Mestres Dos Espíritos

Episódio 1 - Prólogo


No país chamado Japão existe uma cidade chamada Lavender. Ela é uma cidade pacífica, as pessoas vão pro trabalho, as crianças pra escola, os vendedores vendem suas bugingangas... Mas também vivem espíritos aqui. Quase todos são bons, mas normalmente, os que dão mais trabalho são os Hollows, os Poltergeists e os Akayashis.

É nesta cidade que eu vivo. Meu nome é Fantasma da Noite Eterna. Ou só Noite Eterna para os íntimos. O problema é que o único íntimo meu é o Fantasma do Relógio. Eu sou um espírito do tipo Miragem. Miragens são espíritos que não tem passado nem devoção. Por isso, a maioria de nós fica louco e tenta desesperadamente desocbrir seu passado, mesmo que isso custe a vida de inocentes. Mas eu não sou assim, e acho isso muita fraqueza da parte deles. Um espírito que eu gosto muito é o da Torre do Relógio, o espírito do Relógio. Ele vive na torre protegendo ela de intrusos que queiram danificar suas peças. Você devia ver o dia em que ele me levou pra passar a noite lá e um bando de vândalos atacou a torre.

- Ei vocês! – Disse o do Relógio.

- Quem está aí? – Perguntou um dos arruaceiros.

- Eu sou o Fantasma do Relógio. – Nesse momento, seus olhos brilharam na escuridão. – Tic tac, não posso parar. A hora da morte acabou de chegar.

- Haha! Eu não acredito em fantasmas!

- Isso era antes de me conhecer. – O do Relógio saiu das sombras. Seu corpo era feito de escuridão e ele usava uma armadura feita de partes de relógio. Ele até que era bem bonito, mas nós fantasmas podemos botar Pânico no coração dos humanos. Bocós. – Esta torre é minha. Vão embora ou ousem testar sua força contra a minha.

Não precisou usar a aura de Pânico. Os arruaceiros correram como diabo da cruz.

Mas além de fazer vândalos cagarem de medo, o Fantasma do Relógio também é um ótimo contador de histórias. Ele é um fantasma do tipo Guardião, então não pode deixar a torre do relógio. Mas ele está aqui a tanto tempo que já viu de quase tudo.

- Ouça meu filho. – Disse ele. Estávamos flutuando em cima do telhado. – Você sabe quantos tipos de espíritos existem em Lavender?

- Sei lá... Mais de oito mil?

- Hahaha... Não chega a tanto, mas são muitos. Cada um deles tem habilidades diferentes.

- Eu sei. Um dia uma Banshee deu um grito que até eu fiquei com medo.

- Imagina ter todos esses poderes pra você.

- Eu seria a Miragem mais foda dessa cidadezinha!

- Com certeza. E você pode fazer isso. Fantasmas que derrotam outros podem assimilar seus poderes, mas isso só acontece quando se tem um parceiro.

- Parceiro?

- É, um amigo humano. Existem vários tipos, como Profetas da Morte, Artesãos de Alma, Shamans, treinadores de Fantasmas... Sem ele, é impossível fazer isso.

- Eu não preciso disso. Eu tenho dois empregos.

- Você não tem nem mesmo um, garoto vagabundo! – Ele riu de mim e eu ri dele rindo de mim. – Mas é verdade. Sem um parceiro, você não vai longe.

- Uhm... Deixa eu ir então, você é como o tempo. Quando você quer que ele vá embora ele demora mais.

- Vai embora você. Essa torre é minha. – Nos despedimos e eu fui embora.

Pois bem. Depois daquela noite, eu resolvi treinar. Estava eu andando na rua, eram umas 10 da noite (eu realmente adoro andar de noite, ou você acha que o nome Noite Eterna é por acaso?) quando eu ouvi gritos em uma casa. E em Lavender existe um ditado que diz: “Onde tem grito, tem fantasma”, e então eu resolvi ir lá tentar roubar os poderes do carinha.

