Pedi que Patch dirigisse durante um bom tempo, não estava afim de ir para casa tão cedo. Deixei uma mensagem no celular de Vee e de minha mãe dizendo que estava tudo bem e que eu só precisava de um tempo para pensar. Já estava amanhecendo, o céu estava divido em faixas de cor de rosa e laranja, mas ainda podíamos ver a Lua. Patch parou o carro numa estradinha sem saída, caminhamos alguns metros até a praia. A areia era fina e massageava meus pés enquanto escorria pelos meus dedos, a maré estava calma, mas haviam algumas ondas, o cheiro de maresia me acalmava ao contrário da brisa que bagunçava meus cabelos.
Estendi uma toalha que encontrei na mala do carro e me sentei. Patch estava alguns passos atrás, completamente parado, observando o horizonte.
- Você não vem? - Perguntei, puxando-o para a superfície de seus pensamentos.
Ele andou em silêncio e sentou-se ao meu lado. Passaram- se alguns minutos e ele apenas suspirava.
- O que está havendo, anjo? - Perguntei, a menção do apelido ” anjo” teve o resultado que eu queria. Agora eu tinha sua atenção toda pra mim.
- Você acha que eu sou o cara certo pra você? - Agora ele me olhava. Seus olhos exibiam dor.
- O que? - Eu me engasguei. - Ouviu o que acabou de falar?
- O que eu quero dizer… - Ele voltou a fitar o horizonte, sério. - Já pensou em quantos problemas eu te trouxe? Já pensou no quanto a sua vida podia ser diferente sem mim?
- Já pensei sim, Patch. - Minha voz estava embargada.- Já pensei no quanto seria ruim sobreviver um dia que fosse sem você. E se sua memória falha já passamos por isso diversas vezes e posso afirmar que foram os piores dias da minha vida.
Ele não respondeu.
- Está pensando em me deixar? - Minha voz saiu mais estridente do que eu queria.
- Anjo… - Ele começou.
- Porque se está fale logo, Patch. - Eu interrompi.
- Não estou, Anjo. - Seus lábios tremiam. - Mas se for a coisa certa eu terei que fazer.
- O que? - gritei. - Você é o certo pra mim, Patch, você. - Eu queria bater nele.
Ele estendeu os braços e me abraçou, beijando o topo de minha cabeça enquanto suspirava.
- Você está certa. - Ele deu o braço a torcer por fim. - Não podemos nos separar. Nunca.
- Você não me ama mais? - Perguntei e as lágrimas quentes já rolavam pelo meu rosto.
- Amar você? - Ele riu sem humor nenhum. - Eu vivo por você, anjo.
Ele segurou meu queixo com as pontas do dedos e alinhou nossos olhares.
- Nunca chore por mim. - Ele sussurrou enquanto secava minhas lágrimas. - Não sou digno disso.
- Patch? O que está havendo? - Eu me soltei dos seus braços e me levantei para encará-lo. - Algumas horas antes estávamos rindo, nos divertindo e agora você parece outra pessoa. O que está acontecendo? Me fale, quero ajudar você. Se não quiser ficar mais comigo tudo bem, só não me esconda as coisas.
Ele fechou os olhos e sorriu, mas não disse nada.
Comecei a andar de um lado por outro, mas ele apenas colocou a cabeça entre os joelhos.
Andei para direção de onde viemos, eu iria embora e caso Patch quisesse falar comigo depois ele me procuraria, quando quisesse me contar algo.
- Eu acho vou morrer, anjo. - Ele sussurrou, mas sabia que eu conseguiria ouvir.
Travei, cada centímetro do meu corpo havia levado um choque. Um surto de adrenalina tomou conta de mim.
- O que? - Sussurrei para mim mesma.
Eu virei para olhá-lo ele permanecia imóvel, podia jurar que ele estava chorando mas não o impedi. Apenas respondi de forma que ele pudesse ouvir:
- Só por cima do meu cadáver.
Ele não se moveu e eu corri de volta para os seus braços.