Meu Amor Imortal

Capítulo 37 - CAIXA DE PANDORA


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A casa estava estranhamente silenciosa.

– Pai? Mãe?

Uma fraca luz se acendeu em um ponto da sala completamente escura. Eu conhecia aquele cheiro e aquele coração acelerado. Mas o que ele fazia aqui? Alec se posicionou na minha frente, já numa posição de ataque. Fomos andando até o ponto da luz. Nahuel estava sentado, de forma relaxada na poltrona da sala. A sua postura debochada, fez a nossa postura de ataque cair. Ele olhava fixamente pra mim e Alec. Mas era um olhar vazio e descansado. Finalmente falou.

– Fizeram boa viagem? ...Espero que sim.

– O que faz aqui, Nahuel?

– Vim visitar minha noiva, ora.

– O QUÊ? Onde estão meus pais, minha família?

– Em Volterra, querida. Estão todos lá, pro nosso casamento.

– VOCÊ É LOUCO??

O que eu ouvi em resposta, foi a risada mais assutadora da minha vida. Um misto de gralha com hiena.

– O que pensa? Que vai ficar com Alec? Que eu vou permitir esse arranjo conveniente? Não! Não fui tão longe, pra cair agora. Minha amada .


Alec fez um gesto rápido. Pude sentir seu poder querendo se projetar pra cima de Nahuel, mas ele caiu antes, se contorcendo. Eu olhava aturdida para ele.


– Nem tente, irmão!


Era Jane! Vinha do outro andar, seguida por Felix e Demetri. Alec estava preso pelo poder de sua irmã. Ela lançava seu poder sobre ele. Tentei ajuda-lo, mas fui impedida por garras poderosas das mãos de Felix. Tentei lutar, mas era inútil. Ele me segurava em um abraço de ferro. Demetri levantou Alec do chão, colocando ele sentado no sofá, ainda se contorcendo pelos poderes de Jane, que olhava o irmão com seu olhar de indiferença e fúria. Gritei desesperada.

– Solte-o Jane. Ele é seu irmão. Não faça isso. Pare.


– Ele fez sua escolha, e isso é tudo culpa sua, aberração.

Ela lançou seu olhar de morte sobre mim e senti minha pele gelar. Mas neste mísero segundo, ela se distraiu, me encarando com fúria. Senti toda a sala escurecer. Nada era sentido. Eu estava cega, surda e tentava gritar no meio do nada. Mas minha voz não saia. Senti braços me segurando ainda com força. Sabia que era Felix. Ele não me soltou. Ouvi sons de luta, mas eu continuava sem conseguir me mexer no meio da escuridão profunda. Meus sentidos estavam parados e apaguei completamente.

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Ouvia sons de gotas de água batendo em um chão de pedra. Um forte cheiro de fezes e urina de animal, e o som de um rugido feroz de um animal preso. Fui despertando lentamente. Minha cabeça pesava dez toneladas. Estava tonta. Ainda não reconheci o lugar. Estava escuro. Havia cheiro de sangue, misturado com todos os outros cheiros desagradaveis. Fui tentando levantar do chão de pedra fria. Olhei ao redor, tentando me acostumar com o escuro do lugar. Era uma cela. Olhei apavorada pros lados. Era uma prisão. Estava presa. O rugido que eu ouvia, vinha da cela ao lado. Era um enorme leão africano, que me olhava com seus olhos de predador, rugindo violentamente em minha direção . Num instinto , rugi pra ele de volta , mostrando meus dentes. Ele se retraiu, mas ainda me encarava em desafio. Mas agora, eu sabia onde estava. A pergunta, era como eu vim parar aqui. Ouvi passos rápidos. Vinham em minha direção. Era a maldita JANE. Me olhava com despreso. Felix estava com ela. A fúria crescia dentro dentro do meu corpo . Pude sentir minha pele esfriar por completo.

– O que vocês fizeram com minha familia, seus malditos ?

Avancei em sua direção, sendo impedida por grossas grades de ferro, que revestiam a cela. Jane nem se moveu ou piscou. Permaneceu imóvel, somente me encarando. Respondeu com sua voz infantil .

– Eu não sei, mas espero que eles venham para tentar resgata-la. Eu terei o imenso prazer de fazer eles se juntarem à você, aberração.


Fiquei surpresa e confusa com as palavras de Jane.


– Eles não estão aqui? Mas Nahuel falou que eles estavam aqui.

Um sopro de esperança sustentou meu coração nessa hora . Eles viriam me buscar. Eles me salvariam .


