Milenares

1 de Setembro de 2047 / 12 de Setembro de 2052


1 de setembro de 2047, Cidadela de Cassiopeia. Localização atual: planeta Anteros. Cinco anos antes da queda do Milenar.

Os cinco se sentaram sobre as cadeiras ao redor da mesa e fizeram surgir o mapa das cidadelas, ele era digno de admiração, era um mapa muito bem organizado onde mostrava todas as cidadelas que eles tinham controle, ou seja, apenas dez, pois as outras ou haviam sido abandonadas, ou simplesmente estavam sobre o controle de outros, e era sobre eles que aqueles ali presentes queriam falar.

— Muito bem, onde está a Asterin? – a loira pergunta olhando de um lado para o outro – sempre atrasada, mais parece uma andante.

— Yumi, não seja má – sua gêmea resmunga – a Asterin é uma andante.

— Às vezes eu esqueço – Yumi suspira frustrada, nunca era sua intenção, mas sempre esquecia o fato de que Asterin não tinha uma âncora, o que significava ser uma andante.

— Vamos começar sem ela, eu tenho novidades – a morena fala animada.

— Então fale Lalisa – fala o moreno com uma careta de tédio, ele só faltava bocejar de tão entediado que estava.

— Fique quieto Byun – fala o outro rapaz, eles eram os únicos homens no meio das quatro mulheres – fale Lalisa, está me matando de curiosidade.

— Eu achei o maldito Kim – ela sorri em completa excitação, parecia que estava ganhando seu doce favorito.

Os outros pareciam curiosos, enquanto esperavam que a garota dissesse logo onde estava aquele que ela tanto ansiava.

— Em Chronos – ela levanta as sobrancelhas, fazendo seus amigos sorrirem.

A cidadela de Chronos era a única dentro do tratado que não tinha proteção para ninguém, ou seja, se eles estavam em guerra, facilmente poderiam armar suas emboscadas para ter o que queria.

— Espera aí, as asas dele não está lá dentro? – Chanyeol pergunta entre preocupação e medo.

— Estão, mas só podem ser removidas com meu sangue – ela dá de ombros como quem diz “eu sou um gênio”, coisa que ela não faria se bem soubesse o destino que a aguardava.

As horas ali se passaram lentamente, enquanto eles decidiam como prenderiam o homem que Lalisa tanto almejava, mas muito mais do que aquilo, eles planejavam achar o seu ponto fraco, uma forma de destruí-los, os sete que faltavam, os últimos de sua espécie, porque sem eles naquele lugar, poderiam finalmente viver em paz. O que eles não sabiam era que aqueles que tanto odiavam lutavam pelo mesmo motivo, manter Chronos dentro da sua enorme jaula. Tornando aquela maldita guerra, um histórico sem sentido.

Tarde demais, acabaram mandando Lalisa para uma emboscada, não planejada por eles e nem pelos outros, mas sim por aqueles que fariam tudo e qualquer coisa para conseguir o que queriam.

Lalisa tocou o solo de Chronos fazendo uma rachadura cravar em forma de estrela abaixo dos seus pés, aquela era a marca dela. E seu poder principal, tinha tudo a ver com marcas, pois ela podia criá-las, marcas que serviam como uma espécie de novas habilidades.

— Justo quem eu precisava – o homem sorri de lado, vendo o rosto da garota tomar um tom tão branco, que imaginou que ela fosse desmaiar ali mesmo – eu serei rápido querida.

Ele passou com toda velocidade que poderia por ela, não dando tempo dela reagir ou desviar. O corte feito em seu braço espalhou uma toxina por todo seu corpo que a paralisou, do mesmo jeito que havia acabado de se posicionar, de pé, com metade do corpo inclinado na direção onde o outro estava a pouco. Ele sorriu com aquela cena, era sempre divertido lidar com os que chamavam de Nômades.

— Eu preciso de um pouco mais – ele rasga a mão dela com uma faca, fazendo o sangue pingar na pequena tigela incolor que ele tinha nas mãos – obrigada minha linda, até mais – ele lhe dá um beijo na bochecha, amarra um pano na mão dela e sai em busca do que mais desejava, suas asas que Lalisa havia arrancado.

Diferente do que havia dito a Asterin, Taehyung não havia matado Lalisa, a toxina que utilizou a devolveria seus movimentos em menos de meia hora, mas ainda assim ele assumiu a responsabilidade do sangue espalhado no chão quando retornou ao ponto que ela deveria estar, ele assumiu aquele fato não por cortesia ou compaixão, apenas porque precisava de um trunfo, precisava de uma forma de mostrar aos nômades que seus preciosos protegidos não eram dignos de confiança, o único erro de Taehyung foi não prever que com o sumiço de Lalisa, um dos seus seria prejudicado.

12 de setembro de 2052, Cidadela de Sirius. Localização atual: planeta Anteros. Cinco anos depois da queda do Milenar.

Yeri bateu contra os ombros do seu protegido, fazendo-o tombar para trás, Yumi segurou-a pelo braço, a impedindo de avançar sobre ele.

