Regina sorri ao estender a mão para a diretora geral da Revista onde trabalhava. Estavam selando um contrato e trazendo Regina de volta para o corpo de funcionários daquele periódico.

O sucesso do livro “Quem tem família normal, poderia levantar o dedo!” havia exaltado o nome de Regina e trazido à tona a sua condição de demitida e substituída pela amante do diretor. Uma situação que provocara uma queda nas vendas da revista e nas ações da empresa no mercado.

O golpe mais forte para sujar ainda mais o nome da revista, tinha sido o show alucinado da colunista durante o lançamento do livro de Regina. Obviamente que as pessoas desconheciam o real motivo que impulsionara a jovem a tal comportamento, mas Killian jamais revelaria a fonte de tanta animação.

Como solução de resgate da revista, o nome de Regina Mills é cogitado para trazer de volta as leitoras e a credibilidade naquele mercado competitivo.

— Vou aproveitar o sucesso de meu livro e tentar trazer os leitores para esta revista. Vou abrir um canal maior de comunicação com eles.

— Isso será maravilhoso. – Cora observa encantada a sala da filha. – Por que não chama Zelena para trabalhar com você?

— Ela está ocupada com o filho de Mary e com o pai do filho de Mary.

Cora sorri e levanta as sobrancelhas, rapidamente. Percebe o ciúme da filha.

— Eu também me ocuparia de um homem daqueles, caso eu fosse solteira. A única tonta da família é você, que ainda chora pela paixão por David.

— Vai repetir o discurso de Charlotte e de Killian?

— Charlotte está curtindo o que resta de vida ao lado de alguém divertido e carinhoso. Com problemas mentais iguais ao de sua avó, mas um cara legal. Killian está tomando rumo na vida e amando cada dia mais. O amor aumentou a beleza dele, se isso for possível. Eles estão certos!

— Vai elogiar Amintas até que eu aja como as mocinhas nos finais das comédias românticas?

Cora acha graça na comparação.

— Não. Elas são mais espertas que você.

— Não deveria estar feliz por Zelena se encantar por um homem tão cheio de virtudes, mamãe?

— Amintas não ama Zelena. Caso eles ficassem juntos, minha filha iria sofrer. Ocorre que Zelena não é tola e já percebeu isso. Talvez use Amintas para momentos de prazer e nada mais.

A frase de Cora é forte! Amintas seria vítima pela terceira vez das irmãs Mills? Seria usado mais uma vez com estepe, por mulheres que não se importavam com os sentimentos dele? Será que ele estava mesmo vivendo um período de má sorte no amor? Sua função no mundo seria apenas acalentar o sofrimento das três irmãs Mills? Isso não seria justo!

Mas o que Regina não tinha percebido era a blindagem em torno de Amintas. A blindagem que não o deixaria sofrer, porque ele queria apenas uma mulher. E esperaria por ela, mesmo que demorasse um pouco mais que o planejado.

Era final de ano e as festividades já estavam a todo vapor pelas ruas, lojas, casa e na mídia, principalmente. Para a última edição da revista, Regina tinha em mente criar uma reportagem principal, que abrangesse um tema que agradasse muito às suas leitoras. Precisava achar um tema adequado e interessante.

Observando ainda mais a vida ao seu redor, Regina descobre o tema numa tarde, quando Corfu deixa Charlotte na casa de Cora, na cidade. Beijam-se e ele apenas entra no carro, depois de ter certeza de que a mulher estava bem acomodada e protegida. É quando ele sai.

O tema estava bem debaixo do seu nariz e precisava apenas ser capturado pelo papel. Iria falar sobre homens que tiveram suas vidas modificadas pela força da mulher. Reúne-se com sua equipe de repórteres e expõe o tema a ser cuidadosa e amorosamente trabalhado. Iria selecionar os melhores trabalhos e compilá-los em uma única reportagem.

Então, mãos à obra! Seria divertido! E minhas mãos também vão para a luta!

A partir daquela reunião, todos saem em busca da reportagem especial. A reportagem que teria como responsabilidade, restaurar a credibilidade da revista por meio daquela edição de final de ano.

Regina se entrega àquela atividade e traz à tona a repórter adormecida dentro dela. A mesma jovem ávida pela profissão e recém-saída da universidade. Não era a nova Diretora da Revista ou mesmo a bem sucedida escritor, mas uma iniciante que sonhava em impressionar pela sua gana e trabalho.

Killian começa sua entrevista exaltando as qualidades de sua namorada, a força avassaladora com quem ela o fez enxergar o mundo pelo prisma dos adultos e finaliza declarando seu amor e seu desejo de envelhecer ao lado de sua amada amante.

O grego Corfu fala de Charlotte com o mais verdadeiro e puro sentimento, refutando qualquer comentário que sugeriria seu interesse econômico sobre a amalucada esposa, mais de 40 anos mais velha que ele. Denomina-se um ser humano perdido que fora encontrado pelo ser mais incrível que a natureza havia posto sobre a Terra e toda a influência que Charlotte tivera para que ele percebesse que não era mais um jovenzinho que vivia para coisas mais banais.

Para aumentar o ferimento no coração de Regina, seu cunhado David expusera todo o seu amor por Mary, sua necessidade de estar com ela e o amor já sentido pelo pequeno Johnathon filho de Amintas. “Ela me ensinou a ser um homem melhor e a refletir muito antes de agir por impulso. Ensinou-me a pedir perdão pelos meus erros.”

