Paola fica ali parada, esperando que a irmã a acolhesse como pensou que ela faria, porém Paulina não reagiu como o esperado, ela permaneceu deitada como se tudo aquilo não passasse de uma miragem, aliás Paulina ainda estava sonolenta.

— Qual é, não vai dar um abraço na sua irmã favorita? - pergunta Paola de bom humor.

— Você é minha única irmã Paola. - diz Paulina esfregando os olhos tentando despertar.

— Credo irmãzinha que mau humor! - comenta Paola olhando para a irmã.

— Me desculpe, vem cá. - chama Paulina se levantando e dando um abraço apertado em Paola.

— Agora sim, pensei que não tivesse se alegrado em me ver. - resmunga Paola se fazendo de ofendida após o abraço.

— Não diga besteiras Paola, você sabe como eu fico quando me acordam. - se explica Paulina a olhando.

— Sim eu sei, você fica furiosa, por isso que eu fiz questão de vir aqui te acordar. - conta Paola dando gargalhadas.

— Você adora me irritar, não é mesmo? - pergunta Paulina querendo rir.

— Ai Paulina, certas coisas nunca irão mudar. - comenta Paola se sentando na cama da irmã.

— Como está? Estranhei você dormindo aqui, não deveria estar na capital com os Bracho? - pergunta Paola detalhando a irmã.

— Eu estou bem sim, eu tive alguns problemas por isso estou aqui. - reponde paulina nervosa evitando dar maiores detalhes.

— Que problemas? - questiona Paola interessada.

— Nada demais, não se preocupe. - diz Paulina indo até o banheiro para tentar fugir da irmã, pois não queria falar sobre Carlos Daniel.— Mas e você? Como tem passado? - pergunta ainda na porta, mudando de assunto.

— Ai maninha eu estou ótima! Vivi dias incríveis em Londres, já estou com saudades! - conta Paola sorrindo indo atrás da irmã.

— Veio para ficar, ou já vai viajar novamente como fez no dia do meu casamento? - pergunta Paulina ressentida, após escovar os dentes.

— Aaa Paulina, eu já te expliquei o por quê de não comparecer, eu não queria te ver se casando com alguém que você não queria, você merecia mais. - se defende Paola tentando convencer Paulina.

— Ainda assim Paola, queria que estivesse aqui, eu sempre estive a seu lado nos piores e melhores momentos, e quando mais precisei, você me deu as costas. - desabafa Paulina com mágoa.

— Eu sei que errei maninha me perdoe. - pede Paola sem argumentos, pois a irmã estava certa.

— Tudo bem, agora já passou. - diz Paulina triste voltando para o quarto, seguida pela irmã.

— Eu vou me arrumar e já desço, se você quiser ir na frente- propõe paulina indo até o closet.

— Eu prefiro te esperar para descermos juntas. - diz Paola deitando na cama novamente.

...

• Mesa do café •

Paula e as filhas tomavam o café da manhã em harmonia, estavam sorrindo e conversando, o clima na casa era outro quando Renato não estava.

— Fico tão feliz em ter minhas duas filhas aqui comigo! - conta Paula sorrindo.

— E terá que me aturar por um bom tempo, por que eu não pretendo ir embora tão cedo. - avisa Paola rindo.

— Eu também. - concorda Paulina distraída bebendo um gole do seu café.

— Você quer dizer até seu marido vir te buscar não é mesmo? Ou se esqueceu que não mora mais nessa casa? Aliás e o Carlos Daniel, ele não deveria estar aqui? - questiona Paola curiosa.

Paulina se move na cadeira inquieta e olha para a mãe nervosa.

— O que estão escondendo? - pergunta Paola percebendo a troca de olhares.

— Eu e Carlos Daniel não estamos mais juntos. - informa Paulina olhando para um ponto qualquer da mesa.

— O que aconteceu? - pergunta Paola sem acreditar.

— Não estávamos nos dando muito bem, então Carlos Daniel me pediu o divórcio, e eu aceitei - conta Paulina respirando fundo.

