Minha

Minha Doce Quinn...


Santana olhou para a esquerda e viu um homem alto, moreno, de óculos escuros e terno preto. Ela olhou para direita e viu um homem alto, ruivo, também de óculos escuros e terno preto. A latina passou a mão pelo rosto. Ela não precisava olhar para trás para saber que tinham mais três outros homens; um negro e dois outros morenos, que também usavam óculos e ternos escuros, e que estavam atentos a cada movimento dela, quer dizer,não exatamente dela.

- Sou só eu, ou é realmente estranho, sem falar totalmente inapropriado, estarmos aqui em plena Victoria's Secret, que, diga-se de passagem, foi fechada para nosso deleite, escolhendo uma série de peças de lingerie provocantes, na intenção de que a senhorita, finalmente, consiga aniquilar a resistência, quase que sobre-humana, que sua namorada-anã vem mantendo de obedecer às recomendações médicas, doseuterapeuta, sobre a necessidade de manter você pura e casta, até que seja clinicamente comprovado que aprofundar o relacionamento de vocês, não vai causar maiores traumas nessa sua cabecinha loira, e não seja preciso presentear você com uma camisa de força, e te trancar num quarto branco e acolchoado pelo resto de seus dias. – E apontando ao redor a latina concluiu. – E que tudo isso, precise ser acompanhado, registrado e relatado, pelos os olhares atentos, e extremamente irritantes, dos seusCINCO GUARDA-COSTAS?!

Quinn Fabray mordeu o lábio inferior e levantou outra peça da coleção de calcinhas sedutoras da Angels, by Victoria's Secret.

- Eu ainda não experimentei nenhuma peça completamente branca... - disse a loira para si mesma, sem dar a mínima atenção ao desconforto de sua amiga.

- Ai Díos... - Santana revirou os olhos.

Haviam se passado seis meses.

E Rachel se manteve ao lado de Quinn o tempo todo.

A morena passou todo o período de internação, observação e recuperação da atriz no hospital. Ela foi a única pessoa que recebeu permissão do corpo médico, para burlar o protocolo e permanecer ao lado de Quinn, dentro do CTI, após o último procedimento de trouxe a loira de volta a vida.

As primeiras 48 horas eram vitais e Quinn deveria reagir e acordar dentro desse prazo. Ela não estava tomando nenhuma medicação que a induzisse ao coma, e, apesar de usa uma máscara de oxigênio, respirava sem auxilio de ventilação mecânica. Então, ela deveria acordar naturalmente quando os efeitos dos sedativos cirúrgicos passassem.

O doutor Becker frisou que nunca presenciara nada parecido, e por falta de melhor definição, ele realmente acreditava estar testemunhando um milagre. Era quase impossível de acreditar, mas clinicamente falando, a atriz estava aparentemente estável e não apresentava indícios de lesões cerebrais, ou outros danos não relacionados aos traumas causados pelo ocorrido. A cirurgia para retirar o projetil que estava alojado na cavidade torácica, próxima ao coração da atriz, transcorrera bem, e nenhuma das três costelas fraturadas atingira nenhum órgão vital.

Aparentemente a única lembrança física que Quinn teria seria uma cicatriz, de mais ou menos cinco centímetros, na lateral esquerda do corpo, que começava um pouco abaixo do seu seio esquerdo e seguia como uma linha através das costelas.

Já eram mais seis horas da noite do dia seguinte. Quase trinta e oito horas haviam se passado.

Rachel cantarolava baixinho ao lado da cama de Quinn, enquanto traçava desenhos imaginários com as pontas dos dedos na palma da mão da atriz.

"...Heart beats fast

Colors and promises

How to be brave

How can I love when I'm afraid to fall

But watching you stand alone

All of my doubt suddenly goes away somehow

One step closer

I have died everyday waiting for you

Darling don't be afraid I have loved you

For a thousand years

I'll lov-..."

( I'll love you for a thousand more...)- A morena parou de cantar quando ouviu a voz abafada, fraca e rouca se juntar a ela.

Rachel viu os olhos castanhos esverdeados se abrindo lentamente e quando seus olhares se encontraram, um sorriso torto se formou no canto da boca da loira.

- Hey... Eu amo ouvir você cantar... - a loira disse baixinho. Ela ainda estava muito pálida e cansada. Sua voz era fraca e arrastada. Rachel notou que o simples ato de falar demandava muito esforço para ela.

- Eu vou cantar para você sempre que você quiser... - a morena colocou gentilmente o dedo indicador sobre os lábios da loira quando ela quis continuar falando. -Todos os dias, por toda a nossa vida. Eu prometo, meu amor.

"…Time stands still

Beauty in all she is

I will be brave

I will not let anything take away

What's standing in front of me

Every breath

Every hour has come to this

One step closer..."

Quinn entendeu que a morena não queria que ela se esforçasse e limitou-se a sorrir e fechar os olhos. Rachel continuou sua serenata, sorrindo e limpando as lágrimas que desciam pelos seus olhos com uma das mãos, enquanto a outra segurava firme a mão de sua amada.

"…I have died everyday waiting for you

Darling don't be afraid I have loved you

For a thousand years

I'll love you for a thousand more…"

Médicos, enfermeiros e, lógico, Rachel comemoraram o "despertar" da atriz e a ausência de sequelas fisiológicas graves. Assim que souberam das boas novas, Jesse, Tony, Santana, Brittany e Nigel correram para o hospital para comemorar a saúde dela. Quinn saiu do CTI quinze dias depois de abrir os olhos para sua nova vida.

Apesar de apresentar um quadro estável, ela só recebeu alta depois de mais cinco semanas de internação. Foram necessários vários exames, inúmeras avaliações médicas, sem falar no acompanhamento fisioterapêutico para certificar que a atriz respirasse corretamente, já que ela tivera três costelas quebradas.

Tudo isso exigiu o esforço e dedicação admiráveis, por parte de toda equipe do doutor Becker. E somente quando o médico teve absoluta certeza que as funções corporais da atriz estavam em ordem, ela foi liberada.

Durante a recuperação de Quinn, Nigel e Santana trataram da venda da casa dela, e se desfizeram de alguns pertences que trariam lembranças ruins. A maioria do que foi queimado ou desmontado era parte da mobília do quarto, incluindo fronhas, lençóis e outros pequenos pertences.

Rachel alugou uma casa em Venice, numa área exclusiva e perto do mar, totalmente afastada da correria do centro de Los Angeles. E foi nessa casa onde elas permaneceram durante mais três semanas e meia, até a loira estar em melhores condições para seguir com Rachel para New York. Uma decisão que apesar de ter sido tomada sem o conhecimento da atriz, foi mais que bem vinda. Quinn não quis expressar no começo, mas uma mudança de ares ajudaria a deixar todas aquelas lembranças para trás.

