu o telefone, como estava ao lado dele, conseguia ouvir a conversa toda.

- Estou? – Disse o Jasper.

- Jasper, onde estão? Quando é que chegam, está tudo à vossa espera. – Disse a Esme já preocupada.

- Mãe, nós estamos no hospital…

- O que aconteceu? – Disse a Esme interrompendo o Jasper.

- Mãe, nós estamos no hospital porque a Amber foi atropelada. – Disse o Jasper em grande sofrimento. Eu sabia que ele estava a sofrer tanto como eu. Ele apenas não demonstrava tanto para puder ser forte para mim.

- Ó Meu Deus! – Exclamou a Esme. – Quando é que isso aconteceu? Como é que isso aconteceu? Ela está bem? Por favor, diz-me que ela está bem! – Suplicou a Esme, desesperada. Ouvia-a a chorar do outro lado da linha.

- Foi, hoje à tarde, quando vínhamos a sair do parque para irmos para aí. A Amber ia a correr e aconteceu… Ela está a ser operada. O médico disse que uma costela partiu e perfurou o pulmão e que depois tem que fazer outra operação, porque tem a perna partida em vários sítios, tem um cotovelo deslocado e alguns hematomas e cortes. – Disse o Jasper tristemente.

- Vou para aí. – Disse a Esme.

- Mãe, não é preciso. Ela agora está a ser operada, hoje não a vais conseguir ver, de certeza. A operação vai demorar.

- Mas eu não vou conseguir ficar aqui em casa à espera de notícias. Eu vou par aí, e depois trago a Liv, ela dorme cá. Está bem?

- Está bem. Obrigada, mãe.

- Até já. – Disse a Esme desligando o telemóvel.

Enquanto o Jasper esteve a falar com a Esme, eu estive a dar de comer à Liv. Ela já tinha comido tudo. Voltámos para a sala de espera, à espera que o médico nos desse notícias da Amber. A Liv já estava a adormecer ao meu colo. Ela estava cansada, o dia tinha sido difícil.

- Ela está exausta, coitadinha. – Comentei para o Jasper.

- Pois está. Ainda bem que a minha mãe se ofereceu para levá-la lá para casa. Ela não ia ficar bem aqui no hospital. – Disse o Jasper.

- Pois não. – Respondi, apoiando a minha cabeça no ombro do Jasper. Ficámos em silêncio até a Esme vir ter connosco. Notava-se que ela tinha estado a chorar e estava cansada.

- Como é que ela está? – Perguntou a Esme desesperada.

- Ainda não sabemos de mais nada. Ela está no bloco e ainda não nos vieram dizer nada. – Respondi. A Liv já estava a dormir profundamente ao meu colo.

- E a Liv, como está? – Perguntou a Esme.

- Está cansada. – Respondeu o Jasper. – Acabou mesmo agora de adormecer. – Respondeu o Jasper, olhando ternamente para a Liv.

Ficámos mais umas horas à espera. Nunca mais vinham dizer mais nada. Às vezes, fechava os olhos devido ao cansaço mas eu não me permitia dormir sem saber como estava a Amber.

- Alice, não lutes contra o sono. Dorme, estás cansada. – Disse o Jasper acariciando a minha bochecha.

- Não, não posso adormecer sem antes saber da Amber. – Disse-lhe.

- Ok. Mas depois do médico vir-nos dizer da Amber, dormes. Já não dormes bem nas outras noites, tens de dormir pelo menos três horas. Tens de descansar. – Continuou o Jasper, acariciando a minha bochecha.

- Ok. – Disse aconchegando melhor a Lily, a mim. Ficámos pelo menos mais umas duas horas à espera. Já estava a desesperar. Precisava de saber como estava a Amber, nunca mais ninguém vinha dizer nada. Estava a andar de um lado para o outro no corredor. Senti o Jasper atrás de mim.

- Alice, calma. Vai correr tudo bem. – Disse ele para me acalmar.

- Jasper, estou a desesperar. Nunca mais dizem nada. – Disse abraçando-o.

- Vais ver que estão quase aí a vir.

Passado uns minutos, vi o médico que à bocado veio falar connosco, a dirigir-se para nós. Levantei-me instantaneamente e o Jasper também. A Esme viu-nos levantar e olhou para onde estávamos a olhar. Levantou-se devagarinho, visto que tinha a Liv ao colo.

- Então, doutor, como é que ela está? – Perguntou o Jasper.