Patch parecia estar realmente atordoado com tudo isso, ele encarava um ponto fixo e não se mexia.
- Vai ficar tudo bem meu, Anjo. - Sussurrei. - Estou aqui com você.
Ele foi desabando até colocar a cabeça no meu colo, comecei a fazer cafuné em seu couro cabeludo. Ele relaxou e fechou os olhos.
- Sabe que eu não posso sentir isso… - Ele disse com amargura, quase como se pedisse desculpas.
- Eu sei que pode. - eu disse, suavemente.
- Ás vezes eu tenho raiva de quem eu sou. - Ele continuou. - Não sou humano, sou um homem pela metade.
- Patch… Não fale isso. - Eu o repreendi, mas ainda com calma. - Você me completa,eu já sentia sua falta antes mesmo de te conhecer. - Beijei sua testa e em resposta ele puxou uma das minhas mãos que estava em meu cabelo, beijou, e colocou em seu peito.
- Eu não sei quem eu seria, se eu não tivesse você. - Ele sorriu sem humor algum. - Provavelmente um nada.
- Pare de falar isso… - implorei. As palavras dele estavam me atingindo como facas. - Isso me machuca muito, Patch. - Comecei. - Já pensou em como eu estaria sem você? Provavelmente morta.
Ele estremeceu.
- Nunca mais repita isso. - Ele sussurrou.
- Mas é apenas a verdade. - falei. - Pense… Eu estaria triste e infeliz sem meu pai- eu parei, escolhendo o que falar. - Seria a Nora que nunca se diverte, a Nora que os nefilins estariam atrás. A Nora morta.
Ele não respondeu, mas eu percebi que as palavras tinham afetado.
- Eu me sinto morta sem você, Patch. - conclui com as lágrimas tomando conta dos meus olhos. - E ver você assim… é como se parte de mim já estivesse morrendo.
Ele abriu os olhos e passou seus dedos longos para secar minhas lágrimas.Se levantou e trocou de lugar comigo, agora eu que apoiava a nuca em suas coxas musculosas.
Fiquei em silêncio.
- No que está pensando, anjo? - Patch perguntou, com curiosidade.
- Em você. - Não era mentira.
- Anjo… - Eu achei que ele fosse chorar.
Uma gaivota mergulhava para fisgar um peixe. Olhei aquilo por alguns segundos e sorri, parecia eu e Patch algum tempo atrás.
- Patch… - eu não sabia se devia perguntar aquilo. - Você acha que Rixon pode voltar?
- Sim. - Ele disse, quase de forma inaudível. - Eu nunca cogitei isso antes, mas eu consultei os arcanjos,eles também nunca ouviram algo sobre isso, mas não deixam de acreditar que pode ser possível.
- E os nefilins? O que vamos fazer? - perguntei, Patch era a pessoa mais sábia para me ajudar com esses assuntos.
- Sinceramente? Não sei, anjo. - Sua voz estava cansada. - Eu queria ter a resposta na ponta da língua, mas nesse caso não tenho. Eles não abrem mão de você, assim como eu. - Ele riu. - Eu não me importaria se você tivesse que liderá-los, mas eles sim. Eles querem que você escolha um dos lados.
- Eu escolheria você. - Eu disse, e minha voz soou estérica. - Sem dúvida nenhuma.
Patch riu.
- Eu sei. - Ele enfiou os dedos no meu cabelo e começou a desenhar espirais em minha cabeça. - E eles também. Mas também não duvido que seja inveja, por eu ter uma namorada tão perfeita como você. - Ele parecia orgulhoso.
- Eu? Perfeita? - Não pude deixar de rir. - Olha quem fala.
Ambos rimos. Meus olhos estavam pesando como efeito dos carinhos de Patch, aquilo era tão bom.
- Quer ir pra casa? - Patch estava me olhando, fascinado.
- Quero ficar com você. - Resmunguei, com o sono dominando meu corpo.
- Hm… então vou reformular a pergunta. - Eu podia ouvir o sorriso em sua voz. - Quer ir pra minha casa?
Eu sorri e concordei com a cabeça. Ele ergueu meu corpo junto ao seu.
- Amo você. - Sussurrei, aconchegando-me em seu peito. - Nunca me senti tão completa perto de alguém.
Eu e Patch tínhamos tudo para ser lados opostos de uma moeda, mas de um jeito estranho nos completávamos perfeitamente, eu nunca me imaginaria com alguém como ele e posso afirmar que ele também não, mas hoje eu não me reconheceria mais como a Nora, mas sim como ” Anjo” como ele costumava me chamar.