Psicologicamente falando, a atriz estava devastada. Ela tinha pesadelos frequentemente e depois de ter recebido alta do hospital, eles só pioraram. Isso que fez com que Rachel passasse a dormir sempre ao seu lado. Quinn também começou a apresentar indícios de depressão e pânico de ambientes escuros. E apesar de estar sendo acompanhada por um terapeuta desde o período em que estava internada, com consultas três vezes por semana, o progresso da atriz era quase nulo.

Os pesadelos estavam se tornando mais intensos, e geralmente, Rachel acordava com a loira gritando apavorada. Foram incontáveis, as noites que a morena passou acordada, segurando uma Quinn em prantos em seus braços.

E para piorar, os dias eram passados dentro de casa, nem a bela visão do mar conseguia fazer Quinn considerar um passeio pela praia, principalmente depois de uma infeliz tentativa de Rachel, totalmente frustrada por um enxame de paparazzi desesperados por uma foto do casal.

Houve momentos em que Rachel temeu pelo pior, porque por mais que a morena desejasse e tenta-se consola-la, algo fazia com que as lembranças ruins de Alex rasgando suas roupas, batendo e gritando, surgissem do nada, e fizessem Quinn afasta-la ainda mais.

Foram tempos confusos e assustadores, porque Quinn precisava de Rachel para se manter sã, mas de alguma forma, todas as muralhas que ela precisou construir ao redor de si, durante sua vida, acabavam se fazendo notar mais uma vez. A loira se desesperava por não conseguir demonstrar seu amor por Rachel, e o medo de perdê-la ficava mais forte.

Porém, demonstrando uma paciência excepcional e amor incondicional, Rachel não desistiu. A morena procurou outro terapeuta, quando elas se mudaram para New York, e passou a acompanha-la em todas as consultas. Rachel simplesmente sentava-se ao seu lado e segurava sua mão, nada mais.

Nas primeiras consultas, ela sentou-se ao lado de Quinn, segurou sua mão, colocou seus fones de ouvido e ligou seu iPod. Ela estava lá para apoia-la, não para forçar Quinn a dividir com ela algo que ela ainda não estava pronta para dividir. E, apesar de totalmente inconvencional, esse método fez com que Quinn pouco a pouco fosse progredindo, porque era exatamente o que ela precisava: alguém que demonstrasse que não ia embora, que não ia desistir dela.

E assim, Rachel tornou-se uma fonte de força e segurança para a atriz e a cada consulta, ela conseguia se abrir um pouco mais, e um por um os muros foram caindo. A simples presença da morena fazia que tudo ficasse melhor. A confiança em si mesma foi voltando e ela estava ficando mais calma.

Com quatro semanas de terapia, a loira tirou os fones dos ouvidos de Rachel e contou a morena, pela primeira vez, os detalhes do ataque de Alex e do medo que ela sentiu, como também, do medo que ela tinha que, de que repente, Rachel desistisse dela e a abandonasse.

Naquele dia as muralhas caíram e Quinn começou a mostrar sinais de melhora.

Assim, três meses e doze dias depois de se instalar no apto de Rachel em NYC, a loira tomou a iniciativa de chamar a morena para caminhar no Central Park, e desde então, elas caminhavam juntas fazendo um ou outro passeio pela vizinhança.

- Você está me escutando, Fabray? - reclamou a latina.

- Na verdade são dez. - sussurrou ela sem olhar para a amiga. - Os outros cinco estão à paisana fora do prédio. Ela pensa que eu não sei a respeito deles. - Santana pode notar o sorriso presunçoso e depois o olhar sonhador no rosto de sua amiga. - Ela é tão superprotetora às vezes.

A latina arregalou os olhos para ela, mas Quinn não parecia perturbada, na verdade, era como se o excesso de proteção fosse tudo aquilo que ela esperasse e quisesse de Rachel.

Foi só assim que Santana teve certeza de que era exatamente isso que Quinn precisava. Alguém que desejasse mais que tudo que ela estivesse segura. Alguém que demonstrasse ao mundo todo, o quanto ela era querida, o quanto ela era preciosa para esse alguém. E então a latina sorriu. Rachel era a pessoa perfeita para sua amiga. Quinn finalmente teria ao seu lado alguém que apagaria toda a dor, toda a rejeição, todo o abandono que a loira sofrera, porque para Rachel, Quinn era a pessoa mais preciosa do mundo.

A atriz levantou um corset branco com detalhes negros da coleção Dream Angels.

- Muito exagerado? - perguntou ela mostrando a peça incrivelmente sensual para a amiga.

- Não... Se você está pretendendo queelacaia da bancada da varanda,dessa vez.

Quinn largou a peça fazendo biquinho.

- Eu não devia ter contado isso a você.

Santana deu uma gargalhada.

- Ah, eu queria ter visto! A minha Q, minha menina puritana, e cheia de complexos sexuais, que"até ontem"era hetero, debruçada sobre um piano de calda vestida num corset preto, praticamente implorando outra mulher para ser...

Quinn tapou a boca de sua amiga com uma das mãos e sentiu o sorriso maquiavélico de Santana crescer.

- Você quer parar com isso? - sussurrou a loira ficando vermelha.

As palavras saíram abafadas, mas Quinn pode entendê-las perfeitamente."Eu nem comecei, Fabray."

...

Rachel saiu do avião e seguiu Tony pelo corredor de desembarque. Foi a primeira vez, em seis meses, que ela se afastou de Quinn por tanto tempo. O coração da morena estava quase saindo pela boca, e tudo o que ela mais queria era ver sua amada pessoalmente o mais rápido possível.

Rachel tinha se afastado completamente do trabalho que ela desenvolvia em sua Fundação, como também havia deixado de lado todas suas obrigações na administração dos negócios da família. Quando isso foi abordado em uma das sessões de terapia, Quinn percebeu o quanto a morena havia abdicado por ela, e insistiu para que Rachel retornasse ao trabalho.

A princípio a morena recusou veementemente, mas depois que o próprio terapeuta de Quinn, o doutor Stylles, enfatizou o quanto isso seria importante para a melhora dela, Rachel acabou aceitando retomar suas atividades lentamente.

Ela começou a ir ao escritório pelas manhãs, após acordar Quinn (pela primeira vez no dia, já que a morena saia de casa bem antes das sete e a loira não levantava antes das nove da manhã.), e a retornar para casa no almoço.

Rachel pode notar, nos primeiros dias, que Quinn fazia um esforço enorme para não preocupa-la, mas depois de uma semana, ela percebeu que a loira a esperava todos os dias para sair de casa. Então sem pensar duas vezes, ela contratou um time de guarda-costas para que a atriz se sentisse protegida e segura na sua ausência.

