Meu amado é um lobisomem

Capítulo 28: De volta aos braços do amor - Shouya e Hanabi - Parte II


As aulas voltaram e o outono chegou em setembro. Hanabi diminuiu a carga do trabalho, trabalhando apenas como caixa do mercado. Com isso, tinha mais tempo para se concentrar nos estudos e sair com os amigos. Por mais que não se sentisse atraída pelos garotos do colégio, ela percebia como era notada. Pelo visto os garotos gostavam de seu ar sério e seus longos cabelos loiros. Além do fato de estar solteira e bem mais uma vez.

— Iori quer sair com você. – Mai sorriu.

As três caminhavam pela trilha, adentrando cada vez mais na floresta. Hanabi sorriu levemente enquanto olhava onde estava pisando.

— Ele é legal. – disse ela – Mas não quero sair com ninguém agora.

— Está esperando por alguém mais velho? – Mai brincou.

Hanabi achou graça e olhou para Ame, que ficou para trás alguns metros e olhava para além das árvores. Suas sobrancelhas estavam franzidas, ela parecia olhar para alguém. E estava. Notou Shouya ao longe. Seus pelos negros e seus olhos olhando para elas de longe.

— Ame, o que foi? – perguntou Hanabi.

— Ah, nada! – ela despertou e se aproximou – Pensei ter visto algo.

— Um lobo?

— Eh?

— Tem lobos por aqui? – Mai perguntou.

— Tem. Era esse meu amigo, mas não o vejo vi há dois meses. Ele correu de mim e o perdi de vista.

Ame suspirou, irritada.

— Você está bem mesmo? – Hanabi perguntou.

— Estou sim. – ela sorriu – Vamos.

Elas continuaram caminhando enquanto Ame pensava como o irmão era idiota. Dias depois, Hanabi corria pela trilha. Com o outono e o frio se aproximando, ela usava um casaco sobre seu top e uma garrafa de água presa em sua calça. Sua respiração era controlada e sentia o rabo de cavalo ir de um lado para o outro enquanto corria.

Ao ver um rio, parou por um momento para encher sua garrafa, que havia acabado a água. Se aproximou do rio e a encheu despreocupadamente, pois a floresta era preservada e a água limpa. Ao levantar e se virar com a garrafa na mão, viu Hosokawa andando na trilha. Ela acenou para ele, que fez o mesmo e se aproximou.

— Minagashi-san. – ele sorriu – Se exercitando?

— Sim, sempre. – ela sorriu – E você?

— Eu caminho às vezes. É bom para a saúde.

— É verdade.

— Você está bem? Não a vejo desde o festival e antes disso...

— É. Isso... Estou bem. – ela sorriu.

Hosokawa sorriu enquanto a olhava.

— Eu nunca a vi assim.

— Descabelada? – ela riu.

— Não, com essas roupas. Você fica bem de uniforme, mas fica melhor com sua roupa de correr.

Hanabi o olhou, desfazendo o sorriso. Achou estranho e inadequado. Um homem mais velho não deveria reparar em uma garota de dezessete anos assim. Por mais que Hanabi gostasse de rapazes mais velhos, Shouya faria 25 anos. Não era tão mais velho. Mas Hosokawa parecia ter mais de trinta anos. Ele, mais que ninguém, deveria se portar como tal. Ela se lembrou de quando Ame disse que não confiavam nele.

— Eu... Vou embora. Com licença.

Hosokawa sorriu levemente e virou-se para Hanabi, segurando seu braço. Ela parou ao ser segurada e seu corpo congelou. Um ar gélido passou por sua espinha.

— Hosokawa-san?

— Tudo bem. – ele sorria – Eu sei que você gosta de garotos mais velhos.

Ela arregalou os olhos, nervosa.

— Não sou um garoto, mas sou um pouco mais velho. – ele deixou uma risada escapar.

— Ahm...! Me larga!

Hanabi se soltou de sua mão, se afastando.

— O que está fazendo?

— Você é minha predileta. – ele sorriu – Não consigo mais ficar longe.

Ela engoliu em seco.

— Fique longe de mim! – começou a se afastar.

Ao se virar para correr, Hosokawa a segurou por trás repentinamente. Hanabi exclamou, sendo derrubada no chão. As lágrimas brotaram em seus olhos enquanto tentava se soltar das mãos dele. Ela o olhava e via que seus olhos não demonstravam em nada que aquilo era errado. Parecia que para ele era normal. Quando seu casaco foi aberto e seu top exposto, ela gritou:

— Me larga!

