Elas não tinham notícias claras da Madelyn fazia dois dias. E Krystall preferia continuar não recebendo ao invés do que estava prestes a ocorrer. Várias das meninas se entreolhavam, tentando compreender algo que Kriss já conhecia.

Os sete homens da Santíssima Guarda Irmã estavam todos presentes.

Sor. Steve Peyar, visconde de Santelmo, um dos mais jovens ali. Tinha cabelos loiros avermelhados, olhos castanhos e uma cicatriz em seu queixo. Sua fama era de ser extremamente mulherengo e não era segredo nenhum que ele tinha fetiche por Ocidentais, tal como seus três filhos bastardos e o olhar incessante que ele lançava para Ye-na comprovavam. Possivelmente sairia dali já para fazer um acordo com família real para a “reservarem” caso não fosse ela a ser coroada. Isso era extremamente comum com Selecionadas plebeias, o que Ye-na muito provavelmente era, não haviam muitas famílias nobres Ocidentais e nenhuma delas tinha esse nível de miscigenação.

Sor. Tobias Katarana. Barão. Careca e de pele negra, mesmo que conhecesse todos ali desde de criança, nunca o havia visto sorrir.

Sor. Ronan Valamana. Conde de uma região ao sudeste. Levemente corpulento, tinha uma família de fazer inveja em qualquer nobre, com três filhos homens e oito meninas, todos da mesma esposa, que até onde Krystall sabia, estava grávida novamente.

O próprio Sor. Wolfgang. Sem sobrenome, era o único ali nascido plebeu. Conhecido antigo da família, foi seu pai que o treinou para ser um guerreiro e anos depois, na Revolta dos Três Dias, o condecorou cavaleiro. Com um recorde de mortes na sua idade, o motivo da revolta só ter durado três dias foi a morte de todos os rebeldes, sendo a maioria causadas indiretamente ou não pelo bastardo, aos seus 19 anos. Mesmo seu pai mantendo segredo, nunca os apresentando, se Wolfgang usasse alguns neurônios ele saberia quem ela era.

E claro, os três marqueses, a patente mais alta que podia se chegar.

Sor. Luc Iserl, de título nobre conde, comandava uma das regiões da Terra da Coroa. Sua pele escura contrastava com seus cabelos brancos. Quando Kristie era criança, ele a dava uma flor toda vez a eles se encontravam.

Sor. Duncan Malai, nascido duque do Vale Beira-mar, era amigo de longa data de seu pai. Ruivo como boa parte das pessoas daquela região, não estava mais com o corpo propício para batalha, mas ele ainda era um ótimo estrategista.

Por fim, estava seu pai. Dominik Pitchler, conde. Musculo, uns dos poucos nobres nortenhos que tinha a pele morena.

Todos estavam devidamente uniformizados, com os ternos azuis e os crucifixos pratas. Também estavam com armas, algo muito mais simbólico. Menos o seu pai, ele, como líder da Guarda, segurava a espada Fogoazul. A espada dos Galkanji, passada de rei para rei, não era usada em batalha há muito tempo, tornando-se apenas cerimonial. Ela era usada nos casamentos da família real, nas coroações de um novo rei, quando um novo cavaleiro entrava para a Guarda ou em execuções.

E infelizmente Madelyn conheceria Fogoazul no pior cenário.

Duas freiras, uma madre e uma noviça, a traziam. Estava descalça, apenas vestindo uma camisola de dormir e com um saco em sua cabeça. Quando elas pararam, Sor. Steve a faz ajoelhar e Wolfgang tirou o saco de sua cabeça.

Seus cabelos castanhos haviam sido cortados. Algo extremamente comum em execuções com mulheres, era um tipo de humilhação.

Fora isso, Krystall não conseguia ver muita coisa. Eles estavam no pátio interno do palácio, enquanto ela e as outras Selecionadas, junto a família real, estavam na maior sacada do primeiro andar, como se fosse um camarote.

— Madelyn de Loughrey, — Dominik começou a falar com a voz firme.

Krystall arregalou os olhos quando ouviu aquele nome. Os Loughrey eram uma das doze famílias duquesas, os duques eram quase acima da lei. Então, Kriss fechou os olhos ao concluir uma das poucas coisas que Maddie poderia ter feito para se colocar naquela situação.

— Acusada e condenada por trair a confiança de Sua Alteza, o príncipe Sebastian Galkanji, e por consequência todo Reino de Ember, ao tentar ter relações românticas com Sor. Wolfgang. — Assim que seu pai terminou a frase, algumas meninas começaram a soltar sussurros, que foram rapidamente cessados pelo olhar de canto da rainha Celine. Ela estava tão diferente hoje, seu olhar sempre tão gentil estava completamente diferente. Ela parecia... com raiva de alguma coisa.

— Tola... — Natasha murmurou ao seu lado.

Sim, Madelyn foi muito tola ao pensar que o cavaleiro fosse sequer cogitar envolver-se com ela enquanto fosse Selecionada do irmão. Todos os homens da Santíssima Guarda eram extremamente leais ao reino e ao rei. Até onde sabia, esse era um dos motivos dela se chamar Irmã.

— ...Configurando no crime de Traição a Coroa, cuja pena é a morte. — Fez uma rápida pausa. — Últimas palavras?

Se ela falou algo, Krystall não ouviu.

Mas sim o brandir da espada seguido do grito de alguma das meninas, após a cabeça de Madelyn cair no chão separada do resto de seu corpo.