"- Eles são profissionais que já trabalharam para mim em diversas situações, meu amor. Eles são capazes de lidar com qualquer tipo de emergência. Você vai estar mais do que segura e eu vou poder ficar tranquila, sabendo que nada de ruim vai acontecer a você...

Quinn alternava olhares entre Rachel e o time de cinco homens vestidos de preto atrás dela. Rachel começou a se preocupar, talvez ela tivesse tomado uma decisão precipitada, ou pior, talvez isso causasse um trauma ainda maior a Quinn.

- Bem... Se você não gostou, nós podemos tentar outra coisa... Eu só quero que você esteja segura... Você é muito preciosa para mim e eu...

O discurso dela foi cortado pelos lábios da loira nos seus. Foi o beijo mais apaixonado que elas compartilharam desde o incidente que quase as separou para sempre.

- Você está atrasada para o trabalho... - e dizendo isso, Quinn correu em direção as escadas, subindo para o quarto, mas antes de desaparecer corredor adentro, parou e olhou para a morena e com um sorriso disse. - Eu vou caminhar esta tarde no Central Park. Estou com vontade de me exercitar um pouco... Espero que eles consigam acompanhar meu ritmo melhor do que você.

E Quinn deu uma piscadinha e sumiu de vista.

Rachel nunca soube, mas ela havia feito exatamente o que a loira precisava que ela fizesse.

- Eles vão me manter segura... para você... - foi o que Quinn sussurrou para si mesma, no momento em que cruzou a porta do quarto."

Na semana seguinte, a morena precisou convocar uma reunião de associados numa das filiais do Hotel em Miami, e isso ocasionaria a primeira noite que ela passaria longe da loira.

Mesmo Quinn garantindo que ficaria bem, Rachel convocou Santana Lopez para fazer companhia para sua amada durante sua ausência.

A latina não demorou dois segundos para aceitar o convite, afinal de contas, Brittany estava numa turnê pela Europa com Taylor Swift, e Santana não estava aguentando mais estar distante das duas pessoas que ela mais amava na vida. O voo em que trazia a latina chegou uma hora antes do voo que levaria Rachel à Miami.

Agora, Rachel e Tony, caminhavam pelo extenso corredor de desembarque do Aeroporto Internacional John F Kennedy, em NYC. A morena dissera a Quinn para não se preocupar em espera-la na volta, pois ela ainda tinha assuntos pendentes no escritório, e por isso, ela só estaria em casa à noite.

Elas se falaram por skype e trocaram mensagens, durante toda a viagem, até um pouco antes de dormirem, na noite anterior, mas desde aquela manhã Quinn não dera noticias.

- Você já teve noticias dela hoje? - perguntou a morena ao seu assistente.

Tony não precisava de nomes para saber de quem ela estava falando.

- Recebi um relatório com o itinerário dela para hoje e...

- Por favor, Tony, me diga que ela não está novamente na 6th Avenue, mais precisamente na Victoria's Secret do Manhattan Mall.

Tony deu um sorriso camarada. As duas mulheres tinham acordado que os seguranças de Quinn estariam sempre enviando o itinerário da atriz para Tony, de forma que este pudesse controlar os nervos de sua chefa. O indiano até se surpreendeu com a atriz ter concordado com isso, mas depois de analisar um pouco, ele percebeu que o que mais agradava a loira, era justamente o excesso de mimos e atenção, e porque não, a possessividade que Rachel tinha para com ela. Daí em diante, ele não se preocupou mais.

- Não. - respondeu o rapaz.

Rachel respirou fundo.

- Obrigada Senhor...

- Ela está na loja da Victoria's Secret da 565 na Broadway...

Rachel estapeou a própria testa com a mão. Tony sacudiu os ombros e continuou.

- Quer dizer, você sabe como a senhorita Fabray ficou apaixonada pelas sugestões do chef Mikami. Ela passou toda a semana passada dizendo que mal podia esperar para levar a senhorita Lopez para provar o Yasai Zushi... - e ele olhou para Rachel que o encarava com o cenho franzido. - É... Bem... O 6BONDST Restaurant fica mais perto da loja da 565...do que da loja da 6th avenue...e a senhorita Fabray me enviou uma mensagem mais cedo, comentando que iria almoçar lá...

Rachel mordeu o lábio inferior.

-Oh Deus...

- Difícil de resistir? - perguntou o rapaz.

A morena olhou para ele, totalmente inconsolável. Desde que Quinn saíra do hospital, Rachel não deixara de dormir ao lado da loira nenhuma noite sequer. Com a exceção dessa única noite, em que elas ficaram separadas, ela e Rachel sempre adormeciam abraçadas.

A loira se apossou do lado esquerdo da cama, da metade do closet de Rachel, de parte do escritório que a morena mantinha em casa, e a geladeira, antes totalmenteVegan, agora guardava inúmeras guloseimas industrializadas, e bacon, porque Rachel descobriu que Quinn não podia viver sem bacon.

Apenas algumas semanas de convivência, parecia que o apto duplex, da 322 Central Park West, no Upper East Side em Manhattan, sempre fora habitado por duas pessoas. Quinn havia se acostumado com a vizinhança, e o fato do prédio estar localizado exatamente na frente de um dos acessos ao Central Park, pareceu maravilhar a loira ainda mais. Rachel não conseguia acreditar o quanto isso a deixava satisfeita. Ver as coisas de Quinn misturadas com as suas por toda a casa, as correspondências da loira chegando na caixa de correios, os dvd's de filmes antigos, os inúmeros livros, e até mesmo a pequena bagunça que a loira sempre fazia, quando saia apressada do banho, estavam longe de irritar a mania de perfeição da morena. Na verdade, Rachel se viu desejando ainda mais daquilo.

Só que nos últimos dias, dividir o espaço com Quinn estava ficando um tanto difícil. A loira parecia determinada em ir de encontro com as orientações médicas de seu terapeuta, que acreditava que ela ainda não estava pronta para aprofundar seu relacionamento com a morena quanto ao quesito sexual. Não que Rachel achasse que a opinião dele fosse suprema, mas ela tinha medo. Ela ouvira de Jesse, Tony e depois a própria Quinn contou como Alex quase a violentara sexualmente, e Rachel tinha consciência do quão delicado era isso, e do cuidado ela tinha que ter com Quinn. Então, agindo totalmente contra seus instintos, ela estava se esforçando o máximo para não ultrapassar os limites.