Um rosnado foi ouvido e Hosokawa levantou o olhar, sendo jogado para trás por um lobo negro. Hanabi arregalou os olhos ao se sentar e ver Shou atacando o homem que tentava atacá-la. Hosokawa gritava ao passo que Shou sacudia seu pescoço, rasgando sua garganta. Hanabi o viu parar de se defender, parando completamente de se mover. O animal parou, olhando-o e fitou Hanabi, que o olhava com pavor. Ao se aproximar, ela se mantinha imóvel. Ele abaixou as orelhas e ganiu, tocando sua perna com o focinho. Hanabi acalmou-se ao reconhecê-lo, mesmo sentindo as lágrimas escorrerem por suas bochechas.

— Shou...

Ele levantou as orelhas e correu repentinamente.

— Shou! – ela o chamou, porém ele desapareceu.

Hanabi olhou para o corpo de Hosokawa, que não tinha mais vida alguma. Levantou e correu para pedir ajuda. A casa mais próxima era de Ame. Ao entrar em seu quintal correndo, Yuzo a viu em prantos. Ele cuidava da horta e levantou, chamando Tsuki ao ver seu desespero.

— Hanabi-chan? – perguntou sem entender, se aproximando – O que aconteceu?

Ela chorava, confusa.

— Shou... Matou...

— O que?

Tsuki apareceu na entrada da casa, descendo os degraus para saber o que acontecia. Levaram Hanabi para dentro para se acalmar, porém somente quando Ame chegou com Ichiro da casa dele, ela parou de chorar. Contou o que havia acontecido e sobre o lobo que considerava como amigo. Todos da família sabiam que era Shouya, e ficaram preocupados quanto à situação.

Ligaram para a polícia e para a ambulância, porém Hosokawa realmente estava morto. E o que Hanabi menos queria era que procurassem pelo lobo para matá-lo, mesmo ele a tendo protegido. Levaram o corpo de Hosokawa e a polícia interrogou Hanabi, que disse não imaginar que Hosokawa poderia fazer aquele tipo de coisa. Ame e Ichiro contaram sobre suas desconfianças em relação à ele e depoimento encerrou. Após todos irem embora, Ame deixou Hanabi em seu quarto enquanto seus pais estavam na cozinha com Ichiro.

— Ela está melhor? – perguntou Tsuki – Minagashi-san está vindo. Está aflita.

— Está deitada, mas não posso dizer que está melhor. – disse Ame, sentando-se – Também não achava que ele pudesse fazer isso.

— Ninguém sabia que ele pretendia isso. – disse Ichiro.

— Ichiro-kun tem razão. – disse Yuzo – Agora só podemos consolá-la para ajudar.

Ambos assentiram.

— Melhor eu ir para casa. – disse Ichiro – Não sei se posso ajudar agora.

Ame assentiu, levando-o até a porta. Eles foram até o quintal, despedindo-se com um abraço. Os olhos de Ame marejaram e Ichiro beijou sua cabeça, dizendo que tudo ficaria bem. Quando assentiu e levantou o olhar para vê-lo, viu Shouya caminhando em direção à casa.

— Shouya? – disse, surpresa.

— Ela está bem? – perguntou ele, preocupado.

Após Ichiro se despedir mais uma vez e ir embora, Shouya e Ame entraram em casa. Tsuki correu para abraçá-lo, preocupada. Não imaginava onde ele poderia estar e como ele estava.

— Onde estava? O que você fez? – perguntou ela.

— Shh. Ela está aqui. – alertou Yuzo.

— Hanabi está aqui? – perguntou Shouya, surpreso.

— Está no meu quarto. – disse Ame – Ela contou que “Shou” a salvou.

Shouya abaixou o olhar.

— Ela estava correndo quando a vi, pensei que não ia parar. Ela nunca para, mas foi até o rio. Vi aquele homem vindo e... Se eu não fizesse nada, vocês sabem o que iria acontecer.

— Mas agora vão procurar pelo lobo. – disse Tsuki – Você precisa ficar aqui até isso passar.

Ele abaixou a cabeça, concordando. Ao se silenciarem, ouviram a porta se abrir e Hanabi aparecer na sala.

— Shouya? – disse surpresa ao vê-lo.

Ele a olhou e, hesitando, caminhou até ela. Hanabi não o desde o aniversário de Haru, então ao vê-lo lembrou-se de detalhes do seu rosto que havia se esquecido. Shouya a abraçou de repente, surpreendendo-a. Hanabi arregalou os olhos, porém o abraçou.

— Estou aqui, tá?

