Hotel, Rochester - 14:00 hrs

Prince e Luna retornaram ao hotel em poucas horas, ela teve receio de que ele fosse reconhecido e atraísse um aglomerado de fãs, então não exploraram outros lugares da cidade.

Ao chegarem, se depararam com um Michael de visual novo.

— Mas olha só… cortou o cabelo?

— Er… sim. André disse que isso vai me dar um pouco de sossego, já que minha foto está circulando por aí. Onde vocês estavam?

Eles se entreolharam, como se estivessem guardando um segredo, em seguida riram baixinho. Michael arqueou a sobrancelha.

— O que foi…?

— Nada não. Estávamos dando uma volta, não somos nós que eles estão procurando mesmo.

— Cuidado… eles podem seguir vocês.

— Michael tem razão.

André apareceu em seguida. Prince logo desfez o sorriso e o clima pesado retornou à sala.

— André… vamos conversar.

Não era sequer uma pergunta, era uma afirmação. Olhou uma última vez para Luna antes de lhe dar um beijo na bochecha e se retirar até os corredores. O baixista suspirou e o seguiu logo após.

— O que eu fiz?

O cantor o encarou.

— Pela madrugada, eu estava passando no corredor e vi você e o Michael brincando na sala de gravação.

André ficou em silêncio. Ele engoliu seco, imaginando-se até onde Prince ouviu a conversa, mas tentou descontrair de qualquer maneira.

— Quando você fala “brincar”, quer dizer “brincar brincar”, ou só “brincar”?

— Vocês estavam conversando. “Cretino esperto”, não é…?

Ele revirou os olhos e relaxou os ombros, já vencido.

— Tá, eu falei… mas é verdade, ué. Vai brigar comigo por isso agora?

Prince ficou em silêncio, fitando os seus olhos por alguns instantes. No fim, André não estava errado, ele era um predador, o moreno sentiu como o seu olhar estava o analisando até o talo da alma. Pela primeira vez em tempos, ele se sentiu intimidado pelo seu ex amigo.

Contudo, contra suas expectativas, Prince sorriu.

— Me acha mesmo um predador?

— O que você acha…? Estou com medo de você me comer agora.

O cantor soltou uma risada.

— Eu não queria que saísse da banda… tudo bem? Mas estávamos começando a crescer e eu confesso que deixei a carreira como prioridade.

— Mas você nunca vai admitir que errou em alguma coisa, não é?

Prince deu ombros.

— Não errei. Se eu tivesse feito diferente, talvez você não estivesse nas condições em que está agora.

André deixou um sorriso em evidência, em seguida lentamente balançou a cabeça em negação.

— Você é mesmo um cretino esperto… mas eu tenho que admitir… você é foda.

Prince sorriu.

— Você também.

O baixista assentiu e então encostou-se em um móvel ali perto, como costumava fazer.

— Então… você vai mesmo embora hoje?

Ele cruzou os braços.

— Talvez… eu precise de mais um dia.

Encarou o rapaz, que sorriu com aquela resposta.

— A casa é sua, meu amigo.

— Que bom que disse isso, porque já estou pensando em redecorar esses quartos sem graça.

Eles riram e voltaram a caminhar pelos corredores. André não sabia se havia resolvido as coisas com Prince, não sabia se o cantor o considerava um amigo, sequer sabia no que resultou aquela conversa, mas sabia que ao menos ela havia servido para mostrar a ele que o Prince que conhecia ainda estava ali, dentro daquele homem predador e enigmático, e que bastava apenas as palavras mágicas para que ele pudesse acessá-lo mais uma vez.

No fim das contas, o seu amigo nunca morreu. Ele sempre esteve lá.

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Já era tarde, mais precisamente 23 hrs quando Prince voltou para o próprio quarto com um copo d’água. Luna estava lá, logo sorriu ao vê-lo entrar.

— Obrigadinha!

— Se me fizer de escravo de novo, vou passar a cobrar salário.