O problema era que sua Quinn parecia disposta a lhe provar exatamente o contrário. E a morena se lembrava de cada uma das vezes que a loira quis se fazer entender. Digamos que Rachel lembrava perfeitamente bem, de todos os detalhes dos argumentos, em forma de modelos de lingerie, que sua bela Quinn lhe exibira durante os últimos dias.

A primeira vez foi há cinco dias.

Rachel quebrou um copo de cristal com as mãos nuas, quando avistou a loira passeando pelo apartamento com seu novo modelito da Dream Angels Collection by Victoria's Secret. A morena podia descrever cada detalhe do modelo Embroidered Eyelet Babydoll, semitransparente, na cor azul, que a loira vestia, mesmo em meio à dor excruciante que o corte na palma de sua mão lhe causara.

Na noite seguinte, Quinn pulou na cama vestindo outro Embroidered Eyelet Babydoll, só que dessa vez, um amarelo claro totalmente feito de renda e bem mais curto que o anterior. Rachel caiu da cama e correu para o chuveiro, se enfiando debaixo de um jato de água fria.

Na terceira noite, foi a vez de um Lace Flyaway Babydoll rosa-claro...também todo rendado...da Sexy Little Things Collection, by Victoria's Secret, adornar o corpo pecaminoso da loira. O nariz da morena começou a sangrar quase que imediatamente em meio a visão da pele de porcelana de sua amada.

Agora a cereja no topo, foi com certeza, o modelito de uma noite antes da morena viajar.

Naquela noite, Quinn resolveu esperar por ela, meio debruçada sobre o piano de calda, na sala de estar, usando um Lacie Bustle-back Slip, preto, e um belo par de saltos agulha, Prada, na cor vermelha.

Rachel esqueceu completamente de como controlar todas as funções motoras de seu corpo. Ela conseguiu tropeçar no tapete, trombando de frente com a porta da varanda e arremessando um vaso de plantas, com suas tão queridas gardênias brancas, bancada abaixo.

Felizmente, ninguém se machucou, quer dizer, ninguém além da morena, lógico.

Bem, isso sem mencionar os belos e tentadores modelitos de lingerie da Angels Collection, que a loira usava por debaixo de todas as coleções SLEEP que ela havia comprado. A morena revirou os olhos, só a mera lembrança de Quinn e sua coleção de soutiens Bombshell fazia sua garganta secar.

- Difícil não é realmente a palavra... Eu tenho certeza que ela já tem peças suficientes para abrir uma filial da Victoria's Secret no closet! Eu estou agonizando. Todas as vezes que olho para ela tenho vontade de jogar todas as orientações médicas pela janela e...arrrrrrr urrrrr humft... Fazem mais de SEIS MESES, Tony! SEIS MESES!

A morena estava tão nervosa que começou a andar dando saltinhos e chutes no ar, por boa parte do percurso corredor de desembarque. Ela xingava baixinho e sacudia os braços para cima tentando expressar sua frustração.

- Ela bebeu muito café durante o voo... - explicou Tony a alguns passageiros que passavam por eles.

...

- Jake? – a loira chamou pelo moreno de terno ao seu lado.

- Sim, senhorita Fabray. – respondeu o homem prontamente.

- Você pode avisar ao "grupo B" que eu e Santana vamos tomar um café? – e a loira olhou para a amiga. – Acho que no Café'tal, da Mott Street 285.

- Sim, senhorita.

Santana observou o homem por a mão no ouvido direito e murmurar as instruções num microfone preso na lapela do terno.

- Que diabos... – disse a latina surpresa e rapidamente seu olhar vagou pelos cinco homens ao seu redor. – Eu não tinha prestado atenção que todos eles usam esses trecos nos ouvidos... credo...parece que eu estou cercada pela maldita CIA...

- Cuidado San, o Christopher ali – e a loira apontou para o ruivo. – costumava trabalhar para a CIA.

A morena arregalou os olhos e Quinn sorriu.

- No começo eu não também não prestei muita atenção, mas com o tempo, percebi que eles sempre estavam murmurando algo. Foi estranho até eu notar os microfones pela primeira vez. Depois, reparei que nem sempre eles estavam se comunicando entre si, foi então que descobri que além dos cinco, que sempre estavam comigo, haviam outros trabalhando por fora...

- Mas como você soube que são dez ao todo?

A loira sorriu ainda mais.

- Eu perguntei.

Santana fez uma careta incrédula.

- Bem, eu não perguntei exatamente... é lógico que se Rachel não me contou a respeito do "grupo B", era porque ela achava que eu ia surtar com a ideia... E eu tinha certeza que ela havia instruído eles a não comentarem sobre isso...

- Então...

- Um dia eu entrei numa cafeteria, depois de uma tarde passeando pelo parque... e eu vi o Jake aqui salivando pelo meu mocaccino. E "como-quem-não-quer-nada", ofereci um a ele. Quando ele se distraiu com o pedido, eu puxei o microfone dele e perguntei"Quem mais quer um café aí fora?".

Santana viu o homem atrás delas sorrir pela primeira vez. O ruivo ex-CIA, Christopher, abriu a porta da loja para elas passarem. Os outros três já estavam na rua, os olhares atentos.

- A senhorita Fabray, descobriu o ponto fraco da equipe... – disse Jake rindo.

Quinn levantou as sobrancelhas e sorriu orgulhosa.

- Em poucos minutos eu tinha anotado dez diferentes pedidos de café...

- Okay. – disse Santana entre gargalhadas. – Mas eu acho que vou mudar um pouco a agenda de vocês... – e olhou para Quinn. – Que tal irmos aquela sorveteria dos sonhos que você sempre quis ir? Aquela do filme... – e notando a cara de ponto de interrogação da amiga, a latina continuou. - Oh Quinnie, aquela que você nos encheu a paciência para irmos, quando estivemos aqui para as Nacionais?

Os olhos de Quinn pareceram encher de estrelas.

- Oh meu Deus! Você quer dizer a Serendipity?

A latina fez que sim.

- Não acredito que você ainda não esteve lá! – exclamou a latina incrédula.

Quinn olhou suplicante para Jake. O homem fez que sim e murmurou algo no microfone.

- Equipe informada da mudança na rota, senhorita. Nosso destino agora é a 225 East 60th Street, rapazes.

- Desculpem rapazes, eu sei o quanto vocês gostam de café... – disse Quinn um tanto chateada por mudar os planos de repente.

O homem negro, Johan, olhou para as garotas enquanto abria a porta do carro para elas.

- Não se preocupe senhorita, o "grupo B" está extremamente satisfeito com a mudança, na verdade, Antônio mandou dizer que proteger a senhorita é muito melhor que proteger o presidente.

O queixo de Santana caiu.

- Quem diabos são vocês?! Já temos a CIA e Serviço secreto? Só falta algum de vocês ser um ex-Navy Seals, pelo amor de Deus!

