Mudança

Capítulo 22 a lenda


-Por quê? - era a única coisa que eu conseguia perguntar.

-Jeh...não sei como te dizer isso.

-Comece pelo início e aí vai indo oras...

-Certo...- ele suspirou pesadamente- você fez coisas que não esperávamos,que saiam da linha do normal,pelo menos o nosso normal...E o modo como você sempre reage à tudo,especulando,impondo sua opinião...

-E aí você deixa eles fazerem aquilo na esperança de que eu seja submissa a uma coisa nada natural pra não dizer bizarra?Nataniel,com ou sem isso eu não sou e não me vejo como uma criança.

-Você não entende...

-Então me explique - pedi me sentando no sofá.

Ele ponderou de modo aflito,como se avaliasse o que deveria ou não me contar.

-Sabe...tenho uma história pra te contar;acho que é a única coisa que posso fazer pra você entender e a única que não terei compliações se fizer - ele explicou.

O fitei sem saber o que dizer;aquilo não era muito mais pelo menos era alguma coisa que explicasse toda aquela loucura.Nataniel passava freneticamente as mãos na cabeça como se na esperança de ser corajoso o bastante para começar.

-Já é alguma coisa não é? - perguntei curiosa.

-É muita,muita coisa mesmo Jennifer - ele disse.

Eu o fitava enquanto ele contava,bem pelo que entendi a história é a seguinte:

Um antigo bruxo de nossa vila tinha três filhos,cada um deles era o extremo oposto do outro e nenhum queria dominar a arte da magia exceto um dos irmãos.Esse irmão era conhecido por ser cruel e sanguinário longe dos olhos de seu pai,e,para ter seus poderes liberados em sua totalidade ele deveria se separar de sua família,o que o velho bruxo não permitia.

A cada ciclo completo,que chamamos de ano o velho bruxo absorvia a força de seus filhos na esperança de que o filho cruel não os dissuadisse e separasse sua famíla,da qual ele tanto amava.

Numa noite de lua especialmente brilhante o velho bruxo saiu para seus rituais,o que ele não esperava é que seu filho o seguisse de perto.O filho carregava em seu coração um ódio tremendo por não se sentir livre.O pai por sua vez agradecia todos os dias por ter sua família por perto,nenhum filho nunca reclamara disso,pois sabiam que na hora certa o velho bruxo daria a eles o poder ,e além de tudo o amavam;todos menos o filho cruel que sempre por tudo reclamava

.O velho bruxo sempre encobria as maldades de seu filho na esperança de que se controlado ele melhorasse,e lamentava-se por seu filho já não ser uma criança pois ele seria mais facilmente "moldado".O bruxo não queria controlar seu filho,queria controlar a maldade dele,pois ele tinha se distanciado da família e voltado dizendo que vira tudo no mundo.Sua bondade tinha se exvaído,só restando um amargo coração.

Ainda absorto em seus rituais o velho não percebeu a intenção de seu filho que se aproximava deliberadamente.

-Você a muito me controla,está na hora de dar o que é meu!- berrava o filho.

-Seu coração não mais é puro,tu não és digno do que lhe é oferecido,portanto não o terás enquanto não voltares a ser como era. - explicava o bruxo.

Em segundos o filho cruel o atacou com o pouco de poder que conseguia usar,mas o velho bruxo era mais sábio e poderoso.

-Voltarás a ser o filho que um dia realmente amei,nem que para isso voltes ao começo.- gritava o bruxo.

O filho estava dominado por longas cargas elétricas saídas de uma corda na mão do velho bruxo.Cargas essas que o faziam sentir-se incapaz,sem o controle de seu próprio corpo.

-Nem que tenha que voltar ao começo... - repetia o velho bruxo.

Uma luz envolvia o filho até que só se visse a luz,um estrondo em todo o mundo foi ouvido enquanto o filho caía derrotado no chão.O filho acordou,mas não sentia ódio, nem mais sua crueldade,estava feliz enquanto seu pai o embalava.Seu corpo ainda era o mesmo,mais a mente não,a mente novamente era a de uma criança.

Dizem também que,a cada maldade que o filho via e tentava como as do "mundo exterior",a corda,agora amarrada em seu pescoço liberava as cargas elétricas que ele sentira naquela noite se repetindo por meio de um antigo feitiço,e que, depois daquele dia o povo do velho bruxo viu os perigos do "mundo exterior" e seus filhos,como o do velho bruxo deveriam manter seus corações puros como os das crianças nem que para isso tivessem que "voltar ao começo".

Olhei para Nataniel que agora parecia imerso em pensamentos,não falei nada,até que ouvi sua voz.

-É por isso que vocês são nossas crianças,o mundo lá fora é perigoso e enegra os corações.Um dia vocês crescerão,e quando acontecer ainda terão um bom coração,um coração de criança...

Ele disse aquilo como se já tivesse escutado.Ainda sério ele olhava pela janela com a face banhada pela luz da lua com olhos vazios,como se voltasse a uma época antiga.Tentei refletir sobre tudo aquilo mas não consegui.O choques ainda faziam efeito por mais que muito fraco em meu corpo.Estava um tanto quanto entorpecida mas não me importei com aquilo,só olhei pra lua como Nate fazia e tentei entender o sentido daquela história.

Não sei quanto tempo depois adormeci imersa naquele clima místico que não me assustava;mas parecia me envolver.