Ela pôs-se a chorar, assentindo. Hanabi agora sabia que por mais que não estivessem juntos, ele sempre estaria ao seu lado.

Os dias que se seguiram foram acompanhados de nervosismo e preocupação. Ninguém mais foi à floresta desde o acontecido. Agora o lobo que havia matado Hosokawa estava sendo caçado pelo medo de ele atacar alguém. Shouya queria voltar para a floresta, porém sua mãe o proibia e Yuzo concordava com ela, também permanecendo em casa.

— Você não vai. – ela dizia.

— Preciso voltar.

— Espere até a busca acabar.

— Isso é ridículo. – disse ele – Preciso voltar. Se tiver que me esconder, vou ficar na caverna.

— Por que não vai até a casa de Hanabi? – perguntou Yuzo. – Para ver como ela está.

— Ame disse que ela está melhor. É tudo que preciso saber.

Tsuki e Yuzo se entreolharam.

— Está com medo, não é? – disse Yuzo.

— De que? Apenas prefiro não vê-la.

— Vimos como você a abraçou. E você a observa de longe desde que terminaram.

Ele franziu as sobrancelhas.

— Não venha com aquela conversa.

— Do que estão falando? – perguntou Tsuki.

Shouya hesitou. Yuzo a olhou, contando.

— Shouya não quer voltar para Hanabi porque acha que ela vai ficar como você.

— Como assim? – ela o olhou.

— Hanabi pretendia construir uma casa pra morar na floresta. – contou Shouya – Pra ficar comigo.

Tsuki se surpreendeu.

— O que isso tem de errado?

— Ele não quer que ela viva à sua espera todos os dias enquanto ele está na floresta. Como nós. – concluiu Yuzo.

Tsuki abaixou o olhar, compreendendo.

— Yuzo, pode nos dar licença?

Ele assentiu, se retirando e indo para fora, para cuidar da horta. Tsuki permaneceu em silêncio, pedindo que Shouya ficasse. Ela pensava em tudo que iria dizer. Então o olhou, e começou.

— Acha que sou infeliz? Que fui infeliz?

— Não, mãe. – disse ele.

— Então por que não quer que Hanabi viva como seu pai e eu?

— Ela vai sacrificar a vida pra ficar comigo.

— Tenho certeza de que seu pai já disse pra você que é escolha dela. – disse ela – Então vou dizer algumas coisas.

Ele a olhava.

— Hanabi é autossuficiente para saber o que é sacrifício e o que é amor. Amar alguém não é se sacrificar, é querer estar ao lado dessa pessoa. Você não se sacrificou no momento em que esteve ao lado dela naquele dia. Apenas ficou com ela com prazer em fazê-lo. Isso é amor. Se ela tinha planos, eram planos dela para estar com você. Você não tinha o direito de se aproximar dela como lobo para descobrir essas coisas.

— Não fiz isso pra descobrir os segredos dela. Apenas aconteceu.

— Você apenas se sentia bem por ser lobo enquanto estava com ela. Porque você não podia ser quem é de verdade com ela. Mas ela não sabia que era você, Shouya. Então era como se a enganasse.

Ele abaixou o olhar.

— Você realmente vai escolher olhá-la de longe ao invés de ter uma vida com ela? Você pode ficar com ela, ter uma família. Isso que está fazendo é se sacrificar. Ela o ama. Mas não vai esperar pra sempre.

Shouya a olhou, hesitando em perguntar.

— Mesmo esperando pelo meu pai... Você não se sentia sozinha?

— Claro que sim. – disse ela – Mas o melhor momento era quando ele voltava pra mim, quando voltava para casa. E ele sempre voltava, sempre volta.

Shouya abaixou o olhar. Tsuki levantou, indo para fora e deixando-o pensar. Shouya franziu as sobrancelhas. O que mais diria para se justificar? Era realmente escolha de Hanabi, e ele a amava. Não havia mais por que dizer não para o que estava óbvio que era um sim.

Uma semana após as buscas cessarem, Shouya voltou para a floresta. Ao chegar a sua caverna próxima a subida para a montanha, ele viu que nada foi mexido. Nem animais e nem pessoas estiveram ali. Ele olhou para a pilha de livros próxima à parede e sentou sobre as cobertas ao lado dos livros. Pegou um deles, observando-o. Todos aqueles livros foram presentes de Hanabi. Ele suspirou, olhando para o teto. O que faria agora? Como falaria com ela?