Ela riu baixinho e deu espaço para que ele se acomodasse ao seu lado. Após beber do copo, o colocou na mesa de cabeceira ao lado e suspirou de alívio.

— Ei, amor… como estão as coisas com o André?

— Normais, por quê?

— Nada, só… bom, vocês eram amigos, né? Você nunca me disse que tava brigado com ele, você até sorria quando falava dele.

— Ah, isso… não fique chocada com isso. Tenho boas lembranças do André, só nos desentendemos nos últimos dias… Agora pare de falar dele ou vou ficar com ciúmes.

Brincou. Luna riu novamente e concordou, em seguida se aproximou e o beijou mais uma vez.

— Posso dormir aqui hoje…?

— Eu ia te propor a mesma coisa…

Prince sussurrou em resposta. Luna o conhecia bem o suficiente para entender todas as suas intenções apenas pelo tom de sua voz, e aquilo a deixou arrepiada. Levou a mão ao seu rosto e o puxou para mais um beijo, eram beijinhos pequenos e molhados que iam e vinham em sequência, mantendo o seu amado ansioso e insatisfeito, ela adorava provocá-lo.

— Vem cá… já vi que você quer brincar.

Ele sussurrou, dando dois tapinhas no próprio colo, a chamando. Luna mordeu os lábios e não o esperou chamar mais uma vez, subiu por seu colo e pôs os joelhos em cada lado do seu corpo.

Já estavam próximos o suficiente, mas ela queria provocá-lo mais. Voltou a beijá-lo, queria distraí-lo, o beijou até que pudesse sentir suas respirações pesarem. Quando estava para perder o fôlego, ela lentamente desceu os lábios pelo seu pescoço e o moreno a deixou conduzir. Seus dedos se enterravam nos cachos despojados dela, acariciavam os seus fios escuros, enquanto ele fechava os olhos e desfrutava da língua de sua amada passeando pela sua pele parda. Suspirou pesadamente, todo aquele conjunto de estímulos o excitava, mas foi quando a sentiu se esfregar em seu colo que Prince levou a mão até uma das coxas da garota e apertou com vontade.

— V-você vai me deixar louco antes da hora, mocinha…

Ela sorriu e mordeu os lábios.

— Então por que a gente não antecipa o principal…?

Sussurrou e, quando menos ele esperou, notou que a garota já havia desabotoado sua camisa. Isso fez com que os seus olhos recaíssem na blusa dela, porém não precisou pedir, Luna lentamente removeu a peça, deixando que ele contemplasse o seu lindo sutiã azul turquesa. Aquele detalhe fez todo o seu corpo arrepiar.

— Ei, o que foi?

Ela indagou. Dessa vez, Prince mordeu os lábios, lembrando-se dos sonhos que já teve com a amada.

Não a respondeu. Novamente preferiu as ações. Deslizou os dedos pela pele escura e aveludada da garota até alcançar o volume de seus seios fartos. Foi quando, em um movimento rápido, soltou o seu sutiã pela frente, a segurou pelas duas coxas e a fez deitar-se. Mergulhou nela, enterrou o rosto em suas mamas e passou a saboreá-las enquanto suas mãos buscavam desnudar o resto do corpo de sua amada. Luna entrelaçou as pernas em sua cintura e gemeu consecutivas vezes ao sentir sua língua explorar a pele arrepiada dela, mas suas súplicas ficaram ainda mais vigorosas quando seus corpos se conectaram. Quando sentiu que Prince, enfim, conseguiu o que queria.

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Era madrugada quando cederam ao cansaço.

Luna se espreguiçou e buscou o corpo de seu amado para que pudesse abraçá-lo, quando o contemplou, ainda deitado, observando o sutiã azul turquesa dela. Lentamente se aproximou e o abraçou.

— Tá fazendo o quê…?

Murmurou, com uma voz dengosa de sono. Prince retribuiu o abraço e acariciou seus cachinhos.

