Mudança

Capítulo 21


Meu corpo parecia despertar,eu não me sentia em aspecto nehum desperta,estava entorpecida demais,tentei me mover mas meu corpo não me obedecia de jeito nenhum,minha cabeça foi e voltou sem meu consentimento,mas ao menos pude me sentir aliviada;não estava presa em correntes e nem tinha aquela monstruosidade no pescoço.

Ao contrário do que eu imaginava não me senti bem,não me senti bem coisa nenhuma.A sensação de vazio e de não me controlar me tirava do sério,não me acalmei,não queria me acalmar.Resolvi chamar por alguém.Nada.Só saía um balbucio irritante da minha boca.

Já tinha ouvido falar daquilo,alguns comentavam sobre a sensação.Você não consegue se mover,parece que está presa num corpo que não te responde.Vi que tudo aquilo era mais do que verdade.

Aquilo me deixou em puro estado de ira!Concentrei-me em perímetros,fui tentando não relaxar os músculos,mas tensioná-los.Fiz força com o corpo parte por parte.Pensei setorialmente.

Mandei meu ombro mandar meu braço mandar meu cotovelo mandar meu pulso mandar minha mão mover meus dedos.

Repeti esse exercício vária vezes até sentir meus braços e pernas.Não sei quanto demorou,mais me senti quebrando correntes que impediam meus comandos mais simples.Me senti voltando ao normal cada vez mais.

-Oi som,teste1,2,3,som -eu repetia.

Estava de volta ao controle depois de acho que algumas horas.Me sentia forte e com um estado de espírito que se fosse possível queimaria aquele maldito lugar.Sorri alegremente quando consegui me sentar e balançar meus pés,era estranho,mais eu me sentia vencendo a tudo e a todos fazendo aquilo!

Ouvi a porta abrir devagar e voltei a me deitar sem expressão,fiquei assim imóvel enquanto ouvia a voz daquele maldito doutor.

-Tome cuidado Nataniel,ela deve estar confusa com tudo isso.

-Eu sei,eu também estou - ele sussurrava.

Os vi chegar e os olhei inocentemente,sem expressão como imaginava que seria se eu não tivesse vencido aquele estado.Eles me olharam de volta e Nataniel sorria amarelo como se desculpasse,ao que parecia ele não tinha participação naquilo.Olhei e sorri com cara de lesada,ele me encarou com o que parecia ser pena.O médico saiu e ele parecia não reagir a nada.

-Eu não pude evitar Jeh,não pude...Agora você está assim,não queria,mais sei lá você parece...diferente.

Não consegui responder,só o encarei sem expressão,eu queria consolá-lo,mais parecia que não era hora ainda.

-Olha,vou te deixar sozinha com um alguém que veio te ver tá bom?- ele me avisava.

Ele saiu da sala e vi Gabriel entrando devagar no quarto,ele tinha um cão de pelúcia na mão.

-Oi?Sabe,eu sei que você não pode responder ainda,sei que você está com medo e que tudo está confuso,mais passa em alguns dias,sei lá um mês no máximo eu acho.

O olhei de novo e ele chorava,pra ele eu senti que podia contar.Olhei pra ele de novo e sorri já me sentando na cama.

-Sabe,eu acho que não sou tão lenta como você.

Ele ficou estático,me olhava sem entender,eu levantei-me e o abracei com força,ele não se movia.

-Vo...vo...ce co...como?

-Já disse, não sou como os outros.

Ele me olhou e sorriu,o vi se aproximando e diminuí a distância entre nossas bocas,eu o beijava e ele deu passagem para minha língua,todo meu corpo reagia me deixando mais forte e mais desperta,sua boca devorava a minha e eu o devorava de volta.Não liguei,só o beijava,sentia sua energia passando pra mim,seus olhos eram um misto de confusão e malícia.

-Já era hora - eu sussurrei.

-Eu sei - Ele respondeu.

-Não conte o que aconteceu aqui,pelo menos por agora é melhor assim tá bom? - perguntei e ele assentia.

Sorri e me deitei de novo com o bichinho na mão,ele tinha o cheiro de Gabriel,era doce e levemente refrescante.Perfeito,exatamente como seu beijo.

Nataniel entrou minuots depois tirando Gabriel do quarto,ele me trocou em silêncio e me pegou nos braços,ao que parecia íamos pra casa.Permaneci "mole" até chegarmos lá.Foi um circuito longo e silencioso,a única comunicação entre nós eram seus olhos encontrando os meus de vez em quando.

Chegamos na casa e ele permaneceu silencioso,me colocou no carrinho e ficou lá,me olhando sem ação por uma,duas horas não sei ao certo.Ele estava estático,sem vida,e saía de perto de mim,não deixei.Dane-se o que me aconteceria,estava na hora.

-Nate,por que essa cara?Que eu saiba eu não morri - disse eu sorrindo zombeteira.

Ele me olhou em choque,eu cheguei perto e o abracei,no momento acho que era ele quem precisava de apoio.

-Jeh,como? - ele perguntava atônito.

-Sou mais forte do que pareço Nate.

Nos abraçamos sem falar mais nada,eu nascera de novo,ele não era mais meu irmão.Era meu pai.

Eu renasci,e agora só queria uma coisa: A VERDADE