Capitulo XIII - Pior


Meu aniversario tinha chegado e ninguém tinha lembrado. Só a minha mãe, mas ela não contava. Nem o porcalhão do Harris tinha lembrado, mas foi tudo bem. Eu ganhei um dinheiro da minha mãe. Guardei com as minhas micro economias e fui trabalhar.


Depois que se faz aniversario é engraçado. Você se sente estranho. Bom eu poderia dizer que com quatorze não iria fazer mais merda nenhuma, mas não prometi. Afinal não era final de ano, onde um monte de gente idiota faz resoluções para o ano que vem. Podia também dizer que seria uma pessoa melhor, mas não fiz isso também, apenas disse a mim mesma que seria diferente, nem melhor, nem pior, apenas diferente. Eu mantive esta ideia fixa.


Eu trabalhei durante a tarde e a noite inteira no bar. Alguns momentos eu me perguntava como minha mãe não notava minha falta durante as noites. Estudar na escola seria difícil, eu já estava atrasada há alguns meses, então minha melhor opção foi estudar em casa, no bar e aonde pudesse. Minha mãe não estranhou eu não ter ‘voltado’ a escola, o único fato que ela estranhou foi eu ter conseguido trancar minha matricula.


Com essa minha livre e espontânea dedicação eu pude ser adiantada em alguns períodos. Meu estudo radical estava me rendendo frutos. Eu gostaria de não morrer burra, concluir o médio era o mínimo. E bom com os meus catorze eu só estaria iniciando minha jornada no médio. Ou seja teria que me esforçar mais e mais.


O trabalho no bar do Harris já começava a fazer efeitos sobre mim. Eu andava sempre cansada, com olheiras e muito distraída. Minha mãe ainda estava naquela faze de amor bipolar sobre mim. Ela se importava sempre comigo e vigiava minhas companhias masculinas (como se ela soubesse do bar).


Eu trabalhava lá e era conhecida como a Lolita que servia bebidas para músicos. É Lolita, eu não tinha idade para ser uma ninfetinha. Tirando o fato também que eu não transava com os músicos. O Harris não me prostituia, ainda. Eu não fazia ideia, mas será que aquele filho da puta cobrava a mais para eu servir aqueles músicos tarados com sonhos pervertidos.


Chegava a ser engraçado ser tachada como Lolita. Era diferente e irreverente. Eu não poderia ser considerada um ser humano, para uns eu era uma deusa (para os músicos, baby), já para outros eu era ajudante do diabo (para as mulheres ok. Tooodas elas). Mas ninguém podia dizer quem eu era verdadeiramente. Eu era um mistério no bar. Menor de idade, enteada do Harris e uma não prostituta.


...


Eu estava servindo as bebidas para uma mesa de cabeludos que eu nem sei se faziam parte de uma banda. A Natasha me derrubou. Eu caí com tudo no chão. Bom eu podia contar ao porcalhão, mas naquele bar havia mais Natasha’ s. Aquele nome ali era nome de guerra, se é que me entendem. Então ficava difícil dizer que uma Rebbeca, Jessica, Kelly, Camilla, Mel, Barbara, Paloma, Dani, Nichole, Sabrina, Bruna ou Michelle tinha me empurrado no chão. Nada contra os nomes são bonitos, culpe as putas que o utilizam os nomes, apenas isso.


– Sua vadia não olha por onde anda, não é? – Eu estava meio atacadinha. Elas já me viam como ameaça a algum tempo.


– Oh garotinha presta atenção aqui. Já basta o Harris te escolher como ‘queridinha’ agora que nenhum dos seus músicos veio, não roube os nossos restos. Vá para casa que é lugar de criança. – De fato todo ‘protecionismo’ do Harris não me ajudava só piorava minha situação. Elas ficavam enlouquecidas de raiva.


– Sabe a diferença de uma puta, uma prostituta e uma groupie? – Eu tinha plena certeza de que estava brincando com fogo. – A puta dá de graça, a prostituta cobra para dar, a groupie dá somente para músicos e consegue muito mais coisas do que a puta e prostituta juntas. – Ela partiu para me bater.


Foi uma briga muito louca. Ela me deu tapa na cara. Eu meti um soco no estomago dela. Um monte de homem juntou ao nosso redor e começaram a apostar em quem ia levar a melhor.


A Natasha não era muito mais alta do que eu. Como eu já havia dito antes meu corpo não aparentava minha idade, logo eu não estava em desvantagem. Aquelas unhas postiças ainda funcionavam muito bem. Eu arranhei a cara dela e rasguei uma parte da micro roupa dela. Eu estava levando a melhor na briga.


Nem sei como mais eu levava a melhor. Eu era uma garota pacifica invisível alias. Não brigava, não falava, mas aquele eu senti que podia libertar o meu ‘eu’ interior e pirar o cabeção, extravasar e alucinar.


“Dez reais na loira” a loira era eu. “Mas a ruivinha bate muito, cara” há aquele cara tava achando que eu ia deixar aquela recalcada me bater. O bar ficou um caos, o Harris apareceu lá. Levei um esporo danado. Fiquei horas sentada na sala do escritório da Harris ate todo pessoal ir embora do bar.


Meu pior castigo aconteceu de novo. Ele abusou de mim. E ainda me largou ali. “Não apareça em casa ate conseguir se recompor.” Essa eram as palavras dele. Não tinha para onde e ir. Estava entrando em desespero. O jeito era ir para debaixo da ponte naquele momento.