Menina Delivery

Capítulo 9 – A Medalhinha


Luna chegou em casa. Cumprimentou seus pais, e ao vê-la sorrindo tanto, perguntaram o motivo – sorrindo também:

— O que aconteceu, filha? – Perguntou Mônica.

— Parece que seu dia não foi tão ruim – completou Miguel.

— Tinha razão, papai. Os dois tinham razão! A escola nova não é tão ruim.

— Sério? E por que? – Mônica perguntou sem entender muito bem.

— Em primeiro lugar porque eu já fiz uma nova amiga, a Nina! – Miguel e Mônica comemoraram ainda sorrindo, com a filha. – E em segundo, porque do lado da minha escola tem uma pista de patinação! Não é demais?! – Luna disse a segunda parte com ainda mais alegria do que havia dito a primeira. Ela amava patinar. Em compensação, os sorrisos de seus pais desapareceram. Eles trocaram um olhar e se enrijeceram. – O que aconteceu?

— Uma pista de patinação?

— Sim, por que?

— Por nada – Miguel interferiu.

— Vocês não ficaram felizes?

— É claro que ficamos, meu amor – ele respondeu. – Por que não vai lavar as mãos para vir comer? – Luna fez o que seu pai sugeriu.

Uma conversa iria se iniciar ali. Não era que Mônica não gostasse do sonho da filha ou não a quisesse ver feliz, ela só tinha medo de que ela fracassasse e acabasse se decepcionando.

— Miguel, uma pista de patinação?

— Mônica, ela só quer patinar. Não vai acontecer nada demais. É só um passatempo. Eu tenho certeza.

Mônica não estava 100% de acordo com Miguel, mas deixou passar. As coisas ainda estavam sob controle. Ainda.

***

Matteo, Ámbar, Gastón, Jazmin e Delfi estavam na mesma praça que Ámbar e Matteo ensaiaram poucos dias atrás.

Matteo ainda estava distante. Continuava sem poder acreditar na prepotência da “menina delivery”, que ele ainda não sabia o nome. Ámbar percebeu:

— Meu amor – o chamou mexendo no cabelo do namorado – está tudo bem?

— Está – respondeu sem olhá-la e indo para o meio da praça. – Vamos ensaiar? A competição está chegando e nós não podemos perder.

— Não vamos perder – afirmou Ámbar e os cinco começaram a ensaiar.

Yo puedo subir
Puedo bajar
Me sobra el tiempo
Para ganar

Puedo estar bien
Puedo estar mal
Dicto las reglas
Para jugar

Podría hacer que el sol eclipse a la luna
No existe condición que yo no reúna

Lo que todos quieren tener
Ya lo tengo
Mil veces
Arriesgada y sin límites
Las ganas me mueven

No existe condición que yo no reúna
Aquí, mírame a mí
Ya sé, me recordarás

Lo que todos quieren tener
Ya lo tengo
Mil veces
Arriesgada y sin límites
Las ganas me mueven

***

Já era o começo da noite, e Luna estava sem fazer nada no quarto. Então começou a rever fotos suas com Simón. Um sorriso nasceu em seu rosto naturalmente. Ela o acariciava através das fotos. Depois de mais um tempo assim, ela se levantou e se olhou no espelho. “Essa sou realmente eu? “, se perguntava. Suas dúvidas sobre se realmente se acostumaria com aquela nova vida, não a deixavam. Uma escola tão glamorosa não era seu estilo.

Simón não estava ali. E naquele momento, até mesmo Soraia lhe fazia falta. Ela fechou e colocou a mão em seu pescoço. Em sua medalhinha. Aquela era a única coisa que ainda a assegurava de que ela ainda era a mesma. Mas teve uma surpresa: sua medalhinha não estava ali.

— Ai não – falou enquanto tentava encontrá-la. – Não é possível! Minha medalhinha... Eu não posso ter perdido!

A medalhinha era como um amuleto para Luna. Era de extrema importância para ela. Depois de revirar todo seu quarto, constatou que não estava ali.

Ela descera as escadas com tanta pressa, que até assustou Amanda – uma empregada da casa.

— Papai, mamãe!

— O que aconteceu, Luna? – Perguntou preocupados pelo estado de desespero da filha.