— Sua estupidez trouxe mais problemas para nós do que deveria – Yeri grita, fazendo o garoto se encolher, os protegidos deviam não só obediência aos nômades, mas também lealdade, o que aqueles três haviam falhado miseravelmente, a única que ainda tinha esperança de ser mantida na linha era a garota de cabelos loiros que estava quietinha ao lado de Chanyeol – matar um nômade, matar um milenar com o sangue de um nômade, quebrar três linhas do destino, você ficou maluco?

— Pelos deuses Yeri, se acalme – Baekhyun fala tentando conter a mulher que estava muito nervosa naquele momento.

As gêmeas haviam acabado de ver Seokjin, este que estava em Chronos, mas não pelo motivo que eles passaram milênios acreditando, e sim para tentar segurar o máximo que pudesse o Titã dentro daquele lugar. No processo ele havia contado tudo que havia acontecido a cinco anos atrás, incluindo o encontro de Taehyung com Lalisa e a suposta morte de Jimin.

— Eu fiz o que vocês não tiveram coragem de fazer, e daí se a Lalisa teve que morrer? – o loiro fala afrontoso, fazendo a mulher a sua frente rosnar como um lobo.

— Kai, cale-se – Baekhyun fala firme, fazendo o garoto abaixar a cabeça.

— Vocês queriam mesmo mata-lo, qual o problema disso? – a garota sussurra para os seus, mas os nômades a ouviram bem.

— Linhas do destino, que hipócrita – fala o outro e se volta para o amigo que estava à frente da nômade.

Ele, Kai e Jisoo haviam dado início a um problema maior, problema esse que todos sempre lutaram para manter longe, mesmo com toda a guerra entre si.

— Francamente – Yeri se solta do aperto de Yumi e bufa raivosa, como quem xinga toda uma geração, ela seria capaz de matá-los de tanta raiva que sentia. Seu olhar fora direcionado para Rosé que mantinha a cabeça baixa enquanto as lágrimas corriam. Ela sabia que a garota não havia aberto as travas da cidadela por maldade, ela estava tão desesperada em encontrar Lalisa, que nem pensara nas consequências que aquilo teria – Pare de chorar Chaeyoung, não foi culpa sua se esses idiotas fizeram besteira.

— Mais Yeh, eu... eu dei início a aquilo que vocês lutaram tanto para não acontecer – Rose fala enxugando as lágrimas e olhando pela primeira vez para Yeri, que tinha compaixão nos olhos, enquanto mirava a garota assustada.

— Nós iremos nos encontrar com os Milenares para pensar em algo – Yeri a tranquiliza e volta a olhar para os três a sua frente – vocês ficarão uma semana nas masmorras, não posso arriscar que cometam outro erro e deixem aquele monstro a solta.

Yeri respira fundo e sai bufando um “francamente”, completamente irritada. Yumi olha para os três e se volta a Baekhyun, em um pedido mudo para ele que colocasse os três no devido lugar indicado por Yeri. E assim ele faz, saindo com Chanyeol ao seu lado e os três a sua frente, em direção as masmorras.

— O que vai acontecer comigo agora? – Rosé pergunta meio incerta, ela era a protegida de Asterin, mas como aquela não estava mais ali, Yumi havia assumido as responsabilidades da garota.

Os protegidos eram treinados e disciplinados pelos nômades para que pudessem assumir o lugar de um deles caso este morressem, assim haveria sempre uma nova geração. Mas com a guerra entre os Nômades e os Milenares, os habitantes em Anteros passou a ser bem menor, e agora só restava os quatro nômades, os quatro protegidos e os seis milenares.

— Você vai assumir o cargo da Lalisa, depois de passar o castigo das trinta noites – Yumi fala, apesar do nome do castigo ser esse, a punição se resumia a garota apenas escalar a montanha mais alta da cidadela, enquanto perdia perdão aos deuses que prestavam contas.

— Entendo – ela assente e se cala, mas retorna a falar quando Yumi faz menção de sair – Yu, o Milenar não está morto, eles arrancaram e queimaram as asas dele, mas não o mataram, eles apenas o baniram.

Yumi suspira enquanto olha para Rosé, a garota era tão inocente.

— Minha flor – Yumi se aproxima dela e toca sua bochecha com ternura – sabe por que arrancamos a asa de um Milenar? – a garota nega e Yumi assente removendo a mão do rosto dela e depositando sobre o ombro – quando se arranca a asa de um Milenar, tiramos a maior força deles, aquela que provém das ligações, entre alma e coração.

Rosé franze o cenho, meio confusa, era claro que ela era muito ingênua, mas aquilo realmente não fazia muito sentido, como o fato dos outros não ter diretamente tirado a vida do milenar, poderia ter a ver?

— Chae – Yumi suspira cansada – eles podem não ter arrancado a vida do Jimin, podem ter apenas o banido, mas para eles é como se houvesse o matado, sua alma gêmea e sua âncora não os sente mais.

Rosé faz um bico triste e assente, ela podia compreender o sentimento, eles haviam arrancado Lalisa dela, talvez fosse na mesma linha de sentimento, só que mais profundo. Yumi aperta seu ombro solidária e sai andando com um suspiro. Estava claro que tudo a partir daquele momento, ficaria muito pior.