Patch estava a 180 km/h.
- Aquele Joey… - Ele disse, apertando o volante. - Virou seu amigo?
- Ele apenas me ajudou. - respondi, virando meu rosto para o outro lado para esconder o sorriso.
- Sei. - Ele disse, soltando o ar pelo nariz.
- Eu amo você. - Falei, passando os dedos pelos seus cabelos. - Eu só quero você.
Ele relaxou e sorriu.
- Isso é tão bom. - Seu sorriso aumentou - Poder sentir seu carinho… Você sabe porquê eles fizeram isso?
- Por que? - perguntei, sem querer ouvir a resposta.
- Eles queriam que pela primeira vez na vida eu sentisse - Sua voz estava amarga. - Eles queriam que eu soubesse como era esse prazer para cobiçá-lo.
- Não pense nisso agora. - sussurrei. - Pense no quanto eu amo você.
Paramos novamente. Era um motel simples, mas parecia aconchegante. Senti falta do sorriso de Joey, quando passei pela recepção.
Patch colocou as coisas no canto do quarto e se jogou na cama. Fui até a mala e peguei a necessaire. Eu estava me sentindo mal desde de cedo, minha cabeça estava pesando, meu estomago embrulhado e minhas pernas pesadas.
Escovei meus dentes para ver se conseguia solucionar as náuseas, molhei minha testa e a nuca. Eu estava muito tonta para tomar um banho.
Apoiei minhas mãos na bancada da pia e fechei os olhos, esperando o sangue correr pelo meu corpo. Eu estava caindo.
- Patch! - Gritei.
Ele correu a tempo de me segurar. Inalei o seu cheiro por algum tempo.
- O que está havendo, anjo? - Ele perguntou, preocupado. Sua mão estava pressionada na minha testa.
- Eu não sei. - Sussurrei. Meu estômago protestando, parecia que eu tinha bebido um litro de óleo. - Deve ser o nervoso.
Patch soltou um suspiro e se deitou ao meu lado. Tirou a camisa e me puxou para o seu colo.
- Vai ficar tudo bem, anjo. - Ele sussurrava em meu couro cabeludo. - Te prometo.
- Acredito em você. - Eu sorri, de olhos fechados. - Eu peguei seu livro.
- Que livro? - ele sussurrou com calma.
- O dos arcanjos. - respondi.
- Eu não tenho um livro dos arcanjos. - Ele respondeu, tentando esconder seu medo. Mas eu o conhecia bem o suficiente.
Abri os olhos e logo me arrependi, o quarto parecia girar a minha volta. Eu estava caindo? Eu estava no colo de Patch. O bile veio até minha boca,droga.
- Preciso ir ao banheiro. - Falei.
Patch não disse nada, apenas me levantou e me levou até lá.
- Pode me deixar aqui. - Falei de forma quase inaudível. - Qualquer coisa eu te chamo.
Depois de muito protestar ele me colocou no chão.
Fiquei de joelhos e debrucei sobre o vaso, despejando todas as minhas preocupações. Me assustei ao ver Patch parado na porta.
- Você não precisa ver isso. - Gritei com vergonha.
- Na verdade preciso. - Ele veio até mim, segurando meu cabelo na nuca. - Eu prometi pra mim que cuidaria de você em qualquer situação. Anjo da Guarda, lembra? Além disso eu amo você.
Sorri, mas meu sorriso logo deu lugar a mais um jato.
Patch me ajudou a chegar até a pia, escovei meus dentes e lavei meu rosto.
- O que tá acontecendo, anjo? - Era uma pergunta retórica. Ele alisava as minhas costas.
- Eu também adoraria saber. - respondi.
Ele foi até a bolsa pegou alguns comprimidos, encheu o copo na torneira e me deu.
- Beba. - ele estava tentando se acalmar.
Uma ideia percorreu minha cabeça, era difícil acreditar mas não impossível.
- Pega minha necessaire, por favor. - Pedi a Patch
E quase que instantaneamente ele estava parado diante de mim com a bolsa azul entre as mãos.
- Pode me dar um segundo? - perguntei.
- Não vai me contar o que está acontecendo? - Ele parecia perturbado.
- Vou. Mas me de um minuto. - Falei, empurrando-o para fora do banheiro.
Tranquei a porta e peguei a pequena caixinha branca. Li e segui as instruções, urinar e esperar.
Esperei, peguei o primeiro. Não é possível. Repeti o processo na segunda caixa, o mesmo resultado. Meu corpo se explodiu em fagulhas, nunca estive tão feliz.
Abri a porta com cuidado, sorrindo para Patch. Ele estava sentado com uma das mãos apoiando a cabeça.
- Você vai ser pai.
O choque abandonou o rosto de Patch dando lugar a um enorme sorriso. O sorriso mais lindo que eu já vi. O sorriso que eu queria naquele pequeno serzinho que estava se desenvolvendo dentro de mim.