Quinn revirou os olhos e Johan respondeu.

- Oficial Anderson Johan, se apresentando, senhorita. – disse batendo continência. – E só para que fique registrado, uma vez membro do Navy Seals, sempre membro do Navy Seals, senhorita Lopez. – e deu uma piscadela para Quinn, que ria alto.

A latina jogou os braços para cima e entrou no carro.

- Aonde diabos, Rachel Berry encontrou esses caras? – e depois de uma pausa olhou para a loira. – Espere um minuto. Esse carro é blindado, não é mesmo?

Quinn gargalhou. Ela não fazia idea, mas conhecendo sua querida e exagerada Rachel, talvez ele fosse.

...

- Eu não sou exagerada, Tony!

Tony encarou a morena.

- Ok, às vezes eu posso ser um pouquinho... – Tony continuou encarando a morena. – OK EU SOU EXAGERADA! Satisfeito?

Jesse pigarreou.

- Alguém pode me explicar, como uma reunião sobre uma proposta para a produção executiva do meu próximo sucesso na Broadway, se transformou numa apresentação de um PowerPoint sobre... – Jesse fez uma pausa, limpou a garganta, e recitou. - os "50 motivos pelos quais eu devo continuar a seguir as orientações do terapeuta de minha namorada, ao invés de me entregar a tentação ao vê-la, mais uma vez, vestida numa daquelas lingeries da Victoria's Secrets, com as quais ela vem me torturando. Por Rachel Berry." Você finalmente ficou maluca, Rachel Barbra Berry?

- Isso é um assunto de extrema urgência, St. James! – disse Rachel num tom quase que desesperado, se levantando da poltrona e batendo com as mãos na mesa. – Eu não consigo pensar em mais nada porque isso está consumindo minha mente!

- Rachel. – interrompeu Tony mantendo seu tom de voz calmo e suave. – O que Jesse está tentando dizer, é que talvez, as coisas sejam mais simples de serem resolvidas do que aparentam ser.

Os três estavam ocupando uma das salas de reunião do escritório da morena. Um lugar amplo no formato retangular, de decoração minimista e moderna. A sala tinha no centro uma grande mesa para as conferências, com dez lugares e uma cabeceira. A morena havia fechado as cortinas que protegiam toda a extensão das duas paredes compostas por enormes janelas, que iam do chão até o teto da sala, e proporcionavam uma visão privilegiada de toda a 5th Avenida. Dessa forma, a imagem projetada no grande telão, da parece oposta, parecia se destacar ainda mais na leve penumbra que se encontrava a sala.

"50 motivos pelos quais eu devo continuar a seguir as orientações do terapeuta de minha namorada, ao invés de me entregar a tentação, ao vê-la mais uma vez, vestida numa daquelas lingeries da Victoria's Secrets, com as quais ela vem me torturando. Por Rachel Berry."Brilhava no telão, em negrito e em letras maiúsculas.

Jesse não esquecera nenhuma palavra.

Rachel mordeu o lábio inferior, as palavras de Tony sobre o roteiro de compras de Quinn desta manhã, faziam seu coração literalmente sambar no seu peito.

Jesse a olhava contrariado e de braços cruzados, enquanto Tony parecia prestes a buscar um balão de oxigênio para oferecer a ela. Era lógico que, tanto seu fiel secretário quanto seu amigo, estavam cientes das tendências dramáticas da morena. A única diferença estava na maneira que cada um deles lidava com isso. Talvez por isso, Jesse não se admirou quando Rachel se jogou aos seus pés e o agarrou pela gola da blusa.

- Eu estou com medo de voltar para casa, Jesse! Será que você não me entende? Você não faz ideia de como ela pode ser cruel! Todas aquelas lingeries rendadas e semitransparentes, os saltos, as pernas, o cabelo, os lábios, as curvas e os olhos! Meu Deus aqueles olhos! Se eu chegar em casa e ela olhar para mim com aquele sorriso sensual e aquela sobrancelha arqueada, eu vou enlouquecer! Eu vou sucumbir antes mesmo de ter tempo para me controlar! E então o que vai acontecer com o nosso relacionamento? Eu posso traumatiza-la! Ela vai me deixar e eu vou morrer! Não! Eu me mato, Jesse! Eu juro que eu me mato! Eu não posso viver sem Quinn Fabray!

Tony revirou os olhos. Ele já esperava algo assim.

Jesse tentava fazer com que Rachel largasse de sua camisa, ele ouvira todo o discurso da morena com a expressão mais neutra que conseguiu, mas agora ele realmente estava à beira de um ataque de nervos.

- Eu não tenho mais ninguém a quem recorrer! – Rachel continuou o drama. As mãos inacreditavelmente mais firmes na gola da blusa do amigo.

- OK RACHEL! – Jesse se levantou de uma vez, quase rasgando sua blusa, e levantando Rachel no processo. – Há seis meses eu e Tony, ouvimos sobre sua preocupação sobre o estado de saúde físico e mental desua Quinn, e nem eu, nem ninguém vai dizer que você errou em ter tanto zelo com uma pessoa que aparentemente, tocou seu coração como ninguém antes, e eu quero deixar bem claro que eu não poderia estar mais feliz, com a perspectiva de vê-la, finalmente viver algo tão um verdadeiro e maravilhoso, mas nesses últimos dias, sinceramente, a única vontade que eu tenho é de arremessar você pela janela! – Rachel estava boquiaberta olhando para ele. Tony tapava o rosto com as mãos. - Pelo amor de Deus! Será que é tão difícil assim entender que o simples fato de sua bela e estonteante namorada está bancando a modelo de lingeries sensuais, na verdade queira dizer que ela está pronta? Será que você é cega e louca o bastante para simplesmente não perceber que Quinn está dando todos os sinais possíveis e imagináveis para que você finalmente entenda que ela deseja estar com você, e que ela está se sentindo confiante o bastante nesse relacionamento para dar o próximo passo? Será que você vai continuar sendo a maníaca exagerada e cabeça dura de sempre? E vai continuar levando as opiniões de um terapeuta mais a sério que a vontade da mulher que está disposta a se entregar a você? – O lábio de Rachel tremeu e Jesse vislumbrou a vontade que a morena tinha de interrompê-lo. - E antes que você abra essa sua boca e venha com sua atitude digna de uma Diva da Broadway, para me dizer que é a opinião de um profissional que eu estou questionando, eu lhe digo minha querida e dramática Rachel, que agora o propósito principal da terapia de sua amada loira, era reestabelecer a confiança dela em si mesma. Quinn já venceu uma possível depressão, o pânico de sair em público, e tantos outros medos e traumas que aquele defunto bastardo conseguiu infligir a ela, antes de fazer um favor ao mundo, e meter uma bala nos próprios miolos! Então, tome uma postura e faça um favor a si mesma. Pare de negar a essa mulher maravilhosa o que você e ela querem tanto. Por que Rachel, não há nada pior do que não se sentir desejado, e você como mulher deveria saber muito bem disso! E desde já, eu peço desculpas pela grosseria e a sinceridade, mas quisera eu que meu maior problema na vida fosse ter uma loira deliciosa e seminua, esperando por mim, em cima de um piano de calda!