— E por que sou a última a saber? - questiona Paola revezando os olhar entre a mãe e a irmã.

— Por que você nunca está aqui. - resmunga Paulina cortando um pedaço de bolo.

— Que falta de consideração em família. - reclama Paola se fazendo de ofendida.

— Eu ainda acho que foi só um desentendimento, e que assim que esfriarem a cabeça, e se sentarem para conversar como dois adultos, vocês irão se acertar. - opina Paula com convicção.

— Talvez seja melhor que não voltem, aquele cara a comprou, não acredito que tenha boas intenções.- diz Paola fingindo não se importar com o assunto.

— Mas não era você quem dizia que ele era um ótimo partido? O que mudou? - questiona Paulina estranhando a fala da irmã.

— Eu eu me referia ao financeiro, sem dúvidas Carlos Daniel Bracho é um homem excepcional, qualquer mulher cairia a seus pés, qualquer uma menos você né maninha. - comenta Paola olhando para a irmã com desdém.

Paulina se sentiu incomoda com a forma que Paola se expressou, e não escondeu a feição de descontentamento.

— Qualquer mulher? - pergunta Paulina largando o a xícara sobre a mesa enquanto encarava a irmã fixamente.

— Sim. - responde Paola dando de ombros enquanto comia.

— Até você? - pergunta Paulina arqueando uma das sobrancelhas.

Paola para de comer e olha para Paulina rapidamente, ela logo percebe que tinha dito besteira e fica encurralada enquanto pensava no que dizer.

— Eu... - Paola procura uma maneira de reverter a situação mas é interrompida por Renato que entra na sala de jantar

— Papai! . - diz Paola aliviada, se levantando rapidamente e indo até o pai.

— Meu amor! - diz ele abraçando a filha com carinho.

— Estava morrendo de saudades do senhor! - conta Paola após se separarem.

— Eu também minha princesa, espero que tenha vindo para ficar. - comenta Renato fitando a filha.

— Sim pai, eu pretendo passar um bom tempo aqui com vocês. - diz Paola sorrindo.

— Que bom meu amor, sabe que adoramos sua presença. Chegou agora? - pergunta Renato se sentando em seu lugar na mesa.

— Cheguei tem um tempinho já. - responde Paola também se sentando.

— Você está ainda mais linda minha filha! - elogia Renato sem tirar os olhos dela, ele a amava muito.

Paulina que observava tudo em silêncio, se move na cadeira visivelmente desconfortável, com ela o pai nunca foi tão carinhoso como estava sendo com a irmã. Paula olha para filha e sente o incômodo da mesma, e seu coração se aperta, a preferência que Renato tinha por Paola era gritante.

Paola serve o pai com tudo o que ele gostava, ela costumava puxar o saco de Renato para conseguir tudo o que queria, sempre agia assim, e desde criança adorava chamar atenção. Já Paulina era mais tímida e retraída e por isso acabava ficando esquecida.

— Dormiu bem Paulina? - pergunta Renato de má vontade, assim que notou a presença da filha na mesa.

— Sim. - reponde Paulina sem olhá-lo.

— Que bom! - comenta ele sem dar muita importância.

— Onde foi tão cedo Renato? - pergunta Paula olhando para o marido.

— Fui até a cidade vizinha, haviam algumas pendências que precisavam serem resolvidas hoje, e como tenho muito trabalho na empresa, resolvi ir bem cedo para não atrasar meus outros compromissos. - explica Renato comendo uma torrada.

— Bom, me dêem licença, vou voltar para meu quarto. - informa Paulina se levantando.

— Mas já filha? Você nem comeu! - pergunta Paula olhando para a filha.

— Eu tenho alguns trabalhos da faculdade, e como não gosto de acumular vou fazê-los agora. - diz Paulina saindo logo em seguida.

— Desde quando a Paulina faz faculdade? - pergunta Paola estranhado, pois não estava por dentro dos últimos acontecimentos.

— Desde que se casou com Carlos Daniel. - responde Paula brevemente.