— Uma vez eu sonhei que você estaria usando essa lingerie na nossa primeira vez.

Ela sorriu.

— É bem o seu tipo de sonho mesmo…

Eles gargalharam. Prince suspirou em seguida e relaxou em seu canto.

— Talvez os pulinhos na praia tenham funcionado…

— Viu? Eu falei que funciona.

De repente, ouviram batidas na porta. Luna se preparou para atender, mas o cantor segurou sua mão.

— Não, deixa… eu vou.

Ele se levantou e se vestiu. Deu uma última olhada no relógio ao lado e viu que eram 02:25. Foi abrir a porta.

Era Michael.

— Prince…

— Aconteceu alguma coisa?

Perguntou. Notou que o rapaz estava segurando um jornal. Michael levou as mãos às costas e tentou escondê-lo.

— A Luna não estava no quarto. Ela está aí?

— Quer falar com ela?

— Quero falar com vocês dois.

Prince cruzou os braços e deu uma olhada de soslaio para a garota, em seguida voltou a prestar atenção no moreno.

— Aqui tá uma bagunça… vai pro seu quarto que nos encontramos lá, ok?

— Tudo bem…

Assim que ele se retirou, Prince fechou a porta e foi chamar pela amada.

— Moon…

— Era o Michael…?

— Ele quer falar com nós dois e eu acho que é sério. Vamos.

Luna suspirou e logo se levantou. Tomaram um banho rápido e se vestiram.

Assim que passaram pelos corredores e chegaram na porta do quarto do Michael, ele os deixou entrar. Luna foi logo se sentando na beira da cama, enquanto os rapazes se contentaram em ficar em pé.

— O que aconteceu?

— Isso…

Ele lhe deu o jornal do dia. Luna arqueou a sobrancelha.

— Esse é o jornal de ontem?

— É. Um dia depois da confusão no hotel.

O cantor estava em silêncio, parecia tentar assimilar aquilo. Ajeitou a folha do jornal e então leu a manchete.

— “Joe Jackson conta tudo: polícia, drogas, rebeldia, o patriarca conta como tenta lidar com o lado problemático do filho e super astro pop, Michael Jackson.

— Eu li a matéria… são três páginas, três páginas me difamando! Três páginas falando que eu uso drogas, que eu sou agressivo… são mentiras!

— Calma…

Prince passou a folhear as páginas, seu olhar curioso deu espaço a uma expressão tensa e preocupada. Luna logo se levantou.

— O que foi?

— Eles também estão falando de mim.

Michael suspirou.

— Sim… tiraram uma foto de nós três.

— O que diz aí?

— “A assessoria do senhor Nelson, que também foi visto com o cantor, não quis falar com a imprensa, mas disse por meio de nota que está monitorando os passos do artista e que ele estará de volta aos palcos em breve.

Após aquelas notícias, os três ficaram em silêncio. Prince se sentiu um pouco atordoado, então logo catou a cama do rapaz para se sentar.

— Estão trabalhando juntos… então faz todo sentido eles terem encontrado a gente aqui.

Comentou Luna, já um pouco perplexa. Michael arqueou a sobrancelha.

— Como tem certeza?

— Jones Jr…. Ele e o Ted são muito próximos. Se minha equipe me monitora, com certeza estão compartilhando informações.

Complementou Prince ao olhar para a garota, que retribuiu. Uma vez que não sabiam mais o que fazer, o rapaz devolveu o jornal para o moreno.

— O que é que você quer fazer agora? Porque eu estou a pouco de voltar pra Chanhassen e esquecer tudo isso.

— Para, Prince, não vamos desistir! O Michael pode ir pra ainda mais longe…

— Não.

Eles se entreolharam.

— Não…?

— Eu não vou fugir. Não mais. Ele me quer, ele me terá, mas será do meu jeito.

— Então qual é o seu plano?

Prince enfim perguntou, Michael parecia muito decidido.

— Eu vou levar esse maldito para trás das grades.