Meu Amor Imortal

Capítulo 36 - NÃO É UM ADEUS


PDV - NESSIE

– Vamos, Nessie! Me solta.

– Não consigo! Eu estava com muita saudade Seth.

– Tá, tá, mas chega. Eu não quero virar hot dog. Olha como o Jake tá olhando pra gente.

Sorri para o meu lobo, que tentava disfarçar o ciúme, estalando de forma bruta mais um ovo na frigideira, fazendo espirrar nele. Mas ele nem se moveu quando a quentura da panela bateu em sua pele.

– Jake olha a sujeira que você tá fazendo.

Ele suspirou impaciente. Tinhamos saído da mansão. Estavamos na casa dele. Eu pedi. Queria ver La Push! Tinha saudade daquela terra, do cheiro de floresta, que se misturava com o mar, dos ventos frios. Meu lugar perfeito! Tudo estava completo agora. Tudo estava no seu devido lugar, na ordem do mundo. Pena que por pouco tempo.

Segurei sua mão, tomando dele a panela com os ovos estilhaçados. Catei com um garfo as casquinhas que cairam, balançando a cabeça.

– Olha o que fez! Estragou tudo! Vamos ter que comer ovos mexido, Jake. Seu bruto.

Falei fazendo biquinho. Sabia que ele não resistia. Ele me abraçava, respirando em meu pescoço. Ouvimos um pigarro de Seth.

– Olha! Eu ainda tô aqui galera.

– Então vai embora logo, Seth!!!

Olhei contrariada para Jake.

– Não vai Seth! Estou fazendo um omelete pra gente.

Ele quase aceitou, mas algo no rosto de Jake, fez ele mudar de idéia. Olhei pra Jake, que já estava com cara de inocente. Mas eu sabia que ele tinha feito Seth entender que era para ele sair.

– Jake!

Tentei fazer ele ser mas bonzinho com seu amigo, mas ele me olhava com cara de O quê?

– Não esquenta Nessie. O importante, é que eu pude ver você ,e já fico feliz. A omelete fica pra outro dia.

Ele já estava saindo pela porta, mas eu o alcancei, dando mais um forte abraço no meu amigo. Sem notar, duas lágrimas fugiram dos meus olhos, e eu tentei disfarçar. Era triste e me doía saber, que talvez eu não teria a chance de vê-lo de novo. Dei um beijo em sua bochecha e vi seus olhos brilharem como antigamente. Meu lobo bobo. Meu amigo Seth.

– Te vejo por aí, garota.

Saiu fechando a porta. Me virei para Jake, que me olhava em silêncio. Ele sabia que eu estava me despendindo, mas não disse nada.

– Como ficaram os ovos?

– Da pra comer .Senta aqui. Vem comer também.

Comi tudo. Estava com mais fome que eu pensava. Quase ataquei os de Jake. Ele estranhou, sabia que eu não era de comer tanto. Senti meu celular vibrar insistentemente. Pequei e fiquei aflita por alguns insantes. Não queria atender. Sabia quem era. A palavra Mãe, já acendia intermitente no visor do aparelho. Mas isso era como um despestador, que te acorda para a realidade, quando você está tendo o mas lindo e perfeito sonho. Fiquei parada com o aparelho na mão, com Jake me olhando.

– Quer que atenda, Nessie?

Isso me fez despertar.

– Não! É minha mãe. Não quero atender, mas pode ser algo importante. Alô! Como? ... Você tem certeza mãe?...

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PDV-JAKE



Nessie passava a mão no cabelo de forma nervosa e falava muito rápido. Mas pude ouvir tudo. A voz de Bella estava nervosa do outro lado da linha e falava na velocidade de vampiro. Disfarcei o melhor que pude, fingindo lavar os pratos, mas atento àquela conversa. Eu sabia instintivamente que algo estava errado. Que Nessie não estava me contando toda a verdade e que o maldito sanquessuga, que agora era amiguinho dela, tinha alguma coisa com isso. Estava tão atento, que não percebi que estava segurando com muita força o prato, que já estava espatifado na pia, e agora meu sangue jorrava pelo ralo, com a água que saia da torneira. Nessie já estava do meu lado com um pano, secando minhas mãos e estacando o sangue. Não estava preocupado com isso. Sabia que logo estaria curado. Meu olhar estava fixo nela, tentando decifrar o que era isso tudo. O que ela tão decididamente estava escondendo de mim e por quê?



– Jake, você tem que ser mais suave com as coisas. Olha só o que fez. Está sangrando!


– Logo para. Não tem problema. E eu sei ser suve quando quero.
Ela me olhou corando de leve quando eu ajeitava um fio solto de seu cabelo, que estava no seu rosto, colocando ele atrás da sua orelha. Ela sorriu, fingindo não tremer ao meu toque.
– Mas e o prato? É melhor comprar tudo de plástico. Você é um acidente ambulante. Logo não terá mais louça nesta casa.


Eu a abracei, sentindo o perfume que vinha do alto de sua cabeça. Ficamos alí alguns segundos, quando ela se afastou alguns centímentros, mas sem sair dos meus braços.
– Tenho que ir, Jake.
Como uma frase tão curta tem o poder de tirar todo o seu mundo, te levando ao mais terrível dos infernos?