— O que eu acho um grande absurdo, até onde eu sei, mulher tem que fica dentro de casa cuidando do marido e dos filhos!. - se intromete Renato machista.

— Credo pai, que pensamentos mais ultrapassados! Nós mulheres fazemos o que nos der vontade, eu por exemplo, não me vejo sendo dona de casa e tampouco quero ter filhos, Deus me livre! Eu prefiro ser livre e ter minha independência sem precisar de ninguém. - discorda Paola olhando séria para pai, ela repudiava essas atitudes dele.

— Cada um sabe de si. - finaliza Renato evitando discussões, pois estava em minoria.

...

Após passar o dia todo estudando, Paulina finalmente sai do quarto, ela vai até a cozinha para beber um suco, e de lá avista a mãe que estava no jardim, estava só, e fazia tricô para se distrair.

— Oi mãe. - cumprimenta Paulina se sentando em uma cadeira de frente para Paula.

— Apareceu a Margarida! - brinca Paula sorrindo.

— Sim mãe, e Paola? - pergunta pela irmã.

— Para falar bem a verdade eu quase não a vi, ela se trancou no quarto e não saiu mais, só dá atenção para a tela daquele celular que ela não larga de jeito nenhum. - conta Paula sem tirar os olhos do que fazia.

— Ela nunca nos deu muita atenção mesmo! - afirma Paulina dando de ombros enquanto admirava o céu.

Mãe e filha ficam ali, ambas em silêncio sentindo o ar fresco do fim da tarde.

— Sabe mãe, eu sinto tanta a falta dele! - confessa Paulina suspirando, quebrando o silêncio.

— De quem?- questiona Paula se fazendo de desentendida.

— Como de quem mãe? Do Carlos Daniel, é óbvio! - responde Paulina a olhando.

— Ué, pensei que não gostasse dele. Para quem não queria ter se casado, você aparenta estar bem apaixonada em filha. - observa Paula.

— Não fala assim mãe, eu gosto sim do Carlos Daniel, mais do que faço transparecer! - diz Paulina surpreendendo a mãe, pois era a primeira vez que ela confessava que gostava do marido.

— Eu o odiava antes, mas ele me tratava tão bem, sempre cuidadoso, amoroso. - explica ela com cara de boba.

— Você sente falta por que já se apegou a ele querida, não tem nem 24 horas que se separam a você já está assim! - afirma Paula convicta de suas palavras. — Você deveria deixar de lado esse seu orgulho, e ligar pra ele, demonstre o que sente filha, ele deve estar sentindo sua falta também. - aconselha Paula tentando achar uma solução.

— Eu é que não vou ficar correndo atrás, nunca fiz isso, e não vai ser agora que irei fazer! Se ele quiser me ver mais uma vez, ele que venha aqui! - rebate Paulina firme.

— Não espere dos outros filha, tome você uma atitude. Até quando ele vai ter que ficar implorando sua atenção? Isso é muito cansativo, humilhante...Faça a sua parte, você é a mulher dele, então demonstre, cuide dele da mesma forma que ele cuida de você. Você o ama filha, e eu não sei por que é tão difícil pra você aceitar isso! - aconselha Paula com cautela, pois conhecia o gênio da filha.

— Eu ficar atrás de homem? Jamais! Eu digo e repito, não vou atrás de ninguém. Sinto falta? Sim, e muita, mas se ele quis assim, assim vai ser! - retruca paulina decidida.

— Mas que menina teimosa! - diz Paula cansada de insistir. _ Vem vamos entrar, por que já vai escurecer. - convida Paula pegando suas coisas, Paulina vai até a mãe e ajuda a organizar as lãs dentro da cesta, e juntas entram para dentro de casa.

...

Três dias Depois

Fazenda Bracho Quarto Carlos Daniel •

Carlos Daniel estava deitado em sua cama, seus olhos estavam vermelhos e sua aparência era de destruição, ele havia passado mais uma noite em claro, o arrependimento estava o corroendo, ele sabia que sentiria a falta da esposa, mas não imaginava que seria tanto.