– Eles fugiram, como covardes que são. E você vai pagar pelo que fez à Alec.


– Eu não fiz nada, sua louca. Onde ele está?

– Está em tratamento. Chelsea está dando uma atenção especial à ele. Vamos ver se a sua paixonite resiste aos poderes de Chelsea. O que pensava? Que iriamos mata-lo? Um membro valioso como ele? Não, jamais. Mas você. Eu acho que finalmente Aro se cansou de você. Abra Felix! Aro quer vê-la.

Novamente me vi presa nas mãos de aço de Felix. Fui arrastada pelos corredores do castelo, até a sala dos tronos.


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Os três reis me olhavam. Cada um, com sua expressão. Marcus inércia, Caius fúria e ódio e Aro cinismo e escárnio.

– SHISHIISHI!!! Que menina mais levada você é, Renesmee. Como ousa sair da Itália sem avisar seus nobres reis, pequena infante.

– Onde está o resto de sua família?

Caius perguntava.

– Não perca seu tempo com perguntas Caius. Traga-a pra mim Felix. Agora a mamãe não está aqui para defende-la. O que vai fazer criança? O que vai fazer, pequena Renesmee?

Aro soltou uma risadinha medonha, estendendo seu braço em minha direção. Imediatamente, Felix me arrastou atá ele. Não podia deixar ele ver onde eu tinha estado, nem com quem. Não tinha certeza se meus poderes poderiam bloquea-lo, como bloqueava meu pai. Mas ele, provavelmente já sabia. Deve ter visto na mente de Alec. Mas um instinto muito forte se apoderou de mim, e eu soube que não devia. Eu não podia deixar que ele visse nada. No mesmo instante que ele me tocou, eu também o toquei em seu peito de pedra. Vi sua órbita pular. Mãos tentaram me segurar, me afastar de Aro. Mas eu estava fortemente ligada à ele pelo toque de minhas mãos, que estava espalmada em seu peito. Alí, eu soube que ele não tinha lido a mente de Alec. Ele estava ávido para saber onde estivemos. Certo de que não iriamos voltar. Fui lendo suas memórias. Vi Nahuel indo em sua presença, denunciando nossa fuga. Num puxão forte, fui arrancada de seu corpo de abutre, pelos braços de Felix. O corpo de Aro caiu no chão. Pude ver todos na sala se sobressaltarem com a cena de seu mestre e rei caído no chão. Mas não havia dado tempo suficiente de ver mais nada. Nossa ligação tinha sido interrompida cedo demais. Ele estava meio tonto, mas não desfalecera de vez, e já se levantava com um brilho de desejo em seu olhar de sangue. Parecia fascinado, enfetiçado como uma criança. Jane e Demetri levantavam o corpo, ainda de joelhos de Aro. Ele só me olhava maravilhado, e eu comecei a temer que algo estivesse muito errado naquele olhar que ele me lançava.

– Diga para Chelsea soltar Alec e traze-lo até aqui.

Ele deu a ordem sem se deviar dos meus olhos . Ele se aproximou de mim, ainda com seu olhar débil.


– Fascinante Renesmee. Fascinante, minha bambina. Espero que esteja bem! Lamento todo este incoveniente, minha doce criança.


Ele passou sua mão em meu rosto, num carinho repulsivo. A porta se abriu, trazendo Alec e Chelsea a seu lado. Alec me olhava, sem e ntender. Eu fiquei aliviada por vê-lo. Aro continuava a me olhar, com sua órbita de sangue.

– Tantos poderes! Tantas possibilidades! Um achado, sem dúvidas.

Ele tocou meu ventre, e senti algo muito forte se mexer dentro de mim.

– Parabéns, mamãe. Agora só me resta saber quem é o felizardo papai.

Ele me soltou, molhando os lábios. Controlando seu fascínio débil. Mamãe? Ele só podia ter enlouquecido. Meu corpo fraquejou, senti tontura e me agarrei em Felix, para não cair. Como ele pode saber disso? Eu não conseguia atinar. Minha cabeça estava em um turbilhão, e o ar começava a me faltar. Aro olhou inquisitivamente para Nahuel.

– Duvido que seja você meu caro, mas talvez...
Ele olhava Alec, se aproximando dele, rondando-o.

– Sim! Sou eu, Aro.

– É o que veremos.
Alec tentou, mas novamente, Jane já o prendia em seu poder. Aro o tocou, e seus olhos se voltaram pra mim neste instante.
– Complicações. Mais complicações. Ele não é o pai desta criança Renesmee, mas ele me deu um dica muito boa de quem seja. Não seja mal deducada e teimosa menina. Deixe eu ver sua mente. Segure-a Felix.


