Acordei tranquilamente. Nos primeiros minutos não consegui recordar-me de onde eu estava e nem porque esta ali. Eu havia tido uma noite muito curta, sem sonhos, que logo foi interrompido pelo nascer do sol, que me retirou de meu sono profundo desnorteante.

\\t\\t Fiquei deitada mesmo acordada, repassando os acontecimentos da noite anterior.

\\t\\t Percebi que a floresta estava diferente de ontem. Talvez isso se deva ao fato de que agora o sol tomava o lugar da lua, o luar sendo substituído pelo nascer do sol. As árvores não eram mais do tom azulado que foram. Agora estavam com a cor verde esmeralda. Me senti mais segura, protegida. Estava tudo com a aparência mais alegre, mais... Viva.

\\t\\t Ainda era cedo; eu podia ver o sol nascendo, pouco aparecendo; as folhas das árvores estavam tapando minha visão.

\\t\\t Era um lindo cenário. Nada parecia real. Estava tudo tão irreal que parecia uma paisagem pintada por algum artista experiente. Apenas não me deixei confundir com um sonho pelas sensações. A terra úmida ainda estava lá, meu vestido agora estava levemente molhado. Além de tudo isso, o ar estava com um leve cheiro de terra molhada.

\\t\\t Levantei, sem a menos vontade, para observar meus pés. Acho que descobri o motivo de minha queda da noite anterior. Eu havia botado uma sandália de salto alto, para combinar com o vestido do sonho, que quebrara ontem, no momento em que saí correndo como uma louca.

\\t\\t Ouvi um barulho muito alto. Meu estômago estava roncando ruidosamente. Esqueci que não havia trazido comida. A última vez que comi foi as 7 e meia da noite, na mansão, e eu só havia comido uma barra de granola e uma pequena maçã. Acho que isso não é algo que nos deixa sem fome por muito tempo. Quando saí, estava satisfeita, mas agora, estou faminta.

\\t\\t Vaguei pela floresta a procura de comida. Avistei um arbusto e corri até ele. Meu outro salto quebrou, me atirando na terra, que agora estava quase completamente seca. Tirei os sapatos, atirando-os para trás com toda a minha força. Agora eu estava livre para correr.

\\t\\t Continuei minha corrida até os arbustos e percebi que ele tinha bluebarries. Arranquei todos os que consegui, colocando-os no chão, para enfim saborear meu delicioso café da manhã.

\\t\\t Só quando estava satisfeita, percebi que não tinha a menor idéia de onde eu estava. Tentei relembrar o caminho que eu tinha seguido na noite anterior.

\\t\\t Bom, realmente isso não importa. Prometi a mim mesma que não voltaria sem todas as minhas dúvidas esclarecidas. Até agora, a única informação que consegui foi o porquê de proibirem as idas a La Luna. Mas eu ainda precisava saber que criatura era aquela que havia matado o cervo, deixando-o sem sangue.

\\t\\t Eu iria esperar até que a lua novamente tomasse seu devido lugar no céu, para ver o ser que me encarou e drenou a vida do cervo. Eu farei o que for preciso para reviver o momento de ontem. Nada poderia me impedir. Nem mesmo minha própria morte. E disso eu tinha certeza.

\\t\\t Enquanto eu vivesse na dúvida, minha vida pouco significaria.

\\t\\t Ainda era de tarde, quando eu ainda decidia o que fazer quando – eu ignorava a possibilidade de não acontecer- eu olhasse nos olhos profundos e penetrantes dele.

\\t\\t Já havia considerado algumas opções, todas as tentativas de resolver o problema foram em vão. Eu não podia adiar mais isso, embora fosse a coisa que eu mais quisesse no momento, isso teria sua marca daqui a alguns dias, quando eu estivesse me perguntando o que eu poderia ter feito se tivesse coragem.

\\t\\t Eu podia sentir que este seria um dia especial, que se tornaria algo muito mais forte do que simples lembranças que um dia serão esquecidas.

\\t\\t Me enganei na minha primeira noite na casa de tia Elisabeth, quando pensei que era um recomeço. Esse sim é um recomeço. Se eu me prender a essa decisão de fazer o possível e o impossível para ver o ser, será uma decisão que marcará minha vida para sempre. Eu tinha certeza disso.

\\t\\t Eu sei que me manterei presa a essa decisão, porque minha vida, sem essa resposta, será um vazio infinito. Como uma noite sem a luz da lua. Quando se vive sem uma razão, sua vida torna-se para você um lugar insuportável, um mundo completamente estranho em que você se vê obrigada a ficar.

\\t\\t Até o pôr-do-sol, essa seria a única certeza que eu teria. E até lá, isso bastaria