O que Shouya não sabia era que Hanabi estava próxima da caverna. Ela o avistou ao longe, caminhando. O seguiu de longe, tentando não perdê-lo de vista. Ela estava do lado de fora, esperando-o sair para ir para casa. Porém ele não saiu mais e ela não compreendeu o motivo de ele ter ficado na caverna. Ele tinha uma casa, não? Ao entardecer, Hanabi foi para casa. Não teve coragem de falar com ele. Ela estava feliz por seu abraço na casa de seus pais, porém não queria estragar a única lembrança feliz que tinha dele em meses.

Naquela noite, ela não conseguiu dormir direito. Acordava a cada hora, pensando se Shouya estava sentindo frio na caverna ou se ele estava na casa dos pais, debaixo das cobertas. A noite estava fria, como será que ele estava?

Na manhã seguinte, Hanabi se distraiu com as horas na escola e foi trabalhar no mercado. Após acabar o expediente, entrou na trilha para ir para casa. Ela usava um vestido branco de alças e uma sandália, e pensava nos deveres de casa para fazer e no trabalho para ser entregue em duas semanas. Porém esqueceu-se de tudo em um estalar de dedos ao ver Shouya sentado no tronco onde se beijaram e terminaram.

— Shou-ch...? – enrubesceu – Shouya?

— Oi. – ele levantou, pondo as mãos nos bolsos.

Hanabi o olhou, observando-o.

— O que faz aqui?

— Queria saber como você está. Não a vejo desde aquele dia. – disse ele – Você está bem?

— Estou. – ela sorriu singelamente – Estou, sim. E... Você?

— Não muito.

Ela o olhou em dúvida.

— Conversei com minha mãe. – disse ele – Ela disse... Que a escolha é sua sobre aquele plano.

— Sempre gostei da sua mãe. – ela sorriu ao brincar.

— Eu menti.

— Sobre o que?

— Sobre não gostar de você, no dia em que terminamos. Eu menti. Eu gosto de você. Na verdade eu amo você.

Os olhos de Hanabi marejaram, ela apertou sua bolsa.

— Eu também... Amo você.

Shouya a olhou, surpreso.

— Mas não sei mais... Se quero ficar com você. – disse ela.

Ele não compreendeu. Se aproximou, vendo Hanabi abaixar o olhar timidamente.

— Me perdoa. Você sabe por que terminei.

— Não estou falando disso. – ela pensou, levantando o olhar em direção a ele – Não sei mais quem você é, Shouya.

— Como assim?

— Não contou que mora numa caverna na floresta. Eu o vi. Por que não me contou? – ela abaixou o olhar – O que mais não me contou?

Shouya abaixou o olhar, hesitante.

— Eu... Quero contar tudo. De verdade. – ofereceu a mão – Mas precisa vir comigo se quiser saber.

Hanabi hesitou, porém foi com Shouya. Seguiram a trilha por um tempo, até que em um momento Shouya saiu do caminho e seguiu pela floresta. Hanabi andava logo atrás dele sem saber o que iria descobrir e com medo de ser algo ruim. Cada passo que dava a deixava mais nervosa, mas por um momento a calmaria a possuiu ao ver a caverna à frente deles. Shouya a olhou e continuou. Ao entrarem na caverna, ela viu que era escura, porém àquela hora a luz do sol a iluminava o suficiente para Hanabi enxergar a pilha de livros ao lado de alguns cobertos e uma vela apagava.

— Você... Mora mesmo aqui. – ela voltou-se para ele.

— Sim.

— Por quê?

— Porque quero me sentir completamente na floresta.

— Por quê? Você é ecológico?

— Não. – ele sorriu – Sou uma coisa que você nunca viu.

— Coisa?

Shouya abaixou o olhar.

— Sou eu... – disse ele – Sou apenas eu. Tá? Então... Não fique com medo.

Hanabi não compreendeu. Pelo menos até o rosto de Shouya mudar, surgindo um focinho e pelagem de animal. Hanabi agora enxergava um lobo negro vestido em uma calça e uma blusa de mangas compridas. Os olhos amarelos a olharam receosos por sua reação. Hanabi o olhava, analisando-o.

— Shou...?

Shouya abaixou o olhar.

— Foi assim que descobriu... – pensou ela – Desde quando é assim?

— Desde que nasci.

— Então... Haru, seu pai e sua mãe...? Ame também?

— Minha mãe não. – disse ele – Ela é uma pessoa normal.

— Por que não me contou?

— Receio... Medo. – disse ele – As pessoas tem medo do que não conhecem. Se descobrirem o que somos, podem nos caçar. Podem caçar até minha mãe por ter se casado com meu pai.