– Não ... não ...não.


Senti seu toque frio novamente em meu braço. Só que agora, eu estava presa. Não tinha mais como me defender. Felix não afrouxou seu braço. Ele me tocava, mas eu pude ver seu olhar de frustração. Nada! Ele não pode ler minha mente. Eu o bloqueei, como bloqueva meu pai, quando queria. Ele me soltou, colocando a mão no meu ventre novamnete.
– Não tem problema! Logo esta criança nascerá. E ela mesma vai me diser de quem é filho, mesmo eu já tendo certeza. Não tem como me enganar. Sim! Perfeito! Posso senti-lo. É forte, sem dúvida um pequeno coração pulsante ainda ,mais este aí. Perfeito. Você é a própria caixa de Pandora, Renesmee, e não sairá nunca mas deste castelo. Chelsea, mantenha Alec sobre o seu poder novamente.


– Não acho que você pode dar conta dela Nahuel. Ela é muito poderosa pra você, meu velho. Nunca poderá doma-la. É uma selvagem! Adorável! Mas uma selvagem.
Nahuel deu um passo à frente, encarando Aro de forma ameaçadora.
– Eu a quero, Aro. Você me prometeu. Você me garantiu que ela seria minha.


– Ela não é sua. ELA NÃO PODE SER DE NINGUÉM! ELA SERÁ TRANCAFIADA, PRESA NAS MASMORRAS DESTE CASTELO, ATÉ QUE ESTA CRIANÇA NASÇA E SEJA ARRANCADA DELA. E SE ELA SOBREVIVER A ISSO... SERÁ TRANCADA NOVAMENTE E NUNCA VERÁ O SEU FILHO. SERÁ DADA COMO MORTA À SEUS FAMILIARES, E FICARÁ LÁ, ENLOUQUECENDO EM QUATRO PAREDES. SEM VER NINGUÉM. SEM NUNCA TER CONHECIDO SEU FILHO. SEM NUNCA MAIS VER SUA FAMÍLIA. E REZE, PARA QUE ISSO APLAQUE MINHA SEDE DE VINGANÇA, CRIANÇA. PORQUE, CASO CONTRÁRIO, DESTRUIREI AQUELA MALDITA RESERVA DE SELVAGENS.


Eu teria caído, se Felix não estivesse me segurando. Ele estava se vingando por eu ter desobedecido. Eu pagaria por minha rebeldia.

– Levem-na, mas não a coloquem na masmorra. leve-a para seu quarto.
Todos os olhos vermelhos se viraram para a figura de Marcus, que estava tranquilamante sentado em seu trono. Sua voz parecia sair de dentro de uma caverna e seus olhos eram penetrantes. Aro o olhou atentamente, mas não o questionou. Se virou, sentando em seu trono, fazendo um sinal para que todos saissem da sala.

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(N/A)



A sala do trono ficou vazia. Até mesmo Renata, que era a sombra de Aro, saiu de sua posição, deixando os três sozinhos.
– O que pretende me contrariando na frente de todos, Marcus?
Aro perguntou, sem se virar na direção do outro, sentando em seu trono, olhando à frente.


– Não preciso ter um motivo para dar à você, Aro. Mas ela está grávida. Se tem interesse nesta criança, tem que manter a mãe bem e saudável. As masmorras não são o melhor lugar pra isso. E talvez, ela seja uma interessante aquisição à nossa corte, quando seu filho nascer.
– Você viu! Ela nunca vai se render a Volterra, Marcus. Desobedeceu uma ordem. Fugiu para a América, quando tinha jurado nunca mais pisar lá. Nos afrontou a todos. Tem que ser punida, Marcus.


– O que pretende de verdade com isso, Marcus?
A pergunta de Caius estava cheia de segundas intenções.


– Nada será feito contra aquela menina. Ela está sobre a minha proteção, apartir de agora.
Marcus falou de forma arrastada, cada palavra, se levantando lentamente de seu trono, andando como uma sombra.


– Vai proteger uma traidora?!?
Marcus não se virou para dar uma resposta para Aro. Continuou seu caminhar até a porta.


– Se ela não vai para as masmorras, então terá que se casar!!!


Caius falou solenimente, mostrando que ela teria sua punição, de um jeito ou de outro. Marcus não disse nada. Saiu da sala dos tronos, deixando Aro e Caius com expressões de dúvidas.

