Patch correu em minha direção, me pegando nos braços e levantando.
- Essa é a melhor notícia que alguém podia me dar, anjo. - Ele estava eufórico. - A melhor.
Ficamos em silêncio por um tempo, minha cabeça repousando em seu pescoço. Estávamos apenas concentrados na respiração um do outro.
- Tem certeza? - Seus olhos eram cautelosos, mas ainda assim não escondiam a alegria. Mostrei a ele os dois testes e ele abriu seu sorriso ainda mais.
- Quem diria, hm? - Falei, levantando uma sobrancelha.
- Eu vou ser o pai mais orgulhoso que já existiu - Ele pôs as mãos em minha cintura e me puxou pra mais perto para me beijar.
- E eu a mãe. - Sussurrei em seus lábios.
Durante algumas horas ficamos apenas deitados, com as pernas entrelaçadas .
O sol incomodava meu olhos, instintivamente levantei os dedos para cobri-los. A relva roçava em meus braços e pernas, continuei deitada por alguns segundos, mas logo que olhei adiante eu levantei. Não conhecia aquele lugar, nunca estive ali.
Eu estava usando um vestido branco e leve com alças finas e cintura marcada, era muito bonito. Passei minha mão ao longo dele para limpar os vestígios do chão.
Haviam árvores frondosas e um grande campo a minha frente. Segurei as barras da longa saia e corri entre as flores, passando meus dedos sobre as pétalas macias e suculentas.
” Nora” uma voz ecoava ao longe. O vento agitava meus cabelos.
Forcei os olhos para enxergar adiante, havia uma casa em estilo vitoriano. Ela era enorme e muito bonita.
Apanhei uma flor e continuei andando até ouvir alguém de quem eu não reconhecia a voz. Era de criança.
Um menino correu em minha direção. Ele tinha cabelo cacheado castanho puxado para o ruivo, pele branca e olhos claros, sua dentição ainda não estava completa mas eu reconheceria aquele sorriso em qualquer lugar. Ele era novo o bastante para embolar as sílabas mas eu entendi o que ele gritava. Claramente.
- Mamãe! Mamãe! Mamãe! - A criança gritava, enquanto apertava os bracinhos curtos em torno do meu pescoço. - Papai!
Eu estava com a criança no colo, quando Patch se aproximou sorrindo. Eu abri a boca mas as palavras não saíram e Patch sumiu.
A criança continuava a chamá-lo, mas ele não aparecia. Ao longe o céu tinha escurecido totalmente e o que parecia ser uma aurora boreal tomava sua maior parte. Uma gargalhada diabólica ecoou e a criança em meu colo começou a chorar.
Eu não suportava ver aquele pequeno pedaço de mim e de Patch chorando. Envolvi meus braços com força em sua volta e deu um beijo em sua testa.
- Ninguém irá te machucar. - A minha voz finalmente havia saído.
A criança não se movia, mas logo um grito agonizante de dor escapou de sua garganta, ela não para de se contorcer em meus braços, enquanto eu tentava acalmá-la.
” Você já pensou que era tudo que ele queria?”
” Você sempre pensa que as coisas são fáceis?”
” Você achou que eu iria deixar barato?”
O vento sussurrava em meus ouvidos em meio as gargalhadas. As flores haviam secado, assim como as árvores. A criança estava sendo arrancada dos meus braços enquanto eu gritava.
- Anjo! - As mãos firmes de Patch estavam em meus ombros. - Anjo! Sou eu!
- Por favor, não me machuque… - Eu comecei a chorar.
- Eu nunca faria isso, anjo. - Patch estava com a minha cabeça aninhada em seu peito. - Foi só um sonho ruim… só isso. Eu estou aqui.
Ele levou uma das mãos a minha barriga, fazendo rodopios suaves e sussurrando doces ” eu te amo” o que me fez chorar mais.
- O que você viu? - Ele falou, sério.
- Vão matá-lo, Patch… - eu comecei. - A escuridão tomou tudo de meus braços, tudo tão triste e sombrio. - Eu estava gritando em meio aos soluços.
- Fique calma. - Ele suspirou, com meu rosto entre as mãos. - E me conte tudo.
Contei ele todo o sonho, ele riu na parte da criança mas logo seu sorriso sumiu.
- Faz sentido - Ele sussurrou, derrotado. - Mas não vou deixar que machuquem vocês. Nunca. Eu vivo por você, anjo. Se não fosse por você eu já teria desistido a muito tempo, mas você me fez acreditar que eu posso ser uma pessoa melhor, você me tornou uma… E agora você me concedeu a melhor coisa que eu poderia querer.
Parei de chorar para ouvir nas palavras bonitas de Patch, elas eram tão fortes que minha confiança aumentou.