Hanabi assentiu, pensando enquanto o olhava. Shouya abaixou o olhar mais uma vez, envergonhado. Hanabi se aproximou, tocando sua mão e vendo como estava maior, com pelos e garras. Virou-a para ver a palma e a tocou gentilmente. Ao levantar o olhar e vê-lo mais de perto, tocou os pelos de seu rosto. Shouya fechou os olhos, sentindo seu toque e abrindo-os para olhá-la em seguida.

— Teve medo de mim? – ela perguntou.

— Do que iria pensar.

— A única coisa que estou pensando é que tudo faz sentido agora. – disse ela – Por isso Ame me perguntou ano passado se ela tinha cheiro de cachorro. – achou graça – Ichiro sabe? E o professor? Ele está namorando Haru.

— Não sei sobre Ichiro, acho que Ame não contou. Mas Takashi é... Como nós.

— Jura? – ela ficou surpresa – Tem mais de vocês?

— Haru teve sorte. – ele sorriu.

Hanabi assentiu, abaixando o olhar. Shouya semicerrou os olhos, voltando a sua forma humana. Ela viu sua mão mudar de volta e a pelagem desaparecer. Shouya tocou seu rosto gentilmente, fazendo-a olhá-lo.

— Eu quero você, tá? – disse ele.

— Não seria mais feliz com alguém como você?

— Eu sei que seria feliz com você. Não quero procurar mais ninguém.

Hanabi sorriu, seus olhos marejaram mais uma vez.

— Não precisava ter escondido isso de mim. – disse ela, começando a chorar – Você me salvou, né... – lembrou-se.

Shouya a abraçou, afagando sua cabeça. Hanabi encolheu-se em seus braços. Ele a levou até as cobertas e se sentaram sobre elas. Ela abraçou suas pernas ao se acalmar e passaram a conversar sobre o que ela queria saber.

— Então por isso que terminou? – ela pensava – Tinha medo de eu ficar sozinha enquanto você estivesse fora?

— É.

— Então agora estamos juntos de novo? – ela sorriu.

Shouya olhou-a.

— Se ficar comigo... E nos casarmos... Nossos filhos vão ser como eu. Então quero ter certeza que quer mesmo isso.

Hanabi o olhou, abaixando as pernas.

— Sempre o achei especial. E você é de verdade. – ela sorriu – Shou-chan.

Shouya sorriu, assentindo.

— Então... Não devo contar à Ame que sei... Certo? – ela perguntou.

— Não sei. Melhor ela contar quando estiver pronta.

— Hum. – Hanabi concordou.

Shouya permaneceu a olhando, hipnotizado por seus olhos. Tocou uma mecha de seu cabelo, tocando em seu ombro ao percorrer o comprimento. Hanabi o olhava, igualmente entorpecida. Shouya se aproximou, beijando-a suavemente e pondo a mão em sua nuca. Hanabi cessou suavemente o beijo, ofegante.

— Quero construir uma vida com você. – disse ela.

Shouya sorriu, beijando-a. Hanabi deitou sobre as cobertas, sorrindo em sua direção e puxando-o gentilmente pela blusa. Shouya deitou-se ao seu lado, beijando-a e tocando suas costas enquanto sentia a mão de Hanabi em seu abdômen.

— O que está fazendo? – ele perguntou.

Hanabi o olhou e logo Shouya compreendeu.

— Aqui? Agora?

— Não é sua casa? – ela sorriu.

— É, mas...

— Tudo bem. – ela sentou – Vou pra casa.

Shouya riu e sentou-se.

— É assim?

— Escolhi você. – disse Hanabi.

Shouya hesitou ao sorrir. Hanabi o beijou delicadamente, olhando-o.

— Não é por eu ser mais nova. Ou ainda é?

— Só não quero que se arrependa.

— Quero que seja você... Shou-chan. – ela sorriu.

Shouya enrubesceu, olhando para uma das alças do vestido de Hanabi que estava caída. Ele a beijou, abaixando a outra alça e segurando sua cintura enquanto a colocava contra a parede rochosa e a beijava.

Ao terminarem, Hanabi adormeceu sobre o peito de Shouya. Ele a olhou, percebendo-a dormir. Sentou-se para vê-la. Estava nua sobre as cobertas e os cabelos compridos espalhados sobre onde deitava enquanto ele notava como ela era mais linda do que pensava. Ele nunca havia imaginado que fosse se apaixonar por Hanabi ou mesmo amá-la. Nunca havia imaginado que faria amor com ela. E, sem dúvidas, Shouya nunca pensara que teria certeza de que seria tão feliz ao seu lado.