— Era tudo o que eu precisava, ficar dependente de uma mulher que não me dá a mínima. - diz Carlos Daniel desanimado.

* alguém bate na porta *

— Está aberta, pode entrar! - permite carlos Daniel se ajeitando na cama.

— Oi meu amor! - cumprimenta Helena se aproximando da cama.

— Bom dia, mãe! - cumprimenta Carlos Daniel baixinho.

— O que está acontecendo? Acabo de chegar de viajem e já recebo a notícia de que Paulina não mora mais aqui, e o pior é que fiquei sabendo por um dos empregados, por que o meu filho não teve a consideração de me comunicar antes. - questiona Helena séria.

— Paulina voltou para a Fazenda, conversamos, e eu a pedi o divórcio. - informa olhando para a mãe.

— Divórcio? Como assim filho, me explique isso direito. - pede Helena se sentando em frente ao filho.

— Ai mãe, as coisas não estavam indo muito bem, então resolvi colocar um ponto final em tudo. - explica Carlos Daniel brevemente olhando nos olhos da mãe.

— Mais filho, você a ama tanto, e ela também aparentava te amar muito. - diz Helena tentando entender a situação.

— Engano seu mãe, Paulina nunca me amou, e eu sempre soube disso, aliás ela não escondia de ninguém. Eu fiz o possível para conquistá-la mas não foi o suficiente, eu já não suportava mais então a deixei ir... - conta Carlos Daniel com tristeza.

— De onde você tirou isso querido? Aquela menina gostava sim de você, ela era mais retraída mas eu via nos olhos dela o quanto ela te amava. Eu sou muito sensitiva filho e sei o que estou te dizendo, eu posso não ter visto tudo o que se passava, mas eu te garanto que amor da parte dela não faltou. - afirma Helena com certeza.

— Você está equivocada, ela não queria ter se casado comigo, e dessa história vocês não sabem nem da metade ... - revela Carlos Daniel cabisbaixo.

— Então me conte, eu preciso entender o que está acontecendo! - pede Helena.

— Podemos falar disso uma outra hora? - pegunta Carlos Daniel evitando falar sobre, pois sabia que a mãe o julgaria se soubesse da verdade.

— Assim eu não consigo te ajudar Carlos Daniel! - reclama Helena perdendo a paciência.

— Mãe, me entenda, eu já estou tão mal com tudo isso, não quero ficar remoendo esse assunto agora. - explica Carlos Daniel desanimado.

— Tudo bem filho, é que eu não gosto de te ver assim. Você tem certeza que fez a coisa certa? Me diga o que realmente aconteceu para chegarem a cogitar o divórcio, foi em consenso? - pergunta Helena não convencida.

— Eu já te disse mãe, ela não gosta de mim, não me dá abertura e me evita ao máximo. Outro dia quando fui buscá-la na faculdade, a encontrei conversando com alguns amigos, e quando me apresentei, todos ficaram surpresos por que ela não havia dito a ninguém que era casada. - conta Carlos Daniel se recordando do episódio.

— Mas filho ela acabou de entrar na faculdade, quer que ela saia expondo a vida dela para qualquer um? E outra, ela pode ter se esquecido, aliás ela vai lá para estudar e não para ficar dando informações de sua vida pessoal. - argumenta Helena tentando justificar as atitudes da nora.

— Ah claro, ela deve ter esquecido, assim como também esqueceu de colocar a aliança. A senhora acredita que ela estava sem? - questiona Carlos Daniel indignado.

— Eu também vivia me esquecendo quando estava recém casada, seu pai ficava louco. - lembra rindo.

— Vai ficar a defendendo agora? - pergunta Carlos Daniel com ciúmes.

— É claro que vou filho, eu não vejo nada demais nisso. - responde Helena minimizando a situação. _ Vai me dizer que foi por isso que vocês brigaram? - pergunta Helena mirando o filho.

— Pô mãe, isso pra mim foi a gota d'água, eu fiquei sim muito chateado, e juntando todo o resto eu acabei surtando e a mandando embora. - confessa Carlos Daniel arrependido.

