O pincel manuseado desajeitadamente dava azo a formas que outrora residiam em um lugar inóspito e que nunca veriam a luz. O que antes era disforme, agora vibrava para fora das marcas do papel.

Miguel tinha feito sua primeira arte. Seus pais nunca saberiam disso, mas aquela foi a primeira vez que o menino sorriu para o mundo.

Não percebeu que o tempo passava enquanto aquelas estranhas formas e cores conversavam com ele. Também este foi seu primeiro trauma: subitamente, a pintura sumiu de seu campo de visão.

Os pais não entendiam o porquê do desalento. Mas não demoraria muito.