– Não vai me deixar ir com você, não é?
– Sabe que não pode! Eles saberiam. Podem vir aqui e acabar com toda a aldeia, nos procurando.Não posso viver com isso, Jake.E você tambem nâo.
– Mas vive sem mim.
Eu estava novamente implorando em desespero para poder ir com ela, mas eu já sabia que ela não mudaria de idéia. Mas eu tinha que tentar.
– Não! Eu vivo pra você! É diferente. Vivo, para um dia poder ter a chance de estar nos seus braços novamente. Não sou religiosa! Não sou de fazer pedidos em preces. Tudo que sei de religião ou fé, foi Carlisle quem me ensinou. Mas eu rezo com toda a minha força, para um Deus que eu quero muito acreditar que exista. Para que um dia, possamos viver esse amor, Jake. E isso, me dá um pouco de conforto, porque sei a força desse amor. Eu sei que ele é infinito e imortal.
Ela falava com firmeza suas doces palavras de fé e esperança. Mas eu sabia a verdade. Sabia que não podia ficar sem ela novamente e mas uma vez, eu tentaria faze-la entender .


– Mas eu não sou. Entenda, que sem você eu não tenho pra que continuar. É você que me torna imortal. É pra você, que minha alma permanece aqui. Sem você, o espírito do lobo vai embora, e eu serei menos que um humano, porque não vou esperar que a morte venha à mim, vou procurá-la, chama-la e me entregarei a ela. EU ACREDITO NO CRIADOR, E SEI QUE EU NÃO ESTAREI COM ELE. Porque eu arderei no mais ardente inferno com prazer,pois estarei liberto do sofrimento e da tortura que é ficar sem você Nessie.


– Não... não pode fazer isso Jake. Eu o proíbo, ouviu? Nunca, jamais... Ouviu? Porque se for ao inferno, EU VOU BUSCA-LO OU FICAREI LÁ COM VOCÊ!!!!. Por isso, me espere, se não quiser companhia no fogo eterno. Eu preciso de alguns dias.


– Quantos dias?
Nessie parecia pensar. Juntou as mãos no rosto.
– Uma semana. Me dê uma semana.
– Não! Dois dias, Nessie. Você tem dois dias pra voltar, se não, eu vou à Itália. E por Deus, Nessie. Se aqueles malditos vampiros NÃO ME MATEREM LOGO. EU DESTRUO AQUELE CASTELO INTEIRO.

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NESSIE


Tremi com as palavras de Jake. Ele falava com calma, mas sua voz era de comando. Eu tive certeza que ele faria isso mesmo. Minha cabeça trabalhava à mil. Saimos de moto de La Push para a mansão. Precisava me arrumar e encontrar Alec. Meus três dias, tinham sido reduzidos para menos de dois, por causa do maldito Nahuel. Tomei um banho rápido. Jake me esperava no quarto.


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JAKE


Olhava atentamente Nessie indo de um lado para outro, organizando suas coisas. Deitei na cama, encarando o teto, quando ouvi o barulho do chuveiro. Levantei devagar, sem fazer nenhum barulho, puxando da mochila dela. Aquilo que eu queria encontrar! O passaporte. Li o carimbo. Turim, Itália. Coloquei de volta no lugar e voltei para a minha análise do teto do quarto, formulando meu plano com calma, e uma paciência que eu nem acrediei que era minha.


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NESSIE


Saí do banheiro já vestida, olhando um Jake pensativo, olhando o teto do quarto com uma cara de análise profunda. Instinvamente, olhei pro nada que ele encarava. O que fez ele se virar e me olhar de maneira muito intensa, e eu entendi imediatamente aquele pedido silencioso. Sorri, indo até ele, que me abraçou com ternura.
– Eu quero você, Nessie.
Como resistir àquele pedido rouco feito ao pé da minha orelha. Já cheio de desejo, meu corpo reagiu imediatamente, como se fosse um comando. Que se danem Nahuel e suas armações malditas. Eu quero mais do meu Jake. Não sei quanto eu vou ficar sem ele, mas não ia desperdiçar nenhum segundo.


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Chegamos no aeroporto. Desci da moto, esperado Jake. Mas ele não desceu da moto. Olhei para ele sem entender.
– Não vai entrar? Podemos ficar no saguão do aeroporto enquando aguardo a hora do vôo.
– Não! Eu fico aqui. Não vou entrar aí com aquele vampiro, Nessie. Não vou me controlar. Não tenho esse sangue frio.