— Ah então você tomou essa decisão sozinho? - questiona Helena

— Sim. - responde Carlos Daniel baixinho.

— E como ela reagiu? - continua Helena.

— Ela chorou, relutou bastante, e com muita insistência, acabou cedendo, ela fez suas malas e voltou para a Fazenda Martins. - explica Carlos Daniel nervoso.

— Tá vendo filho, se ela chorou e se recusou a ir é por que ela te ama, será que você não vê? Você se precipitou em pedir o divórcio, com uma boa conversa tudo se resolveria, vocês são jovens e não podem se separar sempre que se desentenderem, as coisas não funcionam assim... - diz Helena com convicção.

— É mãe, acho que você está certa... - murmura Carlos Daniel após refletir o que a mãe dissera.

— Escute a voz da experiência meu filho, eu sou sua mãe e quero te ver bem. Se for esse o motivo pelo qual você e Paulina se separaram, eu te aconselho a ir atrás dela para conversarem e se resolverem, eu vejo tanta verdade naquela menina e seria uma pena não a ter mais em nossa família. - aconselha Helena olhando nos olhos do filho.

— Noto que não foi só a mim que ela conquistou! - observa Carlos Daniel enciumado.

— Paulina é encantadora, e transmite uma energia tão boa, não tem como não gostar dela, é sempre tão doce e gentil.- elogia Helana destacando as qualidades de Paulina.— Vá buscá-la Carlos Daniel, sei que assim que conversarem com calma, ela voltará. - assegura.

— Eu não sei mãe, temo que ela não queira me ver. - confessa Carlos Daniel inseguro.

— E estará certíssima, eu no lugar dela também não te ouviria, seu cabeça dura. - diz Helana tentando ficar séria.

— Dona Helena e suas sábias palavras motivacionais. - ironiza ele escondendo um sorriso.

— Mas é a verdade filho, olha o que você fez, e tudo isso por impulso, ela deve estar decepcionada e com razão. Espero que isso te sirva de lição, quem sabe assim, você pense duas vezes antes de fazer besteira. - repreende Helena séria.

— Eu já entendi mamãe, e vou seguir seu conselho, eu vou atrás dela. - diz ele decidido.

— Sim querido, faça isso, só que durma antes, por que você está horrível, descanse e quando estiver mais apresentável você vai. - debocha ela rindo da aparência cansada do filho.

— É claro que eu estou horrível, eu passei a noite em claro pensando naquela desgramada. - rebate ele de forma engraçada. _ Quem diria que eu, com vinte e poucos anos estaria aqui sofrendo por amor. É muita humilhação! - continua Carlos Daniel fazendo a mãe rir alto.

— Ai filho você não tem jeito. - diz rindo. — Bom eu vou descer, e você durma, ainda está cedo. E fique tranquilo por que eu aviso o seu pai que você não irá a fábrica hoje. - impõem Helena se levantando.

— Está bem mãe, e obrigado, eu não sei o que seria de mim sem a senhora. - agradece Carlos Daniel pegando as mãos de Helena e depositando um beijo sobre elas.

— Eu é que não sei o que seria da minha vida sem vocês. - confessa Helena passando a mão nos cabelos do filho e dando um beijo em seguida.

— Eu te amo mãe! - declara Carlos Daniel olhando para mãe com carinho.

— Eu também te amo filho! - diz Helena sorrindo e saindo logo em seguida, deixando Carlos Daniel imerso em seus pensamentos até que o sono o vencesse.

...

Já era noite, Paula estava na sala de estar lendo um livro,logo Paulina chega tirando sua atenção.

— Mãe posso ir até a cidade? Está rolando uma festa, e eu combinei de ir com umas amigas. - pede Paulina inocente, como se ainda precisasse pedir permissão para sair.

— Me pedindo assim parece até uma criança. - diz Paula rindo.

— Força dó hábito! - diz Paulina também rindo.

— Vai com quem mesmo? - pergunta paula querendo saber quem eram as amigas de Paulina.

