Milenares

11 de setembro de 2052, Cidade de Nova Iorque.


11 de setembro de 2052, Cidade de Nova Iorque. Localização atual: planeta Terra.

A cotovelada no queixo dele fora certeira, mas a força do impacto não foi suficiente para lança-lo para longe do alcance dela. Por isso a mão dele laçou seu pulso, e ela foi girada para ele, com um braço para as costas, enquanto o braço dele apertava seu pescoço com força.

— Mais o que é isso? – pergunta a morena totalmente em choque, vendo sua sala de estar completamente destruída, resultado do confronto deles dois que já durava uns cinco minutos.

— Essa garota é louca – ele resmunga, ainda segurando a mulher que estava quase desmaiando.

— Pelos deuses, Jimin, largue-a – Jennie ordena e ele assim o faz, lançando a mulher nos braços da morena.

— Ela quem começou – defendeu-se o loiro, cruzando os braços e adquirindo uma pose debochada, enquanto a mulher esfregava o pescoço tossindo.

Ela apenas semicerra os olhos para ele, com ódio, provavelmente teria conseguido matá-lo se Jennie não tivesse aparecido.

— O que é isso agora? – Jennie pergunta exaltada, checando se a amiga estava realmente bem.

— Ele veio atrás de mim – respondeu a mulher, mesmo que aquela não fosse uma pergunta real.

— Eu nem sem quem é você carrapato – Jimin se senta no sofá e cruza as pernas, ele realmente não sabia quem era ela, na verdade, apenas não se lembrava, já que ela estava diferente agora, pois tinha os cabelos ruivos ao invés de pretos.

— Carrapato, vocês não perdem essa mania? Vermes – ela rosna para ele e Jennie segura a mulher, impedindo que ela mais uma vez corra para cima do loiro que tinha um olhar debochado e um sorriso de escárnio nos lábios cheios.

— Asterin, já chega, como vocês se conhecem? – Jennie pergunta olhando de um para o outro.

— Asterin? – Jimin pergunta perdendo totalmente a pose, se lembrava daquele nome, como se tivesse acabado de conhecê-la – a lendária Asterin.

— Não se finja de idiota Jimin, sabe muito bem que Taehyung me baniu cinco anos atrás, e sabe que a pedra está comigo – ela rosna mais uma vez, irritada demais para ser racional ou para alimentar seu ego com o “lendária”.

Jimin tinha no rosto uma careta revestida em confusão e irritação. Ele havia chegado à Terra a apenas um dia, mesmo que soubesse que haviam se passado cinco anos nesse ciclo, não fazia ideia de que Asterin havia tido um combate com Taehyung e pulado no tempo.

— Os seus amigos destruíram minhas asas e me baniram para a Terra, eu não vejo Taehyung a cinco ciclos Asterin – revela o garoto e é a vez dela perder a pose e pela primeira vez sentir compaixão por aquela raça que tanto prometeu odiar.

— Acho que vocês precisam conversar, sem brigas, eu vou limpar minha sala – Jennie fala e sai para buscar utensílios para limpar o local.

Os dois se mantiveram se encarando, ela não fazia ideia do que havia acontecido com ele, e ele não fazia ideia do porquê ela estava ali.

— Como achou a Jennie? – Asterin pergunta se sentando no mesmo sofá que ele, mas com distância suficiente.

— Ela me achou, tentou me ajudar, e quando me ouviu falar sobre os Milenares, ela disse que tinha alguém que poderia me ajudar – ele conta olhando na direção de Jennie – como veio parar aqui?

— Taehyung queria a pedra de volta e nós lutamos, aí eu dei um chute nele e sai fora – ela dá de ombros divertida e ele ri negando, sabia que o amigo não deixaria barato quando a visse novamente, amigo, sentia tanta falta daquele ser galanteador – sinto muito pelas suas asas, eu não...

— Eu sei... – ele pigarreia sentindo a tensão sobre seus ombros – Jennie disse que podia me ajudar a voltar, é verdade?

— Talvez, mas eu ainda não achei o local exato que dá acesso aos mundos – ela entorta o lábio e o morde em completo nervoso, era um hábito mundano que adquiriu pelas horas de frustração que tinha, na tentativa de voltar para casa.

O silêncio se instalou entre os dois, até que Asterin franziu o cenho para Jimin, que a encarava atentamente, mas claramente confuso.

— Não está me enganando para levar a pedra de volta e soltar Chronos, está? – ela pergunta desconfiada e ele faz uma careta de horror para ela.

— Você pirou? Nós estávamos querendo a pedra de volta para evitar que os nômades soltassem Chronos – Jimin fala de cenho franzido.

E de repente a compreensão abateu sobre eles, sempre estiveram lutando pelo mesmo propósito, mas de lados opostos, o que poderia ser considerado hilário, já que eles poderiam ter evitado milhões de mortes e mil anos de guerra.

— Não está mentindo? – Asterin ainda parecia confusa.

— Por que estaria? Chronos pode destruir Anteros, todas as cidadelas, a razão do nosso existir – Jimin fala totalmente transtornado – Asterin, santo Millenium.

Asterin se cala, se cobrindo com as verdades exaladas da boca do loiro que parecia imerso em pensamentos, talvez os mesmos que os dela, eles perderam tanto, os dois lados, e eles nem faziam ideia do porquê estavam lutando uns contra os outros.

— Você é a primeira nômade da história, o que aconteceu com sua raça? – Jimin pergunta e Asterin o encara parecendo não entender a pergunta – sei que nômades não nasceram nômades, são sobre-humanos, banidos de alguma raça.

Ela sorri terna, Jimin era o mais fofo dentre os seus, e agora ela conseguia vê-lo com inocência e carinho.

— Eu fui uma de vocês Jimin – ela suspira e olha para a frente, perdendo seu olhar em algum lugar ali – eu me tornei a primeira nômade porque tive minhas asas arrancadas, eu perdi a minha alma-gêmea, eu perdi a minha âncora nesse processo.

— É o que vai acontecer comigo? – Jimin pergunta receoso e vê-la negando.

— Há um ritual, para lhe devolver suas asas e colar as almas quebradas, mas precisam estar inteiros – ela suspira e olha para ele – minha alma está viva, mas a minha âncora morreu em 1052, ele deu a vida dele para salvar aquela maldita pedra.

— Sinto muito Asterin – ele fala tocando a mão dela que estava ao seu alcance, e ela lhe lança um sorriso bonito.

Então o silêncio se abate sobre o ambiente, sendo quebrado apenas pelos passos da Jennie andando por ali.

— Agora que estamos acertados – Jennie fala colocando as mãos na cintura – vamos achar um jeito de mandar vocês para casa.