Jesse respirava exaustivamente, seu pequeno discurso tomou todo seu fôlego. Tony deu de ombros e sacudiu a cabeça, ele concordava com o ponto de vista de Jesse, mas teria usado uma abordagem mais leve. Rachel, por sua vez ainda estava boquiaberta, olhos arregalados, paralisada na frente do amigo.

- Bem. – Continuou Jesse com um tom mais ameno. – Agora que já resolvemos esse problema, podemos passar para algo mais interessante, talvez?

Tony encarou Jesse. Rachel piscou os olhos como quem sai de um transe.

- Como o quê? – a morena perguntou.

- EU! – gritou Jesse, apontando para o próprio peito e depois agarrando a própria camisa, que a essa altura, já estava tremendamente amarrotada e deformada. – MEU MUSICAL, MINHA PEÇA, MEU DRAMA, RACHEL!

Rachel olhou para o amigo, depois para Tony. Desligou o telão com sua apresentação e ao melhor estilo Rachel Berry se virou o mais rápido que pode e marchou até a porta.

- O roteiro da peça é intrigante e fabuloso, e seu personagem, diferente de você, é cativante e galanteador. Tenho certeza de vai ser um sucesso, e eu aceito assinar a produção executiva. - A morena parou antes de cruzar a porta e disparou um último olhar para Jesse. - É melhor você ganhar pelo menos um Prêmio Tony dessa vez, St. James!

Jesse deu um sorriso e ajeitou a camisa o melhor que pode. Tony rodou os olhos mais uma vez, e juntou suas coisas. Quando se trabalhava para Rachel Berry, os dias monótonos não existiam.

...

- Tem certeza que você quer ir embora? Você podia ficar e jantar conosco. Rachel não vai demorar muito para estar em casa...

- Oh, pode ficar tranquila, Q. Eu quero mesmo dar uma passada em Lima e fazer a linha de boa filha, antes de voltar para LA. E além do mais, eu vi o que você tem guardado naquela sacola pecaminosa da Victoria's Secret. Não creio que Rachel vá sentir minha falta hoje. – Concluiu a latina dando uma gargalhada.

Quinn deu um leve empurrão no ombro dela.

- Pare. Desse jeito você me deixa sem graça. Eu ainda não estou convencida de que vou fazer isso hoje...quer dizer, ela deve estar cansada e eu... eu não sei se...você sabe...como isso poderia influir...ou se é o mesmo quando...

Quinn estava corada.

- Oh. Meu. Deus. – a latina arregalou os olhos para ela, encostando a pequena mala de roupas no chão da sala. – Você tem comprado lingeries, por cima de lingeries, mas nunca pensou como realmente a coisa funciona entre duas mulheres, não é mesmo?

A loira não respondeu. E Santana caiu na gargalhada.

- Sannnnnnnn... – choramingou Quinn, e batendo o pé, deu meia volta e se jogou no sofá, enterrando a cara numa das almofadas.

- Wow...Quinnie... – a latina tentou controlar sua crise de risos e sentou-se ao lado da amiga.

- Não me chame de Quinnie. – disse a loira com a cara enfiada na almofada.

- Okay. Okay. Venha cá. Vamos. Saia daí, Q. – ela puxou os ombros da loira, a forçando-a a levantar o rosto. – Pronto. Bem, eu não tenho tempo suficiente para tirar todas as suas dúvidas ou para termos "a conversa", mas...

- OhmeudeusSAANNNNNN... – e a latina viu sua amiga enfiar mais uma vez a cara na almofada.

Santana revirou os olhos.

- Quinn, fazer sexo é algo absolutamente normal e mais normal ainda é falar sobre isso com alguém que você confia...e por você ser tecnicamente virgem nesse caso...

- EunãoestououvindoissoJesus!

- ...Mulheres costumam atingir o orgasmo através do estimulo do clí...

Quinn agiu tão rápido que Santana só se deu conta da mão tapando sua boca e da cara vermelho-vivo de sua amiga, quando esta já estava a centímetros da sua.

- Por favor, não fale mais nada.

Santana fez que sim e a loira destapou-lhe a boca.

- O-kay. – e a morena fez uma pausa. - Q, só faça o que seu coração mandar, okay? Deixe Rachel se preocupar com o resto... Ela vai cuidar de você. Você confia nela não é mesmo?

- Confio... - a voz saiu como um sussurro, e depois ela finalmente olhou para sua amiga e repetiu com a voz mais firme e clara. – Eu confio nela, San. Mais do que eu imaginei ser possível.

A latina sorriu e levantou.

- Só mantenha isso em mente, certo? E aproveite.

Quinn levantou-se para abraça-la e se despedir de sua tão querida amiga.

- Obrigada, S. Mande lembranças para B quando falar com ela.

- Pode deixar. – e Santana pegou a mala e acompanhou Quinn até o elevador, Jake estava esperando por ela para leva-la até a estação, onde ela embarcaria para Ohio. Antes da porta do elevador fechar, Santana disparou. – Avise a Rachel que é bom que ela seja gentil, porque amanhã, eu super quero uma vídeo conferência com vocês duas, e se você não tiver um sorriso idiota nessa sua cara, eu volto aqui para chutar aquele traseiro bronzeado, dessa anã de jardim!

Quinn não teve tempo de dizer mais nada diretamente a ela, mas gritou para um hall vazio.

- Por que você sempre tem que dizer algo idiota?

...

Rachel girou a maçaneta da porta de entrada o mais silenciosamente que conseguiu. A sala estava vazia, as luzes acesas. Ela caminhou pelo apartamento, a cozinha estava vazia, a sala de jantar tinha as luzes apagadas, a porta da varanda estava fechada, assim como a do escritório. Ela subiu as escadas, o coração acelerando. A morena passou pela pequena sala de estar do segundo piso, que tinha vista para a planta do primeiro piso, e continuou pelo corredor que levava aos quartos. Ela pode avistar a porta da suíte principal, entreaberta, e um feixe de luz vindo de dentro do quarto. Rachel engoliu seco e continuou a caminhar. Quando ela estava um pouco mais próxima da porta, resolveu falar algo antes, só por via das duvidas, ela não queria assustar Quinn com sua chegada. Se é que a loira estava no quarto.