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PVD-NESSIE


Ouvi batidas na porta. Não me movi para abri-la. Não queria saber de nada! Meu mundo estava em pedaços, e eu me sentia seca. Nem as lágrimas sairam, para me abrandar. Olhava a janela, pensando numa possível fuga. A porta foi aberta lentamente. Me virei,estranhando a presença do rei à minha frente. Ele me olhava de cima à baixo, como se estivesse me olhando pela primeira vez. Sua análize, me fez questionar sua última atitude.


– O que quer de mim, Marcus?
A pergunta óbvia, é claro que ele queria algo. Derrepente, fiquei muito interessante para Marcus Volturi. Mas por quê? E em que isso me ajudaria? Ele estava cauteloso! Deu alguns passos em minha direção, sem desviar o seu olhar do meu.
– Respostas à antigas perguntas.
– Quais perguntas?
– Se concordar em me ajudar, poderei te livrar das masmorras do castelo. Viu a mente de Aro. Quero que diga o que viu. Vi seu poder. Você pode roubar as memórias das pessoas. Eu quero saber! O que viu na mente dele?
– Muito pouco. O elo foi quebrado por Felix. Não pude ver suas lembranças antigas. Só as mais recentes.
Ele desviou seu olhar de mim, percorrendo seus olhos pela cama. Parecia perdido em lembranças.
– Mas poderia, se tivesse tempo. Poderia ver tudo, não é?
Tentava decifrar aquele rosto de esfinge, mas era como olhar um quadro antigo, no qual você não consegue desvendar nada.
– Sim poderia. O quer saber Marcus?
Ele me olhava com prudência.
– Didyme, a irmã de Aro. Minha esposa morta. Quero que vasculhe a mente dele, e me diga o que aconteu com ela.
Vi, talvez uma chance de fugir daquele castelo infernal.
– Me liberte, então. Me deixe ir embora.
– NÃO SEJA TOLA CRIANÇA! sabe que nunca maIs sairá daqui. Não estou oferecendo perdão por suas traições às leis de Volterra. Mas sim, que tenha a chance de conviver com seu filho, e que não seja trancada nas masmorras deste castelo. E acredite, isso é muito pra uma traidora de sua própria raça.
Filho! A palavra ainda me soava estranha. Coloquei a mão no ventre, sentindo um forte solavanco. Meu Deus, seria possível? Marcus me encarva com curiosidade. Eu tive que tomar minha descisão rápida.
– Como vou pega-lo? Renata é seu escudo. Eu não posso me aproximar dele.
– Isso é comigo! Faça sua parte. Arranque tudo dele e me conte. E não ouse mentir para mim. Eu saberei.


Ele já estava de saída, mas parei em sua frente, impedindo-o. Ele me olhava inquisitivo. Eu precisava esclarecer minhas dúvidas.


– Como Aro pode saber que eu estou grávida?
Vi a sombra de um sorriso brotar em seu rosto antigo. O movimento, fez sua pele estalar. Não devia fazer isso a séculos. Foi assustador!
– Não sabia que estava grávida. Ele pode saber. Você bloqueou sua mente, mas seu corpo diz muito de você. Seu coração, o sangue que corre nele. Assim que ele tocou em você e você bloqueu sua mente, o dom dele leu as reações de seu corpo, como um mapa procurando um atalho. Achou o que não queria, e teve uma feliz surpresa. Um filho imortal, nascido de uma imortal, filho de um lobo. É uma jóia. Uma arma muito poderosa. Ele quer esse filho era para ser de Nahuel ou Alec. Mas na verdade, o pai era o que menos importava. É você, a caixa de Pandora, como ele disse. Você é a chave. O que você tem aí no seu ventre, talvez seja aquilo que Aro mais deseja e o que mais teme.
Tremi com suas palavras. Sua voz arrastada, que parecia sair de uma caverna profunda, fez os pêlos do meu corpo se arrepiarem de medo.
A figura sombria de Marcus saiu, com seus passos de sombra. Imediatamente, lembrei das palavras de Jake (( A Nessie que eu conheço não faz aliança com assassinos. )). Mas eu teria que fazer. Eu tenho que fazer. Toquei meu ventre ainda espalmado. Fui em direção ao espelho, imaginando quando ele começaria a crescer. Eu pude imaginar uma enorme barriga. Vou parecer uma melancia e sorrir feliz por isso. Meu bebê! Meu pequeno Jake! Você já é muito amado, querido. Eu vou fazer de tudo para protege-lo. Mesmo me aliar a um rei Volturi.