— A minha medalhinha... Ela sumiu!

— Mas como assim sumiu? – Perguntou Miguel.

— Eu não sei, não sei. Mas a gente precisava voltar pro México, eu não posso ficar sem minha medalhinha!

— Filha, nós não podemos voltar pro México só por causa de uma medalhinha. – “”? – Com certeza você deve ter a perdido ou deixado cair por aqui. Eu e sua mãe te ajudamos a procurar.

— Ela não está aqui, papai! Eu já procurei. Vocês são muito egoístas. Eu pensei que podia contar com vocês.

Eles a chamaram, mas ela subiu da mesma forma que desceu: como um furacão. Se deitou em sua cama e afundou o rosto no travesseiro. Aquele era apenas o começo de uma longa noite de choro...

***

Era mais um dia no Blake. Depois das aulas, Luna foi para a pista de patinação com Nina. Já havia avisado seus pais. Logo notaram que havia muita gente lá. As duas as amigas se entre olharam e deram de ombros, sem entender.

— Obrigado a todos por terem vindo! – Uma mulher que aparentava ser mais velha anunciou no meio da pista. Ámbar, Matteo, Gastón, Delfi e Jazmin chegaram, ficando ao lado de Luna e Nina. Luna fez questão de se afastar. – Eu queria anunciar que as fichas de inscrição serão abertas hoje, daqui a pouco. A grande novidade, é que diferente da do ano passado, essa será em dupla! – Houve um grande cochicho ecoando pela pista. Os cinco mais populares da escola haviam preparado uma coreografia em grupo, como a maioria das pessoas – precisariam mudar seus planos agora. – Bom, era isso. No panfleto que o Nico e o Pedro estão entregando tem todas as informações que vocês precisam saber. Divirtam-se!

Depois de o anúncio, Tamara saiu da pista. Gastón tinha percebido que Matteo não havia tirado os olhos da “menina delivery “ e não entendeu o porquê.

— Matteo, o que você tanto olha nessa garota?

— Nada – respondeu dando dois tapinhas nas costas do amigo.

***

— Você vai se inscrever?

— É claro! E você tem que vir patinar comigo! – Nina negou com a cabeça. – Como não? A competição é em dupla. Eu preciso de você!

— Eu não sei patinar.

— Eu te ensino. De verdade! Vamos Nina, por favor! – Luna implorou. – Eu preciso de algo que me anime depois do que aconteceu.

— Eu vou pensar – respondeu Nina. – Mas o que aconteceu?

— Perdi minha medalhinha. É muito especial para mim e eu não tenho ideia da onde esteja... Mas não importa, vamos!

— Para onde?

— Nos anotar!

***

Enquanto Matteo e Gastón discutiam sobre quem deveria ter ganhado a Champions League daquele ano e Delfi e Jazmin decidiam qual slogan era melhor para o Fab And Chic, Ámbar escutara as palavras de Luna. Ela ia se inscrever na competição? Não mesmo. Não se dependesse de Ámbar.

— Eu não acredito nisso.

— O que aconteceu? – Perguntou Matteo.

— Aquela garota vai se inscrever na competição.

— Que garota?

— Como “que garota”, Matteo? A Luna! – Ele continuava confuso. – Que esbarrou em você em Cancún.

— Luna... – ele disse baixinho. “Então o nome dela é Luna...”, pensou.

— O que aconteceu?

— Nada.

— Bom, não podemos deixar ela participar. De acordo?

— Claro – respondeu Matteo. – Com licença.

Ele deixou seus amigos e a namorada e foi atrás da garota que agora ele sabia que se chamava Luna. Logo a encontrou pelos corredores do Blake. Mas as aulas não já tinham terminado?

Aproveitou que ela estava se virando e fez com que os dois se esbarrassem.

— Não olha mesmo por onde anda, né? – Perguntou dessa vez num tom divertido. Diferente das outras vezes em que falara com ela.

— O que? Olha mauricinho, eu não quero problemas com você, OK? – Respondeu se virando novamente. Mas sua voz a fez voltar

— Eu também não. Acontece que – ele puxou algo do bolso – acho que eu encontrei algo que te pertence – terminou revelando uma medalhinha em sua mão que possuía um pingente de lua. Era a medalhinha que Luna estava buscando.