O fantasma observou a garota pegar no sono, e a vigiou a noite toda, analisando como estava tranquila. Viviane dormiu tranquilamente, e de manhã, acordou como de costume, apesar de, ainda, estar com a cabeça confusa pelos sentimentos recém descobertos por ele.

Viviane ficou um bom tempo com a cabeça nas nuvens, antes de resolver se levantar. Afinal, tinha umas contas a acertar com Lorraine. Estava decidida a fazer o que fosse possível para aquela garota pagar pelo que fez! A garota respirou fundo e andou até o refeitório, depois que foi ao banheiro trocar de roupa. Seu dia começou bom, pois Lorraine estava umas duas mesas distante de si, que a ignorou antes de se exaltar apenas com a presença da rival. Felizmente, Emilly chegou com Matt para acalmar a fúria que brotou nela.

— Oi, Vivi! — Emilly falou, sentando ao lado da amiga. — Tudo bem?

— Pela cara dela... — Comentou Matt. — Melhor voltarmos outra hora, não é?

Matt fingiu que ia levantar e ir embora, quando Viviane o pegou pelo pulso, fazendo o mesmo com Emilly, que também entrou na brincadeira.

— Nada disso, vocês dois! Já que estão aqui, vão ter que aguentar.

— Então agora é tarde demais, Matt. ­— Emilly disse com um sorriso. — Aceita que é melhor.

— Do mesmo jeito que a Lorraine contou que nós estamos namorando, Vivi? — Matt sussurrou com um sorriso no rosto. Em resposta, Viviane deu um leve empurrão no amigo, fazendo Emilly rir da situação.

— Você tinha mesmo que contar pra ele? — Viviane olhou de canto para a amiga, que deu de ombros.

— Por quê não? Involuntariamente, ele foi vítima da "brincadeira" dela.

— E ainda por cima, vou ajudar a espalhar umas verdades daquela piranha. — Comentou Matt.

— Não vamos ser piores do que ela. — Viviane acrescentou. — Apesar dela merecer...

Os três conversavam entre si, porém partiram para uma conversa aleatória quando um grupo de pessoas sentou na mesa junto com eles. Depois, saíram do refeitório, aproveitando o tempo livre antes da aula para comentar de Lorraine e algum plano de vingança contra ela, já que queriam prevenir que a garota pudesse achar alguma brecha que fizesse Viviane ser punida, ou pior! Eles pensaram bastante em usar outra vez o plano de filmá-la e tentar ameaçá-la, caso pensasse em fazer mais alguma coisa, mas descartaram a ideia, percebendo que ela não cairia no mesmo truque, e também que isso seria uma ameaça pequena, comparada a situação em que Viviane se encontrava. Como a aula estava para começar, a conversa teve que ser adiada, e a garota, realmente, não queria participar e encarar seu professor, que como era previsto, estava nem um pouco feliz em vê-la.

Edward deu suas aulas normalmente, e nada irritou mais a corista principal do que vê-lo ajudar sua rival, e esta fingir ter dificuldades nos passos mais simples. Mas, mal ele sabia que, apesar de irritar a bailarina mais destacada, esta conseguiu ensaiar muitos passos com poucas dificuldades, nem precisando da ajuda do professor.

Mais tarde, logo no fim da aula, Viviane estava decidida a tirar essa história a limpo! Falaria com Edward e encerrar esse assunto de uma vez por todas! Ela esperou no lado de fora da sala, pacientemente, Lorraine terminar de trocar ideias com o professor para assim poder falar com ele a sós.

— Tudo bem, Edward. Me conta de uma vez o que está acontecendo! — Viviane disse, furiosa, entrando na sala, depois que Lorraine saiu dali.

— Você ainda pergunta? Não se finja de inocente! — Edward respondeu com o tom grave, quase gritando.

— Eu não sei o que eu fiz para te deixar tão irritado, mas isso não quer dizer que você tem o direito de me evitar!

— Sério? Acha mesmo que o que eu estou fazendo é ruim? Até parece que não se lembra do que escreveu e o que fez!

— Como assim? — Viviane tornou-se mais curiosa, mas sem deixar a fúria de lado.

Nesse momento, Edward pegou seu celular para mostrar uma mensagem que fora deixada por Viviane, porém quando esteve prestes a mostrar a garota, seu aparelho simplesmente travou, e depois de poucos minutos, voltou ao normal, todas as mensagens que estavam ali foram apagadas.

— Mas o que...? — Edward murmurou seguido por um palavreado de baixo calão em francês que Viviane não conseguiu traduzir.

— E então?

— O celular travou, satisfeita? E agora apagou a mensagem que você me mandou.

— Espera, está dizendo que isso tudo foi por causa de uma mensagem? — Se Viviane não estivesse tão furiosa com o professor ela com certeza riria.

— Não sei por quê insiste em dizer que não foi você! Adimita que escreveu!

— Eu estou dizendo que não sei do que está falando! Eu não escrevi nada pra você!

— Ah não? — Edward rapidamente falou na sua mente as palavras das quais se lembrava na tal mensagem. — "Não basta eu já ser constrangida pelas 'broncas' que você me dá, você ainda quer acabar com minha reputação me beijando?! E que fique claro que nós não estamos namorando!"

Viviane ficou quase pálida com o que seu professor tinha dito. Definitivamente não era uma mensagem que enviara para ele, afinal não era do feitio dela mandar mensagens de ameaça, ou algo assim.

— Escuta, Edward... — A garota falou num tom mais baixo, tocando no braço do professor. E este respondeu ao contato girando o próprio braço de forma bruta, fazendo-a afastar a mão de perto dele.

— Já escutei o bastante! Agora, me faz um favor e mude-se para outra turma, já que a constranjo tanto.

Edward saiu da sala, seguido por Viviane, que nada falou. Ela não sabia mais o que dizer, pois estava mais tensa do que costume. Agora com a sugestão de que poderia ser transferida para outra turma, apenas por uma mensagem que sequer enviou! Vendo que não tinha mais o que argumentar com o professor, a garota correu para seu quarto, onde deitou olhando para o teto. Depois de alguns segundos que seu coração pareceu se acalmar do ocorrido, ele voltou a bater mais forte, depois de sentir uma pressão na sua mão, como se alguém a segurasse. Por instinto, sorriu com o toque, embora não visse o rosto. Mas era isso que tornava quem a tocava mais interessante. Logo, admitiu para si mesma que se sentia segura, enquanto esse "E.D." estivesse por perto; do mesmo jeito que se sentiu melhor quando ele a ajudou nos passos. E apesar do que passou poucos minutos atrás, o que importou foi saber que, além de Emilly e Matt, tinha alguém que se importava com ela, e isso era tudo.