Olhei triste para ele. Eu sabia que teria que me despedir, mas esperava meus cinco minutos a mais.
– Não vou dizer adeus pra você, Nessie, nunca. Porque eu sempre vou encontra-la onde quer que esteja. Não vou esperar anos denovo, para você voltar. Você demora muito para uma meia vampira.
Dei um soco leve no seu ombro, fazendo-o rir. Ele desceu da moto, alisando meu cabelo. Me segurou em seus braços. Nos beijamos, e eu tentava gravar cada nuance perfeita que seus lábios faziam meu corpo inteiro sentir. Cada choque, cada borboleta, cada centelha de fogo, cada falta de ar. Nos soltamos quando percebemos os olhares curiosos que as pessoas nos lançavam. Sem dúvida, não tinha como não nos notar. Ainda mais, dando um beijo tão explícito, alí no meio da calçada. Mas Jake não parecia se importar com os curiosos. Me entregou a mochila, arrumando ela em minhas costas, me abraçando em seu abraço de urso, e eu na ponta dos pés, respirando seu cheiro mais pra mim. Fui andando de costas, não querendo perder sua imagem, andando ao contrário de onde meu corpo queria caminhar. Negando à ele o, magnetismo perfeito que a nossa união tinha. A porta de vidro se fechou, e vi a última imagem de Jake, encostado em sua moto. Lindo em uma jaqueta de couro marrom e seu jeans surrado, com a camiseta branca que marcava seu abdômen perfeito. Suspirei pesadamente, lutando com meu corpo, mente e coração, quando tive que me virar de costas e encontrar Alec no saguão do aeroporto. Mas olhei pra trás novamente, procurando ainda ver Jake à distância. Meu coração já batia mais devagar e angustiado, quando não vi mais meu lobo perfeito. Ele já partira


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JAKE


Vê-la partir denovo foi assustador, mas desta vez será bem diferente. Essa certeza me dava uma esperança, que me mantinha firme. Nada disso de esperar! Não ia ficar esperando mais cinco malditos anos. Forcei a moto ao máximo que pude, chegando à La Push em tempo recorde. Parei a moto de qualquer maneira na frente de casa, voando pra dentro, catando minha mochila e meia dúzia de roupas, passaporte...e ...


Mas que droga é essa? Sons de vozes vinham do lado de fora, numa confusão. Pude distingui-las muito bem. As conhecia! Ouvi o barulho do Jipe da Lean parando. Ela e Seth, discutindo para quem ia dirigir. Saí de casa, sem entender aquela falação toda, de discussão, risinho. A maior algazarra em frente a minha casa.
– O que está acontecendo aqui?
Todos pararam, me olhando. Mas foi Claire quem falou.
– Eu os chamei, Jake. Eles vão com você, buscar Nessie.
Ela falava de maneira calma e tranquila, com um sorriso nos lábios.
– Do que está falando, Claire?
– Ela já disse, Jake. Tá surdo irmão? Vamos com você. Eu, Lean, Embry e Quil.
– CALA BOCA, SETH! NINGUÉM VAI A LUGAR NENHUM, COMIGO. EU VOU SOZINHO.
– Nada de usar sua voz de alpha, Jake. Somos seus amigos, seus irmãos. E Claire já disse que você ia tentar nos impedir, então ela disse que era um pedido do grande espírito. Que você não tem poder para nos impedir de ir com você. Por isso, trate logo de entrar no carro e vamos embrora. E você, Seth. Pro banco de trás. Sai do meu lugar! Já falei que niguém dirige meu carro, pirralho.
– Qual é Lean? Eu te empresto a moto. O Quil vem com a gente, de carro.
Lean rosnou pra ele, fazendo ele pular pro banco de trás. Eu não tinha mais tempo para discutir com aqueles teimosos. Entrei no carro com Lean e Seth, tendo Quil e Embry de moto. Claire se aproximou de mim, segurando meu braço.
– Este é seu destino. Não lute contra ele Jacob. Boa viagem, e cuide do meu Quil.
Sorri contrariado pra ela, pensando que teria que cuidar de todos. Não sabia se isso era bom. Quando era só eu, seria mais fácil se tudo der errado, ótimo. Só eu sofreria as consequências. Mas isso agora, metade da matilha se embrenhava comigo, na minha loucura de resgata-la. Tenho que traze-los de volta.
Lean ligou o carro, com Embry nos seguindo. Vi pelo retrovisor, Claire se despedindo de Quil. Ele ria para alguma coisa que ela tinha dito pra ele. Eu tentava me lembrar, se alguma vez meu pai ter falado de algum grande espírito que cortava o poder da vontade o alpha. Mas nada me vinha, devia ter prestado mais atenção nas estórias do velho. Devia ter confirmado esta estória com Sam. Mas eu estava sem tempo.


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( N/A )
(Quil se despedindo da Claire.)


– Grande Espirito? Que grande espírito é esse Claire? Era o Billy?
– Tenho certeza que Billy é um espirito de força. Mas não! Não foi ele.
– Quem era então?
– Não sei! Acabei de inventar, não sabia o que fazer. Se falasse em tom de apha, vocês não poderiam ir. E ele vai precisar de vocês. Agora vá e tome cuidado, meu amor.
Quil soltou uma gargalhada, beijando Claire e subiu na moto para alcançar o grupo, que já estava indo à toda velocidade a frente. Jogou um beijo para sua amada e correu, forçando a moto de Seth. Claire olhava eles sumirem na linha da estrada, acenando com a mão e entoando uma prece, para que os espíritos guerreiros de La Push estivessem com eles nesta jornada.