— Marcela e Júlia, fiquei de encontrá-las lá. - responde Paulina se sentando.

— Por que não vai com Paola? - sugere Paula olhando para a filha.

— Paola saiu a tarde e ainda não voltou, pelo que a conheço ela já deve estar lá. E a senhora, não quer ir também? - convida Paulina.

— Não filha, eu estou um pouco cansada, prefiro ficar em casa hoje. - explica Paula desanimada.

— Tudo bem então, eu vou tomar um banho e me arrumar. - diz ela se levantando.

— Não beba muito em filha! - pede Paula olhando para a filha séria.

— Eu nem sou de beber mãe, a senhora deve estar me confundindo com a Paola. - diz Paulina rindo, pois sabia que a irmã exagerava no álcool.

— Sim é verdade, sua irmã quando começa a beber não sabe a hora de parar. - diz Paula triste pela filha. _ Mas aproveite a noite filha, se divirta muito. Eu só não vou te dizer para beijar muito, por que você é casada. - lembra Paula com um sorriso.

— Só por que sou casada não posso beijar? - brica Paulina rindo.

— Claro que pode, mas apenas o seu marido, que por sinal é lindo. Senhor, que homem maravilhoso! - elogia Paula olhando para a filha.

— É lindo mesmo... Ai mãe, nem me lembre dele, por que eu já fico carente. - diz Paulina suspirando.

— Saudades né minha filha? Um homem daquele deve ser difícil de esquecer, mesmo que você ainda não tenha provado de todo o mel. - zoa Paula rindo da cara que a filha fez.

— Não provei por que ele não soube esperar, por que senão... - resmunga Paulina baixinho para si mesma.

— Vai filha, tome seu banho e vá se divertir antes que fique muito tarde. - pede Paula mirando a filha.

— Sim mãe eu vou, e não se preocupe por que eu volto cedo. - tranquiliza Paulina saindo.

...

Quermesse

Paulina andava em meio a multidão em busca de Júlia e Marcela, elas estavam todas juntas quando chegaram, mas Paulina havia ido cumprimentar alguns colegas de escola, e acabou se desencontrando das amigas. Ela andava sem rumo e olhava para os lados mas não via nenhum conhecido, quando de repente ela acaba esbarrando em alguém.

— Miguel? - diz Paulina após ver quem era.

— Oi coração! Surpresa em me ver? - cumprimenta Miguel sorrindo.

— Sim, eu não esperava te encontrar aqui, você nunca gostou de sair. - comenta Paulina séria.

— Pois é, mas eu resolvi sair para me distrair um pouco, já que minha linda namorada disse que me procuraria para conversarmos, mas ela nunca mais deu as caras, sabe? - debocha Miguel irônico se referindo a ela.

— Pois se distraia então, e me dê licença pois eu tenho que ir. - pede Paulina sem paciência. Ela tenta sair mas é contida por Miguel, que a segura pelos braços.

— Não me trate assim! - murmura Miguel colando seus corpos.

— Assim como? - pergunta Paulina se fazendo de desentendida, tentando inutilmente se soltar dele.

— Como se eu fosse um estranho em sua vida. - responde Miguel a detalhando.

— Estou bem chateada com você Miguel! - confessa paulina virando seu rosto, evitando olhar pra ele.

— Eu sei, e me desculpe se fui rude com você aquele dia, é que eu estava nervoso e com muita raiva, eu não queria te perder para aquele babaca. - explica Miguel calmamente.

— Não vamos falar dele. - pede Paulina conseguindo finalmente se afastar.

— Você tem toda razão, temos assuntos mais interessantes para tratar! - diz Miguel a agarrando e dando um beijo logo em seguida, a pegando desprevenida.

Paulina ficou sem reação, diferente de todos os beijos que já haviam trocado, daquele ela não gostou, ela sentiu algo diferente, nojo talvez. Paulina em um ato de consciência o empurra forte, e some no meio da aglomeração.

— Paulina, espera! - grita Miguel indo atrás dela, mas logo a perde de seu campo de visão.