- Quinn? – Rachel tentou parecer firme, mas ela não tinha muita certeza se tinha conseguido emitir mais que um guinchado, então tentou mais uma vez. – Amor? Cheguei.

Rachel tocou a porta e ouviu a voz da loira.

- Estou aqui, Rach.

A morena empurrou a porta lentamente. O quarto estava a meia luz, graças a algumas velas acesas dentro de pequenos candelabros, dispostos nos dois criados-mudo, cada um em um dos extremos da grande cama. A porta da varanda estava meio aberta e as cortinas brancas balançavam com a suave brisa noturna de NYC, a noite estava agradável e o vento estava refrescante.

O quarto todo tinha o cheiro da mulher que estava deitada na cama, vestida com um roupão de seda branca. Quinn se apoiou sobre os cotovelos e se sentou. O roupão deslizou pelas suas coxas enquanto ela se movia.

- Eu senti tanto sua falta, Rach.

A morena ainda estava paralisada na porta do quarto. A garganta seca, os olhos fixos na mulher a sua frente, e as palavras de Jesse berrando em sua mente."Ela está pronta."

- O-Oi? – Rachel sacudiu a cabeça."O que diabos foi isso, Rachel Berry? Pare de babar e se componha!"e ela tentou de novo. – Também senti sua falta, Quinn.

Quinn sorriu. Ela também estava nervosa. Pela primeira vez, não havia acontecido um acidente, ou a morena não tropeçou nos pés na pressa de deixar o cômodo, então talvez...talvez essa noite...

- Rachel... – Quinn se moveu mais uma vez, dessa vez ela se apoiou nos joelhos e nas mãos e começou a engatinhar devagar pelo colchão em direção à ponta da cama. Seus olhos castanhos esverdeados fixos nos castanhos chocolate de Rachel. Com a voz baixa e rouca, devido seu nervosismo, ela continuou. – Eu sei que você pensa que nós não estamos prontas para isso, mas eu queria que você soubesse que eu não me sinto assim. Eu estou pronta, Rachel. Eu tenho certeza disso, meu corpo e mente desejam isso. Eu preciso. Eu sei que você se preocupa pelo que aconteceu. – Quinn chegou ao pé da cama e se ajoelhou, erguendo o corpo e deslizando as mãos até o laço do roupão. – Só que Rach, a única coisa que vai fazer isso tudo ficar para trás é você, é o seu toque, sua boca, seu calor, seu corpo junto ao meu. Eu preciso de você. Eu te amo, Rachel. Como nunca achei que ia amar alguém. E eu quero pertencer a você, de todas as formas... – Quinn desfez o laço do roupão e se levantou devagar, deixando o mesmo escorrer pelo seu corpo e cair no chão.

Os olhos castanhos acompanharam o trajeto da peça de seda até o chão, e depois foram capturados pela visão a sua frente. E sim, a nova aquisição de Quinn também era mais uma peça da Victoria's Secret. Um Flyaway Apron Babydoll, de renda branca e detalhes dourados, mais precisamente.

Quinn viu quando sua amada partiu os lábios e pode ouvir um gemido baixo que escapou da boca da morena. Isso deu a confiança que ela precisava para caminhar na direção dela.

- Eu quero me entregar a você, Rach. Eu quero que você me possua como ninguém antes me possuiu... Por favor, Rach... eu quero me entregar a você...

Quinn parou na frente da morena. Ela viu aqueles olhos castanhos quentes percorrerem todo seu corpo e finalmente se encontrarem com os seus olhos. Quinn se aproximou um pouco mais, ainda testando os limites. Ela mordeu o lábio inferior, quando percebeu o desejo no olhar da morena.

Rachel tocou a cintura dela e Quinn sentiu a pele formigar.

- Rachel... – ela sussurrou, e depois disso não conseguiu dizer mais nada. Rachel a tomou nos braços e cobriu seus lábios com os dela. Quinn sentiu tudo e nada ao mesmo tempo.

Ela sentiu Rachel por todo seu corpo. Os lábios da morena percorreram seus lábios, seu rosto, pescoço, o colo do busto, seus ombros.

E não sentiu mais nada que não fosse Rachel. Ela não ouviu outro som que não fossem os breves gemidos emitidos pela morena. Nem sentiu a brisa fria que de repente entrou pela varanda do quarto, e que fazia as cortinas sacudirem um pouco mais que antes. Nem ao menos se deu conta de como ou quando ela foi parar na cama mais uma vez. A loira só percebeu que estava deitada, quando sentiu Rachel sobre ela, e aquelas mãos quentes e gentis, percorrendo seu corpo.

Rachel a beijava com amor, carinho, cuidado e Quinn se entregava a todas aquelas sensações. Ela entregou todo o controle a morena, e sua amada a estava guiando lentamente para o momento mais prazeroso de sua vida. E ela queria tudo. Os lábios de Rachel percorriam seu abdômen, e suas mãos tocaram seus seios por cima do soutien.

- Rach...Oh Deus...por favor.

Rachel sorriu, e a atriz sentiu a vibração desse sorriso percorrer seu corpo. As mãos da morena massagearam levemente os seios dela, as pontas dos dedos percorrendo as bordas do bojo, apalpando todo o tecido. Quinn sentiu uma delicada mordida abaixo do umbigo e seu corpo arqueou involuntariamente. Toda sua pele parecia estar em chamas. As mãos de Rachel deslizaram pelas laterais do corpo da loira, a mão esquerda acariciando brevemente a cicatriz dela, e Quinn sentiu um beijo terno nesse mesmo lugar.

A morena voltou a reclamar seus lábios, para depois percorrer com a ponta da língua todo o pescoço e nunca. Suas mãos tocavam as coxas de Quinn de uma maneira possessiva, e começaram a afastava-las lentamente.

- Você é absolutamente deslumbrante, meu amor. – Quinn sentiu um beijo na parte atrás da sua orelha. - Eu te amei desde o primeiro momento em que te vi. – a língua da morena percorreu o lóbulo da orelha da atriz, e ela continuou sussurrando. – E eu te desejo desde a primeira vez que te beijei. – Quinn não conseguiu conter o gemido. – Oh Deus, Quinn... você é tudo.

E Rachel foi tomando posse do corpo de Quinn com beijos ternos, beijos provocantes, beijos com pequenas mordidas, enquanto suas mãos reclamavam as coxas e quadris da loira, acariciando, apertando e puxando Quinn para perto e encaixando seu corpo junto ao dela.

- OhmeuDeusRachelnuncaparedeme tocarporfavor.

- Nunca... – a morena prometeu. – Eu quero você Quinn.

