Após a morte, se ilumina

Miralice viu seus dedos liquefazerem. Depois dos braços e todo o seu corpo, uma vez carne, agora fluidificava no ar.

Cada gotícula de água gerada era um milésimo de sua vida. Havia milhares delas. Cada sorriso, lágrima ou palavra pronunciada fluía. Partículas cinzas representavam vazio, resultando afasia. Flutuavam todos de encontro ao prisma de energias florescidas.

Aquele prisma recebeu gotículas de Miralice. O que restou fora, evaporou-se.

Como um forno d’alma, o prisma fundiu gotículas com energia.

Miralice expandiu, até emitir luz em todas as direções, pousando os pés no chão. Ou, uma lembrança do que eram pés no chão.