POV Jhonny

Não acreditava que era um grito dela. Não podia ser.

Algumas horas depois, chegaram carregando um corpo pequeno e encolhido, cabelos ruivos pendiam do braço daquele maldito robô. Mirella.

Passei horas olhando aquele corpo encolhido na cela onde estivera minha irmã. “Será mesmo ela?” eu pensava, no momento eu que me virei, ouvi meu nome.

–Jhonny? – virei novamente. Lágrimas escorriam por suas bochechas e seus olhos mostravam puro medo.

–Mira? – chamei.

–Você está bem? – ela perguntou. Senti meu coração apertado.

–Queria que você estivesse em casa, sã e salva. – respondi.

–Estar em casa agora seria uma boa. – ela brincou, sorrindo de leve. Ela se levantou e se encaminhou para a parede da cela, mas, quando a tocou, levou um choque.

–Mira, tudo bem? – perguntei, agarrando as grades.

–Foi só um choque, mas doeu. – ela sorriu. Dois robôs entraram na prisão e, atrás deles, Victor.

–Vejo que já está mais bem disposta, filha. – ele sorria vencedor – Tirem o rapaz daqui.

–Jhonny! – ouvi o grito, mas os robôs bloqueavam minha visão dela. Vi ela batendo na parede sem se importar com os choques que tomava. Os robôs abriram minha cela e me tiraram de lá de forma brutal.

–Mirella! – gritei de volta. Vi ela se afastando das paredes e o poder tomar conta dela. Seu corpo espalhava um leve brilho alaranjado pela cela.

–Fiquem longe dele. – ela gritou. Pude sentir, de longe, seu poder aumentando a cada segundo.

–Agora! – ouvi Victor gritar e um cilindro de vidro caiu sobre ela, criando um tipo de segunda camada para mantê-la presa. Logo o cilindro começou a girar e eu pude ver a dor em seu rosto, mas ela não se deixou vencer, ela não faria isso. Ela andou até o cilindro e encostou nele enquanto ele girava. Ele começou a ficar vermelho, então preto e depois queimou todo, sem restar nada.

–Abaixem a segunda porta! – Doom ordenou e quatro paredes de ferro subiram do chão, nos tirando a visão da garota. Então o ferro explodiu e o que sobrou se tornou apenas ferro derretido.

– Algum outro truque, Victor? – perguntou. Ele puxou um revólver debaixo da capa e apontou para mim.

–Venha comigo, me obedeça e faça o que eu quiser que ele não se machucará, caso contrário... – ele engatilha a arma, preparando-a para atirar.

–Pare! – suplicou. Pude ver em seu rosto um medo que ela jamais demonstrara, separados apenas pelas paredes da cela dela, como eu queria abraçá-la e lhe confortar.

–Boa menina. – a cela de abriu e nenhum de nós se mexeu – Para o laboratório. – ela não se mexeu, apenas o encarou – AGORA!

–Mira, não faça isso! – Jhonny pedi, mas ela não me ouviu, apenas fez o que o pai pediu em absoluto silêncio.

–Entre no cilindro. – Victor, eu e os robôs a acompanhávamos, prestando atenção em cada movimento seu. Ela entrou em um cilindro idêntico ao que Victor usou na prisão e eu pude ver lágrimas rolarem por seu rosto. Nesse momento, Valeria e Franklin passaram por nós e a abraçaram, então o cilindro se fechou.

–Val? Frank? – vi ela os apertar contra si, prendendo os três ali – Não! Pai! Abra isso! Eles vão morrer! – gritou com dor. Vi o desespero em seu rosto quando Val começou a chorar e Frank falava calmamente. Ela se ajoelhou e abraçou os dois.

–Mirella! Valéria! Franklin! – gritei uma última vez antes do cilindro de vidro começar a girar e as crianças começarem a gritar de dor. Perdi o ar. Logo Franklin parou, com Valéria houve a mesma coisa. Havia perdido meus sobrinhos. Mira os soltou com cuidado e se levantou, um brilho vermelho emanava de seus olhos. O vidro estourou, seus cabelos começaram a queimar e eu vi seu corpo se levantar do chão, como quem atingiu o poder infinito e perdeu o controle.

–Victor, você me paga! – gritou. Ele sacou a arma e apontou para mim, mas, com um movimento de cabeça da garota, ela voou pela janela e os robôs ficaram completamente amassados em segundos.

–Mas como... – aproveitei a deixa e entrei em combustão, me colocando ao seu lado.

–Parece que você não é bom assim, Destino. – brinquei. Foi quando ela gritou de dor. –Mirella! – a segurei, evitando que caísse no chão, antes de uma garota loira se por ao lado Doom. Puxei um canivete das costas da minha amiga e o joguei no chão.

–Esqueci de lhes apresentar Samantha, minha filha mais velha. Treinada em artes marciais e técnicas de assassinato, ela é uma perfeita assassina. – a garota não tinha qualquer expressão, apenas um sorriso vingativo. Seus cabelos loiros, quase brancos, olhos verdes e pele clara, lembravam Mira mais nova e serena. – Tive que dar um fim em Lyja. Ela sabia demais. – ele completou.

–Se vai me matar, ande logo com isso! – gritou Mira, se pondo de pé. Pude sentir uma onda de poder sair da garota, mas não disse nada.

–Não lhe matarei já que preciso do seu poder infinito, mas não digo o mesmo do seu namoradinho. – ela caiu novamente, mas, antes que eu pudesse ajudá-la, robôs novos me imobilizaram.

–Deixe o Jhonny fora disso! – gritou chorando. – Jhonny! – seu gritou saiu embargado.

–Mira, eu vou ficar bem! Se acalme! – pedia, tudo que eu mais queria era que ela voltasse para casa sã e salva, nem que pra isso eu tivesse que arriscar minha vida. Então ela deu um grito. Alto e poderoso o suficiente para quebrar tudo o que havia na sala e derrubar a todos ali presentes. Forte o suficiente para acabar com suas forças.

–Mirella! – gritei, tentando me desvencilhar daqueles robôs, quando Doom bateu com a coronha da arma na minha cabeça e eu apaguei.

–Jhonny? – ouvi uma voz me chamar, uma voz feminina. Logo ouve um estrondo e os alarmes soaram.

–Onde está a Mira? – perguntei, pude ver como minha voz saiu fraca e rouca.

–No jato em que viemos e... – vários robôs entraram na prisão, sendo seguidos por von Doom e Samantha. Ela, reparei naquele momento, estava vestida de preto, os cabelos presos em um rabo de cavalo e segurava um pistola em uma das mãos.

–Caros, amigos! Essa é minha filha mais velha Samantha. – apresentou Destino. A garota sorriu de forma maldosa e começou a brincar com a pistola. – Agora, se me dão licença, tenho que drenar o poder da minha menina mais nova. Acabe com todos, filhinha. – ele saiu, vitorioso. Eu só queria a deixa pra esmagar aquele cabeça de lata.

–Dispensados! – ela acenou para os robôs e eles saíram da sala, nos deixando a sós.

–Desgraçada! – gritei com fúria, ela apenas ergueu as sobrancelhas. – Você quase matou a Mira!

–Correção: Quase. – ela soltou a palavra calmamente e sorriu de forma perigosa. – Venham comigo se quiserem sair com vida daqui. Ainda tenho que resgatar minha irmã. – ela apenas se virou e começou a andar para fora dali. A seguimos sem termos muitas opções e com Sue, Ben e Reed me arrastando junto contra a minha vontade, quando ouvimos um grito.

–Jhonny!