Quando eu cheguei lá, encontrei um Poltergeist assombrando uma menina. Ela devia ter uns 17 anos, tinha cabelos castanhos e cortados, e estava encolhida na cama, tapando os ouvidos e gritando.

- AHHHHHHH!! VÁ EMBORA POR FAVOR!

O poltergeist se parecia com uma versão cadavérica de uma criança. Ele não tinha a menor pena da menina: Estourava as janelas, arremessava coisas nela e fazia os objetos “flutuarem”. Não sei porque ninguém foi ajudá-la. Humanos são muito covardes. Eu fiquei invisível

- EI VOCÊ! – Gritei. Não para salvar a garota, mas para absorver o Poltergeist. Eles são fracos, mas seu poder é bem útil.

- Ora ora, não está vendo que eu estou brincando? Essa menina é minha, saia daqui!

- Eu não estou nem aí pra suas brincadeira, moleque. Eu só quero seus poderes.

Eu corri na direção dele e desferi um soco na cabeça dele, e ele cambaleou um pouco para trás. Ele abriu a bocarra. Sabia que Poltergeist podem abrir a boca em até 200 graus?

- TRASH BREATH! – O bicho soltou uma rajada de gás horrivelmente fedorenta para fantasmas, e bem na minha cara! Eu fiquei até cego de tanto que meu olho ardeu, e então recuei pra trás. Só que ele me deu um golpe nas costas com suas garras. Eu limpei os olhos e resolvi revidar.

- Seu maldito! Sabe quantos banhos eu vou ter que tomar?! Você vai pagar por isso! SAVAGE SLASH! – Eu fiz crescerem garras de energia rubra nas minhas mãos e ataquei ele várias vezes e em alta velocidade, e finalizei com um “gancho direto no queixo” e ele se desfez em fumaça. Eu olhei pra garota e ela olhou pra mim, mas não me viu porque humanos normais não veem fantasmas em sua forma invisível.

- O... Obrigada... – Disse ela, timidamente. Eu não acreditei que ela estava realmente olhando pra mim.

- Você consegue me ver?

- Sim... Quem é você?

- Eu sou... Ei! O que eu estou fazendo! Você é uma humana!

- Por favor, não me machuque! – Ela se protegeu com os braços e arremessou um travesseiro em mim. Normalmente um ataque de um humano atravessaria meu corpo, mas eu senti o travesseiro batendo em mim. Ela não é uma pessoa normal.

- Você consegue me atacar?! Como pode! O que você é?! – Nesse momento eu me lembrei de uma das noites com o fantasma do relógio.

Ouça meu filho... Tem um tipo de pessoa chamada Necromante. Eles são evoluções dos Shamans. Eles podem interagir com espíritos de forma mais natural, podem tocá-los, atacá-los, e nos ver quando estamos invisíveis. Mestres em magia negra, também são bons em nos atacar. Eles podem ser reconhecidos por suas roupas negras.”

Eu olhei pra ela, ela usava uma roupa de colégio negra. Ela se encaixava perfeitamente na descrição do Relógio.

- Você é uma Necromante?

- Necro o quê?

- Uma necro... – Nesse momento uma mulher entrou no quarto. Devia ser sua mãe. Eu não ouvi a conversa das duas porque fui embora o mais rápido possível. Mas no dia seguinte, correu na boca do povo (eu confesso que adoro ouvir conversa alheia) que a jovem Falcis ficara louca e contou pra mãe que foi salva por um menino fantasma. A mãe achou que ela andava se drogando e a mandou pra um internato.

Ela havia sido internada. E a culpa era minha. Eu não sou uma criatura do bem, mas alguma coisa em mim dizia que eu tinha que fazer alguma coisa. “Mas se eu salvá-la, ela terá que ser minha parceira por bem ou por mal! Eu quero ser o fantasma mais forte daqui, e o que meus súditos vão pensar de mim, se eu estragar a vida de uma menina?”, pensei. Assustar mulheres é coisa que só os fantasmas mais covardes faziam, e eu posso ser chamado de tudo, menos de covarde. No dia seguinte, resolvi tirá-la de lá.