Quinn jogou o pescoço para trás, incapaz de se controlar. Ela queria mais. Instintivamente seus quadris se chocaram com os da morena. Rachel sorriu e se afastou um pouco, mas antes que a loira pudesse reclamar da falta de contato, ela sentiu como a morena gentilmente, traçava um caminho de beijos por suas pernas.

Rachel podia senti-la. O cheiro da excitação de Quinn inebriava seus sentidos e a morena não se conteve, pousou os lábios por cima do tecido molhado da calcinha, que Quinn ainda usava e correu a língua por cima do tecido.

- OhmeuDEUS... Rachel... – e mais um gemido. - Porfavorporfavor.

Rachel provocou um pouco mais, beijando a parte interna da coxa, e percorrendo as beiradas da calcinha com a língua. Quinn perdeu o controle de seu corpo e seus quadris começaram a se mexer, procurando por mais contato.

- Quinn, eu quero provar você...

Quinn gemeu alto, ela não conseguiu formular uma sentença coerente.

As mãos de Rachel agarraram as laterais da calcinha de sua amada e começaram a deslizar o material pelas pernas da loira.

- MILADY FABRAY, SOCORROOOOO!

Rachel deu um pulo para longe de Quinn. A morena percebeu uma confusão de vozes exaltadas vindo do andar de baixo e ficou furiosa.

Quinn demorou mais um pouco para voltar à realidade e perceber que Rachel não estava mais junto a ela.

- VOCÊS NÃO PODEM ENTRAR AQUI! EU VOU CHAMAR A POLICIA! – berrou um homem.

- EU SÓ SAIO DAQUI QUANDO EU FALAR COM A QUINN! – gritou outro homem.

- SENHORITA BERRY! RACHEL!

E Quinn percebeu a voz de seu assistente.

- Luc? – ela olhou para Rachel, se levantando de uma vez, e sentando na cama. Ela procurou pelo olhar da morena e percebeu que ao invés de está apavorada com a possível invasão, Rachel parecia à beira de um ataque homicida.

- Fique aqui. – disse a morena friamente. – Eu vou resolver isso agora mesmo.

E ela saiu do quarto. Quinn entrou em pânico. As vozes lá em baixo eram de no mínimo cinco homens diferentes, e todos pareciam estar exigindo vê-la. E Rachel iria enfrenta-los sozinha? O coração da loira começou a acelerar e ela nervosamente tentava se recompor. Com as mãos tremulas começou a procurar algo mais decente para vestir. Ela não podia deixar Rachel sozinha. O que podia acontecer? Ela ia perdê-la! Não! Ela não deixaria Rachel! Jamais!

Não por favor, não!

- QUINNNNNN. – um dos homens berrou.

E Quinn parou, olhou para a porta do quarto e arregalou os olhos.

Rachel atravessou o corredor como uma bala. Ela estava furiosa. Quem quer que fosse que tivesse atrapalhado sua noite, estaria morto e enterrado no momento que a morena o alcança-se."Ah, Rachel Berry podia ser pequena, mas quando estava com raiva, ela era capaz de afundar um porta-aviões."

A morena parou na sacada da sala de estar do segundo piso, que dava visão para toda área da planta de baixo do apartamento.

- O QUE DIABOS ESTA ACONTECENDO AQUI? QUEM DEMÔNIOS SÃO VOCÊS?

Os cinco homens na porta de entrada olharam para a pequena morena encolerizada, que os encarava de volta com um olhar fulminante.

- Senhorita Berry... – o homem que Rachel reconheceu como o porteiro, Raul, tentou começar.

- É RACHEL! – berrou a morena de volta, totalmente sem paciência para gentilezas. – O QUE ESSES HOMENS ESTÃO FAZENDO NA MINHA CASA RAUL?

A gritaria recomeçou e a morena pode ouvir Luc e Raul tentando se explicar ao mesmo tempo em que os outros três homens continuavam a berrar: "Nós só saímos daqui com a Quinn." , "Nós queremos ver a Quinn." e "Cadê a nossa Quinn?"

- CAAAAAAALEMMM A BOCAAAAAA! – e o ambiente silenciou. A morena olhou novamente para os invasores; um bombeiro, um entregador de pizza e um carpinteiro. – Quem diabos são vocês? Isso é o retorno do YMCA?

Quinn correu na direção da morena, se apoiando na sacada e olhando para os homens no andar de baixo. No mesmo instante as feições dos três homens suavizaram e todos sorriram feito idiotas para a loira.

- QUINN! – gritaram os três em coro.

- O QUE DIABOS VOCÊS ESTÃO FAZENDO? – berrou a loira de volta.

Rachel olhou para ela surpresa, e seus olhos se arregalaram para o estado em que se encontrava sua amada. A loira estava levemente descabelada e ofegante, os lábios ainda um pouco inchados e vermelhos, por causa dos beijos, e parecia que ela tinha tido problemas para se vestir com o roupão de seda branco, curtíssimo, no qual se encontrava, porque o nó pendia frouxo na frente do roupão, fazendo que toda a vestimenta parecesse muito mais sexy e ousada, do que já era.

Um dos homens, o bombeiro, deu um sorriso sem-vergonha.

- Belo roupão, Q.

Quinn puxou o roupão, tentando cobrir o busto quase exposto. Rachel se colocou na frente dela no mesmo instante. Quinn a agarrou pelos ombros e a puxou para perto, prendendo a morena junto a si.

- CALA A BOCA, SEU IDIOTA! – a loira berrou.

Rachel piscou e virou-se para sua amada.

- Você conhece esses homens?

Mas Quinn não precisou responder. Os três homens resolveram, finalmente, se apresentar.

- Nós somos amigos da pequena Q! – gritou o bombeiro com o olhar safado.

- E ex-namorados dela! – completou o entregador de pizza loiro, que tinha uma boca enorme.

- Nós viemos resgata-la! – finalizou o carpinteiro alto e com cara de idiota.

Quinn enfiou a cabeça no ombro de Rachel, murmurando"O que eu fiz para merecer isso? Eu só queria fazer amor com a pessoa que eu amo!" Lágrimas de frustração escorriam pelos olhos da loira, quando ela voltou a olhar para as figuras de Noah Puckerman, Sam Evans e Finn Hudson, que estavam paradas na sala de estar do primeiro piso, lançando olhares esperançosos para ela.

- VOCÊS QUE VÃO PRECISAR DE AJUDA QUANDO EU TERMINAR DE CHUTAR ESSES SEUS TRASEIROS IDIOTAS, SEUS PATETAS ESTÚPIDOS! – Quinn berrou enfurecida, e até Rachel teve que reconhecer que essa versão de sua doce Quinn, era realmente assustadora.