Lendo e relendo os trechos escolhidos dos depoimentos, Regina não se percebe em seu tamanho real. Sentia-se diminuída. A declaração de amor daqueles homens para as mulheres que mudaram suas vidas, a havia feito enxergar todo o vazio que estava em sua volta. Um belo apartamento, vestidos caríssimos, ótimos restaurantes, um excelente cargo numa empresa...mas os elogios ficavam somente no campo externo. Quando ouviria uma declaração pura e verdadeira com aquelas?

Perdida em seus pensamentos, não observa a aproximação de Amintas em sua sala. O policial bate levemente na porta e sorri aguardando ser autorizada a entrar.

— Não se faça de rogado e entre.

Amintas entra na sala e coloca uma caixa com bombons sobre a mesa. Senta-se e sorri.

— Seus telefonemas me deixaram incomodado. O que há?

Jogando seu charme sobre a mesa, Regina iria direcionar sua abordagem para o campo da sedução.

— Preciso de sua ajuda, amigo. Tenho que apresentar uma reportagem especial e que mudará a trajetória desastrosa da revista. O antigo diretor expulsou muitas leitoras e descredenciou nossa revista, portanto, preciso resgatar nossa honra.

— E o que seria essa entrevista?

— Estamos buscando material que possamos unir e criar “a reportagem do ano.” – ela segura a mão do homem. Percebe como ele se incomodava com o toque. – Estamos conversando com homens que tiveram suas vidas modificadas pela força do amor de uma mulher. Mas não vale falar da mãe.

Amintas sorri e nega com um movimento de cabeça.

— Poderia ter dito que o assunto não era tão grave. Pedi licença de dois dias para vir socorrer você e foi alarme falso. Isso não se faz com amigos.

— Por favor, por favor, por favor, por favor!

Amintas aperta a mão de Regina e consegue transmitir pela pele, a intensidade de seus sentimentos e admiração.

— O que você quer saber?

— Fale de uma mulher que mudou a sua vida, com a força do amor dela. Fora sua mãe!

Inclinando-se, ele beija o dorso da mão da mulher. Linda, forte e teimosa. Quem não iria querer uma mulher como Regina?

— Uma história? Serei breve porque ambos temos trabalhos a fazer. – ele solta a mão dela. – Não conheci a minha mãe e fui criado num orfanato e a mulher que mudou minha vida com seu amor, foi a Irmã Leminsky, que era chamada por nós, como Irmã Lesminha. Numa ocasião, recebi um bilhete e como ainda não sabia ler, ela o leu para mim. Chorou e disse-me que eu estava sendo elogiado como ser humano e que a professora dizia que eu seria um grande homem. Muitos anos depois, encontrei o bilhete num livro dela de orações e lá estava escrito: “O jovem Amintas não terá futuro na escola e jamais conseguirá seguir uma carreira que não seja braçal. Por que não o orientam a começar a aprender a fazer reparos pelo orfanato, em vez de enviá-lo para as aulas de canto?”.

— Nossa...

— Mas a Irmã Lesminha me incentivou a continuar no coral, a estudar piano e a escrever muito. Sempre quis que eu estivesse entre os melhores e foi o que fiz. Graduei-me, entrei para a academia de polícia, tornei-me Negociador em casos com reféns e Atirador de elite. Ela me incentivou a ser um policial, como eu sonhei, e sempre me disse para ser o melhor.

— Onde ela está agora?

Ele olha no relógio e sorri.

— Neste horário? Certamente, está no bingo. Eu a levo para onde vou e mora comigo.

— O que ela é para você?

— A mulher que direcionou os meus passos e que sempre me incentivou a amar sem restrições. Sigo o que ela me dizia: ofereça seu amor e caso recusem, saia procurando quem o quer. Ela me ensinou a ser forte, digno, a lutar contra as injustiças e a não ter medo de expor o meu amor. “Ame, mas ame muito e não tenha vergonha de oferecer o seu amor. Azar de quem o recusar. Ofereça a quem quiser pegar o seu amor.”

Por que não consigo me apaixonar por este homem? É culto, gentil e inteligente! Tem charme e muita beleza, além de mãos fortes que poderia espremer meu corpo todo! Ele deve ser bem pesado e cheira tão bem! Eu seria tão bem tratada se estivesse nesses braços...nossa, que calor! Por que estou perdendo tempo? O que estou esperando e de quem estou esperando? O homem está oferecendo descaradamente seu amor e seu corpo! O que quero mais como sinal de que preciso abraçar essa chance? Devo esperar um meteoro cair na minha cabeça?

Regina se levanta e dá a volta na mesa, empurra a cadeira onde o policial estava sentado e aumenta o espaço para que consiga sentar-se nas pernas dele e de frente. Segura o rosto do homem e não hesita em roubar um beijo guloso e descarado.

Afastando-se, a mulher sorri vitoriosa. Fica em pé na frente de Amintas e apoia as mãos na cintura, aguardando a reação do homem.

— Vai me oferecer o seu amor, agora?

Amintas se levanta e praticamente esfrega seu peito no rosto de Regina.

— Fiz o que a irmã Lesminha me ensinou: ofereci meu amor sem pudores e como você não o quis, ofereci a quem estava disposta a segurá-lo com as duas mãos. – ele toca o queixo dela. – Não é Zelena e ela já sabe disso.